segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Angola | LIBERTADORES E MATADORES DA DEMOCRACIA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O sistema nos Estados Unidos da América, o estado terrorista mais perigoso do mundo, é dominado pelo Partido Democrata e o Partido Republicano. Os dois ganharam todas as eleições presidenciais, desde 1852. E mandam à vez no Congresso, desde 1856. Ambos liberais. O mesmo produto, com marcas comerciais diferentes. Nunca houve alternância. Vamos mandar para lá a UNITA e seus accionistas da Sociedade Civil, talvez a coisa mude.

Na Alemanha o sistrema tem mais partidos mas tudo se decide entre a CDU e o SPD, ambos liberais mas sempre piscando o olho aos saudosos do nazismo. Andam felizes e contentes com a possibilidade de ajudarem a Ucrânia nazi. A Aliança90/Os Verdes também aposta no liberalismo. A Esquerda (Die Linke) é o único partido anticapitalista. Após a II Guerra Mundial nunca houve alternância. Vamos mandar para lá a UNITA. Alternância é com eles. Alternam entre os diamantes de sangue e as fogueiras da Jamba.

Na França há muitos partidos, desde o República em Marcha ao Partido Comunista. Tirando um curto período após a II Guerra Mundial, nunca mais houve alternância. O poder é dividido entre liberais e liberais. Uns mais civilizados outros mais Le Pen. 

Na Holanda está tudo nas mãos do Partido Popular para a Liberdade e Democracia e o Apelo Democrata Cristão. Até o Partido Socialista é de direita. Tudo a mesma cambada liberal com fumos de extrema-direita. Só os partidos Democracia 66 e Esquerda Verde destoam mas tresandam a direita. Nunca existiu alternância à pirataria e ao puritanismo fingido. Temos de mandar para Lá a UNITA. Levam logo com a alternância. Se os sicários do Galo Negro subirem até à Finlândia, atiram logo com a primeira-ministra e suas amigas para as fogueiras ateadas com madeira de abeto ou bétula.    

Na Itália é o dilúvio. Já há saudosos da Democracia Cristã de Amintore Fanfani e Aldo Moro. Da oposição do Enrico Berlinguer e de Rossana Rossanda do Il Manifesto. Movimento 5 Estrelas, Liga Norte, Partido Democrático, Força Itália, Irmãos de Itália todos de extrema-direita mais ou menos. A Esquerda Italiana e a Federação dos Verdes só servem para enfeitar. Nos nórdicos a coisa está pior. Nos países do Leste da Europa nem é bom falar. O nazismo é assumidamente política de Estado. Vamos mandar para lá o Adalberto. Ele foi um dos que, em 1993, negociou com os ucranianos o fornecimento de material de guerra a troco de diamantes de sangue.

Em Portugal nunca houve alternância, nem antes nem depois do 25 de Abril. No poder está sempre o mesmo produto, mas com uma pequena mudança no rótulo, PS sem D e PS com D. O resto é paisagem. Vamos mandar para lá a UNITA, A hora é agora. O Adalberto leva atrás dele a maioria do pessoal políticos dos dois PS mais o CDS e o Chega, irmão de sangue do Galo Negro mas com cornos de touro no lugar da crista.

Este é o panorama da democracia deles.

Em Angola os democratas estão no MPLA. Desde 1956. Eram mais, são menos, voltam a ser mais em 2027. Nas eleições de 24 de Agosto muitos foram dar um giro para a abstenção. Sem quererem, revelaram a face mais sinistra da UNITA: Um partido político capturado pelos gangues urbanos e toda a espécie de bandidos, desde o ladrão de botijas de gás nos quintais, aos ladrões de colarinho branco nos bancos e cadeiras ministeriais. 

As instalações da UNITA são covis de marginais. A sua base de apoio é constituída por organizações da sociedade civil mobilizadas e financiadas pelo banditismo internacional acobertado pela União Europeia, a CIA, o Pentágono e as petrolíferas. Tudo boa gente! Vamos mandar a UNITA para o Parlamento Europeu e o Adalberto fica embaixador da União Europeia em Luanda, no lugar da Jeannette Seppen, lídima sucessora dos piratas holandeses. O Abílio Camalata Numa é nomeado assessor do franquista Pablo Mazarrasa. Os dois vão inundar Angola de falsas notícias e propaganda nazi. Agora é a hora.

O Vítor Ramalho come e satisfaz os vícios privados à nossa custa, naquela coisa das cidades capitais de língua portuguesa. Fez carreira como criado da UNITA em Lisboa e estafeta do Mário Soares. Num texto publicado no Novo Jornal, a besta-quadrada ensina a governar nos próximos cinco anos. Mas para não destoar da sua UNITA, mente. Diz que os jovens votaram na mudança. Mentira. Os jovens votaram. Os velhos e novos votaram. As mulheres votaram. E o MPLA averbou a quinta vitória eleitoral, sempre com maioria absoluta ou qualificada. 

Diz o Ramalho que o Presidente José Eduardo dos Santos “assentou a suas política, após o acordo de paz de 2002, na criação do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN)”. Uma aldrabice infame. Em 1992, quando ganhou as eleições com maioria absoluta, o MPLA fez governo com todos os partidos que elegeram deputados para a Assembleia Nacional. Só a UNITA não entrou porque preferiu matar milhares de angolanas e angolanos. Isto é um feito extraordinário. Único no mundo. Um partido com maioria absoluta, partilhou o poder com todos os que elegeram deputados nem que fosse apenas um. O Ramalho esconde.

A mentira mais abjecta tem a ver com o GURN. O Ramalho diz que esse governo de unidade foi criado em 2002, depois da assinatura da Paz do Luena. Mentiroso! O GURN foi empossado a 11 de abril de 1997, cinco anos antes! O tempo de uma legislatura. A novidade foi que neste gabinete foram integrados ministros e secretários de Estado da UNITA. Mas o Galo Negro também indicou embaixadores, governadores, administradores municipais e comunais.   

A liberdade de expressão não é um a espécie de licença para mentir, deturpar e manipular. A Liberdade de Imprensa não pode ser pretexto para falsificar a História de Angola Contemporânea. Para iludir os eleitores em estado de necessidade. Para vender ilusões a quem já está por tudo, até para acreditar que os assassinos da UNITA são capazes de governar um país, quando a única prova que deram ao longo de todos os anos da sua existência é que só são capazes de destruir, matar, trair. 

Até hoje nenhum Media angolano publicou uma só ideia de Adalberto da Costa Júnior. Uma só solução apresentada pela UNITA para resolver os graves problemas sociais e económicos que Angola enfrenta. Estão a usar a Liberdade de Imprensa como arma de arremesso contra quem libertou o Povo Angolano. Contra quem conduziu Angola à Independência Nacional, de armas na mão. Contra quem enfrentou durante longos anos os invasores sul-africanos e seus aliados da UNITA. Agora é a hora da mudança. Vamos acabar com as mentiras nos Media. Em Angola MPLA e UNITA não são a mesma coisa. O Galo Negro quer matar a democracia! O MPLA lutou por ela, desde 1992 até 2002, combatendo quem a queria matar ainda no ovo: a UNITA

*Jornalista

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