Artur Queiroz*, Luanda
Teixeira Cândido, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas, disse que “pondo em prática a ética e deontologia profissionais, os jornalistas podem cobrir as campanhas com maior rigor e dedicação para a construção de reportagens que informem e mantenham os telespectadores, ouvintes e leitores dos vários jornais cada vez mais actualizados”.
Também diz que os profissionais devem “aprimorar cada vez mais a isenção e imparcialidade na cobertura dos partidos políticos e candidatos nas campanhas, promovidas no quadro das eleições gerais marcadas para Agosto próximo”.
Teixeira Cândido ainda não sabe, mas os critérios que suportam os conteúdos comunicacionais, não se “aprimoram”, simplesmente fazem parte do dever de cuidado que se exige a todas e todos os profissionais. Imparcialidade não tem gradações, não é mensurável, não se afina para as eleições. É critério que cada jornalista tem de respeitar sempre, em todos os momentos da sua profissão.
O secretário-geral do Sindicato
dos Jornalistas Angolanos fez estas afirmações durante uma acção de formação
sobre “Jornalismo Online e Cobertura Eleitoral”, com o apoio da Embaixada dos
Estados Unidos da América (EUA)
Onde está a deontologia de um profissional, que representa toda uma classe, quando rasteja aos pés dos agentes de um Estado que foi responsável pela morte de milhões de angolanos, pagou aos matadores, destruiu directa iou indirectamente todo o país? Montou duas pontes aéreas, em 1975, para ficarmos sem quadros superiores e médios, sem técnicos de todos sectores da vida económica e social? Até hoje, Washington não pediu perdão e desculpas ao Povo Angolano, pelos crimes que cometeu em Angola ou apoiou e financiou quem os cometeu.
A prática dos EUA mostra que amanhã podem repetir os seus crimes em Angola e apoiar criminosos que os cometam por procuração. Washington limita-se a distribuir uns punhados de dólares por leprosos morais que com a maior desfaçatez falam de ética e deontologia!
Sara Kambinga é jornalista. Diz que estava a entrevistar crianças, veio de lá a polícia e levou-a para a esquadra onde foi identificada. Publicou um texto onde ataca a Polícia Nacional e os agentes que procederam à sua detenção. Não sei o que aconteceu. Mas sei que a minha distinta colega está enganadíssima. Uma jornalista não pode entrevistar crianças. Exactamente porque são crianças. O bêbado da Valeta ainda era menor quando começou a carreira de parasita do jornalismo, o que é impossível. Não teve escola nem oficina, logo não tem ofício.
Hoje é Dia do Corpo de Deus (eu pensava que o Criador era só espírito…) e estou com alma de escuteiro. Então vou explicar à minha colega Sara Kambinga o que é uma entrevista. Os profissionais recorrem a este género jornalístico quando existe um vazio de informação sobre uma pessoa. O profissional, usando a técnica de perguntas e respostas, vai revelando o retrato dessa pessoa. Ou o corpo inteiro. Ou o entrevistado num cenário de fundo que revela as suas actividades públicas. A entrevista também funciona bem quando há um vazio de informação sobre um tema. O jornalista entrevista peritos na matéria e as respostas tapam esse vazio. O mesmo para um acontecimento no qual o repórter não conseguiu capturar todos os fragmentos de informação para que não ficassem dúvidas.
A entrevista só tem justificação se as e os entrevistados foram credíveis, adultos normais e informados. Crianças não podem ser utilizadas para tapar vazios de informação. Nunca! Nem para o entretenimento tão do gosto dos Media audiovisuais.
No dia 10 de Junho, a UNITA informou o gabinete do governador provincial do Cuando Cubango que o senhor Adalberto da Costa Júnior ia visitar Menongue no dia 18, Dia da LIMA, organização feminina do Galo Negro, e queria apresentar cumprimentos ao governante provincial. Todos os anos, no mesmo dia 18 de Junho, as mulheres da UNITA comemoram o aniversário. Se o líder do partido queria mesmo apresentar cumprimentos ao governador da capital provincial onde decorrem os festejos, informava sobre a sua pretensão com muito mais tempo de antecedência. Até porque dia 18 de Junho é um sábado.
Para o funcionalismo público e a generalidade dos trabalhadores, os sábados e domingos são dias de descanso. As governadoras e os governadores aproveitam os dias de descanso semanal para visitar os municípios mais distantes da sede provincial. Portanto, o governador do Cuando Cubango, quando informou o dirigente da UNITA em Menongue que não tinha agenda para receber Adalberto Da Costa Júnior, não errou. E se tivesse que trabalhar noutra província no dia 18? Ou na capital do pais? Avisar com oito dias de antecedência, é um tanto grosseiro. Ou então, uma provocação.
Eu que sou um simples repórter formado na velha escola da notícia. Quando uma amiga me convida para um encontro, fecho-lhe a agenda, se o convite chegar com menos de 15 dias de antecedência. Nem que seja convidado para uma dormida com pequeno-almoço incluído. Nada. Sou intransigente. Há coisas na vida que têm de ser bem pensadas, bem preparadas, bem imaginadas. O líder da UNITA tem de aprender boas maneiras. Não se pede uma audiência a um governador provincial com apenas oito dias de antecedência, para um sábado, dia de descanso.
Manuel Vitória Pereira, sindicalista e dirigente do Bloco Democrático, exigiu que o seu nome fosse retirado das listas eleitorais da UNITA. E disse que a Ferente Patriótica Unida é uma fraude. Um embuste. Outros dirigentes seguiram a mesma via. UNITA esquinada já era. A frente está de costas viradas. Unida só nos tachos. Patriotas, sim, mas do dinheiro dos diamantes de sangue.
*Jornalista
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