quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Mário Tomé critica estender de mão do BE ao PS para acordos e pede balanço sério

PORTUGAL

Para Mário Tomé, esta derrota "muito pesada" do Bloco de Esquerda não pode significar continuar na mesma linha, exigindo uma "mudança efetiva" na linha política que está a ser seguida.

O histórico da UDP Mário Tomé criticou na terça-feira a estratégia do BE nas legislativas de "estender a mão ao PS para fazer acordos" em vez de se apresentar como alternativa, defendendo um "balanço sério" sobre esta pesada derrota.

O antigo deputado da UDP Mário Tomé é, desde a última Convenção Nacional do BE, membro da Mesa Nacional, órgão máximo do partido entre convenções, tendo sido eleito pela lista do movimento Convergência, críticos da direção de Catarina Martins.

Em declarações à Lusa sobre o resultado eleitoral do BE nas legislativas de domingo -- o pior em 20 anos, com a perda de metade dos votos e a eleição de apenas de cinco dos 19 deputados -- Mário Tomé defendeu que esta derrota "muito pesada" não pode significar continuar na mesma linha, exigindo uma "mudança efetiva" na linha política que está a ser seguida.

"O programa eleitoral do Bloco, quer em 2019 quer agora, é um bom programa eleitoral, só que foi depois metido debaixo do estender da mão ao PS para fazer acordos e o que é que ficou para as pessoas? O Bloco chumbou o orçamento e agora quer o acordo", criticou.

Na opinião do histórico da UDP, "o chumbo do orçamento era absolutamente necessário" - uma vez que o documento proposto pelo PS "não respondia às questões essenciais" -- lamentando, no entanto, que não tenha havido preparação para isso.

"O Bloco devia ter afirmado o seu programa em oposição ao PS e não acenar ao PS com 'vamos fazer um acordo'", defendeu.

"O Bloco devia apresentar-se como alternativa, como oposição a um Governo do PS"

Para o antigo deputado da UDP, esta estratégia "não permitiu afirmar as posições do Bloco", tendo mostrado um partido "absolutamente determinado" em continuar na situação de "pseudo, eventual ou presumível parceiro do PS na governação".

"E isso retirou tudo aquilo que eram as características fundamentais do Bloco e de como ele nasceu, que é ser uma alternativa da esquerda em Portugal. O Bloco devia apresentar-se como alternativa, como oposição a um Governo do PS", reiterou.

Para Mário Tomé é preciso "fazer um balanço político sério" dentro do partido.

"O Bloco anda a perder eleições há três anos e tem que fazer um balanço político sério, indo às raízes, que é aquilo que não tem feito nas várias derrotas, nas legislativas de 2019, presidenciais e autárquicas", afirmou.

Insistindo que "o Bloco tem que regressar às origens, criar um novo élan e apresentar-se de novo como uma alternativa", o dirigente bloquista aponta a um balanço que "tem que ser coletivo", começando já na reunião de sábado da Mesa Nacional, que será precisamente para fazer a análise dos resultados eleitorais.

Sobre as condições para Catarina Martins continuar como líder do BE, Mário Tomé respondeu que esta "não é uma questão de pessoas".

"Não há nenhum líder político do ponto de vista de conhecimento dos dossiês que esteja à altura da Catarina. Isso vê-se nos próprios debates, ela ganhou os debates todos. O problema não é esse", elogiou.

Para o histórico da UDP, "as razões disto estão na linha da direção", não na pessoa da coordenadora, que é "corresponsável" enquanto membro dessa mesma direção.

"Quero esperar pelo balanço e será coletivamente que se vai decidir isso. Eu não vou dar palpites sobre essa questão", remeteu.

Na terça-feira, à saída da audiência com o Presidente da República, Catarina Martins garantiu que cumprirá "por inteiro" o seu mandato à frente do partido, respondendo aos "caçadores de cabeças" que os bloquistas não decidem a sua direção de acordo com resultados eleitorais.

Imagem: Mário Tomé é, desde a última Convenção Nacional do BE, membro da Mesa Nacional, órgão máximo do partido entre convenções © Rui Miguel Pedrosa / Global Imagens

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