sábado, 21 de março de 2020

Espanha | Quase 5000 novos casos num dia e vai ser pior


Passou uma semana exacta desde a declaração do Estado de Emergência, e Espanha começa a viver os dias negros da pandemia. Previsões apontam para que, na próxima semana, chegue aos números de Itália. Região de Madrid é o epicentro da crise - 1756 novos casos e 176 mortes em 24 horas.

Espanha chegou ao sétimo dia de confinamento total com uma realidade muito negra - e prepara-se para que piore. Só neste sábado foram declarados 4946 novos casos da covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, sendo já 24.926 as pessoas infectadas. A rede de saúde, estando a ser usada a pública e a privada, colapsou por sobrelotação, e por todo o país montam-se hospitais de campanha - só no recinto da feira internacional da Comunidade de Madrid, a região onde os números mais sobem de momento, estavam a ser montadas cinco mil camas.

A subida vertiginosa no número de casos era esperada, disse na conferência de imprensa diária, ao início da tarde, José Sierra do Centro de Coordenação de Emergências. Sublinho que não se sabe quando se atingirá o pico do contágio.

A única certeza, avançaram os responsáveis, é que o ritmo de infecções em Espanha - os casos passaram de dois para 100 numa semana, de 100 para 200 na segunda semana e de mil para 4000 em quatro dias -, país que declarou o Estado de Emergência no sábado passado, vai aumentar.

Os hospitais entraram em ruptura - no país, como em Itália, já se decide quem vive e quem morre -, com doentes com outras patologias a serem enviados para casa, sempre que possível, para as alas serem ocupadas pelos doentes com o novo coronavírus, com as unidades de cuidados intensivos sem espaço para mais pacientes (onde cabem 12 estão agora 40, como num dos hospitais de Madrid). E com hotéis e outros recintos a serem adaptados para receber doentes.

Mais um recorde em Itália: covid-19 faz 793 mortos em 24 horas


As autoridades italianas revelam que na região de Milão foi onde se registaram a maioria dos óbitos: 546.

Itália registou este sábado mais 793 mortos decido ao covid-19, um número recorde em 24 horas, subindo para 4825 o número de óbitos registados num mês pelo novo coronavírus, indicam dados da proteção civil italiana.

As autoridades italianas anunciaram mais 6557 casos positivos pelo novo coronavírus, o que representa mais um número recorde de infetados.

A região de Milão, na Lombardia, situada no norte do país, onde os serviços de saúde já estão sobrecarregados, registou a maioria das mortes, 546 das 793 contabilizados e a maioria dos novos casos de contágio.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 271 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 11 500.

Diário de Notícias | Lusa | Imagem: © Paolo Miranda / AFP

O ECLIPSE AMEAÇADOR DA UNIÃO EUROPEIA


A pandemia do novo coronavírus, como nenhuma outra situação, expõe a União Europeia como uma entidade que não existe para servir as pessoas mas para servir-se delas em favor dos interesses de castas.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

União Europeia desapareceu, tragada pelas incidências da pandemia do novo coronavírus. Habituada a criar crises humanitárias em casas alheias, não sabe agora como lidar com um drama sanitário interno e responde da mesma maneira que perante as vagas de refugiados de que é responsável: barrica-se e, cá dentro, é cada um por si. Muito federalista quando se trata de cumprir o catecismo neoliberal contra os cidadãos, a União Europeia eclipsa-se quando é necessário socorrê-los.

Fustigada pela crise entre as crises, a Itália pediu à Comissão Europeia a activação do Mecanismo de Protecção Civil para poder contar com a ajuda dos Estados membros no combate à epidemia. Nesta Europa da «solidariedade» nenhum país se mostrou disponível para responder. O único auxílio estrangeiro que o povo italiano recebe é o da China – através de pessoal de saúde, instrumentos e material clínico; e a região da Lombardia, neste quadro, decidiu pedir auxílio a Cuba, sobretudo devido ao êxito de um medicamento cubano contra os efeitos do novo coronavírus (COVID-19), como tem sido testemunhado nas regiões chinesas mais atingidas. Havana respondeu afirmativamente, da mesma maneira que acolheu um cruzeiro britânico com passageiros infectados e que ninguém queria receber.

