sábado, 14 de março de 2020

BIG PHARMA PREPARA-SE PARA LUCRAR COM O CORONAVÍRUS



À MEDIDA QUE O NOVO CORONAVÍRUS espalha doenças, mortes e catástrofes pelo mundo, praticamente nenhum setor económico foi poupado de danos. No entanto, em meio ao caos da pandemia global, um setor não apenas sobrevive, mas também lucra enormemente.

"As empresas farmacêuticas vêem o Covid-19 como uma oportunidade de negócios única na vida", disse Gerald Posner, autor de " Indústria farmacêutica: ganância, mentira e envenenamento da América ". O mundo precisa de produtos farmacêuticos, é claro. Para o novo surto de coronavírus, em particular, precisamos de tratamentos e vacinas e, nos EUA, testes. Agora, dezenas de empresas estão competindo para fazê-las.

"Eles estão todos nessa corrida", disse Posner, que descreveu os ganhos potenciais por vencer a corrida como enormes. A crise global "será potencialmente um sucesso de público para o setor em termos de vendas e lucros", disse ele, acrescentando que "quanto pior a pandemia, maior será o lucro final".

A capacidade de ganhar dinheiro com produtos farmacêuticos já é excepcionalmente grande nos EUA, que carece dos controles básicos de preços de outros países, dando às empresas farmacêuticas mais liberdade sobre a definição de preços para seus produtos do que em qualquer outro lugar do mundo . Durante a crise atual, os fabricantes de produtos farmacêuticos podem ter ainda mais margem de manobra do que o habitual por causa dos lobistas da indústria de idiomas inseridos em um pacote de gastos com coronavírus de US $ 8,3 bilhões, aprovado na semana passada, para maximizar seus lucros com a pandemia.

Inicialmente, alguns legisladores tentaram garantir que o governo federal limitasse o quanto as empresas farmacêuticas poderiam colher de vacinas e tratamentos para o novo coronavírus que eles desenvolveram com o uso de financiamento público. Em fevereiro, o deputado Jan Schakowsky, D-Ill. E outros membros da Câmara escreveram a Trump alegando que ele "assegura que qualquer vacina ou tratamento desenvolvido com o dinheiro dos contribuintes dos EUA seja acessível, disponível e acessível", uma meta que eles disseram que não poderiam seja cumprida "se as empresas farmacêuticas tiverem autoridade para definir preços e determinar a distribuição, colocando os interesses lucrativos acima das prioridades de saúde".

Identificados 96 ex-nazis letões vivos escondidos em vários países, inclusive no Brasil


No dia 16 de março serão revelados ao mundo os nomes de 96 veteranos ex-nazis letões que se escondem em vários países, incluindo Brasil, EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália, Letónia e Argentina.

Serão anunciados pela primeira vez em Moscovo, em relatório a apresentar na sede da agência de notícias Rossiya Segodnya, os nomes de veteranos da Legião Letã (formação das Waffen-SS alemãs durante a Grande Guerra pela Pátria) que agora vivem em vários países.

Crime de guerra

Um dos autores do estudo, o diretor da fundação russa Memória Histórica, Aleksandr Dyukov, disse à Sputnik que as subunidades que fizeram parte desta formação nazista letã cometeram uma série de crimes durante a Segunda Guerra Mundial que podem ser classificados como crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Segundo ele, foram as unidades punitivas letãs que massacraram a população civil das povoações de Zhestyanaya Gorka e Chornoe entre 1941 e 1943. Em maio de 2019, a comissão de inquérito russa abriu um processo criminal por genocídio.

Brexit, continuação do processo


31 de janeiro de 2020 é uma data que ficará marcada na história do Reino Unido como o dia da saída oficial do país da União Europeia (UE). Porém, ela é muito mais simbólica do que efetiva. De fato, os britânicos continuarão seguindo as regras do Mercado Comum Europeu até o dia 31 de dezembro de 2020, o que inclui a manutenção da livre circulação de pessoas* durante o período. Enquanto isso, nos próximos 11 meses, ambos os lados negociarão uma nova relação comercial.

