sexta-feira, 13 de março de 2020

CHUVA CIVIL NÃO MOLHA MILITAR


O COVID-19 não é problema para Trump e para a UE, considerando a participação de milhares de militares dos EUA e de outros países membros da NATO, incluindo a Itália, no exercício Defender-Europe 20.

AbrilAbril | editorial

O presidente dos EUA decidiu suspender as entradas no país, durante trinta dias, aos viajantes oriundos da Europa, excepto os do Reino Unido, com o objectivo de evitar a entrada de novos casos de coronavírus em solo norte-americano.

Esta medida sucede a outras já tomadas por Donald Trump, nomeadamente o elevar do alerta de coronavírus em Itália para os níveis 3 e 4 – «evitar viagens» e «não viajar» para as regiões do norte de Itália e para a China. Isto, para além de outras medidas de precaução para os cidadãos americanos que viajam para outros países e suspensão de alguns voos como, por exemplo, para Milão.

Entretanto, estas medidas não afectam o Defender-Europe 20, que se realizará nos meses de Abril/Maio, um exercício multinacional liderado pelos EUA que envolve o maior destacamento de forças americanas no continente europeu nos últimos de 25 anos, isto é, o envio de 20 mil soldados para a Europa.

Assim, a propagação do coronavírus parece não ser problema nem para Trump nem para os líderes europeus, considerando que para além dos norte-americanos participarão também cerca de 7 mil militares de outros países membros da NATO, incluindo a Itália.

Aliás, considerando que também está previsto que Portugal seja palco deste exercício, aguarda-se com expectativa a posição do Governo português.

A verdade é que, à medida que o Defender-Europe 20 avança, vão chegando à Europa tropas, veículos militares e outros equipamentos para além do movimento militar dos países europeus membros da aliança atlântica.

Será que os militares, designadamente os norte-americanos, são imunes ao COVID-19 ou os líderes da União Europeia puseram a máscara nos olhos?

Na imagem: Comboio militar de tropas dos EUA circulam nas estradas da Alta Francónia, no centro da Alemanha, para participar no exercício "Defender Europe 2020"CréditosPavel Nemecek / picture alliance

China diz que militares dos EUA podem ter levado o Covid-19 para Wuhan


A China registou mais de 80 mil infetados pelo novo coronavírus, mas as autoridades do país recorrem agora a teorias da conspiração para defenderem que o vírus não teve necessariamente origem no país.

O regime comunista, que é acusado de ter escondido informação crucial durante as primeiras semanas após a doença ser detetada em Wuhan, epicentro do Covid-19, passou a referir a possibilidade de o vírus ter origem no exterior, apesar da ausência de evidências.

"As forças armadas dos EUA podem ter levado a epidemia para Wuhan", defendeu, esta sexta-feira, o porta-voz da diplomacia chinesa Zhao Lijian, através da rede social Twitter, que está bloqueada na China. "Os Estados Unidos devem-nos uma explicação", assegurou.

Para apoiar as suspeitas, Zhao citou dois artigos da Global Research, um portal conhecido pelas teorias da conspiração.

No entanto, Pequim designou, no início do ano, um mercado de marisco situado nos subúrbios de Wuhan como o berço da epidemia, apontando que o vírus tinha sido transmitido inicialmente através de uma espécie animal.

"Identificamos os animais vivos vendidos no mercado de marisco como a fonte do vírus", defendeu então o chefe do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças Gao Fu, no final de janeiro, depois de Wuhan ter sido colocado em quarentena, com entras e saídas bloqueadas.

Timor-Leste | Torrente de água 'varreu' a Escola Portuguesa de Díli


Díli, 13 mar 2020 (Lusa) -- A torrente de água que hoje varreu a Escola Portuguesa em Díli, depois de algumas horas de chuva terem provocado cheias sem precedentes na capital, tinha tanta força que levou pela frente o portão principal do estabelecimento.

Cá fora, tombado -- alguém o levantou depois -- estava o sinal com a sigla vermelha -- EPD --, montado no pátio central aquando dos 15 anos da escola, e que foi, tal como muito material, arrastado para o exterior.

