domingo, 19 de abril de 2020

É APENAS "VOLTAR AO NORMAL" O QUE DESEJAMOS?


Cem mil dúvidas florescem, em meio à quarentena. Cem mil ideias perigosas. E no entanto, o poder político e económico faz contas: será preciso restituir o quanto antes a rotina que… produz a morte e o caos! Como escapar de tal labirinto?

Pierluigi Sullo | Outras Palavras |  Tradução: Antonio Martins | Imagem: Alessandro Gottardo

Spillover. É preciso um spillover. Esta palavra tornou-se popular graças a David Quammn, que há alguns anos falou dos vírus, em particular da cepa à qual pertence o que causa a covid-19. Em inglês, significa transbordar, exceder e, de certo modo é equivalente ao termo científico zoonose, o que ocorre quando um vírus “transborda” de uma espécie a outra. Se quisermos atribuir intenções à natureza, podemos dizer que, ao desencadear viroses, ou ao reagir às emissões de gases do efeito-estufa, esta cria novos “protocolos” para os seres humanos – como não se tocar e conversar por trás de uma máscara, e estes são alguns de seus efeitos mais leves…

Mas e se – como escreveu Angel Lara em um artigo muito lido – não pudermos desejar a voltar à normalidade, porque é a normalidade o problema, então seria preciso nos prepararmos urgentemente para criar uma nova normalidade. E para fazê-lo, ocorre um spillover cultural, uma ultrapassagem de ideias e projetos e modos de olhar para o mundo fora do repertório obrigatório em que estamos todos reclusos há quarenta anos – ou seja, do espraiamento do neoliberalismo.

Brasil | ACÁCIA DOS MEUS QUINTAIS - livro


Francisco de Paiva Carvalho apresenta novo livro, editora Penalux, com sinopse de Zanella, editor do Jornal RelevO

Acácia dos meus quintais e outros contos mais promove um encontro de sensações, dos grandes dramas da vida e do tempo 

Os 13 contos de Francisco Carvalho apresentam personagens envolvidos em dramas de variadas gradações, com desconfortos entre existir na máxima potência e lidar com os pequenos desvios da vida, sempre querendo nos empurrar para fora, para longe. 

São sentimentos e paisagens, interiores e horizontes. As tensões de Acácia dos meus quintais e outros contos mais expõem um conjunto de belezas, a literatura como descanso, como motor lírico. Os personagens de Francisco Carvalho buscam a estabilidade, o equilíbrio, seja pelo amor, pela fé no divino, pela aproximação sacra de afetos. É que a vida, nos diz Acácia dos meus quintais e outros contos mais,  a vida também é o canto triste dos pássaros e a mãe afagando o rosto da filha. [Por Daniel Zanella]

UE alerta Gantz que anexação da Cisjordânia afetará relação com Israel


Após Benny Gantz receber tarefa de criar governo de coligação em Israel, UE teria pressionado o líder político israelita para rejeitar plano de anexação de Israel do Vale do Jordão, na Cisjordânia.

O movimento diplomático da União Europeia seria uma forma de desencorajar Israel de anexar o território também reivindicado pelos palestinos para a formação de seu Estado soberano.

No mês passado, o líder do partido centrista Azul e Branco, Benny Gantz, recebeu a tarefa do presidente israelita, Reuven Rivlin, de formar um governo de coligação.

Entre os assuntos mais discutidos pelas lideranças políticas do país está a anexação de parte da Cisjordânia, uma das promessas feitas pelo vencedor das eleições e primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu.

Israel | Ocupando território enquanto ninguém olha


Israel usa a situação global do coronavírus para continuar anexação e construção de assentamentos judeus em territórios palestinos, afirmou o secretário-geral da Liga Árabe (LAS), Ahmed Aboul Gheit.

Na segunda-feira (13), Gheit enviou uma mensagem a vários líderes mundiais, incluindo o secretário-geral da ONU e os chanceleres do Reino Unido, Alemanha, China, Rússia, EUA e França, onde descreveu a situação atual nos territórios palestinos e de seus perigos.

O chefe da comunidade árabe alertou "sobre a tendência perigosa e clara dos líderes israelenses, especialmente do partido Likud [liderado pelo primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu], de tirar proveito das extraordinárias circunstâncias globais, que envolvem o confronto com a pandemia da COVID-19, para expandir seus assentamentos", nas proximidades de Jerusalém Oriental e da região do Vale do Jordão.

