Chefe da união denuncia que, em alguns casos, "os ciganos são agredidos fisicamente nos postos fronteiriços" e durante "os processos para conseguirem refúgio".
União do Povo Romani denunciou este domingo casos de maus-tratos e discriminação contra pessoas de etnia cigana que atravessam as fronteiras da Ucrânia em fuga da invasão russa, segundo informações relatadas por organizações nos países vizinhos.
Face a esta situação, a associação saúda o facto de os ciganos se terem mobilizado, especialmente os dos países vizinhos.
E de, em Espanha, terem existido "várias organizações ciganas que puseram os seus recursos a trabalhar para chegar à fronteira polaca com a Ucrânia para entregar vestuário e alimentos e trazer" para território espanhol "as famílias que os querem acompanhar".
Em comunicado, enviado à agência EFE, o chefe da União do Povo Romani, Juan de Dios Ramírez-Heredia, expressa a sua "consternação" perante a notícia de que, em alguns casos, "os ciganos são agredidos fisicamente nos postos fronteiriços" e durante "os processos para conseguirem refúgio".
"Encontraram uma discriminação 'brutal' de ambos os lados das fronteiras", da Ucrânia e dos Estados vizinhos, relatada por grupos de direitos humanos, pode ler-se na nota de imprensa.
Informadores de organizações ligadas à comunidade de etnia cigana falam de segregação nos autocarros, esperas mais longas em filas sob as inclemências do tempo, uma maior vigilância das mães ciganas ou discriminação por parte dos guardas de fronteira.
Em contraste, Juan de Dios Ramírez-Heredia explica que existem organizações nos países limítrofes da Ucrânia que estão a fazer "um trabalho extraordinário ao acolher famílias ciganas que estão a tentar sair do inferno da guerra".
"Não devemos esquecer que a Ucrânia é um país muito grande e que faz fronteira com sete países", disse, salientando que a população cigana nestes países ultrapassa cinco milhões de pessoas.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
TSF | Lusa
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