sábado, 30 de julho de 2022

Angola | RUÍDO É A MORTE DO ARTISTA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Democracia é uma das formas do Estado exercer o seu poder soberano. Governo do Povo que através do voto escolhe as e os governantes. Todo o mundo sabe disto, até o Adalberto da Costa Júnior, o Presidente Joe Biden e outros senhores do mundo e da guerra. Estado de Direito. Não há legitimidade sem as Leis e ninguém está acima da Lei. Muito menos existe Estado de Direito se não existir a separação de poderes. O Poder Judicial, por isso, é a marca indelével da democracia. 

A informação é vida. Sem informação nada existe mesmo que exista. Censura, jamais! Liberdade de Imprensa, sempre. Todos deviam saber isto, da Jamba a Helsínquia, da Terra do Fogo ao Polo Norte. 

Um Tribunal europeu recusou a acção da televisão Russia Today que visava remover a censura que foi imposta aos Media russos, pela União Europeia. O Poder Judicial de cócoras perante Úrsula, Michel, Roberta ou Borrell. Desmoronou-se o Estado de Direito. Triunfou a censura. 

Um Tribunal britânico decidiu entregar o jornalista Julien Assange, fundador do WikiLeaks, aos carrascos dos EUA, país onda arrisca a pena de morte, porque publicou documentos secretos que provam, de uma forma exuberante, um sem número de crimes de Washington contra os Direitos Humanos. As informações difundidas revelaram um estado terrorista. O Poder Judicial britânico e os EUA coligaram-se contra a Liberdade de Imprensa mas também para matarem o mensageiro. Desmoronou-se o Estado de Direito no Reino Unido que, dizem as trombetas da propaganda, é uma democracia muito antiga.

O Papa Francisco é o mais alto magistrado da civilização ocidental. Saiu do Vaticano e foi ao Canadá pedir perdão pelo genocídio dos ameríndios, donos da terra há milénios. Os primeiros genocidas foram britânicos. Depois os franceses. Por fim os canadianos descendentes dos genocidas e eles também matadores. O crime foi de tal dimensão que neste momento a população do Canadá tem apenas cinco por cento dos povos aborígenes. Milhões de seres humanos foram cruelmente assassinados ao longo dos séculos. E a sua cultura dizimada. A Igreja colaborou no genocídio humano e cultural. O Papa Francisco foi pedir perdão. 

Em Angola só não aconteceu um genocídio igual ao do Canadá porque o MPLA se opôs, de armas na mão, aos genocidas. Nessa luta heroica, os combatentes da liberdade tiveram o apoio concreto de vários países do Movimento dos Não Alinhados, nomeadamente Cuba e Jugoslávia, da União Soviética e todo o Bloco de Leste. Além de organizações progressistas de vários países do mundo, com destaque para as sociais-democracias nórdicas. Os genocidas do Povo Angolano (Portugal e todos os países da OTAN ou NAT O) nunca pediram perdão. Nem sequer pelo esclavagismo! E são todos muito democratas. Dão lições de democracia!

Um Tribunal britânico decidiu que o ouro da Venezuela depositado em bancos do Reino Unido só pode ser gerido por Juan Guaidó, um bandidito inventado por Washington. O Poder Judicial ao serviço do latrocínio. Nem Democracia nem Estado de Direito. Soubemos hoje que o senhor Boris Johnson é filho de um espião soviético. O papá lançou-o na espionagem, ainda muito novo. O rapaz continuou espião russo até lhe abrirem as portas do poder, donde acaba de ser removido por indecente e má figura. Segundo Zelensky, a anterior Procuradora-Geral da República da Ucrânia, Iryna Venediktova, é espiã russa. Acontece que foi ela e Boris Johnson que inventaram aquela coisa de Bucha e Irpin. O mundo está mesmo muito perigoso.

Sem democracia e com o Poder Judicial de cócoras ante os senhores da guerra, do latrocínio e do genocídio, as grandes potências ocidentais são um perigo para a existência da Humanidade. 

Hoje a TPA brindou-nos com a repetição de um documentário sobre a Batalha do Cuito Cuanavale. Fizeram bem, porque é preciso dar a conhecer as páginas mais importantes da História Contemporânea de Angola. O problema é que o som estava avariado. Mandam as regras básicas e o dever de cuidado que o material não podia ser exibido.

Se não me levarem a mal, vou repetir o que dizia aos meus alunos na RNA. No audiovisual trabalhamos com a atenção gerada pela expectativa. Se o som estiver avariado, se existir o mínimo ruído, lá se vai o trabalho. Ninguém ouve, ninguém presta atenção, ninguém consome. O mesmo acontece com a imagem. Quando temos som e imagens avariadas não há emissão. Não vale a pena. 

No que diz respeito ao som, a atenção gerada pela expectativa está no máximo na banda dos zero aos 20 segundos. Para mantermos sempre esse nível, temos de saber “vender bilhetes” para o espectáculo do som e da voz humana. Perguntem ao sonoplasta Artur Neves, um dos melhores do mundo, como isso se faz. Encontram-no no Huambo.

A técnica é simples. Os profissionais estão sempre a acrescentar novos elementos ao edifício sonoro para que a atenção gerada pela expectativa esteja sempre no nível máximo. Estas coisas aprendem-se, treinam-se e apuram-se. Com as imagens o problema é ainda mais complexo de resolver. Logo, se a imagem não tem qualidade, não há emissão. Quanto mais não seja por uma questão de respeito pelos consumidores.

As “chamas” que envolvem a campanha eleitoral da UNITA chamam-se “fogo de vista”. Aquilo é um vazio inquietante, Pior, é impossível. Agora dizem que além da fraude, os mortos vão votar! 

Eles já perceberam que os vivos vão infringir-lhes nas urnas de voto a maior derrota de sempre. Valham-nos os novos partidos porque daqui a cinco anos Angola precisa de uma oposição a sério. A UNITA entrou no caminho da FNLA. Está a desintegrar-se. Adalberto da Costa Júnior foi o primeiro a saber e já transferiu para uma conta bancária em Portugal umas centenas de milhões de euros! Ele é o rosto da fraude política. E da derrota eleitoral anunciada.

*Jornalista

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