O PS considera que ficou hoje provado que há "um compromisso nacional" entre PSD e Chega com a apresentação de uma proposta de revisão constitucional na Assembleia da República para reforma dos sistemas político e de justiça.
Nos últimos dias, em sucessivas intervenções públicas, os dirigentes socialistas têm afirmado que o acordo com o Chega para a viabilização de um novo Governo Regional dos Açores liderado pelo PSD tem consequências políticas nacional e não apenas naquela região autónoma.
Agora, em comunicado, a Comissão Permanente do PS salienta que foi tornada pública "num jornal nacional" - o Público - a carta entregue pelo presidente do Chega, André Ventura, ao representante da República nos Açores, Pedro Catarino.
Essa mesma carta, segundo a direção dos socialistas, "revela o que já se sabia: A existência de um compromisso nacional do PPD/PSD de que será apresentada no parlamento uma proposta de revisão da Constituição, tendo em vista uma profunda reforma no sistema de justiça e uma reforma do sistema político".
Para a Comissão Permanente do PS, "esta confirmação, através de André Ventura, revela uma nova faceta no PSD" presidido por Rui Rio: "A de um PSD capaz de vender a alma ao diabo, hipotecando-se a propostas de reposição da barbárie, como a prisão perpétua ou a castração química, para atingir o exercício do poder".
"Revela também um Rui Rio capaz de recorrer à linguagem dúplice para esconder a verdade dos portugueses sobre o seu acordo com o Chega e, por último , mas não menos importante, a revelação de um PSD capaz (sendo o primeiro a fazê-lo, mesmo na sua família política) de dar o seu patrocínio político à normalização de propostas populistas, xenófobas e contra civilizacionais", acusa-se no mesmo comunicado.
Na perspetiva da direção do PS, "Rui Rio e o PPD/PSD merecem uma severa censura política, quer por duplicidade com os portugueses, quer por cumplicidade com a extrema direita xenófoba".
"O PS tudo fará - como sempre fez - para combater xenofobia, o racismo e o populismo, continuando a propor e promover políticas públicas de integração, de acolhimento e de proteção dos mais vulneráveis. É propondo, em compromisso com a democracia e com o estado de direito (e não estendendo a mão), que se combate o populismo e o radicalismo", acrescenta-se.
Na segunda-feira à noite, em entrevista à TVI, o secretário-geral do PS recusou que esteja "zangadíssimo" por o PSD procurar nos Açores uma alternativa de Governo, mas defendeu ser um fator "da maior gravidade" os sociais-democratas em Portugal terem dado "um passo que a direita democrática na Europa tem resistido a dar, que é fazer um acordo com um partido da direita xenófoba".
"Ainda há pouco tempo Rui Rio tinha dito que só haveria acordos o Chega se este partido mudasse substancialmente. E menos de uma semana depois já está a fazer um acordo com o Chega, sem que esse partido tenha mudado nada", acusou.
Nesta mesma entrevista, António Costa recusou também que se possa fazer uma comparação entre um PCP marxista leninista e o Chega.
"Não é por acaso que na Europa há uma distinção muito clara e um cordão sanitário em relação aos partidos de extrema-direita xenófobos. Porque a xenofobia põe em causa algo que é essencial, que é a dignidade da pessoa humana", alegou.
Neste contexto, o secretário-geral do PS deixou uma garantia: "Nunca negociarei nada com o Chega".
Notícias ao Minuto | Lusa
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