quinta-feira, 23 de julho de 2020

Portugal | Plano de António Costa Silva explicado em cinco pontos


Da conectividade às verbas, o plano de Recuperação Económica de António Costa Silva explicado em cinco pontos

A aposta numa economia circular, mas também no emprego são alguns dos pontos destacados por António Costa Silva durante o debate sobre a Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, apresentada esta terça-feira.

No debate sobre Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, o consultor do Governo António Costa Silva abordou aspetos que vão das energias climáticas ao emprego e passam também pela verba disponível para a concretização do plano apresentado esta terça feira, 21 de julho.

Hub aeroportuário e a conectividade que é vital

“Quando se olha a performance da economia portuguesa a questão da conetividade é absolutamente vital, nós não vamos sobreviver no século XXI se não apostarmos nos sistemas que ligam o mundo e que desenham essa conectividade”, apontou António Costa Silva.

 “É por isso que a ferrovia é cada vez mais importante e é por isso que a ligação de alta velocidade entre Porto e Lisboa é muito importante”, referiu o autor do Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 que lembrou ainda que “as ligações aéreas até 600 km e até 1000km vão ser pura e simplesmente proibidas, vai ser um grande ajustamento”.

Sobre a companhia aérea portuguesa, António Costa Silva sublinhou que “a economia portuguesa pela própria geografia que o país tem, o aeroporto é indispensável e a TAP é indispensável. Penso que nós podemos ter muitas discussões, nós não estamos na idade das cavernas, estamos num mundo, que é um mundo global, que vai ser transversal”

Economia circular e eficiência de recursos

Durante a sua intervenção no debate, António Costa e Silva considerou que “estamos habituados a usar pura e simplesmente os recursos, descarta-los e passar à fase seguinte, temos uma forma predatória de nos relacionarmos com os recursos”.

Assim, surge a economia circular, um modelo “de matrioskas inversas em que cada sistema tem de crescer e englobar o outro, estamos a por em causa o sistema terrestre, estamos a por em causa muitas das condições que sustentam a vida do planeta”, sublinhou António Costa Silva.

Nesta economia circular, um dos pontos de destaque foi a recuperação das águas residuais que António Costa Silva classificou como “absolutamente indispensável” e o outro aspeto remeteu para a produção de lixo. “Se olharmos para União Europeia, ao nível dos 500 milhões de cidadãos, produzimos 4 mil milhões de toneladas de lixo , cada um de nós aqui sentado produz por ano oito toneladas de lixo”, advertiu António Costa Silva

Reconversão industrial e soberania

“Quando falamos com a COTEC, não só com a COTEC, mas com todas as empresas portuguesas é uma queixa dos nosso empresários, quando criam produtos para o espaço europeu têm regulamentações ambientais, exigências mesmo em termos de direitos humanos, mãos de obra, que são elevadíssimas, depois o espaço europeu é invadido por produtos que não respeitam essas condições”, relatou António Costa Silva. “A União Europeia tem um standard duplo relativamente a isso”, completou.

“A forma como a União Europeia vai lidar com isso é que é o desafio, a questão da reconversão industrial e da soberania há pontos que são muito importantes, é por isso que o problema é complexo, porque depois não podemos  criar uma soberania industrial no país e produzir amanhã telemóveis que são 10 vezes mais caros do que aqueles que estão no mercado internacional”, rematou António Costa Silva.

Para resolver este problema, será necessário “progredir gradualmente, analisar todos os clusters, fazer a transformação, como proponho, das novas tecnologias, com modificação dos processos de trabalho, do design dos produtos”, garantiu António Costa Silva que ainda acrescentou que seria preciso, em simultâneo, “ver os segmentos de valor em que nós podemos competir, ter uma estratégia de substituição das exportações e depois criar produtos competitivos e que se possa afirmar no mercado global”

Emprego e a precariedade 

No plano apresentado hoje em Belém e posteriormente comentado em debate, António Costa Silva sublinhou a necessidade de “qualificar o emprego”, mas também a precariedade vivida por muitos portugueses.

“Temos segmentos da população que estão fora da economia formal que nem sequer são capazes de se candidatar e de usufruir dos apoios sociais desenhados para elas. Se descartarmos franjas da população em termos do crescimento da economia e do desenvolvimento do país, há sempre aqui algo que não vai funcionar bem”, alertou António Costa Silva.

“Há uma parte da população que está viva mas não participa da economia, é por isso que a inclusão social e a inclusão do desenvolvimento de modelos inclusivos é absolutamente vital, os países mais prósperos do mundo têm de alguma forma atalhado  a esse sistema e esta pandemia revelou que este é um problema crucial que temos de enfrentar”, apontou António Costa Silva. “O que precisamos é de ter o máximo de pessoas na economia formal”, acrescentou

Contas são da competência do governo

“Sou um homem de números, fiz as contas de tudo e tenho as minhas contas todas, mas não me vou meter aí, isso é da exclusiva competência do Governo, é o Governo que tem de decidir e tem de decidir as prioridades, tem de fazer o programa de recuperação”, explicou António Costa Silva que não deixou de referir que “o Estado serve exatamente para estas alturas”

Bianca Marques | O Jornal Económico | Imagem: Cristina Bernardo

Quem é António Costa Silva?

António Costa Silva é um engenheiroprofessor universitário e gestor português. É, desde 2003, presidente da Comissão Executiva da Partex Oil and Gas, empresa petrolífera detida até 2019 pela Fundação Gulbenkian.

Nascido em 1952 (68 anos) Nova Sintra (Catabola), Angola.

Em 2020, foi convidado pelo Governo português para delinear o plano de recuperação económica do país após a crise provocada pela pandemia de covid-19

Wikipédia

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