O primeiro-ministro britânico,
Boris Johnson, defendeu hoje a intenção de reverter parte do acordo do Brexit
face à "ameaça" da UE de instaurar um "bloqueio" alimentar
na Irlanda do Norte, perigoso para "a paz" e "união" do
Reino Unido.
O Governo britânico
apresentou, na quarta-feira, no parlamento um projeto de lei do
mercado interno que lhe dá a capacidade de tomar decisões unilaterais sobre
questões relativas ao comércio com a província da Irlanda do Norte.
Este texto, que contradiz em
parte o acordo enquadrado na saída da União Europeia, complica as discussões
iniciadas em março para negociar um acordo sobre as futuras relações
entre o Reino Unido e a UE.
Num texto publicado no
jornal britânico Daily Telegraph, Boris Johnson explicou que foi forçado a
este extremismo, que reconhece ser uma violação do direito internacional.
"A menos que aceitemos as
condições da UE, a UE usará uma interpretação extrema do protocolo da Irlanda
do Norte para impor uma fronteira comercial completa ao longo do mar da
Irlanda", que separa a província do resto do reino, escreveu o governante
no jornal.
"Dizem-nos que a UE não
impõe somente os direitos aduaneiros no transporte de mercadorias da
Grã-Bretanha para a Irlanda do Norte, mas que poderá de facto interromper o
transporte de alimentos da Grã-Bretanha para a Irlanda do Norte",
continuou.
O chefe do Governo referiu que
jamais acreditou "que a UE seria capaz de usar um tratado, negociado de
boa fé, para instaurar um bloqueio a parte do Reino Unido, ou que eles
ameaçariam destruir a integridade económica e territorial do Reino Unido".
"Tal interpretação colocaria
seriamente em risco a paz e estabilidade" nesta província britânica que
"esteve ensanguentada por três décadas de problemas", até à
assinatura do acordo de paz da Sexta-feira Santa, em 1998, explicou.
Boris Johnson apelou aos
deputados conservadores que apoiem o seu projeto de lei que será
debatido na segunda-feira no Parlamento, já que alguns expressaram preocupação
com o facto de o seu país voltar atrás com os seus compromissos.
"Não podemos deixar o poder
teórico dividir o nosso país nas mãos de um organismo internacional",
explicou Boris Johnson, afirmando aos deputados que era "vital"
a adoção deste texto para "meter um fim a esta
possibilidade".
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Reuters
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