O primeiro-ministro Boris Jhonson declarou que buscará um Acordo de Livre-Comércio muito parecido com o em vigor entre a UE e o Canadá, o chamado CETA (Comprehensive Economic and Trade Agreement, ou Acordo Comercial UE-Canadá, em português). Isso significaria a eliminação da maioria das tarifas sobre os bens comercializados entre o Reino Unido e o Bloco Europeu. Porém, o acordo traria controles alfandegários (hoje praticamente inexistentes) e não cobriria grande parte do comércio de serviços, setor vital para a economia britânica.

As negociações não serão fáceis, tudo dependerá da disposição do Governo britânico em manter as regulamentações existentes do Mercado Europeu. Boris, em discurso na segunda-feira, dia 3 de janeiro de 2020, deixou claro não querer aceitar as regras europeias de competição, subsídios, proteção social e meio-ambiente. Porém, Michel Barnier, o negociador oficial da UE com o Reino Unido, lembrou que o Primeiro-Ministro havia declarado, ano passado (2019), que manteria o alto padrão das regulamentações existentes. Caso um acerto não avance, a nova relação será governada pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), o que significaria maiores tarifas e barreiras para o comércio entre os dois lados.

Nota:
* O princípio da livre circulação de pessoas é o que permite aos cidadãos europeus viverem legalmente em qualquer outro país da UE. O princípio está ligado à observação das leis contidas nos tratados europeus. A residência em um país por um período superior a três meses é permitida desde que o cidadão europeu ou seus familiares exerçam uma atividade profissional, ou possuam recursos suficientes para se auto-sustentar no local. Com o Brexit, os cidadãos europeus que chegarem ao Reino Unido até o dia 31 de dezembro de 2020 poderão continuar residindo no país e manter boa parte dos seus direitos, desde que se registrem no novo sistema de registro de cidadãos da UE – o “Settle Status Scheme”. Os cidadãos britânicos que iniciarem sua residência em um país da UE antes do final de 2020 também deverão se registrar de acordo com as leis locais para continuarem exercendo seus direitos de residência de longo termo.

Andre Miquelasi | Ceiri News

Imagem: No Brexit-Day (31/01/2020), o Primeiro-Ministro reuniu seu Gabinete na cidade de Sunderland, a primeira a declarar resultados favoráveis à saída da UE no referendo de 2016; em “Manifestantes nas ruas de Londres no dia 31/01/2020 – Steve Eason” (Fonte): https://www.flickr.com/photos/127991958@N06/49469686261/

Espanha declara estado de emergência devido a coronavírus


País já conta 140 mortos. Madri e Tirol, na Áustria, apresentam perigo de contágio interpessoal com o vírus causador da covid-19, divulgou o Instituto Robert Koch, da Alemanha.

O governo espanhol declarou neste sábado (14/03) estado de emergência nacional devido ao perigo de contaminação com a doença covid-19. O país já conta 6 mil casos de contaminação, com cerca de 140 mortos.

Segundo a imprensa local, Madrid pretende limitar a livre circulação da população, como parte de estado de emergência declarado. Os cidadãos serão instados a permanecer em casa, excetuados casos de emergência ou para comprar alimentos e medicamentos ou para ir ao trabalho.

Antes, o instituto de saúde Robert Koch (RKI), em Berlim, ampliara as zonas internacionais de risco do novo coronavírus, com a inclusão da capital da Espanha, Madrid, e do estado do Tirol, na Áustria.

Ambos foram classificados como áreas em que "pode-se concluir que haja uma transmissão continuada do vírus de pessoa a pessoa". Demais zonas de risco oficiais são Itália e Irão, a região francesa de Grande Leste (englobando a Alsácia, Lorena e Champanha-Ardenas) e províncias da China e Coreia do Sul.

Na Alemanha, o ministro da Saúde, Jens Spahn, aconselha adotar quarentena voluntária. Sobretudo quem retorna de férias em locais de risco deve permanecer duas semana em casa, se possível. Até a sexta-feira, o Instituto Robert Koch registara 3 mil infecções.

Na Itália, aumenta o número dos jogadores da Serie A, a liga nacional de futebol, cujos testes de coronavírus foram positivos. Depois de Daniele Rugani, de 28 anos, do Juventus, na quarta-feira, foi confirmado que quatro profissionais do Sampdoria de Gênova estão infectados; assim como dois do ES Troyes, da segunda liga francesa. Luca Kilian, do SC Paderborn, é o primeiro caso do vírus na Bundesliga da Alemanha.

