terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Apartheid de Israel na Palestina: crime contra a humanidade. Israel rejeita acusações

Um sistema de políticas montado para discriminar palestinianos e respostas desproporcionadas aos protestos. A Amnistia acusa Israel de apartheid e crimes contra a humanidade. Israel rejeita com veemência.

Ricardo Alexandre | TSF

O sumário executivo do relatório da Amnistia Internacional (AI), que resulta de um trabalho de cinco anos, começa assim: "Israel não é um estado de todos os seus cidadãos... [mas sim] o estado-nação do povo judeu e apenas deles".

A mensagem foi publicada online em março de 2019 pelo então primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em maio do ano passado, palestinianos em cidades e aldeias de Israel e na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza fecharam escritórios, lojas, restaurantes e escolas, abandonaram obras e recusaram-se a comparecer ao trabalho durante todo o dia. Numa demonstração de unidade que não se via há décadas, "desafiaram a fragmentação territorial e a segregação que enfrentam" diariamente e fizeram uma greve geral para protestar contra a repressão por parte de Israel.

O relatório da Amnistia dá conta da crise e protestos desencadeados pela tentativa de despejo de famílias palestinianas do bairro de Sheikh jarrah, em Jerusalém Oriental, dizendo que as forças de segurança israelitas "responderam aos protestos com a mesma força excessiva que vêm usando há décadas para reprimir a dissidência palestiniana. Prenderam manifestantes pacíficos arbitrariamente, lançaram granadas de atordoamento contra multidões, dispersaram-nos com força excessiva e tanques de água e dispararam granadas de flash contra fiéis e manifestantes reunidos no complexo da mesquita de Al-Aqsa".

A Amnistia Internacional considera que as forças policiais israelitas "orquestrou uma campanha discriminatória contra cidadãos palestinianos envolvendo prisões arbitrárias em massa e força ilegal contra manifestantes pacíficos, enquanto falhava em proteger os palestinianos de ataques organizados por atacantes judeus após o surto de violência intercomunitária". Hostilidades armadas eclodiram a 10 de maio, quando - refere a Amnistia - "grupos armados palestinianos dispararam roquetes indiscriminadamente contra Israel a partir de Gaza". Israel, assinala a organização de defesa dos direitos humanos, respondeu de forma, desproporcionada, mais uma vez: "com uma implacável ofensiva militar de 11 dias contra o território, visando residências sem aviso prévio eficaz, danificando infraestruturas essenciais, obrigando a deslocar dezenas de milhares de pessoas e matando e ferindo centenas de outras", lê-se no relatório.

Angola | SÃO PEDRO DA BARRA -- Artur Queiroz

 Artur Queiroz*, Luanda

A Fortaleza Escavada nos Rochedos

Luanda, a cidade das fortalezas, tem em São Pedro da Barra uma das fortificações mais singulares. É a única que não foi construída na totalidade pelos portugueses, mas pelos holandeses, que decidiram construir o forte na falésia. A bateria inferior foi escavada por prisioneiros, à picareta, nos rochedos que se erguem do mar. E lá montaram artilharia suficiente para impedir a entrada de navios hostis aos ocupantes. O local escolhido foi o Morro de Kassandama. 

Salvador Correia de Sá e Benevides expulsou os holandeses e a fortaleza foi abandonada. Mas em 1703, o Nobre Senado da Câmara de Luanda, que governava a colónia, por morte do capitão general e governador Bernardo de Távora, resolveu criar uma bateria superior, “a olhar para terra” e mandou fazer as muralhas actuais, de pedra e cal.

Durante quase quatro anos, a metrópole nem sequer se dignou enviar o substituto do defunto Bernardo de Távora. A lei determinava que no impedimento do capitão general e governador nomeado pela metrópole, o Senado da Câmara devia assumir o governo da colónia. E assim foi durante quase quatro anos. As obras de edificação das muralhas de São Pedro da Barra demoraram três anos e foram pagas exclusivamente pela Câmara de Luanda.