O muro traseiro ruiu, o muro lateral ficou seriamente danificado e a forte corrente de água destruiu quase tudo, com graves danos nos principais espaços da escola: biblioteca, secretaria, cantina, sala de professores, laboratórios e muitas salas de aula.

"É uma tragédia em termos materiais. Graças a Deus conseguimos a tempo levar todas as crianças para o primeiro andar, porque isto veio de um momento para o outro", contou à Lusa, o diretor da EPD, Acácio de Brito.

"As crianças tiveram de ser transportadas ao colo. Localizámo-los no primeiro andar, porque o rés-do-chão estava completamente inundado", explicou.

"Três a seis vítimas" devido a cheias em Díli que causam muita destruição


Díli, 13 mar 2020 (Lusa) -- As cheias que atingiram hoje várias zonas da capital timorense causaram "entre três a seis vítimas", um número que as autoridades timorenses ainda vão atualizar, além de terem destruído casas e desalojado pelo menos 100 pessoas.

"Algumas informações apontam entre três a seis vítimas. Continuamos a procurar informação para saber ao certo o número de vítimas. Há vítimas, mas não temos a certeza de quantas", disse à Lusa o secretário de Estado da Proteção Civil timorense, Alexandrino de Araújo.

O responsável referiu que há "muitas coisas destruídas, incluindo casas" e as autoridades estão a retirar pessoas "para locais provisórios".

Araújo falava à Lusa em Díli, já de noite, num dos espaços da Proteção Civil, no bairro de Bemori, perto do cemitério de Santa Cruz, onde estão alojadas temporariamente cerca de 100 pessoas de 20 famílias, que ficaram desalojadas devido às cheias.

Uma extensa zona da parte leste da cidade está sem luz, com as cheias a causarem danos a alguns serviços e a Eletricidade de Timor-Leste a optar por desligar outras, para evitar choques elétricos ou curtos circuitos.

Agostinho Cosme, diretor nacional de Gestão de Risco de Desastres, disse à Lusa que as famílias que ali vão pernoitar são apenas "da aldeia de Santa Cruz", mas que há problemas noutros bairros em vários pontos da cidade.

"Amanhã vamos identificar exatamente quantas pessoas estão afetadas e responder com apoio de emergência", referiu.

Valor do fundo petrolífero timorense caiu 306,7 ME em fevereiro -- Banco Central


Díli, 13 mar 2020 (Lusa) -- O valor do Fundo Petrolífero (FP) de Timor-Leste caiu 343 milhões de dólares (306,7 milhões de euros) no mês de fevereiro, num período em que não houve qualquer levantamento do Tesouro, segundo o Banco Central.

Dados do "balanço pró-forma" mensal, divulgados hoje pelo Banco Central, mostram que a 29 de fevereiro o FP tinha um saldo de 17.504 milhões de dólares (15,66 mil milhões de euros).

Valor que contrasta com o saldo de 17.847 milhões de dólares (15,97 mil milhões de euros) do final de janeiro.

Em 2019, o valor do fundo cresceu mais de 11,94% -- passando de 15,80 mil milhões de dólares (14,26 mil milhões de euros) em 01 de janeiro para 17,69 mil milhões de dólares (15,96 mil milhões de euros) a 31 de dezembro.

O acumulado desde o início do ano do FP regista perdas de 186 milhões de dólares (166,52 milhões de euros).

Os valores não têm em conta as quedas significativas que ocorreram em março nos principais mercados mundiais e cujo impacto só deverá ser conhecido no próximo balanço mensal a conhecer em meados de abril.

Covid-19: Como vivem os africanos no país europeu mais afetado pelo coronavírus?


Angolanos, moçambicanos e cabo-verdianos a viver em Roma aplaudem a quarentena imposta pelo Governo italiano. Otimistas, falam em esperança, confiança e sacrifício e vão-se ocupando com outras coisas em casa.

Desde a manhã de quinta-feira (12.03), todos os deslocamentos não justificados estão proibidos em Itália. A fiscalização é intensa e muitas pessoas já foram detidas ou multadas por não respeitar o decreto "Eu fico em casa". Somente supermercados e farmácias estão abertos, sempre com longas filas em que a distância mínima entre as pessoas deve ser de um metro.