O secretário-geral da LAS também observou que os palestinos, que antes mesmo da pandemia enfrentavam dificuldades económicas, agora são forçados a enfrentar desafios ainda mais sérios.

Sputnik

Portugal | Teletrabalho: da ficção oportunista à realidade objetiva


A pandemia introduziu perturbações sociais profundas, com consequências imprevisíveis e preocupantes a nível do emprego e das relações de trabalho, e atirou para a ribalta a questão do teletrabalho.

Fernando Sequeira* | opinião »

Num artigo do jornal Expresso de 21 de Março último, titulavam: «Estamos preparados para o teletrabalho? A pandemia COVID-19 pôs Portugal em trabalho remoto forçado. Para os especialistas pode ser o princípio de uma nova era.» (sublinhado meu).

Trata-se de um título profundamente preocupante e que nos dá a ideia das pretensões do grande capital em desequilibrar ainda mais em seu favor o quadro das relações de trabalho, cavalgando de forma completamente oportunista a desestruturação resultante da pandemia do COVID-19.

Esta pandemia, ao introduzir perturbações muito profundas nas sociedades, com consequências imprevisíveis e preocupantes, designadamente a nível do emprego e da relações de trabalho, atirou para a ribalta a questão do teletrabalho, e muitos fazedores de opinião, veiculando os interesses do capital, começam a eleger esta forma de organização do trabalho como o futuro.

Trata-se de uma completa ilusão e mentira, mas o mais grave é que muitas camadas da população acreditam que inevitavelmente assim será.

O que pretende o capital com a expansão do teletrabalho?

Em síntese, pretende aumentar a exploração, agora sob o «manto diáfano» da suposta melhoria da qualidade de vida e da conciliação do trabalho com a vida familiar. E como? Nomeadamente, por via do aumento do tempo de trabalho, da perda paulatina (ou não) do vínculo jurídico à empresa, transformando a prazo o assalariado em trabalhador por conta própria, com todos os riscos que tal acarreta, e pela transferência de custos gerais da empresa (custos de ocupação de espaço, eletricidade, água, seguros e outros custos gerais) para o trabalhador.

Sobre os limites materiais e organizacionais do teletrabalho

No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea o léxico teletrabalho é definido como: «Atividade remunerada desenvolvida no domicílio com recurso a meios informáticos e de telecomunicações».

Em linha com este, o Código do Trabalho define-o assim: «Considera-se teletrabalho a prestação laboral realizada em subordinação jurídica, habitualmente fora da empresa e através do recurso a tecnologias de informação e comunicação».

Retomemos as duas definições de teletrabalho e destaquemos delas dois traços dominantes: um, a situação de trabalho no domicílio (ou o trabalho fora da empresa), portanto do trabalho individual isolado, e o outro, o instrumento de trabalho dominante, ou seja, o computador (meios informáticos e de telecomunicações ou tecnologias de informação e comunicação).

Portugal | LIBERDADE, ASSUNTO SÉRIO


Domingos Andrade* | Jornal de Notícias | opinião »

Somos contaminados pelo populismo quase sem darmos por isso. Uma espécie de novo coronavírus do pensamento e da razão.

E os argumentos não variam muito: entre um "não pude ver a minha filha, a minha mãe ou avó"; e o mais básico "fui obrigado a ficar de quarentena e agora isto". O "isto" são as comemorações do 25 de Abril. Ou do 1.º de Maio. Num momento sem precedentes na nossa história em democracia, aceitámos que a liberdade fosse limitada em nome da saúde pública. Estamos a iniciar o terceiro estado de emergência na expectativa de que seja o último e este é já o momento de preparar o progressivo regresso à atividade.

A normalização não é apenas uma necessidade da economia. É uma questão social, cultural e no limite até de saúde mental. Um estado excecional é limitado no tempo. Quando todos os indicadores apontam para que esta fase esteja a ser ganha, importa aprender a viver com o vírus. Será um convívio longo, que poderá reservar-nos muitas (e más) surpresas. Mas é à luz da ciência, não do medo, que deverão ser tomadas e reavaliadas decisões.

