segunda-feira, 5 de setembro de 2022

AÍ VÊM OS SENHORES E AS SENHORAS DA CARIDADEZINHA À PORTUGUESA


O Curto de hoje vem oportunamente equipado com a mão estendida pela maioria dos portugueses que foram nas loas do Partido Socialista, assim  auto-denominado para engano de tudo e de todos que aspiravam e ainda aspiram a justiça social em Portugal. 

A acompanhar lá vem a canção de José Barata Moura tão conhecida e oportuna antes (há mais de 50 anos) e depois (até hoje). “Vamos Brincar à Caridadezinha” é o título, para ouvir aos interessados e à disposição no respetivo link. Muitos outras canções desses tempos negros do fascismo salazarista seriam atuais e adequadas ao presente momento. O mesmo se poderá dizer noutros tempos de democracia e justiça ostensivamente falsa do pós 25 de Abril de 1974 até à atualidade, sendo certo que hoje em dia os pobres continuam mais pobres enquanto os ricos estão muito mais ricos. Sendo igualmente certo que os escandalosamente explorados e enganados continuam a ser os que trabalham sem usufruírem da dignidade que falsamente o governo atual do PS ainda há poucos meses anunciava ir cuidar de oferecer aos portugueses mais carenciados – pelo menos a esses. Acontece o contrário. A dignidade foi pela sanita abaixo e regista-se o oposto com a exploração desenfreada por baixos salários e consequente aumento de carências, de cortes nos cuidados de saúde, de aumento do custo de vida/sobrevivência. Da maioria dos pensionistas e reformados a penalização de mais dificuldades de sobrevivência é enorme. António Costa, primeiro-ministro e maioral do PS tem mentido vergonhosamente ao país, tanto ou mais que Passos Coelho. Também hoje já o consideram um mentiroso compulsivo, na senda igualitária de Cavaco Silva, de António Guterres, do já referido Passos Coelho – tão mentiroso. Um PM ser campeão por isso, por mentir, é nefasto para Portugal e para os portugueses. É o caso de António Costa e das expetativas manipuladoras que tem vindo a criar com a sua propaganda emporcalhada, abrindo a porta à extrema direita que já se senta em lugares do Parlamento devido ás suas falsas promessas eleitorais e propaganda – decerto que ainda piores que as de Costa e, consequentemente, do Partido dito Socialista

Porque é tempo de “passarmos a bola” ao Curto damos por terminado o nosso espaço neste arremedo de “abertura” do que lá vem no jornal de Francisco Pinto Balsemão, o Expresso. Vão nessa porque a atualidade vem aí pela pena de outros tempos (agora teclada) do jornalista Rui Gustavo.

Não terminamos sem dedicar a Costa e governantes este som, também na voz de Barata Moura: A Direita da Tendência

Sigam para o Curto. Bom dia e um queijo com repleto odor a chulé e um tintol pomadoso sem marteladas. Do melhor. Saúde para todos é o que queremos. Difícil, hem!?

MM | PG


Governo abre os cordões à bolsa no dia da caridade

Rui Gustavo | Expresso (curto)

Bom dia,

Ninguém faz isto de propósito: o Governo apresenta hoje à tarde um “pacote de medidas de apoio ao rendimento das famílias” para combater a inflação que se seguiu, inevitável como o sol pela manhã, à invasão russa da Ucrânia (operação especial, para os eufemistas).

A mini bazuca de dois mil milhões de euros foi conseguida com o excedente da execução fiscal (dinheiro dos nossos impostos, para simplificar) e não se sabe ainda como é que será aplicada em concreto. O suspense termina hoje, no final do Conselho de ministros que aprovará as medidas para auxiliar as famílias. As empresas ficam, para já, de fora.

O Governo vai abrir os cordões à bolsa logo hoje, dia internacional da caridade que assinala o aniversário da morte de Teresa de Calcutá. Uma oportunidade de contra ataque para o PSD que foi acusado pelo líder parlamentar do PS de “caridadezinha e paternalismo” quando os sociais-democratas apresentaram o seu pacote de propostas no valor de 1,5 mil milhões de euros que incluía um vale alimentar para os reformados e pensionistas, o que foi considerado por Eurico Brilhante Dias como “inaceitável”.

