Os EUA na baila por via das eleições. Dizem que Biden venceu e o que se vê é imensos a passarem-lhe a mão no pêlo. O mundo neoliberal está exultante e os cidadãos norte-americanos ainda mais. Alguns, por lá, nem por isso. Os quase 10 milhões de sem abrigo dizem que um ou outro, venha quem vier, “é igual ao litro”. Os vastos milhões a sobreviverem na pobreza escandalosa também não vão notar grande diferença, nem vão passar a “remediados” só porque Biden vai habitar a tal Casa Branca. Continuarão na pobreza extrema, escandalosa. Também os Direitos Humanos não verão melhores dias na prática. No papel talvez, mas só para manter encenação enganosa.
Bom dia esta é antecâmara do Curto do Expresso, que de vez em quando inserimos no PG. Hoje Raquel Moleiro é a autora do que segue a esta prosa introdutória. Avante.
Ainda de Portugal podemos ler sobre o anticiclone dos Açores que nos seus céus tem estampada antenuvens uma grande suástica. O futuro de mais do mesmo antes de 1974. O fascismo brilha graças ao ofuscado Rui Rio do PSD e seus apaniguados. Não é surpresa. Rio sempre cheirou a bolores salazaristas. Que agora libertou em grande quantidade. Parece que são muitos, lá pelo PSD. Pivete.
De Moleiro, o que diz Moleiro, no Expresso Curto. Não é nada parecido do “O que diz Molero” de Dinis Machado, com os “pintas” e as cabeçadas e trambolhões, as cenas rascas dos popularuchos rufias…
Mais, muito mais, por Raquel Moleiro aqui no Curto. Vá de 'frosques' do resto da prosa PG e atine no Expresso, Balsemão Bilderberg agradece, ainda mais se acaso aderir à seta com suástica oferecida por Rio Ventura. Coisa que não queremos, nem esperamos. Eles sabem acomodar-se risonhos naquilo que ao povinho traz incómodos, nacionalismos bacocos e criminosos, e etc., etc.. O tio Balsemão nada ainda disse sobre o Cheganço de Rio ao racismo e xenofobia, ao fascismo… O quê? Tirar os ovários a quem aborta não é fascismo? E tudo o resto que já deu para entendermos e percebermos os pezinhos de lã do tipo disfarce para ludibriar? Fala tio, fala. Rebenta com a escala! A situação merece. Pois. Talvez a idade e a carteira não o permitam… Que raios. Sabem de alguma fonte de juventude por aí?
A seguir, o Curto do bom e do melhor. Continuem, não fiquem só por aqui. Ler e pensar não dói nada. E era muito bom que o extremismo galopante que já é prato do dia não desse porrada se refilares... Séria dúvidas que não aconteça não só com nódoas negras. Mais grave. Porque o que se trata é de oculto-extremismo do pior. Democracia do cuspo, não é oh Rios Venturas?!
Obrigado, pela réstia de sol deste dia. Bom dia, depois do meio-dia. É a vida.
MM | PG
Bom dia este é o seu Expresso Curto
Um copo meio cheio de esperança
Bom dia.
(Em plena segunda onda de pandemia mundial, tentou-se servir este curto com
discriminação positiva por boas notícias)
Faltam menos de dois meses para Joe Biden tomar posse como presidente dos
EUA. A passagem oficial de testemunho está marcada para 20 de janeiro de 2021,
mas a indisponibilidade de Donald Trump assumir a derrota deixa mais
dúvidas do que certezas sobre os moldes e tempos da transição. Depois da
responsável pela agência que gere a Casa Branca ter
recusado assinar os documentos que garantem fundos à equipa do
Presidente eleito, os funcionários receberam ordens específicas para não
colaborarem com os seus sucessores. Há 90 anos que não se assistia a uma
passagem de testemunho tão amarga, a lembrar o nada acolhedor Herbert
Hoover para com o seu sucessor Franklin Roosevelt.
Certo é que, na cerimónia, Joe terá ao seu lado Jill, no seu papel de
primeira-dama. Nesse dia põe uma folga, férias ou pede dispensa com
mais-do-que-justa-causa do seu emprego como professora de Inglês numa
universidade comunitária da Virgínia do Norte, onde está colocada há cerca de
uma década. E onde vai continuar a lecionar. Nas inúmeras entrevistas que foi
dando durante a campanha, esse foi sempre um facto assente: trabalha desde
os 15, sempre quis ter o seu dinheiro, a sua carreira e a sua identidade, e não
seria agora aos 69 que mudaria. Ontem a decisão foi anunciada formalmente.
A gestão entre os dois cargos não será fácil, com a agravante de não poder
pedir conselhos às antecessoras Michelle e Melania, porque Jill é a
primeira first lady trabalhadora. No pioneirismo feminino junta-se a
Kamala Harris, a primeira mulher a assumir a vice-presidência dos EUA.
Foi preciso chegar a 2020, ao século XXI.
