terça-feira, 28 de julho de 2020

Quatro tiros em Bruno Candé foi racismo? E o OMO lava mais branco?


Bruno Candé no Curto do Expresso, talvez devido ao racismo que é referido que não existiu nas manifestações e investidas do ‘pula’ português com 76 anos que o varou com quatros tiros à queima roupa, o preto português que até foi mandado para a “terra dele” ´(África?) pelo indubitável assassino. Tudo começou com um desaguisado por causa de uma cadela-guia Labrador de Candé. Em África o ‘herói do ultramar fascista’ referiu ter estado… Racismo? Pode lá ser! Sim, não, talvez. É sempre o mesmo.

Melhor que nós explica o autor do Curto, Rui Gustavo, jornalista. Foi racismo ou não foi racismo? Perguntamos: se na circunstância o protagonista assassinado fosse de tez branca o velhote de 76 anos, assassino ‘com pica para matar’, teria disparado e feito jazer o corpo negro de Candé naquela rua de Moscavide? Os disparos tiveram todo o peso de racismo? Não tiveram? O ex-combatente da guerra do ex-ultramar teve atividade na Guiné, em Angola, em Moçambique? Participou em algumas operações em que não sobrava ninguém negro nem uma pontinha de cubata? Quem foi o então militar e o que protagonizou? Era vítima de stress de guerra ou de outro trauma correlacionado?

Bem, é que se esteve realmente na guerra colonial aprendeu a odiar “os terroristas” e a ter por objetivo matá-los – aqueles macacos-malandros-ingratos que queriam a independência, depois de quatrocentos anos de lhes andarmos a levar contas de vidro colorido em troca de ouro, diamantes e outras riquezas, além de até os colonialistas lhes venderem linha para cozer sacas para roupa ao metro… Tão bonzinhos que foram os colonialistas. E agora toda uma geração tinha de andar a matar "pretos terroristas" e na “leva” populações indefesas em massacres que na maior parte dos casos estão por contar…

Ah, pois. Os portugueses não são racistas. Portugal não é racista…

Sigam para o Curto. Tenham uma boa terça-feira e estudem o “caso”, assim como os outros “casos”. Tapar o sol com a peneira não vai dar resultado. Mais cedo que tarde vem aí um escaldão.

A abordagem aqui tem de ser curta, porque doí... a milhões. 

Claro que há racismo em Portugal. Claro que existem imensos portugueses racistas, aqui, na China, em África... Uns, mais ou menos passivos. Outros ativos, outros extremistas... 

Pobres coitados que querem ignorar que África é o berço da humanidade e que dali vieram antepassados a saltar de rocha em rocha, de ramo em ramo, de grão de areia em grão de areia, agachados, depois passo a passo... E que depois foram branqueando... Agora são brancos. O quê? Lavaram-se durante séculos com OMO? Pois, esse até lava mais branco. Pois, pois. Pena que não lave e extinga o racismo. Certo é que não olham a meios para também o branquear.

MM | PG

 

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Não foi racismo, mas...

Rui Gustavo | Expresso

Hoje, quando acordar, o homem de 76 anos que matou Bruno Candé com quatro tiros à queima-roupa, vai verificar que está preso pela primeira vez na vida. Foi essa a decisão do juiz de instrução criminal que o ouviu (na verdade não o ouviu porque o arguido decidiu não prestar declarações) e justificou a pesada medida de coação não só com a gravidade do crime de homicídio qualificado, mas também com o facto de ter usado uma arma ilegal e de poder perturbar o que resta da investigação.

O crime deste enfermeiro reformado descrito como uma “pessoa normal” mas que tinha em casa uma arma ilegal carregada que não hesitou em usar em plena luz do dia numa rua de Moscavide, não passaria de uma breve num jornal e não começaria este Expresso Curto não fora o facto de a vítima, Bruno Candé, 39 anos, ser um ator conhecido pela participação em peças de teatro e telenovelas e, acima de tudo, por haver suspeitas de que se tratou de um crime racista.

Logo no dia do homicídio, a família do ator revelou que o assassino já o tinha ameaçado de morte três dias antes de o matar e que o tinha atacado com insultos racistas.

No entanto, a PSP revelou que as seis testemunhas ouvidas pelos agentes que detiveram o suspeito não referiram quaisquer insultos racistas antes dos disparos e que tudo se deveu a um desentendimento por causa de Pepa, a cadela labrador que Bruno Candé costumava passear desde que um atropelamento lhe reduziu a capacidade motora. A PJ, que está a investigar o caso, também parece acreditar “para já” que não se tratou de um crime com motivação racista.