A imagem que a União Europeia transmite aos cidadãos é a de um eclipse progressivo das suas instituições ao ritmo do avanço da pandemia. Estados fecham fronteiras mesmo sem informar os vizinhos (a excepção é a Península Ibérica), o Parlamento Europeu foi o primeiro a fugir de cena refugiando-se na quarentena, não há qualquer indício de esforços para potenciar, no âmbito dos 27, os recursos sanitários disponíveis para que as nações menos atingidas possam ajudar as mais afectadas pela tragédia. Tão prestimosa em cuidar do casino financeiro, a União Europeia é um fracasso cívico e solidário. Reina o salve-se quem puder. A pandemia do novo coronavírus, tal como nenhuma outra situação, expõe a União Europeia como uma entidade que não existe para servir as pessoas mas para servir-se delas em favor dos interesses de castas.

Portugal | Salvar-se para merecer ser salvo


Paulo Baldaia | TSF | opinião

O negócio da comunicação social, que já estava em crise, vai sofrer de modo particular com a quase paralisação da economia, provocada pela pandemia do novo coronavírus. Não podemos ficar indiferentes ao facto desta machadada atingir de forma muito dura um setor que é crucial neste combate e que mantém os seus custos, mas que está a perder grande parte das suas receitas. Nunca os jornais, rádios, televisões e os seus online tiveram tanta audiência e nunca a informação rigorosa foi tão necessária. Quando a economia para, as receitas publicitárias são as primeiras a desaparecer.

Garantir a viabilidade económica das empresas de comunicação social, proposta altamente impopular nas redes sociais, numa situação altamente crítica como a que vivemos, é uma obrigação de qualquer governo em Democracia, mas salvar o jornalismo continua a ser uma tarefa exclusiva dos jornalistas. O que vimos, lemos e ouvimos nos últimos tempos deu sinais altamente contraditórios. Se, por um lado, a utilidade e o rigor da informação dos órgãos de comunicação social fez contraponto com a inutilidade e falsidade de muita informação das redes sociais, por outro lado, fez-nos desperdiçar o tempo numa corrida em que procuravam adivinhar o que o governo ia decidir. E quando falharam, a culpa foi sempre da realidade. Pior, em muitos casos, foi notório o ressabiamento dos jornalistas com o governo pelo facto de o governo não ter decretado proibições que os jornalistas garantiam que iam acontecer.

No deve e haver, nada supera a utilidade dos órgãos de comunicação social na capacidade de dar aos portugueses informação útil e rigorosa. Por agora, é preciso que os jornalistas abdiquem de correrias sem sentido e que o poder político comece a elaborar um plano para salvar as empresas de comunicação social que demonstrarem que merecem ser salvas.

TAP vai transportar portugueses retidos em África


A União Europeia suspendeu os voos internacionais

TAP prevê realizar "nos primeiros dias da próxima semana" voos para Praia, Sal, Bissau e São Tomé e Príncipe para permitir o regresso de portugueses retidos, disse à Lusa fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

"O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) garantiu junto das autoridades locais disponibilidade para a autorização de voos da TAP para permitir o regresso de cidadãos portugueses" retidos em Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, disse à Lusa fonte do gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Em consequência, prosseguiu a fonte, "a TAP prevê viabilizar voos para os seguintes destinos num dos primeiros dias da próxima semana: Praia, Sal, Bissau e São Tomé e Príncipe".

"As embaixadas portuguesas nesses países asseguram a informação indispensável com os portugueses que as contactam", disse ainda.

A fonte precisou que estes são os desenvolvimentos que há a anunciar de momento, prosseguindo os esforços para resolver outras situações.

Os esforços visam permitir o regresso a Portugal cidadãos portugueses, que devido ao cancelamento de voos ou suspensão de ligações aéreas decididos no âmbito das medidas tomadas para combater a propagação do novo coronavírus, ficaram retidos nos países onde se encontravam.

