domingo, 29 de agosto de 2021

Ataques terroristas em Cabul suspeitosamente na hora ...

Ataques terroristas em Cabul suspeitosamente na hora ... Quem ganha?

# Publicado em português do Brasil

Finian Cunningham* | Strategic Culture Foundation

Poderia uma atrocidade ter sido organizada por alguns dos homens de Baradar a pedido da CIA?

Três dias antes da carnificina sangrenta no aeroporto de Cabul, o diretor da CIA William Burns teve uma reunião secreta com um importante comandante do Taleban na capital afegã. Esse é apenas um dos vários eventos suspeitos nesta semana na contagem regressiva para a dramática evacuação dos Estados Unidos.

Pelo menos 13 soldados americanos que guardavam a entrada do aeroporto de Cabul foram mortos em um aparente ataque suicida à bomba. Dezenas de afegãos que esperavam na fila para serem evacuados por aviões de carga militares também foram mortos. Uma segunda explosão atingiu um hotel próximo, usado por oficiais britânicos para processar documentos de imigração.

Não foram as principais fileiras do Taleban que cometeram as atrocidades. O grupo militante que assumiu o poder em 15 de agosto após assumir Cabul cercou a capital com postos de controle. As explosões ocorreram em distritos de aeroportos sob o controle dos militares americanos e britânicos.

Talibã forma governo e consolida poder de modo constante


# Publicado em português do Brasil

O Taleban está finalmente começando a consolidar o poder no Afeganistão

O grupo está nomeando ministros do governo enquanto tenta formar um aparato funcional. A primeira nomeação foi uma zombaria aberta aos Estados Unidos - o mulá Abdul Qayyum Zakir como ministro da Defesa.

Zakir foi um ex-prisioneiro da Baía de Guantánamo entre 2001 e 2007. Ele foi vice do comandante-chefe do Taleban, Mullah Yaqoob, e foi um dos primeiros comandantes do Taleban a entrar em Cabul, após a retirada dos EUA.

O Talibã também nomeou um ministro das Finanças, Gul Agha Sherzai. Anteriormente, ele atuou como Ministro de Fronteiras e Assuntos Tribais do Afeganistão.

Fora isso, Ibrahim Sadr deveria se tornar Ministro do Interior em exercício. Mullah Shirin deve se tornar o governador da província de Cabul, e Hamdullah Nomani servirá como prefeito da capital.

O chefe da inteligência também foi nomeado, mas seu nome foi mantido em segredo.

A força da Primavera Grega – e o que faltou

# Publicado em português do Brasil

Há dez anos, rebelião popular abalou políticas de “austeridade” da Europa – e desembocou num grande não ao neoliberalismo. Mas, por não criar alternativas, movimento foi engolido pelas forças conservadoras. O que isso ensina ao Brasil

Stathis Kouvelakis, na Jacobin | em Outras Palavras | Tradução: Vitor Costa

Há dez anos, a Grécia foi tomada por ocupações de espaços públicos que expressavam oposição em massa às políticas de austeridade da União Europeia. A força do movimento residia em sua capacidade de reunir os gregos de fora da esquerda organizada -- mas acabou sendo derrotado por sua falta de alternativa política clara.

A “primavera quente” grega de 2011 foi o clímax da onda de insurgência popular que se espalhou por grande parte do mundo naquele ano. Essa onda havia começado na costa sul do Mediterrâneo com a revolução tunisiana e o levante da Praça Tahrir, no Egito; depois se espalhou para a Espanha com os Indignados e, em seguida, passou da Grécia para os Estados Unidos com o Occupy, antes de retornar ao Mediterrâneo com a ocupação do Parque Gezi de Istambul.

Parte dessa revolta internacional, as ocupações que envolveram centenas de milhares de gregos também podem se situar dentro de um ciclo interno de mobilizações que já havia abalado o país em maio de 2010, quando o parlamento aprovou o primeiro acordo com os credores europeus de Atenas. Essa onda de agitação continuaria, de várias formas, até o verão de 2015, mesmo após o fim das ocupações de espaços públicos.

Embora haja muitas diferenças entre os levantes, o movimento grego também compartilhou muitas características com movimentos parecidos no exterior, especialmente no Mediterrâneo. Todos possuíam um caráter de massa impressionante; uma composição social que atravessava diversas classes, com universitários tendo um peso especial; tinham apoio popular da maioria; e possuíam um amplo repertório de ações, sobretudo a ocupação do espaço público.

