O economista Luis Arce conseguiu uma maioria para o Movimento para o Socialismo menos de um ano depois de as ruas terem obrigado o ex-presidente a ir para o exílio.
O cenário parecia inimaginável há um ano, quando a Bolívia saiu à rua para contestar o resultado das eleições que tinham dado a vitória a Evo Morales e conseguiu pôr o presidente a caminho do exílio. Muitos anunciaram o fim do seu Movimento para o Socialismo (MAS), já que nunca tinham imaginado um eventual sucessor para o líder carismático que estava no poder desde 2006 e que muitos já acusavam de autoritário. Contudo, no último domingo, Luis Arce, o seu antigo ministro da Economia, conquistou a maioria absoluta.
"Os resultado caíram como uma bomba: nem os mais otimistas na campanha do MAS imaginaram semelhante número", escreveu no Le Monde Diplomatique o jornalista Pablo Stefanoni, chefe de redação da revista Nueva Sociedad e autor de vários livros sobre a Bolívia.
Os resultados oficiais ainda não são conhecidos, mas uma contagem rápida dos votos mostrou que Arce superou os 50% - e o MAS também terá a maioria no parlamento. A participação foi recorde, de 87%, segundo o Supremo Tribunal Eleitoral.
"A Bolívia recuperou a democracia e, sobretudo, recuperou a esperança", disse Arce, conhecido pelos apoiantes como Lucho, dizendo que vai trabalhar "para todos os bolivianos" e para construir "um governo de unidade nacional". Ao seu lado estava o vice-presidente, David Choquehuanca, que foi chefe da diplomacia de Morales e, como o ex-presidente, é aymara.