TSF | Lusa | Imagem: © Patrícia de Melo Moreira/AFP

Portugal tem 1280 infetados com covid-19 e mortos duplicam. Já são 12


Nas últimas 24 horas, foram confirmados mais 260 casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde, deste sábado. Portugal é o 20.º país do mundo com mais casos.

Portugal já tem 1280 casos de infeção pelo novo coronavírus. 260 deles foram confirmados nas últimas 24 horas, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), deste sábado (21 de março). Há cinco pessoas recuperadas e o número de mortos duplicou. Já são 12.

Estão internadas em hospitais 156 doentes, sendo que destes 35 encontram-se nos cuidados intensivos (mais nove do que esta sexta-feira). A maioria dos doentes apresentam sintomas ligeiros, por isso, estão a ser acompanhados a partir de casa pelo seu médico de família ou por equipas de hospitalização domiciliária.

Há ainda 1059 pessoas a aguardar o resultado das análises laboratoriais e 13155 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

A região mais afetada do país continua a ser o Porto (644 casos, 4 mortes), depois Lisboa (448, 3 mortes). Seguem-se o centro (137, 4 mortes), o Algarve (31, uma morte), a Madeira (cinco casos), os Açores (3) e o Alentejo (3).

A faixa etária em que existem mais infetados é a dos 40 - 49 anos (242 cidadãos doentes). Seguem-se as pessoas entre os 30 e os 39 (234). Há 18 crianças até aos nove anos infetadas com o novo coronavírus e 186 idosos com mais de 70 anos.

Ainda de acordo com o boletim da DGS, 22% destes doentes apresentam febre, 17% dores musculares, 11% fraqueza generalizada e 10% tosse. Apenas 9% queixam-se de dificuldades respiratórias.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira até às 23:59 de 2 de abril, segundo o decreto publicado na quarta-feira em Diário da República, que prevê a possibilidade de confinamento obrigatório compulsivo dos cidadãos em casa e restrições à circulação na via pública, a não ser que tenham justificação.

Portugal é o 20.º país do mundo com mais casos de infeção. O primeiro continua a ser a China (onde o surto começou no final do ano passado e onde já estará controlado ao que tudo indica), depois a Itália (o país que regista nas últimas semanas o maior aumento) de casos.

Recomendações da DGS

Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos).

Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre, tosse, dificuldade respiratória), as autoridades de saúde pede que não se desloque às urgências, mas sim para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24).

Rita Rato Nunes | Diário de Notícias | Boletim Epidemiológico dia 21 de março. © DGS


A CHINA PREPARA-SE PARA SER LÍDER GLOBAL


Um porta-voz do ministério das Relações Exteriores acusa Washington de introduzir o coronavírus no país. Xi Jinping ataca o “diabo branco”. Pequim contém a pandemia e assiste agora ao incêndio dos mercados financeiros do Ocidente

Pepe Escobar, no Asia Times | Outras Palavras | Tradução: Piero Leiner

Dentre os inumeráveis efeitos geopolíticos tectónicos do coronavírus, que são impressionantes, um já é claramente evidente. A China reposicionou-se. Pela primeira vez desde o início das reformas de Deng Xiaoping em 1978, Pequim considera abertamente os EUA como ameaça, declarou há um mês o ministro de Relações Exteriores Wang Yi na Conferência de Segurança de Munique, no pico da luta contra o coronavírus.

Pequim está modelando passo a passo, com todo o cuidado, a narrativa segundo a qual, desde os primeiros casos de doentes infectados pelo coronavírus, a liderança já sabia que estava sob ataque de guerra híbrida. A terminologia de que se serviu o presidente chinês é eloquente. Xi disse abertamente que se tratava de guerra. E que foi necessário iniciar uma “guerra do povo”, como contra-ataque. E descreveu o vírus como “um diabo”.