São notáveis também as semelhanças mais subjetivas desses movimentos. Rompendo estruturas organizacionais estabelecidas e clivagens políticas, eles enfatizavam fortemente a auto-organização e as demandas socioeconômicas combinadas com a busca por formas de democracia direta ou participativa. Dada a presença das bandeiras nacionais e sua distância das referências simbólicas e históricas da esquerda, elas exibiam também um forte caráter “nacional”. Mas eles também reinventaram uma forma de internacionalismo, ao apontar para práticas compartilhadas de solidariedade e uma circulação transnacional de símbolos, slogans e modos de ação.

A partir da experiência grega, podemos tirar algumas conclusões mais gerais sobre o paradoxo desses movimentos: a saber, a divergência entre sua dimensão insurrecional de massa e seu impacto político limitado. Dizendo de forma mais simples, esses movimentos foram incapazes de proporcionar avanços duradouros semelhantes aos objetivos que estabeleceram.

O que está acontecendo na Alemanha?

# Publicado em português do Brasil

Sonjavan den Ende* | OneWorld

Essas palavras sábias foram ditas por Hannah Arendt. Ela foi uma filósofa judia alemã-americana e pensadora política que fugiu da Alemanha por causa do nacional-socialismo e da perseguição aos judeus. Em particular, ela mergulhou em sistemas políticos totalitários.

Ela ainda conseguiu fugir da Alemanha, foi sábia e inteligente quando viu que as coisas iam dar errado. Hoje em dia, é difícil fugir da nova ordem mundial totalitária, que parece estar ganhando espaço em todos os lugares, exceto em algumas nações "teimosas". As pessoas estão nas ruas todos os fins de semana na França, Reino Unido, Alemanha e Holanda. Estes são os países que também são os membros mais antigos da União Europeia, mas agora são incontroláveis ​​e tomados por tecnocratas que perderam de vista a vida "normal" e não conseguem ver que nem todos podem ser médicos, professores ou em tudo para estudar na universidade. Esses tecnocratas empurram sua agenda 2030 com toda a violência (psicologicamente) que vemos na mídia e podem ser chamados de propaganda. Sem levar em conta a diversidade da sociedade, e não estou falando de LGBTH, mas dos trabalhadores, os socialmente fracos, os não dotados, essas pessoas são as que mais sofrem, perderam ou vão perder seus empregos e meios de subsistência e certamente haverá sem dinheiro para garantir, ou uma renda básica para todos. A revolução digital ou industrial 4.0 deve ser implementada custe o que custar o dinheiro e a vida!

Alemanha

A Alemanha é um país único na história, infelizmente não de forma positiva. Eles foram os instigadores de duas guerras mundiais. Uma sociedade militar histórica, destruída após a Segunda Guerra Mundial. Mas nem tudo foi e foi destruído. A indústria não foi destruída e o programa nuclear foi desenvolvido nos Estados Unidos, com cientistas alemães que trabalharam sob o regime NAZI. Basta pensar em Werner von Braun, mais tarde chefe do instituto espacial americano da NASA. Ele e outros NAZIS de alto escalão foram trazidos em segurança devido à operação Paperclip. Além disso, Klaus Schwab, chefe do Fórum Econômico Mundial, tem raízes NAZI, pois escrevi um longo artigo sobre ele e sua instituição. Também esteve envolvido no desenvolvimento de armas nucleares na África do Sul, durante o regime do Apartheid. Ele ainda tem a “velha” mentalidade, assim como outros políticos na Alemanha. Angela Merkel é um produto da antiga RDA, Alemanha Oriental. Há rumores de que ela era conhecida pelo codinome Erica e uma espiã de alto escalão do SED que estava envolvida no monitoramento de um dissidente conhecido, Robert Havemann. Ela também foi quem derrubou Helmut Kohl e foi indiretamente responsável pelos trágicos acontecimentos em sua família. Talvez tenha sido uma vingança pela queda da RDA e ela ainda se vinga da população alemã, pode ser o caso, não sabemos. É estranho que ela tenha escolhido fazer parte da CDU e não morrer Linke. Ela afirma que é porque seu pai estava envolvido com a igreja, mas na verdade ele era membro do SED e a igreja poderia ter sido seu disfarce. Talvez tudo tenha sido planejado para se infiltrar na CDU, que teve ao longo dos anos muitos ex-NAZIS em seu partido, principalmente na CSU, partido irmão da Baviera. O fato é que todos os cientistas de alto escalão, e Merkel era uma cientista de alto escalão, tinham que ser membros do partido político da Alemanha Oriental chamado SED. Além disso, é um fato que quase todo mundo espiava uns aos outros. Ela afirma que recusou a oferta de se tornar uma espiã, o que é altamente inacreditável.

