David Chan*, Macau | Plataforma | opinião
No
passado dia 23 de julho assistimos a um discurso altamente anti-China por parte
do secretário de estado norte-americano, Mike Pompeo.
Ironicamente,
o local escolhido foi a terra natal de Nixon, uma decisão lamentável tendo em
conta que a Biblioteca e Museu Richard Nixon são destinos populares entre
muitos turistas chineses que visitam Los Angeles, Califórnia. O charme e valor
histórico atraem visitantes de quase tantas partes do mundo como a
Disneylândia.
A
visita de Nixon à China veio pôr fim aos 25 anos de silêncio diplomático entre
os dois países. Veio mudar o resto do mundo para sempre, dando oficialmente
início às relações sino-americanas. Foi o momento mais importante da carreira
de Nixon como presidente, marcando uma grande alteração na rivalidade entre os
EUA e a União Soviética.
Para
a população americana era impensável que o presidente e um líder chinês dessem
um aperto de mão, mas Nixon tornou o impossível possível. Esta memória foi
agora manchada quando Pompeo decidiu desonrar o antigo presidente republicano
com um discurso apelidado de “Cortina de Ferro versão
Este discurso foca-se nos “atuais desafios” que a China representa para o resto do mundo, convocando os aliados e o povo chinês a tentarem trazer alguma mudança ao comportamento do Partido Comunista Chinês.
Agravando
ainda mais os já frágeis laços entre a China e os EUA, Washington preparou
antecipadamente este discurso, promovendo-o como um acontecimento altamente
relevante para o Governo de Trump e uma tentativa de que o resto do mundo, tal
como a sociedade americana, reavalie as relações com a China. O Conselho de
Estado afirmou que o tema do discurso do secretário de estado era “A China
Comunista e o Futuro do Mundo Livre”. Mas o que disse afinal Pompeo?
Avaliando
o contexto, este discurso foca-se nos “atuais desafios” que a China representa
para o resto do mundo, convocando os aliados e o povo chinês a tentarem trazer
alguma mudança ao comportamento do Partido Comunista Chinês. Continuando, esta
posição do Governo americano em relação à China, descreve a situação do mundo
atual como “uma Luta entre o mundo livre e a tirania” e ignora completamente
todas as medidas internas e externas chinesas, num discurso que tenta virar o
povo chinês contra o Partido Comunista, sendo este um “opressor nacional” e um
“agente internacional desonesto”. Declarando assim as relações sino-americanas
iniciadas por Nixon há 50 anos atrás como “falhadas”, Pompeo apelou a que o
resto do mundo mudasse a atitude para com a China.
Resumindo,
espera que, em primeiro lugar, o povo chinês se revolte contra o próprio país,
e em segundo, que os aliados dos EUA ajam de acordo com a liderança
norte-americana.
*Editor Senior do Plataforma
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