Os documentos da época dão nota que o forte “fica a uma légua da cidade de Loanda” e do lado de terra há duas colinas, no tempo cobertas de cajueiros e excelentes pastagens. Numa das colinas há uma fonte de água sulfurosa, a Fonte de Kassandama. Os jesuítas fizeram a exploração dessas águas termais. Mas só mais tarde, já com a administração portuguesa restaurada, foi construído um canal de telhas de meia cana e tijolos, que transportava a água até às proximidades da esplanada da fortaleza. A bica corria para um grande tanque onde o gado bebia e os camponeses se abasteciam de água para consumo e para rega das plantações. 

Os padres jesuítas construíram ao lado de São Pedro da Barra um hospício que acolhia todos os loucos que vagueavam pelas ruas de Luanda. Muitos eram criminosos condenados ao degredo e que devido aos maus-tratos e à sífilis acabavam por enlouquecer. O hospício e a prisão do forte de São Pedro da Barra também serviram como centros de detenção dos hereges e sobretudo daqueles que atentavam contra os “bons costumes” promovendo a feitiçaria, os chamados xinguilas.

“A porta principal da fortaleza de São Pedro da Barra foi aberta na parede interior do reparo”. E lá foi colocada uma lápide com esta inscrição: “D. Pedro II rei de Portugal e da Etiópia mandou fazer este forte, e o fundou o Nobre Senado da Câmara, governador e capitão general destes reinos. Ano de 1703”. A lápide ignora os holandeses, verdadeiros fundadores da fortaleza, como atestam todos os documentos da época e que o general Francisco Xavier Lopes confirma, no seu relatório produzido em 1846, após uma inspecção aos fortes de Luanda e de Angola.

Angola | ATIVISTAS DE CABINDA DETIDOS EM LUANDA

Quatro ativistas da província de Cabinda manifestavam-se junto à embaixada portuguesa em Angola quando foram detidos, segundo um dos participantes no protesto. Polícia confirma e justifica com "tumulto".

Um grupo de ativistas da província de Cabinda foi detido esta terça-feira (01.02) quando se manifestava em frente à embaixada de Portugal em Luanda, capital de Angola, para chamar a atenção do Governo português sobre a situação política naquele território. 

Em declarações à agência Lusa, um dos participantes no ato, Leoton Mabiala, disse que o protesto se iniciou com quatro ativistas munidos de cartazes, às 11h00. Perto das 12h00, surgiu um carro-patrulha da polícia e levou os manifestantes para lugar incerto. 

"Já havia uns sete ou oito polícias [no local] e depois apareceu a patrulha e levou os quatro. Até agora não sei para onde os levaram, suponho que devem estar no Bairro Operário, mas ainda não tive contacto com eles", referiu.

Leoton Mabiala adiantou que além dos quatro ativistas, havia outras pessoas, em número que não revelou, que faziam parte do protesto, mas que "por questões estratégicas" se encontravam afastadas.

Contactada a polícia, o porta-voz do comando provincial de Luanda, Nestor Goubel, confirmou a detenção de três ativistas, que "não reuniram qualquer pressuposto" da Lei de Manifestações e Reunião. O porta-voz disse que, devido ao "tumulto" criado no local, foram preventivamente detidos e deverão ser presentes ao Ministério Público.

Angola | DEPUTADO DA CASA-CE REAFIRMA CRITICAS À FLEC

Abel Xavier Lubota não recua diante de reações de indignação perante suas ponderações em relação à FLEC. Críticos acusam-no de se ter esquecido papel do Governo angolano no deterioramento da situação em Cabinda.

"Deputado da CASA-CE acusa FLEC de ser a causadora dos problemas que Cabinda vive" é o título da entrevista de Abel Xavier Lubota ao jornal angolano "O País".

O artigo foi publicado há mais de um mês, mas continua a dar que falar nas redes sociais. O deputado, eleito pelo círculo eleitoral de Cabinda, é acusado de menosprezar os interesses da população no enclave.