Neste calendário rumo à normalização surge o 25 de Abril e a decisão de o comemorar no Parlamento. De imediato se levantam vozes a considerar a sessão uma irresponsabilidade, a compará-la às celebrações religiosas e a aludir a uma "festa" da classe política, quando os cidadãos estão proibidos de fazer festas em sua casa. Comparações de quem não entende o sentido coletivo da liberdade, de quem se esquece que o Parlamento continua ativo, como órgão de soberania que é, e de quem insiste em procurar culpados numa crise em que somos todos, globalmente, vítimas - embora em níveis desiguais, porque como sempre as crises atingem com mais força os mais desprotegidos. E não pode haver dúvidas de que, até por isso, o 25 de Abril tinha de ser celebrado, simbolicamente, na casa da Democracia. Para o leitor, que me lê agora, poder discordar.

Temos à nossa frente uma escolha. Ou nos mantemos desconfiados de todas as tentativas de retomar a atividade, ou recuperamos gradualmente a confiança para voltar a frequentar lojas, reabrir jardins, parar cinco minutos a falar presencialmente com o vizinho. Com a crescente liberdade recuperada, teremos responsabilidade acrescida. Na nossa proteção e sobretudo na dos outros, grupos de risco à cabeça. Em democracia a liberdade tem esse sabor de sermos parte de um todo. É nessa liberdade feita de confiança e respeito mútuo que devemos acreditar. Em abril, em maio e num futuro que exigirá um sentido de solidariedade mais forte do que nunca.

*Diretor

Mais 27 mortes em Portugal nas últimas 24 horas. 714 vítimas mortais é o total


Portugal ultrapassa as 700 mortes e os 20 mil infetados com Covid-19

O número de casos de Covid-19 em Portugal subiu para 20206 nas últimas 24 horas, mais 521 casos do que sábado. Há ainda 714 vítimas mortais, um aumento de 27 óbitos em relação aos dados divulgados ontem.

O número de casos recuperados manteve-se igual ao apresentado no relatório de situação epidemiológica divulgado no sábado. Neste momento, há 4959 pessoas a aguardar os resultados de testes já realizados e 27947 casos encontram-se sob vigilância das autoridades de saúde.

Neste momento, segundo o documento elaborado pela Direção-Geral de Saúde, há 1243 pessoas internadas em Portugal com Covid-19. 224 das quais encontram-se em Unidades de Cuidados Intensivos, um valor abaixo do registado nas 24 horas anteriores (menos quatro pessoas).

Na distribuição geográfica da doença, o Norte continua a ser a região mais afetada, com 12148 casos e 409 mortes. Na região centro, há registo de 2923 infetados e de 164 mortes, enquanto na região de Lisboa e vale do Tejo se somam 4500 pacientes de Covid-19 e 126 óbitos.

Alentejo e Madeira não registam qualquer vítima mortal, enquanto o Algarve tem dez óbitos e os Açores cinco.

Olhando para o número de infetados por concelho, o Porto é onde se regista o maior número de casos, com 1059 registados de Covid-19, logo seguido por Lisboa (1038) e Vila Nova de Gaia (1035)

Jornal de Notícias

24 horas catastróficas: Carreirismo e arrogância atinge o coração da UE


Perder o seu melhor cientista e ser forçada a uma humilhante reviravolta no Covid-19 revela quão fraca e inútil é realmente a UE


A pandemia tem tido alguns efeitos úteis. Um deles é ter tornado mais evidente o que é e para que serve a UE. Toda a forma como a Comissão Europeia tem actuado tem não apenas deixado claro o que vale o dito “projecto europeu” como deixou à vista como a burocracia de Bruxelas é avessa a qualquer intromissão na sua prepotente cadeia de comando. A demissão do Prof. Mauro Ferrari da presidência da Comissão Europeia de Investigação é exemplar nesse aspecto.

Pela bitola de qualquer um Bruxelas teve 24 horas catastróficas. A cortina caiu, dando-nos um raro vislumbre da tóxica mistura política de carreirismo e arrogância que atinge o próprio coração da UE como, vamos lá, um vírus.

A saída ontem à tarde do principal cientista da Europa, Mauro Ferrari, do seu cargo de presidente da Comissão Europeia de Investigação (ERC) já é suficientemente má. Mas as mil palavras da sua declaração ao Financial Times não apenas foram uma avaliação fulminante das políticas nos mais altos escalões do poder europeu, como a sua oportunidade não poderia ter sido pior.