De acordo com o Diário de Notícias do último sábado, o Governo prevê a atribuição de um cheque de cem euros às famílias para fazer face ao aumento da energia e do cabaz alimentar e um adiantamento de uma parte do aumento das pensões que estava previsto para o próximo ano, através da atualização automática calculada com base no crescimento médio anual do Produto Interno Bruto (PIB).

É possível que haja uma diminuição dos impostos aplicados ao consumo energético (o PSD propunha uma redução para seis por cento do IVA no preço do gás no tal pacote caridoso, ideia também defendida pela IL) e um apoio ao pagamento do aumento das rendas de casa, previsto ontem por Marques Mendes. O Correio da Manhã de hoje anuncia que as “pensões até 1108 euros aumentam já”.

O Governo está também a preparar aquilo que parece mais óbvio em situações de crise: um plano de medidas e recomendações de poupança de energia, tal como já se tinha comprometido em julho em Bruxelas para a redução de consumo de gás natural. Mas isto ficará para mais tarde.

Antes de ficar demasiado animado com a generosidade do Governo, note que estas medidas não são propriamente uma originalidade portuguesa. Nem podiam ser. Em países como a Espanha, Países Baixos e Alemanha houve uma redução generalizada do IVA do Gás, e no maior país da Europa em termos de população (há cerca de 82 milhões de alemães) o pacote de ajuda do Governo germânico para combater a inflação e o aumento do preço da energia chegou aos 65 mil milhões de euros.

O Presidente da República, no seu registo mais ambivalente, já reagiu ao pacote que ainda não se conhece, frisando que “há que ter, por um lado, uma intervenção choque para compensar a situação vivida nos últimos meses” mas também “há que acompanhar a inflação”. É.

Luís Montenegro, líder do maior partido da oposição que se antecipou com a apresentação de dois pacotes de ajuda, um de mil milhões e outro de 1,5 mil milhões, acusa o Governo de agir “tarde” e de se apresentar apenas com “roupagens diferentes” em relação ao que os sociais-democratas já tinham proposto.

Jerónimo de Sousa, que encerrou ontem a Festa do Avante! com um discurso de 44 minutos, acredita que estas são medidas “assistencialistas”, “faz de conta” e “a prazo” que “não resultam”. Pior: marcam “uma viragem `direita”.

Além dos benefícios inegáveis ou imediatos, melhor dizendo, para a população em geral, este pacote terá a vantagem particular para o Governo de, pelo menos hoje, não se falar de Sérgio Figueiredo – o consultor que ia ocupar um lugar tão essencial no Ministério das Finanças que afinal vai ficar vazio; da Serra da Estrela que vai ficar melhor depois de ter ardido ou da dramática demissão da ministra da Saúde, Marta Temido.

E daí, não sei: é que também hoje arranca a campanha de vacinação sazonal contra a gripe e a covid-19. Há uma supervacina para inocular a idosos com mais de 80 anos, adultos com doenças graves, profissionais de saúde e pessoas a viver em lares ou em cuidados continuados. Temido, que ainda é ministra da Saúde apesar de se ter demitido depois de uma grávida morrer durante a transferência de Santa Maria para o São Francisco Xavier, poderá ter uma oportunidade para uma última aparição.

OUTRAS NOTÍCIAS

O CDS/PP, partido que saiu do Parlamento mas últimas legislativas, tem hoje o comício de rentrée em São Vicente, na Madeira. Nuno Melo, o líder que se seguiu ao caos, já ontem falou do tema do dia e desafiou o Governo, que acusa de ter “ganhos imorais” com os impostos, a aplicar a “taxa zero” de IVA a alguns produtos essenciais. Deverá voltar ao tema hoje.

O Reino Unido vai ficar a saber hoje quem é o novo primeiro-ministro e sucessor de Boris Johnson que se demitiu na sequência de uma série de escândalos e de festas ilegais durante a pandemia. Os militantes conservadores vão escolher entre Liz Truss e Rishi Sunak num evento que já esgotou a Wembley Arena, palco habitual de espetáculos musicais e eventos desportivos. A atual ministra dos Negócios Estrangeiros lidera as sondagens, mas o antigo ministro das Finanças jugou uma cartada alta quando invocou Tatcher no último debate televisivo: “Não escolhi dizer o que as pessoas querem ouvir, mas aquilo que elas precisam de ouvir.”

O Tribunal Constitucional de Angola aceitou uma providência cautelar da Unita que suspende os resultados das últimas eleições gerais que deram a vitória ao MPLA, o partido do Governo. O partido da oposição contesta os resultados e considera-se vencedor.