Todas as atividades não essenciais estão proibidas até 25 de março. Creches, escolas e universidades ficam suspensas até 4 de abril. As medidas são severas, mas necessárias, segundo o primeiro-ministro Giuseppe Conte.

"Poderemos sentir o efeito deste nosso grande esforço somente dentro de duas semanas. Temos que ser lúcidos, comedidos, rigorosos e responsáveis", afirmou Conte esta semana.

Telma Chimuco, de Luanda e a viver em Roma desde 1999, concorda com a quarentena imposta pelo Governo: "Eu acredito que tenha sido a melhor escolha que o Governo pudesse ter feito para evitar a propagação do coronavírus. É um sacrifício, mas mil vezes estar em casa protegidos do que andar por aí. A minha esperança é que tudo passe e que a Itália volte a ser o que era antes e que a economia também possa se recuperar".

Coronavírus. Todos os cuidados que precisa de ter em casa


Estar em casa é bom mas não é suficiente. Se está em casa, a trabalhar, a cuidar de crianças ou por prevenção, isto é o que deve fazer.

Com o encerramento das escolas a partir de segunda-feira e os apelos das autoridades sociais para restringir os contactos sociais ao estritamente necessário, muitas pessoas vão ficar em casa, a trabalhar ou não. Mas mesmo em casa, é preciso continuar a tomar algumas medidas.

Estas são as recomendadas pelas autoridades de saúde, incluindo a Organização Mundial de Saúde e a Direção Geral de Saúde:

- Continuar a lavar as mãos com frequência com água e sabão durante 20 segundos.


- Evite tocar com as mãos nos olhos, nariz e boca. Tem AQUI alguns truques para evitar tocar as mãos na cara.

- Cubra a boca e o nariz com o braço ou com um lenço de papel sempre que tossir ou espirrar. Coloque o lenço usado no lixo.

- Não receba visitas.

- Evite os contactos sociais desnecessários, as viagens e os locais com muitas pessoas. A ideia é manter o isolamento, não estamos de férias.

- Se tiver que sair de casa, mantenha pelo menos um metro (três pés) de distância em relação a outras pessoas, especialmente se a outra pessoa tiver febre ou tosse. Evite cumprimentar as outras pessoas com beijos, apertos de mão ou abraços.

- Se tiver febre, tosse ou dificuldade em respirar contacte os serviços de saúde.

- Mantenha-se informado sobre a evolução da epidemia e sobre os conselhos e avisos das autoridades de saúde. Pode acompanhar toda a atualidade no site do DN.

No caso de quarentena

Se está em isolamento porque contactou com alguma pessoa infetada ou porque esteve num local que é um foco de infeção, deve tomar cuidados reforçados:

- Evite o contacto com outras pessoas dentro de casa, dentro do possível. Deve ficar numa divisória arejada, separada dos restantes conviventes, com a porta fechada.

- Use uma máscara facial (cirúrgica) sempre que contactar com outras pessoas.

- Preferencialmente, use uma casa de banho própria - se tal não for possível, reforce a limpeza da casa de banho após a sua utilização. Use toalhas e utensílios de higiene pessoal individuais.

- Evite a partilha de objetos dentro de casa.

- Evite o contacto com animais domésticos, caso o faça lave as mãos antes e após o contacto.

- Todos os conviventes devem reforçar a lavagem das mãos.

- A louça e a roupa podem ser lavadas como habitualmente.

- Vigie os sintomas. No caso de agravamento, contacte a linha de apoio SNS 24 através do número 804 24 24 24.


Diário de Notícias | Imagens: 1 - © Arquivo DN; 2 - © Direitos reservados

Portugal | Covid-19. Há 112 casos confirmados e mais de 1300 suspeitos


Como se previa, o número de casos suspeitos e infetados disparou. Há 11 cadeias de transmissão ativas, mais cinco que as de quinta-feira.

Há 112 casos confirmados e 1 308 suspeitos de infeção por covid-19 em Portugal. São mais 34 pessoas em 24 horas. Há 11 cadeias de transmissão ativas, mais cinco que as de quinta-feira. Não há mortes a registar.