Xi é, por formação, confuciano. E, diferente de outros pensadores chineses antigos, Confúcio não admitia discussões sobre forças sobrenaturais e julgamentos depois da morte. Contudo, no contexto cultural chinês, “diabo” designa os “diabos brancos” ou “diabos estrangeiros”: guailo em mandarim, gweilo em cantonês. Xi, aí, fez forte denúncia, em código.

Quando Zhao Lijian, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, expressou num twitter incandescente que “é possível que “o Exército dos EUA tenha trazido a epidemia a Wuhan” – primeiro tiro nessa direção, vindo de alto funcionário – Pequim lançava um balão de ensaio, sinalizando que a luva havia sido jogada. Zhao Lijian fez a conexão direta com os Jogos Militares em Wuhan em outubro de 2019, que incluíram uma delegação de 300 militares dos EUA.

Lijian citou diretamente o diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (ing. CDC) dos EUA, Robert Redfield, o qual, quando perguntado na semana passada se foram descobertas postumamente mortes por coronavírus nos EUA, respondeu que “alguns casos foram realmente diagnosticados desse modo, hoje, nos EUA”.

A explosiva conclusão de Zhao é que o Covid-19 já estava ativo nos EUA, antes de ser identificado em Wuhan – devido à incapacidade dos EUA, hoje já completamente documentada, para testar e verificar as diferenças que houvesse, na comparação com a gripe.

Brasil | Bolsonaro, é o covid-19 seu grande estúpido!


Covid-19. Bolsonaro critica ordem para fechar igrejas

"O governador não pode dizer que não pode ter mais adoração ou missa", defende o presidente do Brasil.

Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, criticou este sábado a recomendação para encerrar, por parte de alguns estados, os locais de culto e centros comerciais para conter a pandemia do novo coronavírus.

"Para satisfazer os seus eleitores, tomam medidas absurdas, fechando centros comerciais. Alguns querem fechar a igreja, o último refúgio do povo", disse Bolsonaro, entrevistado num programa televisivo brasileiro.

"Onde já se viu? Tem prefeito querendo impedir isso. É um direito constitucional e o pastor vai saber como conduzir isso com o seu povo", disse o chefe de Estado, num momento em que os governadores de São Paulo (João Dória) e do Rio de Janeiro (Wilson Witzel) pediram o fecho de vários espaços públicos.

Witzel ordenou a proibição do transporte interestadual de passageiros, enquanto Dória recomendou o encerramento de centros comerciais no estado mais populoso do Brasil e pediu a realização de cultos sem público.

Bolsonaro, que é de origem católica mas foi batizado em 2016 como evangélico no rio Jordão, salientou que devem ser os padres ou pastores a decidir como proceder durante as missas e cultos de adoração.

"O governador não pode dizer que não pode ter mais adoração ou missa", salientou.

O chefe de Estado, que faz 65 anos no sábado, insistiu que não quer gerar "histeria" e "pânico", e lembrou que sua missão será sempre "estar ao lado do povo".

"Fiz um teste (para coronavírus) e foi negativo, não contaminei ninguém. Eu tenho de estar ao lado do povo brasileiro", disse Bolsonaro.

Na sexta-feira, o Brasil contabilizou 11 mortes e 904 casos confirmados de coronavírus, um aumento de 45% em relação ao dia anterior.

Apesar do aumento do número de mortes e casos no país mais populoso da América do Sul, Bolsonaro, que há poucos dias descreveu a crise de saúde como "histeria coletiva", minimizou novamente a pandemia e referiu-se ao coronavírus como uma "gripezinha".

"Depois da facada, não será uma pequena gripe que me derrubará", disse ​​​​​​​Bolsonaro, lembrando o ataque que sofreu durante a campanha eleitoral que o levou ao poder.

Diário de Notícias | Lusa | Imagem: O presidente brasileiro Jair Bolsonaro © EPA/Isac Nobrega

*Título PG

Guiné-Bissau | “É altura da ONU liderar o país com guineenses fora do sistema”


A pandemia de novo coronavírus tira a Guiné-Bissau da agenda da comunidade internacional, numa altura de grande incerteza política. Há quem peça que a ONU assuma a governação com os apartidários.