Alemanha não merece a confiança dos afegãos

# Publicado em português do Brasil

Forças Armadas alemãs encerraram os voos de resgate em Cabul. Deixaram para trás ajudantes que, por anos, confiaram nelas. Estas pessoas estão agora à espera da misericórdia do Talibã, opina Maissun Melhem*.

Enquanto eu lia sobre as notícias sobre o último voo de resgate alemão a decolar de Cabul, me lembrei de uma anedota que um político alemão me contou em uma entrevista há dez anos. 

Durante uma estada no Afeganistão, o político iniciou uma conversa com um vendedor de tapetes. Enquanto olhava os artigos expostos, ele se apaixonou por um determinado tapete que custava centenas de euros. Mas, como não tinha dinheiro suficiente no bolso, pediu ao vendedor que reservasse o tapete até que ele retornasse com a quantia correspondente. Mas o vendedor respondeu: "Leva o tapete e volta assim que tiver o dinheiro. Eu confio em você". O político cumpriu sua promessa e não enganou o vendedor de tapetes.

Por que a Alemanha não agiu desta maneira no Afeganistão? As Forças Armadas alemãs deixaram o país de forma irrevogável, mas milhares de afegãos desesperados foram deixados para trás, com medo mortal.

Ultradireita alemã: pequena nas urnas, grande nas redes sociais

# Publicado em português do Brasil

Mesmo estagnada em intenções de voto no mundo "offline", AfD monopoliza engajamentos nas redes sociais, enquanto siglas tradicionais patinam na área. Seu trunfo: declarações ultrajantes e incentivos do algoritmo Facebook

Clique, curta e compartilha: as redes sociais são a espinha dorsal da estratégia de campanha do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) desde 2013. E o alcance da legenda nessa área só aumentou desde então.

Nas redes alemãs, a política parece existir de forma invertida: partidos de massa no mundo "offline" como a União Democrata-Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, são nanicos. Já a AfD, que não participa de nenhum governo estadual e cuja bancada no Parlamento não tem poder para frear iniciativas governamentais, mantém uma influência desproporcional nas redes. 

Em 2021, a apenas um mês das eleições federais de setembro, que vão decidir a sucessão de Merkel, a AfD aparece empacada com entre 10% e 11% das intenções de voto - percentual similar ao que o partido conquistou no pleito de 2017.

Mas quem olhar para plataformas como Facebook, Instagram e YouTube pode ter a impressão que o partido é muito maior.

O tamanho da AfD nas redes

Analisando as estatísticas de perfis nas redes sociais de figuras da classe política alemã entre 12 e 15 de agosto, nota-se que Alice Weidel, vice-presidente do partido e colíder da bancada da AfD no Parlamento, de longe a política alemã com mais interações online.

Mesmo que ela não tenha, de acordo com pesquisas, chance de se tornar a próxima chanceler, os vídeos de Weidel foram vistos 4,9 milhões de vezes nesse período de quatro dias. O número de comentários, curtidas e compartilhamentos superam qualquer coisa publicada por outros políticos. Tal engajamento nas redes é precioso no mundo das redes, já que implica que os usuários se identificam tanto com o conteúdo a ponto de dissemina-lo ainda mais.

A AfD tem oficialmente 32 mil filiados na Alemanha. A tradicional CDU tem muito mais: 430 mil, com idade média de 59 anos, a mesma do candidato do partido à chancelaria, Armin Laschet, que espera ser o sucessor de Merkel.

