segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Lágrimas de crocodilo

O Curto do Expresso evoca os 76 anos da matança de milhões de japoneses. Uns num ápice e outros lentamente. Hiroshima e Nagasaki foram os palcos das explosões nucleares em 1945. Os EUA foram os artífices da façanha, aproveitando uns quantos nazis que levou para casa, lhes deu carinhos e muito boa vida, enquanto eles desenvolviam a grande mãe da matança provocada naquelas duas cidades japonesas.

Foi a guerra contra o chamado eixo (Alemanha, Japão, Itália e outros nazi-fascistas). Foi a loucura de políticas, governos e militares que desprezaram a humanidade – o que ainda hoje continua a acontecer na atual terceira guerra mundial de que o mundo é palco por via da obstinação do império dos EUA que quer moldar países, povos, governos e regiões, sob seu domínio e à sua imagem e semelhança, colhendo em exclusivo as vantagens dos roubos que pratica no planeta terráqueo. E vai mais além, avançando em almejo a outros planetas, ao espaço.

Mas isso agora não interessa nada. Dirão os fúteis. Pois. O que se sabe e vê é que tudo não passa de lágrimas de crocodilo ao recordar as matanças idas e as atuais. E, sempre, continuando a matar, a roubar, falando falsamente em liberdade, democracia, igualdade, justiça… Tudo mentiras. Tudo lágrimas de crocodilo, com olhos postos na ganância, no domínio global. Pois.

No Curto pode ler com interesse um manancial de tópicos. A atualidade segundo o guia dos média corporativos, o Expresso. Será disso que se trata e que trazemos à consideração dos que nos lêem. Atualizem-se, segundo o evangelho e cartilha do tio Balsemão Impresa de Bilderberg & Associados. É o que temos. E que sem rebuço divulgamos. Aprender, aprender sempre...

Fiquem bem. A semana de trabalho, teoricamente, começa hoje e até à próxima sexta-feira. Balelas. A semana de trabalho atualmente é interminável. Salvé slave!

MM | PG


Bom dia este é o seu Expresso Curto

Teremos sempre Paris

Margarida Cardoso | Expresso

Bom Dia!

Bem-vindo a mais um Expresso Curto no dia em que se assinala o aniversário do lançamento da bomba atómica dos Estados Unidos sobre Nagasaki, em 1945

Na voz de Rick (Humphrey Bogart), o tom de “We´ll always have Paris” é nostalgia em estado puro no diálogo final de Casablanca. Mas aqui, “Teremos sempre Paris” aponta diretamente ao futuro e tem impressa a marca da esperança deixada por muitos atletas em Tóquio.

Agora que os Jogos de 2020/2021 já passaram a fazer parte da história olímpica e do cerco global imposto pela covid-19, Paris 2024 começa a entrar em cena. Em Portugal, a primeira a dar o mote terá sido judoca Telma Monteiro. Afastada ao segundo combate, foi clara na mensagem final: “Não sei o que vai ser o futuro, mas se eu quiser ir a Paris, eu vou”. Ainda no judo, Jorge Fonseca, medalha de bronze –100 kg, deixou uma promessa de mais e melhor no ar: “Garanto que vou dançar pimba em Paris, lá na terra dos franceses. E vou organizar uma festa no Marquês". Patrícia Mamona, após o triplo salto de bronze, com direito a recorde nacional, também falou da hipótese de chegar ao ouro em Paris. E o canoísta Fernando Pimenta, depois das medalhas de prata em Londres (2012) e de bronze em Tóquio, apontou diretamente ao ouro em França. Já Pedro Pichardo, que deu ouro a Portugal no triplo salto, promete bater o recorde mundial ainda antes de chegar a Paris para defender o título.

Para já, acredite ou não que o desporto de alta competição pode ser uma obra de arte, vale a pena recordar aqui, na Tribuna, histórias e imagens olímpicas . Vale a pena celebrar o ouro, a prata e os dois bronzes de Tóquio 2020, até porque esta é a melhor participação portuguesa de sempre em Jogos Olímpicos, sem esquecer que para lá da contabilidade de recordes e de medalhas estes jogos foram certamente estranhos, mas também foram os melhores jogos de sempre no que respeita à inclusão, como sublinha o Martim Silva. Vale a pena não esquecer que Portugal é o quinto país da UE com menos medalhas olímpicas e tentar perceber o que falta para chegarmos mais longesem perder de vista estas contas da TSF : Quatro medalhas em 10 milhões de habitantes representam melhor rácio que as 113 medalhas norte-americanas ou as 88 chinesas. Vale a pena acreditar: “Teremos sempre Paris”.

Do Japão para Portugal, do adeus a Tóquio aqui deixado pela minha colega Lídia Paralta Gomes, para o futebol, temos os adeptos a celebrar o regresso aos estádios, apesar da dose de público nas bancadas estar racionada a 33% no arranque do campeonato.

Entre os que vibram com o futebol e os que criticam a forma como o desporto rei ofusca outras modalidade, eu prefiro acreditar na liberdade de cada um ver o seu próprio jogo, dentro e fora de campo.