Devido aos efeitos da crise do coronavírus no tráfego aéreo internacional, a companhia holandesa KLM vai cortar até 2 mil vagas de trabalho: como numerosos voos tiveram que ser cancelados, é inevitável reduzir as jornadas, comunicou. Entre outros motivos, a KLM mencionou a proibição de ingresso de passageiros da Europa nos Estados Unidos, imposta por Washington.

Também a Swiss International, subsidiária da Lufthansa, reduziu significativamente sua oferta, tirando de circulação a metade de suas frotas de curtas e longas distâncias.

Na China, as autoridades registaram apenas 11 novos casos de covid-19. Segundo a Comissão Nacional de Saúde em Pequim, a maioria deles teria sido trazida do exterior: enquanto quatro dos pacientes são da cidade de Wuhan, os demais sete vieram de outros países.

Deutsche Welle | AV/afp, rtr, sid

EXPERIMENTAÇÕES FORÇADAS


Manuel Carvalho Da Silva | Jornal de Notícias | opinião

O coronavírus está a colocar-nos desafios imprevistos e ainda imprevisíveis. Por agora exige-se a cada um de nós rigor nos comportamentos recomendados pelas entidades oficiais.

Muitos dos hábitos e práticas, individuais e coletivas do dia a dia estão a mudar profundamente. Não sabemos por quanto tempo e com que efeitos a prazo. Os perigos para a saúde são reais, mas podemos reduzi-los pela nossa disciplina e solidariedade. Há que vencer medos e, por outro lado, não permitir que se jogue com a vida das pessoas para gerar crises económicas ou políticas, ou para fazer da sua gestão um aprofundamento das injustiças e desigualdades.

Os avanços tecnológicos, científicos e comunicacionais não alteraram significativamente os comportamentos humanos e, em alguns aspetos, complicaram o bom exercício do poder político. Velhas formas de comunicação entretêm-se, em grande medida, a ampliar medos para obter audiências; e novas formas de comunicar amplificam o diz que disse, as falsidades, as efabulações e as intrigas. Continuamos a ter açambarcadores de vários tipos - desde os que açambarcam papel higiénico até aos açambarcadores globais tipo Trump - que agem como se ao salvarem-se a si, ou a uma comunidade que esporadicamente representam, ficassem assegurados a sobrevivência e os interesses de toda a humanidade.

Há uma evidência já consolidada que importa analisar em múltiplas vertentes: a maneira mais eficaz de lidar com o Covid-19 consiste no aumento do distanciamento social e consequente redução de mobilidades. Tais opções provocam fortes efeitos na organização da sociedade e do trabalho e, no imediato, forçam a redução da atividade económica, que pode levar a nova crise e a uma recessão global.

Temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para reduzir os impactos deste choque no plano económico, a uma dimensão conjuntural. Isso será possível se desta vez as prioridades não forem salvar os bancos, se os trabalhadores e as camadas populares não forem o sujeito convocado para pagar a fatura, se houver justiça na apropriação da riqueza. Precisamos de investimento e de crédito que salvaguardem o emprego e impeçam a redução dos salários; de apoio às empresas que se encontrem bloqueadas por dificuldades conjunturais de tesouraria, num processo ágil mas escrutinado. Não se pode adiar mais o financiamento público do sistema de saúde e da proteção social. Precisamos de caminhos novos para a especialização da nossa economia, diversificando-a. O afunilamento no turismo é perigoso. Há que reconstruir redes locais de fornecimentos diversos e novas formas de lidar com as catedrais do consumo.

É positiva a tomada de consciência da insustentabilidade dos cada vez maiores e mais incontroláveis fluxos de capitais, pessoas e mercadorias. Há um rompimento das "tradicionais" cadeias de valor internacionais e evidencia-se a necessidade de os países assegurarem sistemas de salvaguarda de bens de suporte de vida. A redução forçada dos transportes, desde logo os aéreos, e de outras atividades que provocam enormes emissões de gases com efeito de estufa, evidenciam tópicos de debate sobre as respostas à crise ambiental global, ou sobre o paradigma do crescimento ilimitado.