Mas duas testemunhas ouvidas pelo Público referem que três dias antes do homicídio, os dois homens chegaram a vias de facto e o enfermeiro chamou-lhe “preto do caralho” e disse-lhe: “vai para a tua terra”. “Coisas que ouvimos normalmente”, resumiu o funcionário da ourivesaria. De acordo com estas testemunhas, o assassino ameaçou violar-lhe a mãe e garantiu que tinha “armas do ultramar” e que havia de matá-lo, como veio a acontecer.

O crime teve uma espécie de efeito a preto e branco na política. Partidos como o Bloco de Esquerda ou organizações como SOS Racismo, não hesitaram em protestar contra “o homicídio violento e racista” exigindo uma justiça célere; enquanto o Chega de André Ventura garantia desde logo que o racismo não tinha sido o motivo para o crime. Ah. E que Portugal não é racista. E que até é um dos países menos racistas da Europa e até do mundo. O líder do partido e deputado da nação endereçou os pêsames à família e dias depois congratulava-se com um post do Facebook em que a vítima mortal era descrito como um agressor de idosos e uma pessoa com distúrbios mentais.

O crime de Moscavide não tem, aparentemente, qualquer mistério. Há testemunhas que viram o homicídio brutal, a polícia recuperou a arma e o suspeito foi detido por populares e depois pela PSP. O que falta saber é se morreu por um motivo absurdo (a cadela) ou por um motivo estúpido (racismo). Ou pelos dois. De repente, parece que será este caso a decidir se somos ou não um país racista. Não será. Mas é importante que não fiquem dúvidas, porque só a verdade nos pode pacificar.

No início deste ano, Luís Neves, diretor da PJ, deslocou-se a Vila Real para garantir que Geovanni Santos, um rapaz cabo-verdiano morto à pancada à saída de um bar, não tinha sido vítima de racismo, mas sim de um crime brutal provocado por um motivo fútil. Espera-se agora o mesmo de uma polícia que já demonstrou com trabalho que o racismo é um dos seus alvos prioritários, como prova a investigação recente ao movimento hammerskin. Nada trará Bruno Candé de volta, mas a família que o perdeu merece saber a verdade sobre o que aconteceu.

Neste momento, a acreditar na versão policial, o que se pode dizer é não foi racismo, mas... E esta é a pior palavra que se pode escrever a seguir a racismo.

OUTRAS NOTÍCIAS

Há 106 anos, no dia 28 de julho de 1914, começava a I Guerra Mundial que matou 20 milhões de pessoas, entre civis e soldados. Durou quatro anos e era suposto que fosse a guerra que ia acabar com todas as guerras. Seguiu-se uma pandemia de gripe espanhola que infetou um quarto da população mundial e matou 50 milhões de pessoas. Anos depois começava ascensão do III Reich na Alemanha que conduziria à II Guerra Mundial, em que morreram mais 85 milhões de pessoas. Hoje, a guerra é contra a covid 19 e o inimigo é um coronavírus invisível que nos invadiu no final do ano passado e ainda está longe de ser derrotado.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a pandemia já matou 649 662 pessoas no mundo inteiro e há mais de 16 milhões de infetados. Em Portugal morreram 1719 pessoas e há cerca de 50 mil casos positivos.

Hoje, por exemplo, o Reino Unido anuncia quais são os países para onde os seus habitantes podem viajar sem grandes restrições ou sem serem obrigados a entrar em quarentena no regresso ao torrão natal. Portugal está fora desta lista dourada o que significa um rombo enorme no turismo em geral e no Algarve em particular. Espanha também ficou de fora de uma lista que incluiu destinos turísticos como a Estónia, Letónia, Eslováquia e São Vicente e Granadinas.

Hoje mesmo, Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, reúne-se com empresários e associações da região para apresentar as propostas do Governo de apoio ao destino turístico e ao sector.

Um tribunal da Comarca dos Açores deu razão a três cidadãos que estavam retidos nom hotel da Graciosa depois de terem viajado com um outro passageiro infetado. Os três retidos – um homem, uma mulher e uma criança – tiveram testes negativos à Covid 19, mas mesmo assim as autoridades sanitárias da região ordenaram que ficassem isolados. Passaram três dias fechados até que o tribunal os libertasse.

