quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

MEMÓRIA DO 4 DE FEVEREIRO -- Matriz da Angola Livre e Democrática

Artur Queiroz*, Luanda

O 4 de Fevereiro foi mais do que um movimento revolucionário suportado pelo “Grito do Ipiranga” de nacionalistas corajosos que de mãos nuas enfrentaram a feroz máquina de repressão colonial. Mais do que a sua paternidade, interessa saber porque surgiu e que influência teve na sociedade angolana, desde 1961 até aos dias de hoje. São muitas as lições a tirar. São extraordinários os resultados obtidos. Basta lançar um olhar sobre os acontecimentos que desde então moldaram a matriz de uma Angola independente e democrática.

Os historiadores têm dúvidas quanto à paternidade do movimento revolucionário. O cónego Manuel das Neves dizia aos revolucionários que a hora era de acção e ninguém podia deixar-se paralisar pelo medo. Há um documento que lhe é atribuído e refere os “rapazes da UPA” que estariam desejosos de desencadear a revolta mas não tinham atingido o nível de organização que garantisse o sucesso das acções. Mas ele nunca disse nem escreveu que o 4 de Fevereiro não foi feito por patriotas angolanos.

O 4 de Fevereiro serviu para matar o medo! E depois partir rumo à libertação, sem temor, sem ceder, sem hesitar. Mais do que alguns agentes da Polícia Móvel aquartelada na Estrada de Catete (Avenida Deolinda Rodrigues) ou militares abatidos na Casa de Reclusão (Fortaleza do Penedo), os revolucionários mataram o medo que paralisava os angolanos. Desde aquela madrugada, os nacionalistas compreenderam que bastavam paus e catanas para enfrentar os ocupantes. O amor à liberdade, a coragem e o patriotismo valiam mais que as metralhadoras e as tropas organizadas.

A 4 de Fevereiro de 1961 já existia em Angola a polícia de choque, os “caçadores especiais” e os paraquedistas, tropas de elite, armadas e municiadas pela OTAN. No Toto existia uma base aérea. No Negage outra foi inaugurada no início do ano. O regime colonialista preparava cuidadosamente os instrumentos do terror, para que ninguém ousasse seguir os revolucionários. Até criaram uma Margem para o Genocídio, reduzindo a população Negra a um terço do que realmente era. 

Alguns anos antes tinha nascido um “Amplo Movimento” que não dava tréguas aos ocupantes. Evidentemente que a sua doutrina política mobilizou os revoltosos. Alguns membros da direcção política do 4 de Fevereiro ainda hoje estão nas fileiras do MPLA. Esta realidade remete para quinto plano a questão da paternidade. Mas David Queiroz, o capitão Quinjinje, era militante activo do MPLA. Seguramente. E ele mobilizou centenas de combatentes para a revolução. Seguramente. Indesmentivelmente. 

DISCURSO DE AGOSTINHO NETO NA CIMEIRA DO ALGARVE*

Texto integral do discurso do Presidente Agostinho Neto, no encerramento da Cimeira do Algarve, que decorreu no salão nobre do Hotel da Penina, em Janeiro de 1975. Por decisão de Holden Roberto e Jonas Savimbi, o líder do MPLA falou em nome dos três movimentos de libertação, signatários do Acordo de Alvor com Portugal e que pôs fim ao colonialismo.  Chamo a atenção para um aspecto de primordial importância. Pela primeira vez, um político das antigas colónias portuguesas considerou o Movimento das Forças Armadas (MFA) também conhecido por Movimento dos Capitães, que derrubou o regime fascista, como o Quarto Movimento de Libertação. Leiam o texto integral do discurso:

Senhor Presidente da República Portuguesa, Senhores Ministros do Governo Provisório Português, Amigas, Amigos e Camaradas: De 11 a 15 de Janeiro de 1975 as nossas delegações, respectivamente do Governo Provisório Português e dos representantes legítimos do Povo Angolano, reuniram-se no Algarve, para tomar decisões sobre o fim do sistema colonial.

A presença de Sua Excelência o Senhor Presidente da República Portuguesa no acto final da assinatura do acordo ficará registada nas Histórias de Portugal e de Angola como um eloquente anúncio de progresso político para os Povos de ambos os países.

Seja-me permitido, pois, em nome da Frente Nacional de Libertação de Angola - FNLA, do Movimento Popular de Libertação de Angola - MPLA e da União Nacional para a Independência Total de Angola - UNITA, em nome das delegações honradas pela vossa presença, em nome do nosso povo, que legitimamente representamos, exprimir satisfação pela perfeita avaliação do valor histórico deste momento.

Da Ponta de Sagres, partiram as caravelas que contribuíram positivamente para o contacto com outros povos e continentes e, portanto, para o advento de uma nova etapa na sociedade humana.

Relativamente perto da Ponta de Sagres, terminaram para o continente africano as relações injustas que mais tarde enegreceram os brilhantes feitos dos navegadores portugueses. Aqui, as pretensões dos colonialistas ficaram enterradas para sempre. Tenho o imenso prazer de felicitar o Povo Português por este acto final do vergonhoso colonialismo em África.