Nas redes sociais, o desempenho de Laschet é pífia em comparação a Weidel, de 42 anos. Seu burocrático slogan de campanha "A proteção inteligente do clima é uma tarefa transversal" só mobilizou alguns poucos usuários, acumulando não mais do que algumas centenas de likes, compartilhamentos e comentários (muitas vezes com tom negativo) no Twitter e Facebook. No período entre 12 e 15 de agosto, os vídeos de Laschet acumularam apenas 320 mil visualizações.

Chega "esconde" propósitos fascistas do seu programa

Chega "eclipsa" destruição da escola pública e do SNS do seu programa

Quase dois anos depois de Ventura ter anunciado a "clarificação inversa" do programa do partido surge um novo, muito reduzido e sem propostas radicais de destruição do Estado social. Agora saúde e educação até devem ser "universais e gratuitas".

"Adequação do programa político aos desafios do crescimento" do Chega e "respetiva expressão nacional."

É assim que se justifica a alteração que no novo programa, aprovado a 2 e 3 de julho pelo conselho nacional do partido, "limpa" propostas constantes no de 2019 (que o DN descarregou do site do partido em devido tempo) como a da extinção do ministério da Educação e da escola pública, assim como a redução do Serviço Nacional de Saúde a atendimento de miseráveis, que constavam no programa político do Chega em 2019, e que correspondiam ao fim do Estado social - este desaparecia das funções estatais, reduzidas às intituladas "de soberania".

Outra coisa que se eclipsou totalmente é o hino à "liberdade contratual" inserto no programa de 2019: "Cada um deve ser livre de contratar o que quiser, com quem quiser e da forma que quiser. Esta é uma condição essencial da liberdade, no sentido da possibilidade de cada um dispor de si próprio - e de tudo o que é seu - como muito bem entender." Hino que, levado à letra, se traduziria, desde logo, na abolição total do Código de Trabalho e de quaisquer limitações em termos de arrendamento. A recusa dessas limitações estava de resto explicitada no extensíssimo programa de 2019 - já lá iremos.

No muito mais curto de 2021, entre as funções que o partido reconhece como pertencerem ao Estado, surgem agora afinal as "sociais", que considera assumirem "particular relevo nos setores do Ensino, Saúde e Segurança Social". São essas "funções sociais", prossegue, que se encontram na base de um modelo de Ensino e de Saúde universais e gratuitos, ambos assentes, contudo, numa saudável e livre concorrência entre Público e Privado, como acontece na generalidade dos países europeus."

Em 2019, recorde-se, postulava que "no essencial as funções sociais, no modelo do Estado Social, devem tender para um estatuto de mera residualidade", sendo "apenas assumidas quando a sociedade civil não manifestar interesse na sua prestação."

Mais: o Estado estava mesmo, na visão de 2019 do Chega, ontologicamente interditado de intervir nessa área: "Outorgando ou retirando incentivos ou subsídios, apoios ou benefícios (fiscais ou de qualquer outra ordem), ou oferecendo, gratuitamente, bens ou serviços existentes no mercado, o Estado está a comprometer, de forma irremediável a sua função arbitral, razão exata da sua existência." Assim, estabelecia que "o Estado não deverá, idealmente, interferir como prestador de bens e serviços no Mercado da Saúde mas ser apenas um árbitro imparcial e competente, um regulador que esteja plenamente consciente da delicadeza, complexidade e sensibilidade deste Mercado." O mesmo valia para "as vias de comunicação ou meios de transporte".

Portugal | Trabalho digno e os jovens

Carvalho Da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Na introdução à "Agenda do Trabalho Digno e Valorização dos Jovens no Mercado de Trabalho", o Governo explicita que "a pandemia reforçou a importância de aprofundar uma estratégia de política pública orientada para a promoção do trabalho digno, em particular para grupos como os jovens, desde logo para que o momento de recuperação económica possa ocorrer num quadro de maior sustentabilidade e qualidade do emprego".

Com efeito, a pandemia expôs a fragilidade de muitas relações e vínculos de trabalho, a violência das precariedades e as injustiças a elas associadas, que tanto sacrificam os jovens, e trouxe novos desafios à economia.