Na entrevista, Xavier Lubota aponta o dedo à Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), dizendo que os seus responsáveis nunca conseguiram ler os sinais do tempo e contribuíram para a desgraça do povo cabindense.

CEDEAO CONDENA "TENTATIVA DE GOLPE" NA GUINÉ-BISSAU

Grupo de homens armados, sem uniformes militares, disparou tiros de bazuca e rajadas de metralhadora forçando a entrada na sede do Governo, onde o Presidente da República presidia à reunião do Conselho de Ministros.

Tiros de bazuca e rajadas de metralhadora foram ouvidos esta terça-feira (01.02) no Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros. Nas redes sociais, há relatos de vários mortos e feridos.

Fontes da Presidência da República da Guiné-Bissau confirmaram que o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, e o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, estão no interior do edifício. Funcionários do Palácio do Governo e jornalistas foram levados para a porta traseira do edifício. Estavam proibidos de usar telemóveis. 

Os soldados montaram barreiras num perímetro de 500 metros à volta do Palácio do Governo. Segundo testemunhas citadas pela agência de notícias Lusa, também perto do Palácio da Justiça está uma brigada de intervenção e vários militares e elementos das forças de segurança.

O chefe de Estado Maior das Forças Armadas, Biaguê Nan Tam, está há vários dias em Barcelona, Espanha, em tratamento médico.

O "MILAGRE" DO DESENVOLVIMENTO NA CHINA

"A China criou um milagre de desenvolvimento sem precedentes” – afirma Sheriff Ghali Ibrahim, Diretor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Abuja, na Nigéria, num artigo de imprensa recentemente publicado.

Há outros analistas internacionais com opiniões semelhantes à de Sheriff, procurando compreender de que forma o Partido Comunista Chinês (PCCh) levou o seu povo a este “milagre” de desenvolvimento. O Comité Central do PCCh procura responder a essa questão, num documento intitulado “Missão Histórica e Valores de Ações do PCCh”.

De acordo com esse documento, “o caminho determina o destino”, e a razão fundamental para o sucesso do desenvolvimento da China é que o PCCh conduziu o seu povo a seguir com firmeza o seu próprio caminho. No mundo pós-Segunda Guerra Mundial, o modelo ocidental foi em tempos considerado como a única opção de modernização. Mas muitos países em desenvolvimento que adoptaram esse modelo occidental, não se adaptaram a ele. O PCCh, contudo, insistiu na sua independência e levou o seu povo a encontrar um caminho de socialismo com características chinesas, de acordo com as realidades da China.

Desde os primeiros dias da fundação da República Popular da China, quando até os fósforos e os pregos de ferro tiveram de ser importados, até aos dias de hoje, com a liderança mundial das comunicações quânticas, da inteligência artificial e 5G, o progresso à maneira chinesa criou uma nova forma de civilização humana e desfez o mito de que a modernização só pode ser alcançada seguindo o modelo capitalista.

EUA nos Jogos Olímpicos de Inverno visam manchar imagem de Beijing

# Publicado em português do Brasil

Cingapura, 30 jan (Xinhua) -- O anúncio de Washington de não enviar nenhuma representação diplomática ou oficial para os Jogos Olímpicos de Inverno de Beijing 2022 tem o principal propósito de prejudicar a imagem de Beijing, disse Guo Bingyun, professor associado da Universidade de Estudos Internacionais de Sichuan, na China.

Em um artigo publicado na sexta-feira pelo jornal em chinês Lianhe Zaobao, de Cingapura, o estudioso apontou que os Estados Unidos, desafiando mais de 30 anos de prática internacional, lideraram um grupo de aliados a se opor à resolução da trégua olímpica, entre outros.