Tendo em conta a profunda divisão do país, o ativista Toni Góia, líder do Movimento a Voz do Cidadão do Mundo, relançou um debate que começou há 20 anos. Na altura apresentou como solução para as instabilidades políticas cíclicas a gerência transitória do país pelas Nações Unidas por um período de cinco ou mais anos. Uma solução que nunca foi comentada pela ONU e ignorada pela classe política guineense, mas que agora ganha mais apoiantes.

Goiá, que diz não ser a sua intenção passar um "atestado de incompetência" aos políticos nacionais, entende que nem as eleições, nem os tribunais, nem a mediação internacional, que fará o diálogo político, vão acabar com a instabilidade governativa na Guiné-Bissau:

"O nível de pobreza no país não vai permitir que a nossa democracia marche. A pobreza e alta taxa de analfabetismo são incompatíveis com a democracia. Estamos a viver ao Deus dará". O jornalista do único canal televisivo do país, que pertence ai Estado, disse que até ele, que tem um salário, sofre de carências: "Imagine quem não trabalha?”

Covid-19: Dezenas pedem ajuda para sair da Guiné-Bissau


Cidadãos europeus e de países africanos de língua oficial portuguesa pedem ajuda à embaixada de Portugal para sair da Guiné-Bissau. A União Europeia está com as fronteiras fechadas, e Portugal em estado de emergência.

Mais de 150 estrangeiros procuraram a embaixada portuguesa na Guiné-Bissau para pedir ajuda a fim de deixar o país. O motivo é o avanço da pandemia de covid-19. A maioria dos cidadãos que foram à embaixada é portuguesa.

O pedido ocorre num momento em que não há registos de infeções por coronavírus na Guiné-Bissau. Por outro lado, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa declarou estado de emergência em Portugal - país que registou dois mortos e 642 casos de infeção pelo novo coronavírus – e a União Europeia encerrou as suas fronteiras.

Entre os que solicitaram auxílio para regressar aos seus países de origem estão, segundo a mesma fonte, pessoas doentes, que são prioritárias, cidadãos portugueses residentes e não-residentes na Guiné-Bissau, bem como cidadãos de outros países da União Europeia e dos PALOP.

A fonte da agência Lusa explicou que as pessoas os nomes e contactos das pessoas estão a ser registados pela embaixada.

Cabo-verdianos retidos no exterior vão ser repatriados - Governo


O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses e Correia e Silva, anunciou hoje que os cabo-verdianos retidos no Brasil, Estados Unidos e Portugal, devido às restrições impostas face à pandemia de covid-19, serão repatriados em breve.

"Cabo-verdianos retidos no exterior serão repatriados, mas deverão ficar em quarentena", anunciou ao final do dia de hoje o primeiro-ministro, numa altura em que se multiplicam apelos de cabo-verdianos no exterior, que aguardam voos de regresso ao arquipélago.

Contudo, desde quinta-feira que Cabo Verde está fechado a voos internacionais, bem como à acostagem de navios, medidas preventivas face à pandemia de covid-19 e numa altura em que o país já tem um caso confirmado da doença, provocada por um novo coronavírus.

"Estamos a viver em todo o mundo momentos difíceis, que tocam as nossas vidas. Temos cabo-verdianos retidos nos aeroportos de Recife, Fortaleza, Boston e Lisboa à espera de regressarem a Cabo Verde, à semelhança do que acontece com milhares de cidadãos de outras nacionalidades que nos vários aeroportos do mundo esperam regressar aos seus países", reconheceu Ulisses Correia e Silva.

Coronavírus: Inglês de 62 anos é o primeiro caso confirmado em Cabo Verde


Turista é a primeira pessoa infectada com coronavírus em Cabo Verde

Cabo Verde confirmou, na quinta-feira, o primeiro caso de covid-19 no país, um turista de nacionalidade inglesa, de 62 anos, que se encontra “clinicamente estável”, segundo um comunicado enviado à Lusa pelo Ministério da Saúde cabo-verdiano.