Mas mais que o atraso há que frisar o avanço. Ver o copo meio cheio. No
discurso de vitória, Kamala agradece à mãe, Shyamala, uma mulher indiana que
imigrou para os EUA e que nunca deixou de acreditar no sonho americano. A filha
é o exemplo supremo do ‘yes she can’. Ou como a vice disse no seu primeiro
discurso enquanto tal: “Posso ser a primeira mulher neste cargo, mas não
serei a última”.
E por que razão isto é importante? Porque, por exemplo, em pleno século
XXI, em 2020, em Portugal, a
diferença de salário entre homens e mulheres corresponde a 52 dias de trabalho
pago ou 148,9 euros. Os dados foram revelados ontem pelo Ministério do
Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, data em que se assinalou o Dia
Nacional da Igualdade Salarial. A data não é fixa, mas regista o dia a partir
do qual as mulheres deixam (virtualmente) de receber pelo seu trabalho enquanto
os homens continuam a ser pagos.
Ainda assim, o fosso discriminatório tem vindo a diminuir, no mercado de
trabalho e no interior do dicionário de Oxford onde a definição
de mulher foi agora alterada porque, em pleno século XXI, em
2020, estava contaminada por estereótipos e sexismos, como a frase
exemplificativa “Eu disse para estares em casa quando eu chegasse,
mulherzinha”. Foi retirada, assim como a referência às mulheres quando se
definia trabalho doméstico.
Também atenta à atualidade, a
editora do dicionário Collins elegeu “confinamento”
como a palavra do ano, que terá sido utilizada 250 mil vezes em 2020,
contra apenas 4 mil no ano anterior. E continua em franco uso - a palavra e a
medida. Em Portugal, por enquanto só como receio futuro, caso o país não
consiga travar as linhas de contágio com as limitações já
implementadas. Amanhã é dia de conselho de ministros e já é sabido
que a lista dos concelhos de risco vai se revista e poderão ser decididas
novas restrições e em diferentes locais.
O país é atualmente o 15º com mais casos por 100 mil habitantes (ver
gráficos) e nas últimas 24 horas ultrapassou
as 3 mil vítimas mortais, mas teve o menor número de novos infetados
dos últimos sete dias (3817) e o maior número de recuperados (4795) desde
24 de maio. Nas prisões existem atualmente 168 reclusos com covid-19, 148 dos
quais são mulheres do Estabelecimento Prisional de Tires, e 80 funcionários,
avança o Público. PSP,
GNR e SEF têm mais de mil infetados. Hoje serão realizados mais
testes na rede prisional. Aí e fora dela, os especialistas querem testes
alargados a quem tem dor de cabeça e obstrução nasal, sintomas mais
frequentes nos infetados entre os 15 e os 39 anos.
António Costa continua a afirmar que o SNS não está
Também ontem saiu o muito aguardado fumo branco sobre os montantes do
próximo orçamento
comunitário 2021-27 que terá um reforço de 15 mil milhões de euros
para financiar programas europeus. E ainda mais mil milhões para eventuais
situações imprevistas. Portugal agradece, tanto mais que a agência de rating
Moody's sinalizou o país como um dos que poderá ter uma “destruição
económica maior”, devido à prevalência de pequenas e médias empresas (PME) na
sua economia. Hoje a câmara de Lisboa avança com um plano próprio de
apoio às empresas, emprego, famílias e associações da cidade. Das medidas
consta um fundo de apoio ao comércio e restauração da cidade.
OUTRAS NOTÍCIAS
O ANTICICLONE. Rui Rio garante que não há entendimento nacional com o
Chega e que não passou nenhuma linha vermelha porque foi o partido de
André Ventura que entrou nos eixos, mas a decisão de permitir o apoio
parlamentar ao PSD no Governo regional dos Açores ainda não deixou de
levantar ondas de choque um pouco por toda a política nacional. E chegou mesmo
às eleições presidenciais, com a candidata Marisa
Matias a atacar o presidente - e pré-candidato - Marcelo Rebelo de
Sousa. No Twitter,
Marisa recordou que o representante da República nos Açores é nomeado pelo
presidente da República e "responde-lhe diretamente". Por isso, a
candidata do BE faz questão de sublinhar as responsabilidades de Marcelo
pela posse de um Governo que terá o apoio do partido de André Ventura, acusando-o
de "não proteger" a Constituição.
Esquerda
e PS não vão largar o assunto tão cedo e até Poiares
Maduro se juntou aos críticos do acordo. Henrique Raposo, Adolfo
Mesquita Nunes, Ana Rita Bessa, Pedro Mexia, Miguel Esteves Cardoso e Samuel
Úria, entre outras personalidades, chegaram mesmo a assinar
uma carta aberta para “deixar bem claro que as direitas democráticas
não têm terreno comum com os iliberalismos". A missiva é
publicada poucos dias depois de o Chega
assinar o acordo. Não há no texto nenhuma referência direta a este
entendimento, mas há uma frase que não deixa grandes dúvidas sobre o motivo da
sua publicação: "O espaço do centro-direita e da direita portuguesa
não é o do extremismo, seja esse extremismo convicto ou oportunista".