Os círculos acadêmicos consideram a chamada "coexistência competitiva" do governo Biden com a China como uma competição por todos os meios, exceto a guerra, então os Jogos Olímpicos de Inverno, aos quais a China atribui grande importância, naturalmente se tornaram um alvo dos EUA, disse Guo.

Imagem: Um trabalhador pulveriza água sobre anéis olímpicos no Centro Nacional de Luge antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 no distrito de Yanqing, em Beijing, China, em 28 de janeiro de 2022. (Xinhua/Jiang Wenyao)

WASHINGTON E LONDRES ATINGIDOS DE SURDEZ

Thierry Meyssan*

Os Estados Unidos responderam por fim à proposta russa de Tratado que garanta a paz, mas recusando debater os argumentos do Kremlin. Simultaneamente organizaram uma maciça campanha de comunicação acusando a Rússia de preparar uma invasão da Ucrânia, em Fevereiro. O que Kiev firmemente desmentiu. Uma mistura de histeria e de confusão espalha-se no seio da OTAN que Londres aproveita para ressuscitar as redes de stay-behind. Neste intervalo o eixo sino-russo reforça-se.

Este artigo dá sequência a:
 1. « A Rússia quer obrigar os EUA a respeitar a Carta das Nações Unidas », 5 de Janeiro de 2022.
 2. « Washington prossegue o plano da RAND no Cazaquistão, a seguir na Transnístria », 18 de Janeiro de 2022.

A proposta russa feita aos Estados Unidos de um Tratado bilateral fixando garantias de Segurança, tornado público pelo Kremlin em 17 de Dezembro de 2021, recebeu uma dupla resposta dos Estados Unidos e da OTAN, em 26 de Janeiro de 2022, ou seja um mês e meio mais tarde.

A proposta russa estabelece que os dois países devem respeitar a Carta da ONU e que, além disso, Washington respeite a palavra que deu oralmente quanto à não extensão da OTAN para lá da linha Oder-Neisse que separa a Alemanha da Polónia.

Os Estados Unidos mantêm a sua resposta em segredo. O Secretário de Estado, Antony Blinken, garantiu que o seu país recusa qualquer limitação à extensão da OTAN. O Ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, foi mais longe assegurando perante a Câmara dos Comuns que : « Muitos países se juntaram à Aliança não porque a OTAN os obrigou, mas pela vontade livremente expressa dos governos e dos seus povos ».

O Ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, lembrou que os Estados Unidos, o Reino Unido e todos os Estados membros da OSCE são signatários das Declarações de Istambul de 1999 e de Astana de 2010. Estes dois documentos, fimados pelas assinaturas de 57 Chefes de Estado e de Governo, estabelecem dois princípios:

1. Qualquer país é livre de aderir a uma aliança militar da sua escolha;
2. Qualquer país tem a obrigação de não reforçar a sua segurança em detrimento da dos outros.

Ora, não há nenhuma dúvida que a adesão dos antigos membros do Pacto de Varsóvia à OTAN, envolvendo a colocação de armas dos EUA no seu território, ameaça a segurança da Rússia.

Portugal | A DIREITA PRESA NUMA FALÁCIA

Não se espere que a própria direita perceba o que aconteceu e se mostre interessada em corrigir a trajetória. Se a direita mais à direita está entre os vencedores destas eleições, é provável que olhe para a derrota do PSD como consequência desse partido se ter recentrado

Paulo Baldaia | Expresso | opinião

O Chega, a quem Rui Rio nunca foi verdadeiramente capaz de fechar a porta, quer agora assumir-se como a voz da direita no Parlamento. Uma voz que berra, que insulta, que discrimina, mas que não oferece uma única solução decente para os problemas do país. Nada, nem a maioria absoluta do PS, a enfraquece tanto como ter transformado o partido de André Ventura na terceira força política. Quando o país político se recentra, a direita radicaliza-se.