É preciso passar das experimentações forçadas para mudanças refletidas e consistentes.

*Investigador e professor universitário

169 infetados com Covid-19 em Portugal. Dez estão no UCI


Acompanhe as últimas atualizações sobre o novo coronavírus por cá e lá fora, ao minuto

No primeiro fim de semana após o Governo ter decretado estado de alerta em todo o país até ao dia 9 de abril e ter anunciado diversas medidas em Portugal para conter a pandemia, o país continua sem registo de mortos devido ao novo surto do coronavírus, contando com 169 casos confirmados e um caso recuperado

Esta sexta-feira, a Sonae Sierra anunciou que todas as lojas dos 21 centros comerciais geridos pela empresa poderão abrir até às 12h00 e encerrar a partir das 20h00, como medida de prevenção. Os supermercados Pingo Doce já tinham indicado que passarão a fechar "no máximo" às 19h00.

Na próxima segunda-feira, todas as escolas, públicas ou privadas irão encerrar, sendo que discotecas e bares já se encontram de portas fechadas. Há também limitações para shoppings e restaurantes. Foi ainda proibido o desembarque de passageiros de navios de cruzeiro, exceto dos residentes em Portugal, e foram suspensas as visitas a lares em todo o território nacional.

11h23 - A Malásia anunciou 41 novos casos de Covid-19, este sábado, todos ligados a um evento religioso nos arredores de Kuala Lumpur, no qual participaram cerca de 10 mil pessoas de vários países. Este país do sudoeste asiático conta já com 238 pessoas infetadas com o novo coronavírus.

11h55 - De acordo com o novo balanço da Direção-Geral de Saúde, divulgado no final da manhã de hoje, em Portugal, o número de casos confirmados subiu para 169, mais 57 doentes do que ontem. Há 1.704 casos suspeitos, dos quais 126 se encontram à espera de resultado laboratorial, e 5.011 pessoas estão sob vigilância pela autoridade. Dez dos 169 pacientes infetados estão nos Cuidados Intensivos (UCI). Não há registo de vítimas mortais.

11h48 - O Vietname confirmou este sábado mais cinco casos de coronavírus, incluindo um cidadão britânico, um checo e três vietnamitas. São 53 casos confirmados com Covid-19 no país, 16 já recuperados.

11h43 - A Apple anunciou que vai fechar todas as suas lojas fora da China até 27 de março para tentar conter a disseminação do novo coronavírus, revelou o presidente da empresa, Tim Cook.

11h37 - A televisão estatal do Irão noticiou hoje que o surto do novo coronavírus matou mais 97 pessoas, elevando o balanço de mortes, no país, para 611, em 12.729 casos confirmados.

11h16 - A Diocese do Algarve anunciou, durante esta manhã, que suspendeu as visitas à Sé de Faro e à de Silves para evitar os habituais aglomerados de visitantes que se concentram naqueles espaços e combater a propagação da doença Covid-19.

11h09 - A Comissão Nacional de Saúde da China recomenda aos pacientes que receberam alta após contaminação pelo novo coronavírus que façam uma quarentena de 14 dias em casa após recuperarem da doença, noticia hoje a cadeia estatal CCTV.

11h00 - O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra implementa a partir de segunda-feira dois postos de atendimento prévio para avaliação da situação dos doentes e acompanhantes, na sequência da Covid-19.

10h58 - A Rússia fechará, a partir das 00h00 de domingo, as fronteiras terrestres com a Noruega e a Polónia, para evitar a propagação no novo coronavírus, informou hoje o primeiro-ministro russo num comunicado.

10h46 - Com base em dados atualizados às 9h00 de hoje, no total, o número de pessoas infetadas desde dezembro pelo novo coronavírus no mundo aumentou para 143.400 e o número de mortes subiu para 5.402.

10h43 - Tem de ir à farmácia? Saiba que as farmácias únicas nas localidades sem cobertura farmacêutica a um raio de dois quilómetros devem garantir o atendimento ao público por postigo ou sem entrada de utentes nas instalações por causa do surto de Covid-19.

10h41 - O Lidl acaba de informar que, a partir de domingo, todas as lojas da empresa em Portugal vão fechar às 19h00.