Oiça aqui a análise da Comissão
Política do Expresso (podcast) ao abraço açoriano.
A TEMPESTADE. O furacão Theta é o 29º a formar-se este ano no Atlântico,
batendo o recorde de 2005. Com força de tempestade subtropical, 'nasceu' na
segunda-feira à noite e está a caminho da Madeira. A ilha deverá ser atingida
entre sexta e domingo. Sábado será o dia de maior temporal, com chuva forte e
rajadas que podem atingir os 130 kms/h.
VALENTINA. O pai e madrasta da criança de nove anos encontrada morta em
maio, na Atouguia da Baleia (Peniche) foram acusados pelo Ministério Público de
homicídio qualificado, profanação de cadáver e abuso e simulação de sinais de
perigo. Sandro, 32 anos, e Márcia Bernardo, 38, arriscam uma pena de 25 anos de
prisão. O relatório da autópsia descreve que a menina foi vítima de asfixia e
de agressões violentas em todo o corpo.
PERDÃO, MAS POUCO. O presidente de Angola, João Lourenço excluiu ex-governantes
do MPLA da benevolência penal ligada à comemoração de 45 anos de soberania,
assinalados esta terça-feira. Antigos
ministros e filho de José Eduardo dos Santos não estão contemplados.
CESTO DE NATAL. A liga norte-americana de basquetebol (NBA) chegou a acordo com
o sindicato dos jogadores para iniciar
a temporada de 2020/21 a 22 de dezembro. O entendimento prevê a redução do
número de jogos da fase regular de 82 para 72 e de viagens das equipas (em
cerca de 25%).
FORA DE PISTA. A próxima
temporada de Fórmula 1 vai ter 23 corridas (um número recorde) e
nenhuma se vai realizar
FRASES
“A informação obtida de forma ilegal não devia ter sido divulgada. Ponto. Agora
tenho de admitir que essa actuação possa ter tido alguma influência positiva em
matéria de verdade desportiva”.
Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol no julgamento de
Rui Pinto.
“A DGS informa que está a circular uma imagem com uma declaração atribuída
erradamente à Diretora-Geral da Saúde ("DGS pede para fecharem vidros dos
carros na A28"). Esta declaração nunca foi proferida pela Dra. Graça
Freitas. DGS apela à não propagação desta informação”. DGS, numa alusão à
mensagem falsa sobre a autoestrada que liga os concelhos de Vila do Conde,
Póvoa de Varzim e Matosinhos, afetados pelo surto de legionela.
“Tudo agora é pandemia. Tem de acabar esse negócio. Lamento os mortos, lamento.
Todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. [O
Brasil] tem de deixar de ser um país de maricas".
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, durante um evento sobre turismo
organizado pelo planalto.
O QUE ANDO A LER
Esta semana a minha filha mais velha perguntou-me se não tinha cá por
casa o Livro de Crónicas do António Lobo Antunes. Está a dar este
género literário no 9º ano e o professor disse na aula que poderia ser útil.
Até ela que está na irritante fase “por que vou ler um livro se posso ver o
filme na Netflix?”- uma evolução da geração ‘resumos Europa-América’ - sabe da
minha predileção pelo escritor português. Foi quase uma questão retórica. “Qual
é volume? O primeiro? Ok. Só um minuto”. Fui busca-lo mas ainda não lho dei.
Ela só o ia abrir por obrigação, e eu, que o abri, agora estou a ter
dificuldade em voltar a fechá-lo.
Estava na faculdade quando o comprei. E sei porque reconhecia nas crónicas as
casas da Estrada de Benfica por onde passava todos os dias no autocarro da
Vimeca a caminho do metro do Colégio Militar. Será que ele sabe que o
castelinho das portas foi todo recuperado e está despido de barracas à volta?
Será que ainda lá está a acácia que marcava a quinta da família? E as vilas
gémeas, onde as irmãs solteiras tocavam piano? Juro que o ouvia pelas janelas
de madeira descascada. E um dia até acho que vi uma a acenar à janela. Ou quis
ver, como um prolongamento dos textos, mais ricos em pormenores que a própria
vida. Quando a pandemia acalmar, juro que apanho outra vez o autocarro no
bairro do bosque, sento-me à janela e vou assistir à passagem do tempo até ao
Colombo.
Nota: daqui a dois dias sai a edição portuguesa do livro de David Attenborough, “Uma
vida no nosso planeta”. Vai ser a leitura entre crónicas (ou ao contrário),
porque o planeta não pode ficar esquecido, nem mesmo no meio de uma pandemia
mundial.
O curto (cheio) fica por aqui. Tenha uma ótima quarta-feira. Siga toda a
atualidade no Expresso, Tribuna e Blitz.
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