Não se espere que a própria direita perceba o que aconteceu e se mostre interessada em corrigir a trajetória. Se a direita mais à direita está entre os vencedores destas eleições, é provável que olhe para a derrota do PSD como consequência desse partido se ter recentrado. Uma enorme falácia, que permite perceber porque é que a direita, tendo reforçado a sua presença no Parlamento, sai enfraquecida destas eleições. A narrativa de Rui Rio, afirmando que o PSD não era do campo da direita, não teve correspondência com a ação política, mas permitiu que o espaço fosse ocupado pelas propostas económicas da Iniciativa Liberal e pelo extremismo de Ventura.

Portugal | MARCELO REBELO DE SOUSA PERDEU AS ELEIÇÕES?

“O PS está livre para formar o governo que quiser”

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

O medo de um governo de direita, que as inúmeras sondagens anteriores às eleições tornaram, erradamente, uma possibilidade viável na cabeça de muitos eleitores, levaram a uma concentração de votos da população de esquerda no Partido Socialista, com sacrifício do Bloco e da CDU, e originaram uma grande vitória pessoal de António Costa.

O PS está livre para formar o governo que quiser.

É uma vitória ao PSD, é uma vitória aos partidos da geringonça, é uma vitória à direita liberal, é uma vitória à direita nacionalista, e é, finalmente, uma vitória ao Presidente da República.

Na verdade, a vitória eleitoral de António Costa é politicamente tão forte e tão surpreendente que qualquer intenção do Presidente da República em influenciar a formação do próximo governo, o seu programa, as suas opções estratégicas, os parceiros a incluir ou a excluir de acordos de governação, toda a matemática no espaço que o estratega Marcelo Rebelo de Sousa certamente esteve a construir nos últimos meses, se esfumou na decisão emanada ontem dos boletins de voto.

O Presidente da República, ao contrário do que seria de esperar, parece condenado a ter um resto de segundo mandato em que tem de se confrontar com duas opções, face a um António Costa praticamente com as mãos livres para fazer quase tudo o que quiser.

As escolhas de Costa: duas mulheres como figuras de proa do PS no Parlamento

PORTUGAL ELEITORAL

Findas as eleições, prepara-se o novo Governo e a arquitectura do poder socialista no Parlamento. Edite Estrela deverá ser indicada para presidir à Assembleia da República e Ana Catarina Mendes ser reconduzida como líder parlamentar. Costa tem agora de formar uma equipa. Há pelo menos quatro ministros com saída garantida.

m dia depois da inesperada vitória do PS com maioria absoluta - inesperada até para António Costa -, toda a intriga interna dentro do partido se centra agora na forma como o poder socialista se organizará para a nova legislatura. Dito de outra forma: que Governo António Costa formará; e como será estruturado o poder parlamentar do partido.

No capítulo do poder parlamentar, há dois dados que são apresentados como garantidos: Ana Catarina Mendes continuará como líder parlamentar; e Edite Estrela será a candidata do PS a presidente da Assembleia da República.

Há algumas semanas, a escolha de Edite ainda não era dada como segura, dada a perspetiva de o PS poder voltar a governar sem maioria absoluta. Encarava-se com preocupação a possibilidade de uma candidatura de Edite Estrela ao lugar que ainda é hoje de Ferro Rodrigues não recolher apoio maioritário quando fosse a votos no Parlamento (o voto é secreto). O resultado das eleições, domingo, resolveu o problema.

Já quanto a Ana Catarina Mendes especulou-se sobre a possibilidade de, finalmente, ao fim de mais de duas décadas de carreira política, transitar para um cargo governativo. Mas há um problema.

Esse problema chama-se António Mendonça Mendes. É irmão de Ana Catarina e deverá, tudo o indica, ser reconduzido no cargo de secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Costa, escaldado com o desgaste que sofreu por causa das ligações familiares na constelação socialista e consequentes sugestões de nepotismo, não quer dois irmãos no mesmo Governo. Ana Catarina Mendes deverá então manter-se líder parlamentar do PS. E o que se espera é que contribua para o esforço que António Costa diz querer empreender de "reabilitar a ideia de maioria absoluta". Ou seja: entre outras, Ana Catarina deverá ter a missão de manter as portas abertas ao diálogo do PS com os partidos à sua esquerda. Sabendo, ao mesmo tempo, que a maioria absoluta permitirá que se aprove o que o PS quiser.

