Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião
Os empréstimos estavam mais do que justificados pelo património. Os negócios eram excelentes e dariam lucros de milhões. Sucede que houve, entretanto, a crise financeira de 2008, que acabaria por nos trazer a troika.
E depois a resolução do Banco
Espírito Santo, reconvertido
Até agora, destacaram-se os testemunhos de três gestores visionários, que só por má-fé são apontados como grandes devedores. Desde logo, Bernardo Moniz da Maia, líder de um grupo que o NB "afogou". O facto de centenas de milhões da dívida terem a ver com a compra de ações do BCP (aquelas que não davam nem para pagar um café) é um detalhe. O grande capitalista até estava a disposto a comprar por 100 milhões a dívida que o NB vendeu aos abutres por seis. Desde que lhe financiassem uns negócios no Brasil. Não deu, não é culpa dele.
Veio depois João Gama Leão, com 300 milhões investidos na recuperação de empresas e na exportação. Mais uma "vítima" do BES e do NB. Para o caso de ninguém saber, deixou uma lição sobre negócios: "não há maneira de crescer sem riscos". Foi o que fez, por exemplo, quando meteu uns dinheiritos na Espírito Santo Internacional (a tal que, quando faliu, tinha um buraco de 7300 milhões), o que lhe valeu um agradecimento de Ricardo Salgado, "um dos momentos mais altos da sua carreira". Que não o confundam, no entanto, com a "elite podre" que tem passado pela comissão.
Finalmente, Luís Filipe Vieira e o seu faro para os negócios imobiliários. É verdade que os alicerces assentam numa dívida de centenas de milhões, mas é preciso paciência: dentro de 15 anos, "haverá dinheiro para toda a gente". Vieira não é comos os outros, "que guardaram dinheiro, fugiram, pediram insolvência". Os seus negócios são uma mina de ouro. Tão rentáveis que um amigo, conhecido como "rei dos frangos", comprou por oito milhões uma dívida de 54 que o Novo Banco tinha vendido por cinco aos abutres. Confuso? Não tente deslindar. São negócios só ao alcance de génios que têm uma vida bem mais confortável do que a sua. Só nos faltava agora que os portugueses tentassem "encontrar culpados pelas suas insuficiências".
*Diretor-adjunto
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