A proposta de revisão pontual da Constituição de Angola, feita pelo Presidente João Lourenço, vai ser apreciada e votada na Assembleia Nacional no próximo dia 18 de março, como ponto único dos trabalhos.
A agenda para a apreciação e votação da proposta de revisão constitucional no dia 18 de março foi aprovada na sexta-feira (12.03) em conferência de líderes dos grupos parlamentares.
Manuel da Cruz Neto, do grupo parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), salientou que todos concordam que "é bem-vinda" a revisão pontual da Constituição de Angola, proposta pelo Presidente João Lourenço.
"Que é necessária, porque o contexto da aplicação da Constituição é sempre dinâmico, criar novos contextos e é preciso ajustar", sublinhando que a proposta do Presidente é um indicador que está atento às propostas da sociedade.
No início deste mês, o chefe de Estado angolano anunciou a necessidade de uma revisão pontual da Constituição em vigor desde 2010, necessária para "preservar a estabilidade nacional e os valores" do Estado democrático e de direito.
A revisão pontual incide sobre a clarificação do modelo de relacionamento institucional entre o Presidente da República e a Assembleia Nacional, no que se refere à fiscalização, há vários anos reclamadas pelos deputados da oposição, a consagração do voto dos angolanos no estrangeiro, a retirada do princípio do gradualismo para a implementação das autarquias, a independência do banco central angolano, entre outras.
Outros pontos em debate dia 24
Ainda na conferência, os parlamentares marcaram para o próximo dia 24 uma sessão extraordinária, para a apreciação e votação de vários pontos, entre os quais, na generalidade, a proposta de Lei que altera a Lei sobre o Imposto Especial de Consumo e a Proposta de Lei do Voluntariado.
Na mesma sessão, serão também apreciados e votados projetos de resolução para a adesão e ratificação por Angola de importantes instrumentos internacionais, nomeadamente o Acordo entre os Estados-membros da Comunidade de Desenvolvimento de Países da África Austral (SADC) Relativo ao Estabelecimento do Centro para as Energias renováveis e Eficiência Energética da SADC.
Institucionalização das Autarquias fica de fora
Em declarações à imprensa, o líder do grupo parlamentar do parlamentar da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Alexandre Sebastião, lamentou por não ter sido agendada a discussão da proposta de Lei sobre a Institucionalização das Autarquias, destacando a discussão da proposta de revisão pontual da Constituição da República.
"Alguns documentos que estão nas comissões continuam encravados nas gavetas, não é desta que a gente vai discutir a Lei da Institucionalização das Autarquias", disse o líder do grupo parlamentar da segunda maior força política da oposição angolana.
Sobre a proposta de revisão da Lei 8/19, sobre o Imposto Especial de Consumo, Alexandre Sebastião considerou mais um encargo para os consumidores, atendendo a ainda fraca produção interna.
"Tudo depende das importações e como consequência, aplicando determinados impostos nos produtos da cesta básica, estamos a piorar, a elevar a estrutura de custos do comerciante e chegar ao consumidor a preços muito altos", disse.
UNITA de olho na comunicação Social
Por sua vez, a segunda vice-presidente do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Mihaela Weba, disse que todos conteúdos agendados foram aceites, mas uma proposta para a reunião plenária do dia 24, de discussão do comportamento da comunicação social pública, antes do período da ordem do dia, não foi aceite.
Mihaela Weba referiu que as sucessivas violações da Constituição no que diz respeito ao tratamento igual aos partidos políticos, independentemente de terem assento parlamentar ou não, está na base da sua pretensão.
"Como no dia 24 vai haver declarações políticas, não foi possível aceitar a nossa pretensão", disse, acrescentando que solicitaram igualmente a tomada de posse do membro indicado pela UNITA na Entidade de Regulamentação da Comunicação Angolana (ERCA), se for publicada em Diário da República.
Deutsche Welle | Lusa
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