MAFALDA TELLO SILVA, NATACHA NUNES COSTA | Notícias ao Minuto | Imagem: © Global Imagens

CONTINUA

Portugal | Corridas ao supermercado com o Covid-19. Sector garante abastecimento


Retalho garante ter capacidade de reposição dos produtos em lojas. Portugueses têm corrido às lojas e entregas online registam pico de procura.

À medida que o número de casos diagnosticados de Covid-19 sobe, a "corrida" dos portugueses aos supermercados aumenta. O sector do retalho alimentar assegura ter capacidade para manter sem falhas o abastecimento das lojas e responder ao "aumento de procura", mas ir aos supermercados e deparar-se com prateleiras inteiras vazias no final do dia é algo a que os consumidores se têm vindo a habituar. E nem o online parece estar a solucionar na totalidade o pico de procura dos portugueses. Os tempos de entrega estão a ficar dilatados e entregas em uma hora ou no próprio dia parecem estar fora de questão. Pingo Doce e Recheio vão ter horários reduzidos a partir de segunda-feira.

O Governo garante que não há razões para corridas aos supermercados. "Isso pode gerar um alarme que é injustificado", disse João Torres, secretário de Estado do Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, à saída da primeira reunião do grupo de trabalho entre o Governo, entidades públicas e associações do setor produtor agroalimentar, retalho, distribuição e logística das cadeias de abastecimento. O responsável afastou um cenário em que sejam impostos limites à quantidade de produtos com que os portugueses enchem o carrinho, afirmando que os operadores asseguram "que há todas as condições para repor os produtos em prateleira".

"Não estamos na iminência de ruturas de stock dos géneros alimentícios mais relevantes e essenciais", assegurou João Torres, pelo que "não se verificam necessidades (...) do estabelecimento de um número máximo de produtos que podem ser comprados, por tipologia". As empresas do setor, disse, estão a articular-se "para suprir as necessidades que se estão a verificar com a maior celeridade possível", para que "a rotação de produtos nas prateleiras seja feita".

Portugal | Preparem-se para o combate


Inês Cardoso | Jornal de Notícias | opinião

A decisão de encerrar escolas, serviços e espaços comerciais era muito aguardada, mas é apenas o início de uma batalha gigantesca.

Será um erro alguém baixar a guarda ou criar a ilusão de que as medidas tomadas permitirão conter a epidemia. O objetivo é travar e ganhar tempo, mas sem falsas esperanças em relação ao que nos espera. E é aqui que os comportamentos individuais ganham importância acrescida.

Ainda há quem defenda que alterar rotinas é ceder ao medo ou que as restrições de liberdade são uma escolha. Nada de mais errado. Neste caso não há escolhas individuais. Há uma responsabilidade coletiva. Porque a questão não é apenas de autoproteção, mas sobretudo de percebermos que todos somos potenciais veículos de contágio. Nós, sem fatores de risco e relativamente jovens, temos de proteger os mais idosos ou vulneráveis. Cuidar efetivamente uns dos outros.

Já todos olhámos para Itália e ouvimos relatos dramáticos de médicos italianos. "Preparem-se!", têm repetido para os colegas em toda a Europa. Preparemo-nos todos, porque o serviço de saúde precisa que cada um de nós colabore. Precisamos de evitar que a curva de casos dispare ainda mais rapidamente e que haja uma necessidade simultânea de um número absurdo de internamentos.

Vamos ser muito claros. Há dois aspetos essenciais a reter nesta equação. Um, diretamente relacionado com os comportamentos, é de que a propagação deste vírus é muito rápida, razão para limitarmos contactos e seguirmos sem o menor desvio os cuidados recomendados. O outro, com consequências nos serviços e na assistência, é o facto de uma grande percentagem de doentes infetados precisar de assistência respiratória. Os equipamentos e recursos são limitados e não queremos que os nossos médicos se vejam confrontados com as escolhas dramáticas de Itália, decidindo que doentes deixam para trás. E também não queremos lançar as nossas equipas médicas, já de si expostas a tantos riscos, em quadros de exaustão e falência. Que ninguém deixe de interiorizar e partilhar esta mensagem: a responsabilidade é nossa. E este é mesmo o combate das nossas vidas.