Vamos analisar pontos fortes e fracos do Benfica, Porto e Sporting, os candidatos de sempre ao título, a que juntamos a renovada promessa do Braga vir a intrometer-se entre os grandes? Vamos avançar prognósticos para o título, a partir do quadro de resultados da primeira jornada em que os 4 venceram? Ou optamos por driblar a corrente, distribuímos os 18 clubes da primeira divisão pelo mapa nacional, vemos que metade (Braga, Vítória de Guimarães, Porto, Famalicão, Vizela, Paços de Ferreira, Gil Vicente, Moreirense e Porto) está concentrada nos distritos do Porto e de Braga e, se juntarmos a este grupo o Tondela e o Arouca, 11 (61%) estão acima de Coimbra?

Depois de um defeso dominado pelas sequelas da festa do título do Sporting e pela detenção de Luís Filipe Vieira, é fácil perceber que faltaram as notícias do costume sobre transferências milionárias. Temos o Barcelona forçado a assumir não ter dinheiro para pagar a Messi , que chora na hora da despedida, enquanto Cristiano Ronaldo continua à procura de uma alternativa à Juventus. A conclusão é óbvia: a pandemia infetou a sério o mercado do futebol, tal como infetou as nossas vidas e a economia.

Entretanto, na estrada, está já a 82ª edição da Volta a Portugal em bicicleta. Talvez ainda não tenha dado conta, mas no domingo, a prova cumpriu a sua quarta jornada.

Outras notícias

Covid-19 As notícias sobre a pandemia continuam a multiplicar-se. Há surtos em lares, com destaque para Almodovar e Proença a Nova onde já foram registadas duas mortes. No que respeita à saúde mental, os pedidos de ajuda ao INEM aumentaram 24%. Mais de metade da guarnição do navio patrulha Douro, em missão na Madeira, está infetada. Marcelo Rebelo de Sousa apela à vacinação dos jovens. Um estudo revela a quebra abrupta dos anticorpos 3 meses após a segunda dose da vacina e deixa mais perto a hipótese da terceira dose. André Ventura fica em isolamento depois de ter testado positivo. Fátima prepara mais uma peregrinação dos emigrantes com acesso limitado. Israel recua e impõe novas restrições para travar a variante Delta. Para refletir mais a fundo sobre o tema vale a pena ler este texto sobre a possibilidade da vacinação contra a covid-19 vir a ser obrigatória, enquanto a apresentação de certificado digital covid para garantir acesso a muitos espaços motiva manifestações de protesto em França, Itália e Alemanha.

Operação Marquês Ricardo Salgado pede o desbloqueio das cauções dos casos Monte Branco e BES.

Vandalismo Padrão dos Descobrimentos é a mais recente vítima entre os monumentos nacionais

Impostos A receita do IMI cai pela primeira vez em cinco anos (1,6%) e o Jornal de Negócios explica porquê. No Público, o destaque vai para a derrota judicial do fisco, obrigado a manter desconto de 75% no ISV de híbridos importados.

Consumo Comprar eletrodomésticos seminovos ou recondicionados é uma boa opção? O Minuto do Consumidor ajuda-o a encontrar a resposta.

Floresta Um terço já tem câmaras de videovigilância. O sistema, diz o JN, filmou incendiários e permitiu travar mais de 200 fogos desde o ano passado.

Clima Há chuvas torrenciais no Sudão. O incêndio Dixie é o segundo maior de sempre na Califórnia. A Grécia e a Turquia continuam debaixo de fogo. As últimas semanas têm sido pródigas em fenómenos meteorológicos extremos, e a discussão sobre as alterações climáticas é mais atual do que nunca, como explica o Virgílio Azevedo neste artigo. A ONU deixa um alerta ao Mediterrâneo: teremos ondas de calor, secas e incêndios ainda piores.

Afeganistão Os tablibãs avançam, o país volta a estar no centro do debate geopolítico internacional e o seu futuro mereceu a atenção do podcast The Diplomate .

Bielorrussia Da vitória de Lukashenko à viúva de Taraikovsky, à espera de justiça, a Euronews faz a história de um ano de protestos no país.

Espanha Em dezembro de 2020, os herdeiros de Franco tiveram de entregar o Pazo de Meirás, na Galiza, ao Estado Espanhol, depois de um tribunal considerar forçada a doação, em 1838, do palácio construído pela escritora Emília Pardo Bazá. Agora, o El País fez uma visita guiada à antiga residência de verão de Francisco Franco e reflete sobre o apego dos ditadores a uma estética arquitetónica subordinada à rigidez do “quanto maior melhor”. É um artigo de acesso condicionado, mas que vale a pena ler.