“Infelizmente, recebemos hoje, pelas 22h30 [mais uma hora em Lisboa], o resultado do primeiro caso positivo do teste de covid-19”, refere o comunicado, assinado pelo ministro da Saúde, Arlindo do Rosário.

O documento acrescenta que o cidadão inglês chegou à ilha da Boa Vista no dia 09 de Março e ao fim de sete dias "iniciou um quadro respiratório, com tosse e febre”.

“O paciente encontra-se, à hora deste comunicado, clinicamente estável e a receber todos os cuidados necessários, para evitar novos contágios e promover a sua total recuperação”, lê-se.

Angola anuncia primeiros dois casos positivos


A ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta anunciou hoje os dois primeiros casos positivos de infeção por coronavirus no país.

"A pandemia já atingiu o nosso país com confirmação desde as 02:00 de hoje", afirmou a governante hoje numa conferência de imprensa.

Trata-se de dois cidadãos angolanos que regressaram ao país nos dias 17 e 18 de março, vindos de Portugal.

Sílvia Lutucuta lembrou ainda que haverá voos adicionais provenientes de Lisboa e do Porto e disse que o Governo está a preparar condições para fazer quarentena institucional dos passageiros, garantindo que vão ser criadas as condições imediatas.

RTP | Lusa | Imagem: Ampe Rogério - EPA

Timor-Leste regista primeiro caso positivo do novo coronavírus


A ministra interina da Saúde timorense anunciou hoje que Timor-Leste registou o primeiro caso positivo da Covid-19, explicando que o doente está sob vigilância médica e em quarentena.

"Já temos um caso confirmado positivo de Covid-19 em Timor-Leste. É uma pessoa que veio do estrangeiro. Está em isolamento e quarentena", disse à Lusa Élia dos Reis Amaral.

"Os testes foram feitos na Austrália e recebemos hoje os resultados", disse.

A pessoa apresenta sintomas ligeiros e as autoridades timorenses agiram para minimizar o risco de contágio, acrescentou a governante.

RTP | Lusa | Imagem: António Dasiparu - EPA

DIÁRIO DA INCERTEZA


José Gameiro | Expresso | opinião

Se é verdade que vivemos num mundo cada vez mais volátil, nunca, na minha geração, vivemos um período de tanta incerteza.

Sempre fomos diferentes na forma de gerir o incerto. Uns conviviam bem com isto, até gostavam, outros planeavam a vida e sentiam-se inseguros, se não soubessem o que iria ser o dia de amanhã. Mas não nos podemos esquecer os que, sem o quererem, sempre viveram na incerteza económica e na precariedade.

Desta vez a incerteza é bem mais grave. Apesar das estatísticas, não conseguimos deixar de pensar que podemos morrer ou perder os nossos familiares mais velhos.

Alguns ficaram surpreendidos com a reação, em geral, calma dos portugueses, perante uma ameaça que é sentida como terrível. Mais tarde a sociologia poderá explicar esta aparente e paradoxal resposta, mas há uma explicação que pode já ser dada. Perante um inimigo comum as pessoas unem-se, ajudam-se, conseguem fazer humor e, muito importante, confiam nas autoridades.

Mas a incerteza também atinge quem é responsável. A própria Ministra da Saúde – temos a sorte de ter uma Ministra cheia de energia e muito empática -o reconheceu e bem. Cito uma frase, inúmeras vezes dita, “no estado actual do conhecimento o que se deve fazer é isto”.

Covid-19 | Cientistas avisam: haverá novo ciclo de quarentena até ao final do ano


Isolamento atual não faz desaparecer o vírus. Quando abrirmos a porta, voltará a entrar

Os portugueses vão permanecer fechados em casa durante as próximas semanas para proteção de todos contra o ataque do novo coronavírus. E o que vai acontecer a seguir? O vírus continuará a circular e só vai parar de se propagar quando a maioria das pessoas tiver sido infetada, demore o tempo que demorar. Por outras palavras, o confinamento terá de voltar a repetir-se.