Mauro Ferrari, que apenas ocupava o cargo desde o início deste ano, claramente não é um sujeito com quem se deva brincar, e quando confrontado com carreiristas, tanto políticos como administrativos, não estava preparado para compromissos acerca do que via como a melhor forma de lidar com a pandemia.

Na sua declaração Ferrari afirmou: “Peço que me perdoem, mas acredito que a prioridade de agora é deter a pandemia. A prioridade é salvar possivelmente milhões de vidas. Tem precedência sobre carreiras, políticas e até sobre a beleza da certeza científica.”

Austrália pede inquérito independente à atuação da OMS


Sydney, 19 abr 2020 (Lusa) -- A Austrália pediu hoje um inquérito independente sobre a luta global contra a pandemia de covid-19 e sobre a forma como a Organização Mundial de Saúde (OMS) lidou com a crise.

A ministra australiana dos negócios estrangeiros, Marise Payne, disse que seu país reclama por uma investigação urgente sobre a forma como a China geriu a epidemia em Wuhan, a cidade onde o novo coronavírus surgiu no final do ano.

"Precisamos de conhecer os detalhes que apenas um relatório independente nos permitirá compreender sobre qual a origem do vírus, como lidar com ele (e) sobre a transparência com que as informações foram partilhadas", disse a governante à emissora pública de televisão ABC, citada pela agência France-Presse (AFP).

Payne disse ainda que a Austrália partilha das mesmas preocupações do que os EUA, cujo presidente, Donald Trump, acusou a Organização Mundial da Saúde (OMS) de estar muito perto da China e de estar a fazer uma má gestão da pandemia.

ONG denuncia discriminação a estrangeiros na China, portugueses entre as vítimas


Macau, China, 19 abr 2020 (Lusa) - Portugueses a residirem na China queixaram-se à Lusa de discriminação por parte de chineses por medo da covid-19, uma realidade que afeta a comunidade estrangeira e ignorada por Pequim, confirmou a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW).

"O Governo central tem o dever de proteger toda a gente (...) Este racismo tem de ser parado", afirmou hoje à agência Lusa o vice-diretor da HRW para a Ásia, acrescentando que a organização não-governamental (ONG) tem recebido várias denúncias de estrangeiros barrados em vários serviços e que estão a sofrer ataques xenófobos nas ruas e nas redes sociais do país.

A China desde há várias semanas que tem registado cada vez menos casos da doença e estes têm sido, na maioria das vezes, provenientes do exterior, os chamados casos importados. Ao contrário, o resto do mundo, sobretudo fora da Ásia, tem visto o número de infetados a subir exponencialmente.

A desconfiança para com os estrangeiros vem precisamente por essa razão, explicou Phil Robertson, acrescentando que estes incidentes se agudizam porque nem o Governo central nem as autoridades provinciais estão a agir para prevenir esses comportamentos.

Timor-Leste regista 19 casos, um recuperado


Díli, 19 abr 2020 (Lusa) -- As autoridades de saúde timorenses anunciaram hoje mais um novo caso da covid-19, o que eleva para 19 o número total de infetados no país desde o início do surto, um dos quais já recuperado.

Odete Viegas, porta-voz do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), disse no briefing diário na Sala de Situação que o novo caso é de um cidadão que estava em quarentena no Hotel Lecidere, em Díli e viajou de Jacarta a 30 de março até à metade indonésia da ilha de Timor.

Entrou em Timor-Leste a 31 de março e viajou para quarentena num autocarro alugado pelo Ministério da Saúde.

"O 19.º caso junta-se aos 16 ativos e aos quatro prováveis em isolamento na Clínica de Vera Cruz", enumerou.

Segundo Odete Viegas, Timor-Leste realizou testes a 323 casos suspeitos, dos quais quatro são considerados "prováveis" -- testes inconclusivos -, 92 ainda estão à espera dos resultados e 208 tiveram resultados negativos.

Odete Viegas disse que atualmente estão em quarentena obrigatória em locais preparados pelo Governo um total de 594 pessoas, das quais 460 em Díli e 134 nos municípios. Estão ainda 14 pessoas em auto-quarentena em casa em vários municípios.

Já terminaram quarentena 1.399 pessoas.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 158 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 502 mil doentes foram considerados curados.???????

ASP // ZO

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