Díli, 15 set 2020 (Lusa) - O
Presidente timorense disse hoje que foi necessário "manter o VIII Governo
em funções" para poder responder aos "impactos adversos" e aos
"sérios desafios" que o país enfrentou este ano, incluindo a pandemia
da covid-19.
"Para garantir a
estabilidade do país (...), não podia adotar outra posição que não fosse manter
o VIII Governo em funções.
O primeiro-ministro aceitou a decisão do Presidente da
República com sentido de missão e consciência do dever retirando o seu pedido
de demissão", afirmou Francisco Guterres Lu-Olo, no Parlamento Nacional.
"Era necessário, numa altura
como essa, ter um Governo para gerir os impactos adversos provocados pela
covid-19. O movimento de vários partidos (...) criou uma maioria estável, e
permitiu aquilo que foi sempre a minha posição: de que o Governo deveria
cumprir o seu mandato por inteiro. A situação social e económica do país assim
o exigiram", sustentou.
Francisco Guterres Lu-Olo falava
no Parlamento Nacional na abertura da terceira sessão legislativa da quinta
legislatura, cujo arranque vai ser dominado por dois processos orçamentais
consecutivos.
Hoje, o Governo entregou ao
parlamento a proposta de lei do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020 -- o
país tem estado a viver com duodécimos desde 01 de janeiro -, prevendo-se que
em outubro entregue a proposta para as contas públicas de 2021.
Lu-Olo regressou hoje ao
parlamento pela primeira vez desde setembro de 2018, quando falou no arranque
da primeira sessão legislativa da legislatura -- saída de eleições antecipadas
-- e quando o atual Governo, o VIII, era liderado pela Aliança de Mudança para
o Progresso (AMP).
Desde então, essa aliança --
formada pelo CNRT, PLP e KHUNTO -- desfez-se, com a saída do Congresso Nacional
da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão do Governo e a Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), partido do chefe de
Estado, a juntar-se ao Partido Libertação Popular (PLP) do atual
primeiro-ministro e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), os
outros dois partidos da AMP.
O chefe de Estado dedicou parte
do seu discurso a essa evolução da situação política e constitucional do país,
referindo-se ao facto de o Governo ter agora o apoio de uma nova maioria
parlamentar, garantindo a estabilidade governativa no país.
Nem a mudança da composição dessa
maioria, nem o chumbo em janeiro da proposta de OGE para este ano, considerou,
determinam "por si só a queda do Governo em funções ou a necessidade de
formação de um novo Governo".
"Foi argumentado que a
rejeição [da proposta do OGE] seria por si só razão para que o Presidente da
República devesse dissolver o Parlamento Nacional. Este facto em si não
constitui necessariamente a obrigação de dissolução desse órgão de
soberania", considerou.
Assim, e apesar da tensão
política, o Presidente considerou que o chumbo orçamental "não representou
uma grave crise institucional", porque o Governo continua em funções,
podia apresentar nova proposta orçamental, incluindo na "mesma sessão
legislativa" e o parlamento "continuava no regular e pleno exercício
das suas funções constitucionais".
É neste quadro, defendeu, que
teve como "única opção de valor constitucional, a continuidade do VIII
Governo Constitucional e do seu primeiro-ministro", inclusive tendo em
conta a pandemia da covid-19.
Uma "continuidade e
legitimidade asseguradas por uma nova maioria parlamentar" que, espera,
garanta estabilidade até ao final do mandato, em 2023.
"É importante que haja
diálogo franco e aberto entre todos os partidos com assento parlamentar na
procura de soluções de continuidade e estabilidade para a boa execução das
tarefas de responsabilidade do Governo em benefício da melhoria das condições
de vida do nosso povo", afirmou.
"Não temos tempo a perder. É
imperativo e urgente beneficiar o nosso povo com os recursos de que o país
dispõe", disse.
Lu-Olo destacou os "sérios
desafios" que este ano "obrigaram a repensar e a refletir sobre as
prioridades dos atos e decisões" dos responsáveis do país.
Cheias devastadoras em Díli, em
13 de março, e a pandemia da covid-19, exigiram, disse, medidas urgentes para
proteger a população -- incluindo o estado de emergência.
"O Governo teve assim
condições para tomar uma série de medidas, incluindo o fecho de fronteiras, a
criação de unidades de quarentena e isolamento, e a formação de equipas para
sensibilizar o nosso povo para a prevenção da covid-19", frisou.
Timor-Leste tem atualmente um
caso ativo da covid-19.
ASP // VM
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