Artur Queiroz*, Luanda
A reflexão começa hoje e proponho que se faça à volta das mentiras que a Oposição vende aos eleitores incautos. O que todos devemos perguntar a nós próprios é isto: O que leva os inimigos de Angola a repetirem até à náusea que o MPLA está no poder desde a Independência Nacional? Se todos reflectirmos sobre esta mentira hedionda vamos tirar uma conclusão directa e lógica: Só nos resta votar no MPLA para eleger uma maioria absoluta de deputados, o Presidente e a Vice-Presidente da República.
O MPLA nunca esteve no Poder, desde a sua fundação, em 10 de Dezembro de 1956, até Fevereiro de 2002. Lutou, lutou mais, ainda mais, para que o Povo Angola se libertasse do colonialismo. O único poder que tinha era o de mobilizar os patriotas mais conscienciosos e mais politizados, para pegarem em armas mesmo sabendo que seriam exterminados pelos aparelhos repressivos dos colonialistas, caso fossem descobertos e capturados.
Os combatentes do MPLA
venceram mil obstáculos e desde que Agostinho Nerto assumiu a liderança, içaram
nos nossos corações a bandeira da liberdade, até à Independência Nacional.
Lembram-se do discurso de Agostinho Neto ao primeiro minuto de 11 de Novembro
de 1975? Apelou à mobilização geral para a libertação de África e
particularmente da Namíbia, do Zimbabwe e da África do Sul. Não pediu Poder.
Não falou
Sim, é verdade, um governo tomou posse, tinha um primeiro-ministro, ministros e secretários de Estado. Agostinho Neto foi eleito o Presidente da República. Mas todos os esforços humanos e financeiros foram destinados ao combate à agressão armada estrangeira. A Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. O único poder que Neto e o Governo do MPLA tinham era o de lutar, lutar sempre, até à derrota do regime de apartheid da África do Sul. O único poder que o MPLA tinha era o de lutar, lutar, lutar até à vitória final. E como o Povo Angolano lutou!
O poder do MPLA nesses anos de
guerra e sem sol era apenas um: Mobilizar os seus militantes amigos e
simpatizantes para a luta contra as forças estrangeiras que queriam destruir a
República Popular de Angola. Conseguiu. E venceu. Nenhum partido no mundo foi
capaz de tão grandes vitórias. Os invasores estrangeiros, no Norte, traziam
matilhas de mercenários, oficiais da CIA, militares portugueses que se opuseram
à Revolução dos Cravos, forças regulares zairenses. Foram derrotados nas ruas
de Luanda, no Ntó,
Em 2002, acabou a aventura belicista do Galo Negro. Os sobreviventes foram perdoados, integrados, tratados como irmãos. Hoje, dia 22 de Agosto de 2022, Adalberto da Costa Júnior, numa entrevista à CNN Portugal, provou que é um ser rastejante e não está à altura da generosidade do MPLA. Não devemos generalizar. Mas duvido que algum dirigente da UNITA mereça o país livre que lhe foi oferecido, de mão beijada, pelos vitoriosos. Se merece o regime democrático. Uma coisa é certa, sempre disparam contra a democracia e agora fazem tudo para destruir o regime democrático, mobilizando gangues de bandidos para a sua causa.
A segunda reflexão tem a ver com o exercício do poder, de facto, a partir de 22 de Fevereiro de 2002. Dois anos depois entrevistei o ministro das Finanças, José Pedro Morais. E ele fez revelações extraordinárias. Em pouco tempo de governo, Angola deixou de ser um país pária financeiro. Os compromissos internacionais começaram a ser cumpridos, sobretudo no que diz respeito ao Clube de Paris. O Kwanza ganhou valor.
A inflação caiu a pique. As
contas públicas ficaram equilibradas e surgiam excedentes porque o Orçamento
Geral do Estado continha um “preço muito conservador” do barril der petróleo.
Angola foi considerada como uma potência em vias de desenvolvimento. Os índices
de desenvolvimento humano subiram
Corria tudo maravilhosamente quando no dia 15 de Setembro de 2008 faliu o banco Lehman Brothers e arrastou o mundo para a pior crise financeira de que há memória. A guerra tinha acabado apenas seis anos antes. Pouco mais do que o tempo de um mandato dos deputados e do Presidente da República, eleitos no dia 5 de Setembro de 2008, apenas dez dias antes. O MPLA e o Presidente José Eduardo dos Santos conseguiram a maioria absoluta, com 81,6 por cento dos votos e 191 deputados. A UNITA teve 10,3 por cento e 16 parlamentares eleitos.
Vamos reflectir. Vamos pensar. Angola foi destruída durante a guerra de alta intensidade que começou em 4 de Fevereiro de 1961 e terminou em 22 de Fevereiro de 2002. Foram 41 anos de bárbaras agressões, destruições de equipamentos sociais importantíssimos, minas terrestres nas províncias do interior, atentados, eliminações selectivas, milhares de assassinatos, milhões de deslocados e refugiados. Massacres. Elites femininas e seus filhos bebés queimados vivos na Jamba.
A guerra acabou em 2002. Em
O MPLA, agora sim, no Poder, o seu Governo e o seu líder, Presidente José Eduardo dos Santos, decidiram que era preciso pôr em prática políticas sociais que amortecessem os efeitos da crise internacional internamente. Foram despejados biliões em cima dos problemas. E o Povo não sentiu os efeitos da falência do sistema. Ainda bem. Isto, sim, é resolver, em primeiro lugar, os problemas do povo, sem pensar em lucros, sem dar confiança a parceiros que não são mais do que abutres que debicam no corpo inerte de África.
O MPLA entre 2008 e 2014 não governou, apenas teve poder para tapar buracos e crateras. Quando tudo estava arrumado, eis que o preço do petróleo caiu a pique. Voaram biliões dos cofres do Estado. O preço rastejante do petróleo foi o grande marimbondo que atacou os cofres públicos. E agora, que fazer? Ninguém hesitou na resposta. As franjas mais desfavorecidas da sociedade continuaram a ser protegidas. O FMI quis que essa protecção acabasse. Recebeu um rotundo não. Governantes com dignidade e grande coragem.
Em 2017, entrámos num novo ciclo. Antes, o MPLA, em rigor, governou pouco mais de seis anos. Mais dois deste mandato do Presidente João Lourenço que foram pouco mais do que arrumar a casa. E de repente o mundo mergulhou em nova crise, esta ainda mais inquietante, porque tem a forma de guerra biológica, causada pela pandemia COVID19. Só este ano de 2022 regressou a normalidade.
O MPLA merece mostrar o que vale no exercício do poder político, pelo menos mais dois mandatos, sem atropelos, sem obstáculos, sem quedas abruptas do preço do barril de petróleo, sem vírus mortíferos e sobretudo sem a ameaça da UNITA. Isso só é possível com uma tremenda tareia eleitoral. Pensem nisso. Vamos reflectir sobre o futuro de Angola. Vamos ser dignos dos vencedores da guerra. Vamos honrar os nossos mortos. Vamos cuidar dos vivos, afastando o perigo real da UNITA. Sobretudo vamos impedir que mais mulheres sejam atiradas para as fogueiras dos sicários do Galo Negro. Custe o que custar! Não vamos abandonar as nossas Mamãs.
*Jornalista
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