De acordo com o relatório da Direção-Geral de Saúde, há ainda 172 casos a aguardar resultado laboratorial e 5674 em vigilância pelas autoridades de saúde.

Os casos importados são de Espanha (9), França (5), Itália (15), Suíca (3), Alemanha e Áustria (1).

O último balanço apontava para 78 casos de pessoas infetadas em Portugal. Nas últimas 24 horas tinham sido confirmados mais 19 casos e aguardavam resultados laboratoriais 133 testes.

A maioria dos cidadãos infetados continuava a estar a norte do país (44 doentes), seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo (23) e depois pelas regiões centro (5) e Algarve (5). A faixa etária mais afetada é a das pessoas entre os 40 e os 49 anos.

"É uma luta pela nossa própria sobrevivência"

"Senti de todos os partidos políticos, sem exceção, o empenho e a determinação em partilhar esta batalha. É uma luta pela nossa própria sobrevivência. Estamos todos juntos", disse o primeiro-ministro António Costa, ao iniciar a conferência de imprensa na quinta-feira à noite, após Conselho de Ministros Extraordinário.

Entre as medidas aprovadas está a declaração do estado de alerta em Portugal, o encerramento de escolas, bares e discotecas, limitação de entradas em espaços públicos, centros comerciais e restaurantes, proibição do desembarque de passageiros de cruzeiros.

Entre a fase de contenção e a de mitigação

Portugal registou o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus no dia 2 de março, mas foi esta semana que o número de casos começou a aumentar com maior intensidade. O que levou a diretora-geral da saúde, Graça Freitas, a explicar, durante a conferência de imprensa de quarta-feira, que o país está a tomar medidas da fase de contenção e de mitigação, ao mesmo tempo, consoante a necessidade.

A fase de contenção alargada prevê que haja, em Portugal, casos importados, sem cadeias secundárias, de acordo com a informação expressa no Plano Nacional de Contingência. A fase de mitigação já contempla transmissão local em ambiente fechado e transmissão comunitária.

Diário de Notícias

Guineenses temem efeitos da crise política no comércio de caju


Importadores e Exportadores da Guiné-Bissau receiam que a crise pós-eleitoral possa afetar a campanha do caju. União Europeia pede a atores políticos para "priorizarem o diálogo" e resolverem a crise na Guiné-Bissau.

O chefe da diplomacia da União Europeia apelou esta quinta-feira (12.03) às forças de defesa e segurança guineenses para não interferirem no processo político. Em comunicado, Josep Borrell defendeu ainda que os atores políticos na Guiné-Bissau devem "priorizar o diálogo e abster-se de qualquer ação unilateral que possa exacerbar ainda mais as tensões".

"As eleições presidenciais na Guiné-Bissau ocorreram em 24 de novembro e em 29 de dezembro de 2019, [mas] o processo ainda não foi concluído e todas as partes devem respeitar o quadro legal e constitucional para resolver a crise pós-eleitoral", sublinhou.

O Alto-Representante da União Europeia para a Política Externa pediu ainda que a Ecomib, a força militar da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) estacionada no país, garanta a segurança das instituições e dos órgãos do Estado.

África e o mundo não podem desistir da Guiné-Bissau


João Melo | Diário de Notícias | opinião

A atual situação na Guiné-Bissau deve-se, em parte, a um aparente cansaço da comunidade internacional, a começar pelo continente africano, em relação à persistência do impasse histórico e político naquele pequeno país de língua portuguesa na África Ocidental. Mas, quando se trata da legitimidade dos processos democráticos, não pode haver cansaço: é imperioso insistir que os mesmos têm de fundar-se na força da lei e do direito.

A verdade é que a pressa com que alguns países importantes - incluindo a maior potência mundial - reconheceram o presidente anunciado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau quando o processo estava sub judice, encorajou algumas forças a pensar que agora, diante do recurso apresentado por um dos concorrentes, podem lançar mão de todos os meios para impor um resultado que, hipoteticamente, pode ter acontecido - o PAIGC garante que não -, mas ainda não está devidamente apurado, tal como recomendou o Tribunal Supremo bissau - guineense.

