Artur Queiroz*, Luanda
O jogo começou à hora marcada em
18 regiões e milhares de mesas. No fim, o placard indicava que um dos
jogadores, o MPLA, ganhou em 15 campos. Outro jogador venceu
Nas primeiras eleições multipartidárias, em 1992, também existia uma comissão eleitoral onde estavam representados todos os jogadores. Mas para ninguém ter dúvidas, o árbitro tinha o apoio da comunidade internacional representada pela ONU que, em Angola, tinha o nome de UNAVEM.
Para a blindagem ao erro ou à fraude ser total, existia a Troika de Observadores constituída por Portugal, Rússia e EUA. Apurados os resultados, o MPLA ganhou com 50 por cento dos votos. A UNITA perdeu mas teve um bom desempenho, se tivermos em conta que até às eleições só sabia matar angolanas e angolanos, destruir tudo, partir tudo. E especializou-se a queimar mulheres vivas nas figueiras da Jamba. Parece que os jovens não têm memória destes factos. Gravíssimo. As gerações passadas têm o dever de passar à Juventude todos os factos que podem pôr em causa o seu presente e o futuro. Sem memória estamos perdidos.
A UNITA não aceitou os resultados eleitorais. A ONU, para evitar males maiores, até mandatou uma comissão internacional que não só confirmou os resultados eleitorais mas também concluiu que as provas apresentadas pelo Galo Negro nada valiam. Tudo falso! Os resultados eleitorais estavam correctos. Parece que os jovens de hoje não sabem que face à derrota eleitoral, Jonas Savimbi partiu para a rebelião armada. Matou milhares de angolanas e angolanos. Causou milhões de deslocados e refugiados. Partiu tudo. Ocupou militarmente quase todas as províncias. A paz só regressou em 2002!
A Comissão Nacional Eleitoral divulgou os resultados provisórios ontem à noite. Que foram aprovados por unanimidade, em plenário da instituição! Isto quer dizer que os representantes da UNITA na CNE também consideraram os números reais e válidos.
Os observadores da CPLP anunciaram publicamente que as eleições foram livres e justas. Os observadores da União Africana tomaram a mesma posição. Todos os observadores internacionais declararam que não detectaram qualquer irregularidade.
A Missão de Observadores de Organizações da Sociedade Civil manifestou a sua satisfação pela forma como decorreram as eleições de 24 de Agosto: “Acompanhámos com satisfação que até ao último dia da campanha eleitoral, não foram registados incidentes significativos susceptíveis de comprometer o processo”, disse a sua representante em conferência de imprensa.
Enquanto os votos eram
escrutinados, a UNITA mandou os seus agentes colocarem actas falsas nas redes
sociais. E quando a Comissão Nacional Eleitoral divulgou os resultados
provisórios, a direcção do Galo Negro ficou
Os cartazes têm um brasileirismo o que mostra a origem. Mas também revela que já estava tudo preparado para ser lançado no dia seguinte às eleições. Hoje, Adalberto da Costa Júnior deu uma conferência de imprensa e disse o que já todos sabíamos: A UNITA rejeita os resultados eleitorais.
Os argumentos são de tal forma débeis que não passam de pretextos para atirar com jovens para a violência, o vandalismo e a confrontação violenta com as autoridades. Um exemplo. A Comissão Nacional Eleitoral revelou os resultados provisórios quando faltava apurar cerca de três por cento dos votos. Mas algumas províncias já tinham apurado todos os votos: cem por cento! Claro que nesses círculos, a soma das percentagens de todos os partidos deu cem por cento. Para a UNITA está aí uma prova da fraude! Se falta apurar três por cento, como pode dar resultados der cem por cento? Manipulação grosseira, mentira infantil.
Claro que só cai nessa aldrabice quem quer. E os marginais que a UNITA recrutou para estas eleições estão empenhados em cumprir ordens da direcção do Galo Negro para depois receberem o pagamento.
A UNITA diz que há uma diferença abismal entre a sua “contagem” e os resultados da Comissão Nacional Eleitoral. Prova: As redes sociais estão a publicar as actas verdadeiras! Acontece que as actas verdadeiras estão na CNE e os resultados verdadeiros foram divulgados pela CNE, ainda que provisórios.
Adalberto da Costa Júnior exige que seja criada “uma comissão internacional” para apurar os resultados. Temos aqui um problema gravíssimo. O líder da Oposição ainda pensa que está ao serviço do regime racista de Pretória. Ou que ainda não houve Independência Nacional no dia 11 de Novembro de 1975. Ou que as instituições angolanas se submetem à vontade seja de quem for, seja nacional ou estrangeiro. Os jornalistas portugueses que cobrem as nossas eleições comportam-se como ocupantes. Como se estivessem na colónia. Adalberto é igual.
Ninguém pode dizer que o eleitorado se enganou ao votar num político que não respeita o seu país nem as instituições do Estado Angolano. Todas e todos sabiam que estavam perante um mentiroso compulsivo, um belicista, um inimigo figadal da paz. Um político que actua como se o regime racista da África do Sul tivesse vencido a guerra de agressão contra Angola. Por sorte, o MPLA ganhou as eleições, com maioria absoluta. Mas a partir de agora, é preciso criar condições políticas e legais para que as alegações de fraude terminem de uma vez por todas. Quem sistematicamente alega fraude e não respeita a Comissão Nacional Eleitoral fica impedido de concorrer a eleições. Para grandes males, grandes remédios.
Rebelião escondida em manifestações vai dar fracasso. Mais uma derrota da UNITA.
*Jornalista
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