Banco de Portugal paga por assessoria em venda a custo zero
O ex-secretário de Estado Sérgio Monteiro, protagonista de várias privatizações, garantiu mais 30 mil euros pela assessoria na entrega do Novo Banco à Lone Star. O valor total já ultrapassa os 480 mil euros.
A
informação foi avançada pelo Diário de Notícias, na sua edição de hoje,
citando o contrato entre Sérgio Monteiro e o Banco de Portugal, publicado ontem
no portal Base, que reúne todos os contratos públicos.
O
ex-secretário de Estado dos Transportes do governo do PSD e do CDS-PP pode
continuar a prestar serviços de assessoria à venda do antigo BES até Agosto,
somando 30 mil euros ao que já foi acumulando desde que assumiu funções,
após a saída do executivo, em Novembro de 2015.
Ao
todo, diz o Diário de Notícias, o especialista em privatizações (tem
no currículo a venda dos CTT, da ANA, da CP Carga, ou as concessões dos
transportes, entretanto travadas) vai acumular quase meio milhão de
euros – 487 200 euros – pelo apoio prestado ao Banco de Portugal
na gestão do dossiê Novo Banco. O negócio, que ainda não está
finalizado, resulta na entrega da instituição bancária a um fundo abutre, com
currículo no desmembramento do que compra barato, para vender com
lucro no mais curto espaço de tempo.
O
Novo Banco que a Lone Star vai receber afigura-se num investimento sem risco. O
Fundo de Resolução, uma entidade pública, mantém 25% do capital do banco e
garante perdas futuras da instituição até 3,9 mil milhões de euros. Pelo
negócio, a Lone Star não paga nada, ficando apenas obrigado a injectar 750
milhões de euros no momento da compra, a que se devem somar outros 250 milhões
no prazo de três anos.
Quanto ao
valor injectado pelo Fundo de Resolução aquando da falência do BES –
4,9 mil milhões de euros, 3,9 mil milhões dos quais através de um
empréstimo do Estado – não se perspectiva que venha a ser recuperado.
Apesar
de, na apresentação dos resultados de 2016, em Abril passado, o presidente
do banco, António Ramalho, ter afirmado que as 1500 saídas de
trabalhadores já concretizadas até então cumpriam com a meta imposta por
Bruxelas até Junho, de acordo com o plano de reestruturação, os despedimentos
não cessaram por aí.
A
Lone Star vai receber, assim, um banco limpo de prejuízos (através de
injecções de dinheiros públicos) e com um quadro de pessoal já bastante
reduzido face a Agosto de 2014, quando o BES deu lugar ao Novo Banco.
AbrilAbril, em 18 de julho 2017
Imagem: Sérgio Monteiro foi contratado pelo Banco de Portugal para conduzir a venda do Novo Banco depois de participar nos processos de privatização da ANA - Aeroportos, dos CTT, da TAP, da CP Carga, da EMEF, dos Metros de Lisboa e Porto, da Carris e dos STCP
Leia em AbrilAbril:
Mais dinheiro em 2020, saga do Novo Banco continua
PCP limita financiamento ao Novo Banco
Novo Banco continua a sugar dinheiro público
Sem comentários:
Enviar um comentário