Nesse sentido, os países membros da CEDEAO e da CPLP - as duas mais importantes organizações internacionais de que a Guiné-Bissau faz parte - também não estiveram bem, inicialmente, na fotografia.

A avaliar, entretanto, pelas informações mais recentes, parece que alguns dos países e organizações que se apressaram a reconhecer os resultados das últimas eleições presidenciais na Guiné-Bissau quando o recurso do PAIGC estava a ser analisado estão atualmente a reconsiderar as suas decisões, adotando, pelo menos, posições mais cautelosas. Fazem bem, porque o que está em jogo neste caso é muito mais do que o mero (?) resultado eleitoral num pequeno e supostamente "inviável" país.

Europa amplia restrições devido ao avanço do coronavírus


França, Portugal, Irlanda e Bélgica suspendem aulas. Espanha coloca quatro cidades em quarentena. Museus e espaços culturais são fechados em vários países. Na Itália, número de mortos passa de mil.

Diante do avanço do novo coronavírus, diversos países europeus anunciaram nesta quinta-feira (12/03) medidas restritivas para tentar conter a epidemia. Na Itália, cujo país todo foi posto em quarentena, o número de mortos passou de mil.

Segundo autoridades italianas, as mortes pelo coronavírus cresceram 23% em apenas 24 horas, chegando a 1.016. O número de casos registou um aumento de 21,7% neste mesmo período, passando de 15 mil. Esse foi o maior crescimento de infecções diárias desde o início do surto em 21 de fevereiro.

A Itália está em quarentena desde o início da semana. Na quarta-feira, o primeiro-ministro Giuseppe Conte decretou o fechamento do comércio, com exceção para supermercados, lojas de alimentos e farmácia. O país é o mais atingido pela epidemia na Europa.

Além da Itália, a Espanha também determinou nesta quinta-feira a quarentena de quatro cidades ao norte de Barcelona, na região de Igualada, devido a um surto significativo na área. É a primeira restrição deste tipo no país. Madrid ordenou também o fechamento de escolas e universidades por duas semanas. As visitas em prisões foram reduzidas.

Com quase 2,9 mil infectados e 61 mortes, a França determinou nesta quinta-feira o fechamento de escolas, universidades e creches a partir da próxima semana por um tempo indeterminado. O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ainda que pessoas com mais de 70 anos fiquem em casa.

Casos de coronavírus no Reino Unido podem ser quase 20 vezes superior ao oficial


Estimativa de um especialista do Governo britânico

O número de pessoas infetadas pelo novo coronavírus Covid-19 no Reino Unido é "provavelmente" cerca de dez a vinte vezes maior do que o registado oficialmente, estimou hoje um especialista do Governo britânico.

"Provavelmente estamos entre 5.000 e 10.000 pessoas atualmente infetadas", afirmou o consultor científico do governo, Patrick Vallance, durante uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro, Boris Johnson, onde foi anunciada a intensificação de medidas para conter o surto.

No balanço feito hoje, o número de pacientes infetados no Reino Unido subiu para 590 entre 29.764 pessoas testadas, das quais dez morreram e mais de 20 estão em cuidados intensivos.

"Estamos numa trajetória que nos mostra que estamos quatro semanas atrás da Itália e de outros países europeus", acrescentou Vallance.

A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.

Hoje (12.03), o governo britânico ativou a segunda fase do plano de combate ao Covid-19, destinada a controlar a propagação do novo coronavírus, urgindo a todas as pessoas com sintomas para se auto-isolarem durante uma semana.

"Estamos agora a avançar para a próxima fase do plano, não só de forma a tentar conter a doença o máximo possível, mas também para retardar a propagação e, assim, minimizar o sofrimento", afirmou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Coronavírus confirma que EUA são um Estado fracassado


Margaret Kimberley [*]

Os Estados Unidos não têm nenhum dos sistemas ou infraestruturas que lhe permitam cumprir aquilo que fez a China para combater a infecção em massa.

