sábado, 29 de agosto de 2020

"Antes de ser atleta, sou uma mulher negra"


Tenista Naomi Osaka anuncia que boicotará a semifinal do torneio WTA em protesto contra a violência policial que atinge cidadãos negros nos EUA. Desportistas de diversas modalidades retiraram-se de partidas decisivas.

A japonesa Naomi Osaka boicotará o seu jogo pela semifinal do torneio WTA esta quinta-feira (27.08) em Nova Iorque. A tenista anunciou que não comparecerá ao seu jogo em protesto contra os tiros desferidos por um polícia contra um homem negro desarmado em Wisconsin, nos  Estados Unidos.

Jacob Blake, de 29 anos, foi baleado nas costas quando entrava num carro com seus filhos. A vítima está internada no Hospital Froedtert, em Milwaukee, e corre o risco de perder os movimentos do corpo.

O episódio ocorre três meses após o assassinato de George Floyd - um afro-americano também desarmado, que morreu depois de um polícia de Minneapolis ter pressionado o seu pescoço com o joelho.

O caso Blake gerou nova onda de protestos contra o racismo e ações de boicote de desportistas norte-americanos de diversas modalidades. Naomi Osaka foi duas vezes campeã do Grand Slam e deveria enfrentar a belga Elise Mertens na mesma quadra onde o aberto dos EUA será disputado a partir de segunda-feira (31.08).

"Antes de ser atleta, sou uma mulher negra. E como uma mulher negra sinto que há assuntos muito mais importantes em mãos que precisam de atenção imediata, em vez de me ver jogar ténis", Osaka publicou numa declaração no Twitter.

"Não espero que nada de drástico aconteça comigo por não jogar, mas se conseguir iniciar um debate num desporto maioritariamente branco, considero ter dado um passo na direção certa".

A sua declaração surge na sequência do boicote do Milwaukee Bucks na NBA ao jogo pelos playoffs marcado para quarta-feira (26.08). Todos os jogos de quarta-feira pelos playoffs da liga americana de basquete foram adiados. 

Equipas da Liga Principal de Basebol e da NBA adotaram a iniciativa de boicote e Osaka seguiu o exemplo no ténis.

"Honestamente, ver o genocídio contínuo dos negros nas mãos da polícia está a deixar-me doente até ao estômago", disse Osaka. "Estou cansada de ver uma novo hashtag a aparecer em poucos dias e estou extremamente cansada de ter esta mesma conversa uma e outra vez. Quando chegará ao fim?"

Blake foi baleado sete vezes nas costas pela polícia quando tentava entrar num carro com os seus três filhos. Protestos ocorreram em Kenosha desde o tiroteio, quando duas pessoas morreram depois de um homem ter aberto fogo sobre manifestantes com uma espingarda de assalto na terça-feira (27.08).

Deutsche Welle | AFP, Reuters

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