Brasil | A FARSA É UMA TRADIÇÃO


# Publicado em português do Brasil

Lucio Gregori | Carta Maior

Depois de uma boa quantidade de anos vividos em nosso país e de ter experimentado diversas situações políticas, não consigo deixar de pensar que o Brasil é constituído política e discursivamente à base de farsas, associadas aos padrões capitalistas internacionais destinados a seus países periféricos com suas respectivas classes dominantes subalternizadas. Algumas mais grotescas e outras mais refinadas.

Começo pela tradicional questão de nosso “descobrimento”, que na verdade foi tão somente nossa captura pelo império português. Sigo pela “cristianização” dos índios, na realidade a prática de uma catequese de submissão e derrota com benção das carnificinas. E em seguida nossa divisão do território, uma verdadeira “Parceria Público Privada” que institui as capitanias (que vem de capitão...) hereditárias – primeiro marco do fracasso das elites privadas que dominam o Brasil desde então.

Seguindo o esquema do colonialismo de ocasião, fazemos guerra ao Paraguai, assassinamos seu “ditador” nacionalista Solano Lopez e fazemos do nosso comandante general Caxias, um herói nacional e marquês.

Continuo com nossa independência proclamada por um futuro imperador de Portugal e culmino esta primeira parte, com nossa Proclamação da República feita pelo comandante marechal do exército, tirado às pressas de sua cama para tal finalidade. O capitalismo de então assim o exigia, imperador já era...

Chuvas em São Paulo deixam 21 mortos e centenas de famílias desabrigadas

BRASIL

No último final de semana, estado superou a média histórica de precipitação e registrou o equivalente ao volume mensal

As fortes chuvas que atingem o estado de São Paulo provocaram pelo menos 21 mortes, segundo as informações do governo do estado divulgadas nesta segunda-feira (31). De acordo com a Defesa Civil paulista, 660 famílias estão desabrigadas ou desalojadas em 11 cidades.

Os óbitos decorrentes das chuvas em São Paulo foram registrados nas cidades de Franco da Rocha, Francisco Morato, Embu das Artes, Várzea Paulista, Arujá, Ribeirão Preto, Jaú e Itapevi. “Entre as vítimas há um total de oito crianças. Além disso, há seis feridos e 11 desaparecidos”, disse um comunicado da Defesa Civil de São Paulo, nesta segunda-feira (31).

Os temporais que atingem o estado desde sábado (29) também causaram deslizamentos de terra, transbordamento de rios e alagamentos. O governador João Doria (PSDB) anunciou a liberação de R$ 15 milhões para as cidades afetadas.

Filme dos EUA documenta assassinato de 77 crianças palestinas por Israel em 2021

# Publicado em português do Brasil

Como parte de sua campanha para impedir o apoio financeiro dos EUA à ocupação israelense, o If Americans Knew lançou um curta-metragem documentando o assassinato israelense de 77 crianças palestinas em 2021.

O filme de dois minutos, postado nas redes sociais e no site do grupo , mostra quantas crianças palestinas foram mortas pela ocupação israelense e como.

If Americans Knew detalha no filme quanto os EUA pagam a Israel e aos palestinos como ajuda financeira, militar e humanitária.

A organização declarou: “Durante o ano fiscal de 2020, os EUA estão fornecendo a Israel pelo menos US$ 10,5 milhões por dia em ajuda militar e US$ 0 em ajuda militar aos palestinos”.

If Americans Knew pediu aos congressistas para mostrar o filme durante as reuniões dos diferentes comitês do Congresso para educar as pessoas sobre as contínuas violações israelenses e crimes contra palestinos.