Frases

Se a DGS mudar para agradar ao Governo, ao PR, à task-force. Isso era matar toda a sua credibilidade

Marques Mendes, no comentário de domingo da SIC, sobre a vacinação de crianças e jovens entre os 12 e os 15 anos

A zona onde querem montar as lavarias e a deposição de areias fica a 30 ou 40 metros de minha casa

Álvaro Frutuso, morador da Borralha, citado pela TSF na contestação à exploração das minas de Volfrâmio em Montalegre e Boticas

Nenhum atleta está acima de Portugal

José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico Português, sobre o episódio em que Nelson Évora, na final do triplo salto, deu indicações a Hugues Fabrice Zango, adversário de Pedro Pichardo

Ontem estava a 1m35s (do camisola amarela). Hoje estou a 25 segundos. Basta um dia mau para alterar tudo

Frederico Figueiredo, em declarações à RTP depois de vencer a 4ª etapa da volta

O que eu ando a ler

“Algo vai mal no reino na Dinamarca”, escreveu William Shakespeare em Hamlet, no fim do século XVI. E algo continua mal no reino da Dinamarca dois séculos depois, penso enquanto leio “A Visita do Médico Real”, de Per Olov Enquist (1934 – 2020), da editora portuense Ahab. Pouco conhecido em Portugal, apesar de ser um dos escritores suecos mais traduzidos, Enquist conduz-nos diretamente à corte de Christian VII da Dinamarca, para um retrato de época muito especial.

É romance. É história. É reportagem. O tema? O iluminismo, a corte da Dinamarca, o poder e todos os poderes por trás do poder oficial. Temos o jovem rei Christian VII, meio louco, “que achava que a corte era um teatro, que ele tinha de aprender as suas deixas e que seria castigado se não as soubesse de cor”, a rainha Caroline Mathilde, irmã de George III de Inglaterra, Struensee, o médico visionário, conselheiro do rei, amante da rainha, a Europa do século XVII, Voltaire, Diderot e muito mais. Afinal, “o modelo escandinavo de Estado social tem aí as suas raízes”, disse o autor nesta entrevista ao Ípsilon.

Quanto ao livro, o excerto escolhido é apenas uma pequena amostra da teia complexa criada por Enquist através da fusão de filosofia, insanidade, adultério, poder, traição, sangue real... em doses precisas: “O indivíduo que supostamente devia ser quebrado por intermédio da educação e da subjugação espiritual, com o auxílio de um chicote, de modo a roubar-se-lhe toda a independência, era o monarca absoluto da Dinamarca, escolhido por Deus.

Suficientemente destroçado, subjugado e com a vontade política estilhaçada, seria então concedido ao monarca todo o poder, apenas para que ele o abandonasse nas mãos daqueles que o tinham educado”.

Para as longas noites de verão do Porto, tenho em agenda três visitas noturnas rodeadas de luz, aos Clérigos, a Serralves e ao Jardim Botânico .

Mas também guardo e partilho três sugestões do André Manuel Correia, meu colega na Delegação Norte do Expresso:

“Um dos regressos mais aguardados no mundo da música: Billie Eilish está de volta com o novo álbum “Happier Than Ever”. O processo de feitura de um segundo disco, por norma, é sempre um parto complicado. Com apenas 19 anos, a jovem, expoente máximo do bedroom pop, tinha sobre si o peso da expectativa gerada com o enorme sucesso obtido com o álbum de estreia “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”. O que deve fazer um artista depois disso? Replicar a fórmula que lhe valeu seis Grammys ou arriscar uma reinvenção criativa para abrir novos horizontes e fugir das comparações com os êxitos do passado?

“Happier Than Ever” não é uma coisa nem outra. É um álbum de variedades com 16 temas, onde cabe de tudo um pouco, até mesmo bossa nova. Talvez não seja um álbum cheio de canções orelhudas, mas há nele músicas como “Getting Older”, “my future”, “Halley’s Comet”, “Your Power” e a power ballad “Happier Than Ever” que agarram imediatamente o ouvinte. A cereja no topo do bolo chega no final, com “Male Fantasy”, onde num registo acústico sobressai o delicado timbre de Billie Eilish. Se ainda não ouviu, não perca mais tempo, este será um dos álbuns mais marcantes de 2021.

“A Invenção do Passado”, do autor afegão radicado nos Estados Unidos Tamim Ansary, descreve, num tom coloquial e bastante acessível, o processo de construção das grandes civilizações e impérios da Antiguidade. É um livro a não perder, sobre o qual pode saber mais nesta crítica do Expresso.

Se é daqueles que perde horas a decidir o que ver na Netflix, então avance sem medo para a série documental “Como Ser um Tirano”, um autêntico manual para um aspirante a ditador que, ao longo de seis episódios, mostra como Hitler conquistou o poder, como Saddam Hussein destruiu os rivais políticos, como Estaline controlava a verdade ou como a dinastia Kim encontrou na Coreia do Norte a fórmula para conseguir governar para sempre”.

Antes da despedida, deixo mais uma proposta: como faz hoje anos que morreu o compositor norte-americano David Raksin (1912 – 2004), autor de Laura, tema principal do filme do mesmo nome de Otto Preminger (1944), convido-o a procurar uma das muitas versões desta música. Eu escolhi a voz de Ella Fitzgerald, disponível no Youtube.

Este Expresso Curto fica por aqui. Continue na nossa companhia no Expressona Sic, na Tribuna e na Blitz. Boas leituras.

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