A única coisa mais assustadora do que o propagar do vírus COVID-19 por todo o mundo é o conhecimento de que este país está aflitivamente despreparado para proteger o seu povo. A resposta à epidemia seria divertida se não fosse tão perigosa. Primeiro, o regime de austeridade cortou nos Centros para o Controle de Doenças (CDC), divisão responsável pelo combate ao surto de doenças infecciosas. Mas condenar a decisão tomada por Donald Trump é a parte fácil. Analisar questões maiores respeitantes a cuidados de saúde e as ineficiências inerentes criadas pelo capitalismo é muito mais difícil.

Dizem-nos constantemente que o socialismo não funciona. Mas é a China socialista, onde começou o vírus, que tem feito o maior avanço para desacelerar a sua propagação. Inversamente, os Estados Unidos não têm nenhum dos sistemas ou infraestruturas que lhe permitiriam fazer a mesma coisa. É o capitalismo que não funciona bem quando necessidades humanas devem ser atendidas.

Procura-se constantemente designar os Estados Unidos como o melhor país do mundo e com o melhor sistema de cuidados de saúde do mundo. De facto, os cuidados de saúde aqui está muito longe de ser o melhor. O sistema voltado para o lucro certamente colecta cash para companhias de seguros e para a big pharma. Mas os resultados dos cuidados de saúde são medíocres no melhor dos casos e outros países fazem um trabalho muito melhor por muito menos dinheiro. As necessidades básicas da maior parte dos pacientes e dos trabalhadores em cuidados de saúde muitas vezes não são atendidas. Trabalhadores em cuidados de saúde queixam-se de que não receberam treino adequado para protegerem-se a si próprios quando tratam pacientes com COVID-19.

Portugal | As escolas, finalmente

Conselho Nacional de Saúde Pública
Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

Fica então para segunda-feira porque fechar as escolas a uma sexta-feira-13 pode dar azar. As escolas ainda não fecharam mas a Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares anunciou o encerramento do atendimento presencial.

As escolas não encerraram mas já não há jogos nem treinos nos estádios de futebol. As escolas ainda não fecharam mas muitos municípios já interditaram piscinas e pavilhões. As escolas não fecharam mas muitas universidades e politécnicos já suspenderam as aulas. As escolas ainda não encerraram mas já há autarquias que classificam as suas praias como proibidas. As escolas não fecharam mas as faculdades de medicina pedem uma quarentena como na China porque "é preciso agir já". As escolas ainda não encerraram mas eventos culturais foram cancelados e equipamentos culturais interditos. As escolas não fecharam mas muitos bares e espaços de lazer já trancaram as portas. As escolas ainda não encerraram mas já temos o presidente da República em quarentena depois de distribuir beijos e abraços em plena crise Covid-19. Não é fácil de entender. As autarquias, as entidades locais e as organizações privadas estão a fazer a sua parte. Só o poder central continuava a achar que esta situação era sustentável. O país real, esse, já acordou.

As escolas encerrarão na segunda-feira para salvaguarda da nossa saúde e dos nossos filhos mas, incompreensivelmente, demasiado tarde. Ou talvez tarde demais. Mas não nos equivoquemos. Tenhamos o maior respeito pela dedicação, responsabilidade e competência daqueles que, nesta altura, têm que tomar opções difíceis e decidir sobre a forma como nos organizamos em sociedade no combate a algo que nunca havíamos experienciado ou antecipado. Mas o privilégio de termos sido o último país do ocidente europeu a ser atingido pelo coronavírus e o conhecimento de muitas realidades comparadas em países antes afectados, devia-nos ter informado de maior bom senso. Bom senso, coisa simples a exercitar quando se lida com um mundo a ser vivido em apalpação e ligado a ventiladores.

Ainda está por medir a dimensão do desafio de roleta que levou o Governo a esperar pela declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde para finalmente encerrar as escolas. Se a intenção era a de evitar uma bola de neve de histeria, criou-se uma tempestade de desconfiança à custa do Conselho Nacional de Saúde Pública. Desnecessário. Se há vida para além do vírus, façam a vossa parte.