*Diretora-adjunta

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Frente ao colapso, uma tentação perigosa


Crescem os sinais de que Trump, ameaçado pela crise econômica e sanitária, pode buscar salvação num conflito externo – contra a Venezuela. E de que Bolsonaro, com quem se encontrou há dias, pretende envolver o Brasil nesta aventura insana


Em momentos como este, é bom lembrar aos “cruzados” uma velha lição da história, a respeito das “guerras santas”, entre pequenos “peões militares” terceirizados pelas grandes potências: depois que começam, elas não costumam ter fim. -- J.L. Fiori, Geopolítica e Fé, JB, janeiro de 2019

Basta ligar dois pontos para desenhar uma reta. Mas no caso da economia brasileira, são muitos pontos numa mesma direção, apesar de que as autoridades insistam em desconhecê-lo, iludindo-se com a ideia de uma “retomada” que nunca existiu e nem nunca esteve no horizonte. Tudo isso muito antes e independentemente da epidemia de coronavírus, da guerra de preços do petróleo e da recessão mundial que deverá ocorrer piorando a situação. De forma que hoje, a única dúvida que existe é se o desastre a frente assumirá a forma de uma estagnação prolongada, acompanhada da destruição da indústria e de seu mercado de trabalho, ou a forma pura e simples de um colapso, com a desintegração progressiva da infraestrutura, dos serviços públicos e do próprio tecido social.

Tudo isto se reflete no crescimento pífio do PIB brasileiro dos últimos três anos, mas muito mais ainda no declínio continuado da taxa de investimento da economia, que era de 20,9% em 2013, e que hoje é de 15,4%, a despeito do golpe de Estado, da reforma trabalhista, da reforma da previdência e das privatizações. Ao contrário do prometido, a economia não só não cresceu, como aumenta a cada dia a “fuga de capitais”, que nos últimos três meses já é maior do que em todo o ano de 2019. A esperança depositada nos investidores internacionais também esmaeceu com a notícia de que, em 2019, o Brasil simplesmente desapareceu do Índice Global de Confiança para Investimento Estrangeiro, da consultoria americana Kearney, que indica os 25 países mais atraentes para os investidores internacionais. O mesmo índice em que o Brasil ocupava a 3a posição nos anos de 2012 e 2013, tendo caído para o 25º em 2018, e do qual foi simplesmente eliminado na hora das grandes reformas ultraliberais de Paulo Guedes, que supostamente iriam atrair os grandes investidores internacionais.

Covid-19 desmascara discurso de Trump -- opinião


Proibição do ingresso de europeus nos EUA é só um exemplo da forma caótica como governo americano lida com pandemia do coronavírus. Em vez de tranquilizar a nação, presidente espalha incertezas, opina Christina Bergmann.

Não é sem ironia que justamente a pandemia de coronavírus leve o presidente dos EUA, Donald Trump, a tropeçar – logo ele que se considera um gênio e talento médico nato e se vangloria de saber muito sobre o vírus e suas consequências. No seu governo, no entanto, descobertas científicas são sistematicamente ignoradas, e cargos públicos na saúde são extintos. Agora vem a conta.

Ninguém poderia saber, dissera Trump, que haveria uma pandemia desse tipo. Ninguém exceto Luciana Borio, diretora de preparação médica e biodefesa do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. Há dois anos, ela disse: "A maior preocupação é o risco de uma pandemia de gripe." Se alguém está preparado para algo assim? "Temo que não", respondeu. Isso foi um dia antes de o cargo dela e de seu chefe serem extintos pelo então conselheiro de Segurança Nacional de Trump, John Bolton.

E os Estados Unidos não só estão realmente despreparados, mas também sobrecarregados na hora de reagir à crise emergente, embora Trump tenha dito o contrário em seu discurso à nação, esta semana. Existe uma falta crónica de testes para o vírus – o que também explica o número relativamente pequeno de pessoas (reconhecidamente) infectadas.

Reino Unido desconfia da abordagem europeia para travar coronavírus...


Recusa fechar-se já em casa

Governo britânico justifica medidas comedidas com a fase precoce do surto no país. Plano é evitar que o pico de contágio esmague o NHS e que as pessoas sofram de fadiga por auto-isolamento, ao mesmo tempo que se procura criar imunidade de grupo.