O "momento de recuperação económica" é tempo de articular a melhoria do perfil da economia com transformações qualitativas no emprego, na legislação do trabalho, no reforço da proteção social. O primeiro desafio devia ser o ataque ao círculo vicioso: baixos salários, vínculos precários, baixas qualificações. Todavia, a Agenda proposta pelo Governo passa-lhe ao lado, opta por um programa de medidas avulsas para mitigar alguns efeitos das precariedades e introduzir pequenos ajustes - nem todos positivos - em regimes de contratação e formas de prestação do trabalho que se foram enraizando no limite da lei ou à margem dela.

Costa pede vitória autárquica e quer dar "dignidade" aos jovens

O primeiro-ministro desafiou os portugueses a darem "uma grande vitória autárquica" ao PS. No encerramento do congresso socialista, António Costa centrou-se nas condições de vida dos jovens, a quem prometeu "dignidade no trabalho" e mais políticas de habitação.

"É fundamental que as empresas compreendam que esta geração, por ser a mais qualificada, tem direito a ser mais exigente nas condições de trabalho", afirmou Costa, em Portimão. Só assim, argumentou, o tecido empresarial português poderá melhorar a "produtividade".

O chefe do Governo defendeu que a forma de dar "continuidade" ao investimento feito desde há 25 anos na educação é conferir mais "autonomia" à geração que beneficiou dessas políticas e que agora se torna adulta. Nesse sentido, comprometeu-se a melhorar o acesso dos jovens a "habitação e trabalho dignos".

Costa revelou que o Executivo irá propor, na Assembleia da República, que quem trabalha para as plataformas de entrega de alimentos ou bens passe a ter direito a um contrato de trabalho. "Quem trabalha para as plataformas digitais não é empresário em nome individual", afirmou. Também as empresas de trabalho temporário serão mais escrutinadas.

Porto contente põe Moreira à frente. PS, PSD, e outros é 'Flop'

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

Rui Moreira com 47 pontos de vantagem sobre PS e PSD no Porto

Independente teria 59% nas eleições para a Câmara, de acordo com sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Tiago Barbosa Ribeiro (PS) e Vladimiro Feliz (PSD) empatados com 12%. Seguem-se Ilda Figueiredo, da CDU (6%) e Sérgio Aires, do BE (4%).

Se as eleições autárquicas fossem neste mês de agosto, Rui Moreira seria o vencedor incontestado no Porto. De acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, o independente seria reeleito com 59%, cinco vezes mais do que o resultado projetado para o socialista Tiago Barbosa Ribeiro e para o social-democrata Vladimiro Feliz, ambos com 12%. Seguem-se Ilda Figueiredo, da CDU (6%), Sérgio Aires, do BE (4%), Bebiana Cunha, do PAN (2%), e António Fonseca, do Chega (1%). Há mais quatro candidatos a presidente da Câmara, mas nenhum deles consegue mais do que escassas décimas.

São 47 pontos percentuais de diferença entre o primeiro e os dois segundos. Valores que não têm precedentes, nem em eleições na cidade, nem em sondagens pré-eleitorais. Não são, no entanto, resultados inéditos para os partidos do chamado "Bloco Central": há quatro anos, o PSD estava ainda pior e ficou-se pelos 10,4%. O que pode mudar em 2021 é que teria a companhia do PS (que em 2017 obteve 28,5%).

O resultado é desproporcional, mas há vários dados que ajudam a explicar as diferenças. Um deles é o facto de os dois maiores partidos terem escolhido figuras secundárias para cabeças de lista. Com a agravante, no caso dos socialistas, de ter sido um candidato tardio e de recurso (o secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, foi o primeiro, mas desistiu um dia depois do anúncio). Como mostrámos na primeira parte da sondagem sobre o Porto, 33% dos portuenses não conhecem Vladimiro Feliz, e 40% não conhecem Tiago Barbosa Ribeiro. No trabalho que publicamos hoje, verifica-se que 88% dos portuenses não são capazes de associar o social-democrata a qualquer medida ou política, enquanto no caso do socialista são 90%.

Lisboa por Medina, Moedas menos, Graciano Chega quase zero

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

Fernando Medina tem potencial de voto de 67%. Nuno Graciano lidera taxa de rejeição

De acordo com a sondagem da Aximage para a TSF, JN e DN, Fernado Medina consegue um potencial de voto de 67%, mais 20% do que Carlos Moedas. 77% dos inquiridos afirmam que nunca votariam em Nuno Graciano, do Chega.