O novo coronavírus é inédito entre a humanidade, mas não deixa de ser um vírus. E como todos os vírus que emergem, só será estancado quando existir uma barreira de defesa: ou uma vacina, que ainda vai demorar meses a chegar (ver pág. 14), ou a imunidade de grupo, que só é alcançada depois de a maior parte das pessoas ter sido infetada. Sabem também os cientistas que se este coronavírus pandémico for semelhante aos coronavírus comuns, a capacidade humana de resistência não será para a vida, mas apenas para meio ano. (continua)

Vera Lúcia Arreigoso | Raquel Albuquerque | Expresso

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Portugal | Oficial: tudo o que precisa de saber sobre saídas à rua a partir de domingo


A quarentena vai apertar, a partir de agora haverá mais portugueses que irão para casa. As saídas à rua terão limitações com algumas exceções, incluindo atletas de alto rendimento. O objetivo é evitar ajuntamento de pessoas. O dia a dia como o conhecemos vai mudar ainda mais. Veja aqui a lista oficial das restrições à circulação aprovadas.

Nada será como dantes. Pelo menos não enquanto durar esta quarentena parcial em tempos de combate à propagação do novo coronavírus. Haverá restrições à liberdade de circulação - o dever é ficar em casa e restringir as saídas à rua para actividades essenciais -, haverá poderes reforçados para os ministros poderem impor quem tem mesmo de trabalhar. Grande parte do comércio e serviços fechará portas, outra parte será feita a partir da porta da rua.

Este é um roteiro do que será o novo dia-a-dia do país - com todas as medidas oficiais de restrições que entrarão em vigor à meia-noite de domingo.

QUANDO PODEMOS SAIR À RUA?

A indicação do Governo é que todos os portugueses em geral cumpram o "dever de recolhimento domiciliário", pediu o primeiro-ministro, com as excepções que aqui identificamos, que já constam da lista oficial e final do decreto-lei que foi promulgado pelo Presidente da República esta sexta-feira.

a) Para comprar bens e para aceder a serviços essenciais;

b) Para trabalhar, caso não o possa fazer de casa;

c) Procura de trabalho ou resposta a uma oferta de trabalho;

d) Deslocações por motivos de saúde, designadamente para efeitos de obtenção de cuidados de saúde e transporte de pessoas a quem devam ser administrados tais cuidados ou dádiva de sangue;

e) Deslocações para acolhimento de emergência de vítimas de violência doméstica ou tráfico de seres humanos, bem como de crianças e jovens em risco, por aplicação de medida decretada por autoridade judicial ou Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, em casa de acolhimento residencial ou familiar;

f) Deslocações para assistência de pessoas vulneráveis, pessoas com deficiência, filhos, progenitores, idosos ou dependentes;

g) Deslocação para acompanhamento de menores em deslocações de curta duração, para efeitos de fruição de momentos ao ar livre e para frequência dos estabelecimentos escolares (as exceções constantes no decreto de encerramento de escolas);

h) Deslocações de curta duração para atividade física. Contudo poderá vir a ser proibido o exercício de atividade física coletiva (mais de duas pessoas);

i) Deslocações para participação em ações de voluntariado social;

j) Deslocações por outras razões familiares imperativas, designadamente o cumprimento de partilha da guarda de crianças, conforme determinada por acordo entre os pais ou por imposição do tribunal;

k) Deslocações para visitas, quando autorizadas, ou entrega de bens essenciais a pessoas incapacitadas ou privadas de liberdade de circulação;

l) Deslocação a bancos e agências de seguros ou seguradoras;

m) Participação em atos processuais junto das entidades judiciárias;

n) Deslocações de curta duração para passeio dos animais de companhia;

o) Deslocações de médicos-veterinários, de detentores de animais para assistência médico-veterinária, de cuidadores de colónias reconhecidas pelos municípios, de voluntários de associações zoófilas com animais a cargo que necessitem de se deslocar aos abrigos de animais e de equipas de resgate de animai

p) Deslocações de pessoas portadoras de livre-trânsito, emitido nos termos legais, no exercício das respetivas funções;

q) Deslocações por parte de pessoal das missões diplomáticas, consulares e das organizações internacionais localizadas em Portugal, desde que relacionadas com o desempenho de funções oficiais;

r)Deslocações necessárias ao exercício da liberdade de imprensa

s) Retorno ao domicílio pessoal;

t) Outras atividades de natureza análoga ou por outros motivos de força maior ou necessidade impreterível, desde que devidamente justificados.