ONU: ISRAEL, PALESTINA, CRIMES CONTRA A HUMANIDADE... O QUE É ISSO?

A resposta da comunidade internacional à detenção administrativa de Israel deve ir além dos motivos humanitários

# Publicado em português do Brasil

Ramona Wadi* | Strategic Culture Foundation

A ausência de uma estratégia persistente para combater as violações dos direitos humanos por parte de Israel e responsabilizar o estado colonial colonizador é prejudicial ao povo palestino, que continua acorrentado às agendas humanitárias.

Um adolescente refugiado palestino gravemente doente, Amal Nakhleh, trouxe o sistema de detenção administrativa de Israel para as manchetes. Nakhleh, que tem 17 anos e sofre de uma condição médica grave e foi submetido a uma operação para remover um tumor de sua caixa torácica antes de sua detenção pelas forças israelenses, está detido sem acusações em detenção administrativa desde janeiro de 2021, e seu último extensão ainda foi prorrogada novamente em janeiro até maio de 2022.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) disse em comunicado que as autoridades israelenses informaram aos pais que a detenção de seu filho é considerada um “caso administrativo confidencial”. Seu caso, de acordo com a equipe jurídica, “é um dos casos mais prolongados de detenção administrativa de uma criança que eles já conheceram”.

Devido à condição de saúde de Nakhleh, a miastenia gravis, que é uma condição neurológica que requer cuidados médicos especializados, a comunidade internacional talvez tenha sido particularmente ativa no pedido de sua libertação. No entanto, os motivos humanitários neste caso em particular não devem ofuscar o fato de que a detenção administrativa é uma violação do direito internacional.

Um lixo: Diante do relatório Gray, Johnson ficou sem honestidade e sem honra

# Publicado em português do Brasil

John Crace | The Guardian | opinião

Como Starmer escolheu o desprezo, Johnson culpou todos os outros. Muito mais e ele teria negado todo o conhecimento de ser PM

Às vezes menos é mais. Quando a polícia metropolitana finalmente investigou as partes no n.º 10, depois de ser apresentada às evidências por Sue Gray, e depois insistiu que ela manipulasse seu relatório final, foi geralmente considerado uma vitória para o suspeito. O Leitão Greased escapa novamente após um encobrimento do estabelecimento. Apenas Gray tinha outras ideias.

Em vez de lançar uma cal, ela apenas disse: “Foda-se” e derrubou as ferramentas.

Gray não ia jogar bola. Ela deixaria claro que não havia como apresentar um relatório significativo quando 12 das 16 partes estavam sujeitas a uma investigação criminal.

Na melhor das hipóteses, ela poderia oferecer uma atualização parcial. Apenas 12 páginas, duas das quais em branco e as outras todas uma acusação à operação do primeiro-ministro.

Não foi à toa que todos no número 10 foram destruídos durante a pandemia. Quem não estaria, com tantas festas?

E pode ser uma ideia plastificar os papéis do briefing de Boris Johnson para evitar que sejam arruinados com derramamentos de vinho. Gray concluiu sua breve atualização observando que a equipe do NHS estava trabalhando sob muito mais estresse do que o número 10 e não estava quebrando as regras e sendo destruído todas as noites.

Portugal | REGAR O CARVALHO

Afonso Camões* | Diário de Notícias | opinião

Costa é um sempre-em-pé. Desde que chegou a São Bento, ganhou praticamente tudo o que havia para ganhar. Resistiu a Sócrates, a Pedrógão, a Tancos, a Cabrita e à pandemia. E vê os seus poderes agora reforçados por uma maioria absoluta que supera em votos os que já alcançara em 2019. É obra! Quando a próxima legislatura chegar ao fim, o PS, com Costa nos sucessivos governos, terá governado 23 dos últimos 27 anos. É uma geração - que não há de ficar sem prestação de contas.