As 19 freguesias da Grande Lisboa que estavam em estado de calamidade passam a viver em contingência, mas na prática mantém-se quase tudo na mesma: as lojas têm de fechar às oito, os supermercados às dez e não se pode vender álcool depois das oito da noite. Mudança: os agrupamentos autorizados sobem cinco para dez pessoas.

Na Bélgica, o caminho é inverso e desde o início desta semana os grupos estão reduzidos a um máximo de cinco pessoas. O número de infetados está a subir e o objetivo do Governo é evitar um novo confinamento.

Mais de uma semana depois de se conhecer a acusação do processo BES, ainda há notícias relacionadas com este universo capazes de nos surpreender: Cinco operações de venda de imóveis e créditos provocaram perdas de 600 milhões no Novo Banco, o banco bom que sobreviveu ao colapso. Um dos pacotes foi vendido a um fundo que há anos empregou o agora charmain do banco, Byron Haines.

Na Polónia, mais notícias sobre o fim do Estado de Direito. O Governo está a considerar a hipótese de abandonar o tratado contra a violência doméstica e o ministro da Justiça já iniciou as formalidades nesse sentido. Apesar de o tratado proteger as vítimas de violência doméstica, o executivo polaco argumenta que é uma ameaça à "família tradicional".

O tempo lá fora mostra sinais de arrefecimento o que é sempre uma boa notícia para os bombeiros e as vítimas dos incêndios.Apesar da aparente trégua, continuamos em estado de alerta.

Depois de a SIC ter anunciado que vai acabar com os programas de debate futebolístico, a TVI deverá avançar com a mesma medida e acabar com os dois programas deste género depois da final da Taça de Portugal, o último jogo da época.

Termina hoje no Porto o ciclo “Roman Porno” com a exibição do filme "À sombra das jovens raparigas húmidas", de Akihiko Shiota no Teatro Campo Alegre. A fita insere-se num género artístico peculiar do cinema japonês que combina erotismo sem tabus com cuidados técnicos e critérios artísticos elevados.

Frases

“Temos de acabar com o racismo. Apesar de ser de cor, ele não se metia com ninguém”.
Moradora em Moscavide, sobre Bruno Candé.

“A pandemia está a acelerar”.Tedros Adhanom, secretário-geral da Organização Mundial de saúde

"Esse ambiente de toxicidade que se foi criando à volta deste tipo de programas, e para o qual contribui muito os próprios clubes e as suas máquinas de comunicação, coloca-nos perante uma situação de que chegou a altura de acabar com este tipo de programas na SIC Notícias".Ricardo Costa, diretor de informação da Impresa, sobre o fim dos programas de “debate” futebolístico na SIC

“Sinto que falhei”.Vasco Mendonça, o homem do Azar do Krajl, e representante do Benfica num desses programas

“O vírus foi duro comigo”.Grigor Dimitrov, 29 anos, o saudável número número 19 do ranking ATP em ténis

"Trump continua a precisar de provar ao seu pai que é um tipo duro". - Mary Trump, sobrinha do presidente americano, e autora da biografia não autorizada "Demasiado e Nunca Suficiente. Como a Minha Família Criou o Homem Mais Perigoso do Mundo"

O que eu ando a ler

A Amiga Genial

Elena Ferrante

Gosto de resistir a modas. Se há quase unanimidade em relação a uma obra literária, eu gosto de ser o quase. O que desconfia de tanto elogio. Mesmo sem ler. Claro que esta parvoíce só tem a vantagem de irritar amigos e familiares e fazer-me perder tempo durante algum tempo. Portanto, demorei estes anos todos para pegar no livro da misteriosa escritora italiana que quase ninguém viu e de quem não se sabe o verdadeiro nome (isto também é um bocado irritante) e agora que saiu de moda, posso confessar que estou rendido. Melhor: convertido. O livro (vou no segundo volume) é uma espécie de desenrolar de pequenos acontecimentos cómicos e trágicos escritos com tanto talento que só no resta sorrir ou chorar e virar a página uma e outra vez. Não quero estar a exagerar – isto deve ser o entusiasmo dos recém-convertidos – mas é dos melhores livros contemporâneos que li nos últimos tempos.

Por hoje é tudo. Acabo com uma boa notícia: no primeiro semestre deste ano, nasceram 42.149 novos potenciais leitores do Expresso.Mais 11 do que em igual período do ano passado, e o valor mais alto desde 2017. Bem-vindos, putos. Isto vai passar.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

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