O candidato do Partido Socialista e atual presidente da autarquia, Fernando Medina, tem um potencial de voto de 67%. Somando os lisboetas com a certeza do voto e os que "poderiam" votar num determinado candidato, segue-se Carlos Moedas, da coligação Novos Tempos (que reúne PSDCDSPPMMPT e Aliança), com potencial de voto de 47%; João Ferreira da CDU tem a "simpatia" de 35% dos inquiridos; Beatriz Gomes Dias, candidata pelo Bloco de Esquerda, consegue 28 %, seguida de Bruno Horta Soares, da Iniciativa Liberal e Manuela Gonzaga do PAN, ambos com potencial de voto de 21% e em último lugar surge o candidato do CHEGANuno Graciano, com 14 %.

Entre os inquiridos que já decidiram em quem votar, com 25% Fernando Medina está 14 pontos à frente de Carlos Moedas (11%), segue-se CDU (4%), BE (3%), Chega (2%), IL (2%) e PAN (2%).

Médicos & monstros


Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opiniãp

O pneumologista e influencer sanitário, Filipe Froes recebeu milhares de farmacêuticas enquanto andou, simultaneamente, a recomendar o uso dos produtos dessas mesmas empresas. Foi o antigo jornalista Pedro Almeida Vieira que, prestando um verdadeiro serviço público, investigou e denunciou este caso (e vários outros) nas redes sociais, revelando quer a actual debilidade de muito jornalismo quer o viço de outros meios (que por isso também são tão atacados).

Certo é que Filipe Froes é só mais um flop, um flip flac desta narrativa da covid pejada de conflitos de interesses, incompatibilidades e opacidades (basta lembrar a inadmissível ocultação dos contratos das farmacêuticas com a União Europeia - pagos pelos contribuintes). Além do Dr. Frosques, desfilam por aí muitos Simas e Mexias que desprezam a destrinça entre pronunciamento público e publicitário. É triste e sintomático do tipo de sociedade em que nos encontramos que não tenham sido os próprios a assumir as suas ligações partidárias, os seus patrocínios. Ou seja, o Governo e a comunicação social promoveram estas figuras como especialistas, como independentes, imparciais, neutros, puros cientistas (como se isso fosse sequer possível), quando, na verdade, muitos não passam de assalariados, peões, lobistas, vendilhões do medo e duas pílulas, ou até mesmo lacaios de outras grandes forças. Ou seja, recebendo financiamentos privados, jamais podem representar o bem público, o tal bem comum, e tão-pouco emitir opiniões isentas. Ou se defende um interesse particular ou se defende o interesse de todos. Sucede que num país como Portugal, com tão pouca cultura de transparência e prestação de contas, com tantas fragilidades económicas, ainda para mais altamente pressionado para o tal unanimismo sobre a covid, a lisura e a honestidade estão moribundas. Estas personagens ora acham-se a salvo de escrutínio, impunes, ora estão deslumbradas pelo vil metal e pela sede de protagonismo. Até se admite que cientistas recebam apoios das farmacêuticas e claro que qualquer profissional de saúde ou influencer sanitário pode ter simpatia ou militância partidária. O que Dr. Jekyll & Mr Hyde não podem fazer é escondê-la e apresentarem-se publicamente como virginais, imaculados, verdadeiros eunucos da medicina. Sucede que, como é notório no caso Froes, a ética morreu. RIP. Por isso, depois de receber quantias avultadas de empresas e dar a opinião nos media favorecendo essas mesmas empresas, em vez de pedir desculpas e ter suspendido a sua participação em organismos públicos (como a Comissão Técnica Nacional de Vacinação), o pneumologista veio dizer que está tudo ok porque recebeu esse dinheiro legalmente, desdenhando na rectidão e na moral, ou como se a opinião pública agora não interpretasse as suas posturas de outra forma. Demita-se!

Por fim, lembre-se que Froes recebeu também da farmacêutica do Remdisivir e andou meses nas televisões a elogiá-lo, contribuindo para que se firmasse o respectivo contrato público de 20 milhões. Ou seja, estamos perante uma densa teia de interesses e hoje pode afirmar-se que muitas posições públicas e movimentações desde março de 2020 em nada estiveram relacionadas com a saúde pública. Até que ponto?

*Psicóloga clínica. Escreve de acordo com a antiga ortografia.

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