Escolas abertas, autotratamento para quem tem sintomas de gripe e recomendações genéricas sobre higiene, comportamento em espaços públicos e viagens para dentro e fora do país. Ao contrário da grande maioria dos vizinhos europeus, o Reino Unido está a assumir, com medidas como estas, uma abordagem comedida para lidar com o surto do novo coronavírus no seu território, numa altura em que, a meio da manhã desta sexta-feira, havia 798 casos confirmados de infecção e dez mortes relacionadas com a doença.

Não que isso signifique que Boris Johnson e a sua equipa estejam despreocupados, como outros chefes de Estado e de Governo estiveram, com a ameaça pandémica que paira por todo o mundo. Downing Street acredita que haja, actualmente, entre cinco a dez mil infectados, em todo o país e, num discurso à nação, na quinta-feira, o primeiro-ministro não podia ter sido mais claro em relação à gravidade do que aí vem: “Haverá mais famílias que perderão os seus entes queridos antes do seu tempo”.

Assumir esta inevitabilidade e, mesmo assim, recusar fechar escolas e espaços públicos ou cancelar voos, motivou, como era previsível, uma enorme onda de críticas ao executivo conservador, tanto da oposição – interna e externa aos tories –, como de especialistas e cientistas, que exigem medidas mais robustas e céleres, para conter a covid-19 e evitar cenários descontrolados, como os da Itália ou do Irão.

Segundo as estimativas apuradas pelo Governo, o Reino Unido está a cerca de quatro semanas de distância dos casos europeus mais graves, em termos de propagação, pelo que os seus conselheiros científicos acreditam que é muito cedo para impor medidas mais restritivas. 

As principais medidas de contenção decretadas são o isolamento, durante uma semana, de todas as pessoas que apresentarem “sintomas semelhantes” a uma gripe normal, a proibição de viagens escolares para fora do país, a recomendação a idosos que evitem cruzeiros e o cancelamento de eventos desportivos e das eleições locais inglesas e galesas.

Como o coronavírus paralisou a Itália


Para conter avanço da covid-19, comércio foi obrigado a fechar as portas, com exceção de farmácias, supermercados e postos de combustível. Linhas de produção e de abastecimento foram interrompidas.

Num discurso dramático no Facebook, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, agradeceu a todos os cidadãos que estão fazendo sacrifícios para conter a propagação do coronavírus no país europeu. "Vamos provar que somos uma grande nação", disse Conte, que anunciou medidas drásticas, como a declaração de quarentena em todo o território nacional, uma espécie de toque de recolher para os 60 milhões de italianos. "Eu consultei a minha consciência. A saúde dos italianos precisa estar em primeiro lugar", disse Conte.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 15 mil pessoas já foram infectadas na Itália com o vírus Sars-Cov-2, que causa a doença pulmonar covid-19. Mais de mil pessoas, em sua maioria idosas, morreram devido à enfermidade. E os números continuam subindo apesar dos esforços do governo italiano de restringir ao máximo a interação social e grandes reuniões de pessoas.

Escolas, universidades, teatros, museus, cartórios e sedes esportivas já estão fechadas há semanas. O governo também decretou o fechamento de todos os restaurantes, bares e do comércio cujos produtos não são necessários para o dia a dia. Supermercados, mercados de construção, farmácias, tabacarias e postos de combustíveis permanecem abertos.

Nos supermercados, pede-se que os clientes mantenham pelo menos um metro de distância uns dos outros. Os funcionários usam máscaras, e alguns vestem luvas de látex. "Só se deveria sair de casa quando se tem um bom motivo", diz Aljoska Stefanato, empresário de turismo de Treviso. "Se a polícia te encontra na rua, você precisa carregar uma autorização de exceção", explica.

A chamada "auto-autorização" pode ser baixada da internet, impressa e preenchida. Não é preciso ter o aval das autoridades – e ainda não se sabe como e se essas "autorizações" são verificadas. Em Roma, de acordo com a agência de notícias Ansa, sete pessoas foram presas e 43 interrogadas por terem violado as regras de restrição de circulação vigentes no momento.

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