No pacato Canadá, a Polícia Montada procura dois homens de terem esfaqueado até à morte dez pessoas e de terem ferido outras 15. O crime poderá estar relacionado com o tráfico de drogas.

No Chile, o povo rejeitou a nova Constituição num referendo que teve 70 por cento de participação dos eleitores. O texto fundamental que se seguiu à Constituição de Pinochet foi rejeitado por uma larga margem de 12 por cento.

Decore este nome: Diogo Ribeiro conquistou três medalhas de ouros e ainda teve a caridade de bater um recorde do mundo no mundiais de natação que se disputaram no Peru. Tem 17 anos e estes títulos inéditos foram conquistados no escalão de juniores. Chega amanhã a Portugal.

Contra as previsões dos mais insuspeitos especialistas, o volátil Nick Kyrgios afastou o número um do mundo do Open dos Estados Unidos em ténis. O australiano deu espetáculo com pontos fora do habitual e derrotou o russo, atual detentor do título, por 3-1.

A Liga Portugal prossegue hoje com os animados Boavista – Paços de Ferreira e Chaves – Rio Ave. Os três grandes venceram os jogos do fim de semana, tal como o já não tão surpreendente Braga que venceu o rival Vitória com um golo nos descontos. O Benfica lidera o campeonato depois de uma vitória suada contra o Vizela com um penalti muito polémico no último minutos dos descontos.

Frases

“Uhhh!”

Povo na festa do Avante! a vaiar o nome do PS pondo fim definitivo à geringonça que poupou os socialistas nas últimas edições da festa dos comunistas

“A realidade está a demonstrar quem tudo faz para que a guerra não termine, quem tudo faz para acumular lucros colossais com a sua continuação, como o complexo militar-industrial e as grandes transnacionais da energia e da alimentação”.

Jerónimo de Sousa e a operação especial russa na Ucrânia

"Eles ocuparam a nossa central nuclear. A maior da Europa. Isso significa seis vezes Chernobyl”

Volodomyr Zelensky, presidente da Ucrânia, e a ocupação da central nuclear de Zaporijia por parte das forças russas

“Um sacerdote não pode continuar a ser sacerdote se for um abusador”

Papa Francisco, em entrevista a CNN e anunciando “tolerância zero” para os padres abusadores de menores

“Vai mudar de ministra, mas a política é a mesma. António Costa já está a matar o próximo ministro ou ministra da Saúde porque vai aplicar a mesma receita"

Luís Montenegro a antever vida difícil para o sucessor de Marta Temido

“Hasta la vista baby”

Boris Johnson, depois de se demitir. A frase foi relembrada agora depois de uma sondagem positiva para a popularidade do ex-primeiro ministro britânico

“Honestamente, ganha-se bastante dinheiro no futebol. Não acho que seja preciso mais”

Roger Schmidt, treinador do Benfica. Não parece, mas é uma crítica ao excesso do número de jogos de futebol

O que eu ando a ler

Jesus Cristo Bebia Cerveja

Afonso Cruz

Companhia das Letras

O autocolantezinho no canto superior esquerdo da bela capa sóbria- oitava edição - é uma espécie de marca da minha ignorância ou distração. Este é o primeiro livro que leio de Afonso Cruz e devo confessar a minha surpresa. Foi como descobrir uma banda nova ou uma praia onde toda a gente já foi mas eu não sabia onde era ou não tinha dado atenção. A trama decorre numa aldeia imaginária do Alentejo (onde o autor vive, segundo julgo saber) transformada numa terra do médio oriente por causa do amor que uma rapariga tem à avó já demente. O tom é meio negro – parece que há sempre uma desgraça prestes ou mesmo a acontecer; mas francamente divertido. Afonso Cruz - que também é ilustrador e músico e cineasta é bom a inventar personagens e cenários improváveis e a escrever frases que soam como máximas entre o sábio e o surreal: “Uma corda estica até ao seu comprimento, mas pode passar uma vida dobrada sobre si mesma, enrolada para dentro. Uma corda comprida pode não passar de um pequeno rolo. A nossa vida também é assim”.

Pois é. e uma maneira de a esticar é lendo livros e jornais, como o Expresso, só para dar um exemplo insuspeito.

Se teve a caridade de chegar até aqui, tenha um bom dia que se anuncia nublado e talvez chuvoso, a anunciar o fim do verão.

LER O EXPRESSO

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