Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião
Israel lançou uma nova vaga de ataques contra o povo palestiniano. Bombardeamentos, ameaça de invasão terrestre, ataques à imprensa internacional, crimes de guerra, apartheid, tudo a "comunidade internacional" tolera à potência israelita.
Sim, já sabemos o que dizem os cúmplices da barbárie. Que em todos os conflitos há dois lados, e que Israel se defende dos rockets do Hamas. É mentira. A desproporção de forças e de vítimas define a ocupação ilegal da Palestina. Israel não tem a razão e esta não é uma guerra na qual se possa guardar equidistância.
Desta vez, o gatilho foi a
violenta repressão dos protestos pelo despejo de famílias palestinianas
Aquilo a que os palestinianos chamam a Nakba, "a Catástrofe", começou em 1948, quando Israel declarou a criação do seu país em terras da Palestina. Desde então, a ocupação israelita provocou cinco milhões de refugiados. A maior parte dessa expansão foi feita em direta violação das fronteiras definidas pela ONU e reconhecidas pelos EUA em 1967.
O resultado desta política foi o emparedamento de milhões de palestinianos em guetos, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Em Gaza, acotovelam-se dois milhões de pessoas a quem Israel fechou todas as fronteiras. Os palestinianos de Gaza não podem sair e tudo o que entra, da água ao combustível, é racionado por Israel. 80% da população vive de ajuda humanitária, mas mesmo essas passagens são controladas e, muitas vezes, encerradas por Israel. Tudo, é claro, em nome da sua segurança.
Na Cisjordânia, o Estado
israelita construiu um muro de
Durante séculos, os judeus, um povo sem país mas com uma fortíssima identidade, foi perseguido, segregado e humilhado. Uma parte desse povo, os judeus sionistas, fizeram da sua reivindicação do direito histórico à "terra santa" a legitimação para o crime. Hoje, o Estado por eles construído é uma das maiores potências económicas e militares do Mundo. E são os sionistas que perseguem, segregam e humilham.
O Governo português, que preside à UE, tem a responsabilidade de admitir que esta ofensiva não se trata da defesa de Israel. É mais uma agressão no âmbito da limpeza étnica e da punição coletiva contra os palestinianos de Gaza. Quando Santos Silva pede "proporcionalidade" a Israel, não fala em nosso nome, nem em nome do direito internacional.
*Deputada do BE
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