Portugal | AGORA, É A VEZ DA BANCA AJUDAR


Manuel Molinos | Jornal de Notícias | opinião

Não sabemos ainda qual será o impacto das medidas de emergência agora tomadas para reforçar o combate ao novo coronavírus.

A Matemática diz-nos que os casos de Covid-19 irão disparar e os números são incertos. Mesmo fechados em casa para nos protegermos, de forma voluntária ou exigida, sabemos, no entanto, que ainda há quem perca tempo a criticar o presidente da República, o primeiro-ministro, o Governo, os deputados. Faz parte, mesmo em estado de guerra. Mas há quem esteja em silêncio, a tentar passar despercebido.

Também sabemos que muitas empresas estão apreensivas, preocupadas, e outras que, mesmo antevendo grandes dificuldades, têm cumprido a sua função social. Das tecnológicas ao setor dos média, não faltam exemplos de solidariedade e de união com os portugueses.

Pena que a Banca, a mesma que uma geração já ajudou vezes sem conta, ainda esteja em relativa apatia, tendo acenado com uns descontos em comissões para aliviar custos a comerciantes e a particulares e eliminando algumas taxinhas. Pena que muito provavelmente seja obrigada por decreto a ajudar o país. Pena que tenha de ser o Governo, como deve acontecer hoje, a chamar a Banca para ajudar a manter a normalidade económica e social de Portugal.

Como disse Marcelo Rebelo de Sousa, todos temos de fazer a nossa parte. Não parece haver muitas dúvidas que tanto o primeiro-ministro como o presidente da República têm estado muito bem. Como esteve o líder da Oposição, Rui Rio, quando manifestou o apoio dos sociais-democratas ao Governo neste combate, desejando "coragem, nervos de aço e muita sorte" a António Costa. Como esteve bem a generalidade dos partidos políticos, com uma ou outra exceção de quem pense que ainda estamos em tempo de cobranças, de tricas e de jogos de interesses.

Todos têm estado bem, menos aqueles a que já nos acostumamos...

*Diretor-adjunto

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Portugal | "Trimestre vai ser duro". Estado de Emergência pode ser renovado


O Governo voltou a reunir-se em Conselho de Ministros para debater as medidas de apoio social e económico para a população afetada pela pandemia de Covid-19.

"Este é um momento de emergência sanitária, está em causa um pandemia, está em causa tratar e salvar vidas". Mas este é também "um momento de urgência económica, de preservar o emprego, os rendimentos e de impedir que empresas encerrem as portas". As palavras são de António Costa, no final do Conselho de Ministros desta sexta-feira, que reuniu para debater as medidas de apoio social e económico para a população afetada pela pandemia de Covid-19.

Este será, como perspetivou o Governo, "um trimestre muito duro para todos. É essencial assegurar a travessia destes três meses para, em junho, podermos avaliar os danos sofridos e  perspetivar um novo futuro para a nossa ecomomia". 

Em conferência de imprensa no Palácio da Ajuda, o chefe do Governo salientou ser "essencial que possamos proteger o emprego, o rendimento das famílias e evitar a destruição das empresas". E este "esforço compete a todos. Há uma prioridade clara: travar a incerteza e devolver a confiança".

Mas, prosseguiu, "para que seja possível fazermos esta travessia, é absolutamente essencial assegurar a liquidez das empresas, criar condições para as famílias não terem grande quebra do rendimento e para assegurar que, em junho, todos estamos em condições de poder encarar o futuro com outra determinação". 

Seria, como considerou Costa, "irrealista estar a apresentar uma proposta de relançamento da economia". Esta é, pois, a altura de "salvar vidas na área da saúde, emprego, rendimentos e empresas na área da economia". 

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