Está visto: entre o certo e o incerto, os portugueses escolheram a estabilidade, com forte penalização dos que acrescentaram uma crise política às crises pandémica e económica que já cá estavam, chumbando o Orçamento e derrubando o governo a meio do mandato. À esquerda, o Bloco e a CDU pagam a maior fatura e a geringonça faleceu de vez. A direita democrática, essa, de novo órfã de lideranças, vai ter tempo para se reorganizar e estabelecer com clareza o cordão sanitário que a separa do discurso grunho, de ódio xenófobo, populista e intolerante, que agora ganha geografia e reconhecimento institucional na forma de um grupo parlamentar.

Com o próximo governo que ainda não há, mas que já tem proposta de Orçamento, com um programa mais recentrado e liberto das amarras parlamentares que o obrigavam a negociar à sua esquerda, parte da ação fiscalizadora passa agora para Belém, cabendo a Marcelo, mais do que servir de grilo a Pinóquio, forçar a agenda reformista de que o país precisa. Porque, se há algo de muito claro para todos os portugueses é a urgência de mais crescimento económico, menos desigualdades, melhores serviços públicos e menos asfixia fiscal, para além da gestão patriótica dos fundos europeus que aí vêm, destinados à recuperação e em dose irrepetível. É a urgência de querermos sair "deste tempo de vida dilacerada, para um horizonte de esperança e sonho", na boa síntese do Presidente da República, quando há um ano iniciava o seu segundo e último mandato. Enganam-se quantos, perante a maioria absoluta do PS, vaticinam a Marcelo um final de mandato (que coincide com o fim da próxima legislatura), menos marcante e influente. Um presidente não governa, não tem poder executivo. O exercício das suas funções é, não apenas, mas muito, o uso da palavra. E Marcelo sabe, como ninguém, temperá-la. É esperar para vê-lo e ouvi-lo. Ele que, ironicamente, será o primeiro chefe de Estado a viver na Presidência com dez anos consecutivos de governos socialistas.

Portugal é quarto do mundo e terceiro da UE com mais novos contágios diários

Na União Europeia, o país com maior média de novos novos contágios por milhão de habitantes a sete dias é a Dinamarca. A nível mundial no topo da lista encontra-se Israel.

Portugal passou esta semana para o terceiro da União Europeia com mais novos casos diários de contágio com SARS-CoV-2 e de quinto para quarto no mundo, segundo o 'site' estatístico Our World in Data.

De acordo com os dados atualizados à data desta segunda-feira, o estado-membro com maior média de novos contágios por milhão de habitantes a sete dias é a Dinamarca, com 7.760, seguida da Eslovénia (6.790) enquanto Portugal está com uma média de 5.480 casos, quando na segunda-feira passada estava com 4.730.

A nível mundial neste indicador, e considerando apenas os países e territórios com mais de um milhão de habitantes, no topo da lista encontra-se Israel, com uma média diária de 9.500 novos casos, seguido da Dinamarca, Eslovénia e Portugal.

A média europeia neste indicador subiu esta semana de de 2.570 para 2.810, enquanto a mundial baixou de 417 para 416.

Quanto à média de mortes diárias atribuídas à covid-19, subiu esta semana em Portugal de 3,7 para 04, ligeiramente acima da média europeia, que esta semana subiu de 3,7 para 3,9.

O estado-membro com maior média de mortes diárias a sete dias é a Croácia, com 12,9, seguida da Bulgária, com 10,2, seguida da Grécia (10,1).

A média europeia neste indicador está em 3,9 e a mundial em 1,1.

Bósnia-Herzegovina (14,2), Croácia, Bulgária, Grécia e Geórgia (8,7) são os países com mais de um milhão de habitantes que apresentam as maiores médias de mortes diárias atribuídas à covid-19 a nível mundial nos últimos sete dias. A covid-19 provocou mais de 5,65 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.856 pessoas e foram contabilizados 2.611.886 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A nova variante Ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral e, desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta em novembro, tornou-se dominante em vários países, incluindo em Portugal.

Diário de Notícias

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