Autor escreve segundo a antiga ortografia

*Músico e jurista

Portugal | Ao sabor do vento


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | Medidas para levar a sério


Manuel Molinos | Jornal de Notícias | opinião

Que o encerramento das escolas e das discotecas e a redução da lotação máxima dos restaurantes e dos centros comerciais seja o que faltava para todos perceberem que não estamos num circo nem a brincar quando falamos das vidas de todos nós.

Que as corajosas palavras e as medidas difíceis anunciadas por António Costa sirvam de uma vez por todas para dar validade às recomendações das autoridades de saúde que nos últimos dias temos recebido, mas para as quais muitos portugueses olham com desdém e com escárnio.

Elogie-se o momento em que o país político encontrou equilíbrio num dos momentos mais difíceis da história e que, agora, "a luta pela nossa própria sobrevivência", como, e bem, a classificou o primeiro-ministro, se possa travar com menos pânico e mais racionalidade. Sem idas à praia, sem festas temáticas e sem açambarcamento irracional de bens essenciais. E chegamos também ao ponto em que combater o Covid-19 é também combater o vírus que prolifera na Internet como um tsunami. Que as redes sociais sejam um local de entreajuda e onde a responsabilidade de cada um possa fazer a diferença, e não o habitual desaguar de frustrações e sapiência oca. Porque "há duas coisas que são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta". A frase é do físico Albert Einstein. E lembrei-me dela por um simples motivo: é daquelas expressões que "bombam" nas redes e confere ao autor do post uma espécie de grandeza intelectual e filosófica. Mas nunca pensei que, com mais de 30 anos de jornalismo, a máxima do físico alemão servisse como argumento para entender o comportamento das pessoas neste tempo difícil que vivemos.

Que o fecho das escolas e as quarentenas e, por arrasto, o tempo que todos irão ter mais disponível para passar na Internet não sirva, portanto, para aumentar a parvoíce.

*Diretor-adjunto

Portugal | Covid-19: As 30 medidas do Governo para conter o novo coronavírus


O Governo decidiu um conjunto de medidas devido à pandemia Covid-19, entre as quais a suspensão de aulas presenciais nas escolas de todos os graus de ensino, já a partir de segunda-feira, anunciou o primeiro-ministro, numa declaração ao país.

Eis a lista das 30 medidas anunciadas:

Saúde:

1. Regime excecional em matéria de recursos humanos, que contempla:

(i) suspensão de limites de trabalho extraordinário;
(ii) simplificação da contratação de trabalhadores;
(iii) mobilidade de trabalhadores;
(iv) contratação de médicos aposentados sem sujeição aos limites de idade.

2. Regime de prevenção para profissionais do setor da saúde diretamente envolvidos no diagnóstico e resposta laboratorial especializada.

3. Regime excecional para aquisição de serviços por parte de órgãos, organismos, serviços e entidades do Ministério da Saúde.

4. Regime excecional de composição das juntas médicas de avaliação das incapacidades das pessoas com deficiência.

Educação:

5. Estabelecimentos de ensino (escolas, universidades, creches, ATL):

- Suspensão de todas as atividades escolares (letivas e não letivas) presenciais, a partir de segunda-feira e pelo período de duas semanas.

- Reavaliação a 09 de abril quanto ao 3.º período.

Serviços sociais:

6. Lares:

Suspensão de visitas a lares em todo o território nacional.

Estabelecimentos:

7. Restaurantes e bares:

Redução da lotação máxima em 1/3.

8. Discotecas e similares:

Encerramento.

9. Centros comerciais, supermercados, ginásios e serviços de atendimento ao público:
Limitações de frequência para assegurar possibilidade de manter distanciamento social.
Trabalhadores:

10. Atribuição de faltas justificadas para os trabalhadores que tenham de ficar em casa a acompanhar os filhos até 12 anos, por força da suspensão das atividades escolares presenciais (e não possam recorrer ao teletrabalho).

Apoio financeiro excecional aos trabalhadores por conta de outrem antes referidos, no valor de 66% da remuneração-base (33% a cargo do empregador, 33% a cargo da Segurança Social).

Apoio financeiro excecional aos trabalhadores independentes antes referidos, no valor de 1/3 da remuneração média.

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