Da conectividade às verbas, o
plano de Recuperação Económica de António Costa Silva explicado em cinco pontos
A aposta numa economia circular,
mas também no emprego são alguns dos pontos destacados por António Costa Silva
durante o debate sobre a Visão Estratégica para o Plano de Recuperação
Económica de Portugal 2020-2030, apresentada esta terça-feira.
No debate sobre Visão Estratégica
para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, o consultor do
Governo António Costa Silva abordou aspetos que vão das energias climáticas ao
emprego e passam também pela verba disponível para a concretização do plano
apresentado esta terça feira, 21 de julho.
Hub aeroportuário e a
conectividade que é vital
“Quando se olha a performance da
economia portuguesa a questão da conetividade é absolutamente vital, nós não
vamos sobreviver no século XXI se não apostarmos nos sistemas que ligam o mundo
e que desenham essa conectividade”, apontou António Costa Silva.
“É por isso que a ferrovia
é cada vez mais importante e é por isso que a ligação de alta velocidade entre
Porto e Lisboa é muito importante”, referiu o autor do Plano de Recuperação
Económica de Portugal 2020-2030 que lembrou ainda que “as ligações aéreas até 600 km e até 1000km vão ser
pura e simplesmente proibidas, vai ser um grande ajustamento”.
Sobre a companhia aérea
portuguesa, António Costa Silva sublinhou que “a economia portuguesa pela
própria geografia que o país tem, o aeroporto é indispensável e a TAP é
indispensável. Penso que nós podemos ter muitas discussões, nós não estamos na
idade das cavernas, estamos num mundo, que é um mundo global, que vai ser
transversal”
Economia circular e eficiência de
recursos
Durante a sua intervenção no
debate, António Costa e Silva considerou que “estamos habituados a usar pura e
simplesmente os recursos, descarta-los e passar à fase seguinte, temos uma
forma predatória de nos relacionarmos com os recursos”.
Assim, surge a economia circular,
um modelo “de matrioskas inversas em que cada sistema tem de crescer e englobar
o outro, estamos a por em causa o sistema terrestre, estamos a por em causa
muitas das condições que sustentam a vida do planeta”, sublinhou António Costa
Silva.
Nesta economia circular, um dos
pontos de destaque foi a recuperação das águas residuais que António Costa
Silva classificou como “absolutamente indispensável” e o outro aspeto remeteu
para a produção de lixo. “Se olharmos para União Europeia, ao nível dos 500
milhões de cidadãos, produzimos 4 mil milhões de toneladas de lixo , cada um de
nós aqui sentado produz por ano oito toneladas de lixo”, advertiu António Costa
Silva
Reconversão industrial e
soberania
“Quando falamos com a COTEC, não
só com a COTEC, mas com todas as empresas portuguesas é uma queixa dos nosso
empresários, quando criam produtos para o espaço europeu têm regulamentações
ambientais, exigências mesmo em termos de direitos humanos, mãos de obra, que
são elevadíssimas, depois o espaço europeu é invadido por produtos que não respeitam
essas condições”, relatou António Costa Silva. “A União Europeia tem um
standard duplo relativamente a isso”, completou.
“A forma como a União Europeia
vai lidar com isso é que é o desafio, a questão da reconversão industrial e da
soberania há pontos que são muito importantes, é por isso que o problema é
complexo, porque depois não podemos criar uma soberania industrial no
país e produzir amanhã telemóveis que são 10 vezes mais caros do que aqueles
que estão no mercado internacional”, rematou António Costa Silva.
Para resolver este problema, será
necessário “progredir gradualmente, analisar todos os clusters, fazer a
transformação, como proponho, das novas tecnologias, com modificação dos
processos de trabalho, do design dos produtos”, garantiu António Costa Silva
que ainda acrescentou que seria preciso, em simultâneo, “ver os segmentos de
valor em que nós podemos competir, ter uma estratégia de substituição das
exportações e depois criar produtos competitivos e que se possa afirmar no
mercado global”
Emprego e a precariedade
No plano apresentado hoje em
Belém e posteriormente comentado em debate, António Costa Silva sublinhou a
necessidade de “qualificar o emprego”, mas também a precariedade vivida por
muitos portugueses.
“Temos segmentos da população que
estão fora da economia formal que nem sequer são capazes de se candidatar e de
usufruir dos apoios sociais desenhados para elas. Se descartarmos franjas da
população em termos do crescimento da economia e do desenvolvimento do país, há
sempre aqui algo que não vai funcionar bem”, alertou António Costa Silva.
“Há uma parte da população que
está viva mas não participa da economia, é por isso que a inclusão social e a
inclusão do desenvolvimento de modelos inclusivos é absolutamente vital, os
países mais prósperos do mundo têm de alguma forma atalhado a esse sistema
e esta pandemia revelou que este é um problema crucial que temos de enfrentar”,
apontou António Costa Silva. “O que precisamos é de ter o máximo de pessoas na
economia formal”, acrescentou
Contas são da competência do
governo
“Sou um homem de números, fiz as
contas de tudo e tenho as minhas contas todas, mas não me vou meter aí, isso é
da exclusiva competência do Governo, é o Governo que tem de decidir e tem de
decidir as prioridades, tem de fazer o programa de recuperação”, explicou
António Costa Silva que não deixou de referir que “o Estado serve exatamente
para estas alturas”
Bianca Marques | O Jornal Económico
| Imagem: Cristina Bernardo
Quem é António Costa Silva?
António Costa Silva é
um engenheiro, professor universitário e gestor português. É,
desde 2003, presidente
da Comissão Executiva da Partex Oil and Gas, empresa petrolífera detida
até 2019 pela Fundação Gulbenkian.
Nascido em 1952 (68 anos)
Nova
Sintra (Catabola), Angola.
Em 2020, foi convidado pelo Governo português para
delinear o plano de recuperação económica do país após a crise provocada
pela pandemia de covid-19
Wikipédia
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