A MATRIZ DA PÁTRIA ANGOLANA

Com a devida vénia de admiração e gratidão reproduzimos o texto integral da palestra proferida pelo Professor Carlos Mariano  Manuel, presidente da histórica Liga Africana, a convite da Excelentíssima Senhora Presidente da Comissão Administrativa da Cidade  de Luanda, Dra. Maria Antónia Nelumba, no quadro da jornada celebrativa  do 4 de Fevereiro de 1961 Dia do Início da Luta  Armada para a Libertação Nacional. 

Os acontecimentos de 4 de Fevereiro de 1961 constituíram uma jornada patriótica consumada em Luanda pelos nacionalistas angolanos, com o objectivo de convocar a unidade de toda população originária e subjugada do País para se libertar do colonialismo, demonstrar na prática às autoridades coloniais a opção do início e continuação da luta armada até ser conseguida, por via da conquista da Independência Nacional, a inevitável e definitiva abolição do seu retrógrado domínio em Angola, bem como denunciar de forma dramática ao Mundo o sofisma, segundo o qual, colonizados e colonizadores viviam em harmonia  e, finalmente, apelar à solidariedade internacional para apoiar o processo de libertação do Povo Angolano, por ter sido parte  integrante da evolução progressista da História da Humanidade.

A opção da luta armada foi determinada pela obstinação das autoridades da Ditadura Constitucional do Estado Novo português, estabelecidas em Lisboa antes do início da Segunda Guerra Mundial, em manter o seu império colonial constituído no decurso do secular e obsoleto processo histórico de usura, não obstante a manifestação de reiteradas iniciativas pacíficas de organizações angolanas para pôr fim esse iníquo sistema político e a existência de disposições a favor da autodeterminação dos Povos no Direito Internacional Público, que traduzia a Nova Ordem Política Mundial, estabelecida pela comunidade internacional após o fim daquele conflito mundial, e concretizada, em vários instrumentos, como por exemplo, na Carta das Nações Unidas, adoptada em 26 de Junho de 1945 na cidade americana de São Francisco e na subsequente Declaração sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais, aprovada e convertida em Resolução 1514 (XV) da Assembleia Geral, realizada no dia 14 de Dezembro de 1960. 

Em conformidade com a Nova Ordem Política Mundial acima aludida, as principais nações coloniais euro-ocidentais, com excepção de Portugal, foram desmantelando nas décadas de cinquenta e sessenta do século XX os seus impérios coloniais, concedendo a Independência aos povos e a soberania aos territórios antes colonizados e integrando-os, posteriormente, em comunidades linguísticas, como foram os casos da Common Wealth e da Francofonia. Em África, os territórios colonizados foram ascendendo à condição de Estados soberanos, essencialmente, na primeira metade da década de sessenta, como foi o caso da República Democrática do Congo em 30 de Junho de 1960, do Congo Brazaville em 15 de Agosto do mesmo ano e a Zâmbia em 24 de Outubro de 1964, de tal molde que no período da realização da XV Assembleia Geral das Nações Unidas, ocorrida de Setembro a Dezembro de 1960, 17 países africanos independentes tinham sido admitidos como novos membros da Organização das Nações Unidas.

Mas, o governo português da ditadura constitucional, ao contrário, aprofundava cada vez mais a descriminação baseada na dermo-pigmentação e em detrimento das populações originárias dos territórios por si colonizados, legalizada com a promulgação em 20 de Maio de 1954, do Decreto-Lei nº 39.666, que aprovou e fez vigorar o Estatuto dos Indígenas Portugueses das Províncias (ditas ultramarinas) de Angola, Guiné e Moçambique, tendo criado um regime de apartheid à portuguesa.

Sindicatos angolanos querem mais aumento do salário mínimo e admitem greve

Centrais sindicais de Angola vão remeter ao Presidente João Lourenço uma nota de protesto relativa ao aumento do salário mínimo nacional e admitem uma paralisação geral, se não tiverem resposta.

As centrais sindicais angolanas anunciaram esta quinta-feira (03.02) que vão remeter uma nota de protesto relativa ao aumento do salário mínimo nacional ao Presidente angolano por "não se reverem" na proposta do Governo e admitem uma "paralisação geral" caso não sejam atendidos.

A decisão da Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos -- Confederação Sindical (UNTA-CS) e da Força Sindical foi apresentada hoje, no final de uma reunião de concertação.

"Como não fomos ouvidos, acabámos de elaborar e ainda hoje daremos entrada do nosso protesto junto do Presidente da República para, num prazo razoável, o PR e o seu Executivo se pronunciarem a propósito, este é a nossa posição", afirmou o secretário-geral da CGSILA, Francisco Jacinto.

O sindicalista lamentou o facto de o Governo angolano ter aprovado o aumento do salário mínimo nacional e o ajuste dos salários da função pública "sem chamar e convidar os sindicatos para uma discussão e abordagem profunda" sobre o assunto.

Para Francisco Jacinto, caso as autoridades solicitassem o parecer das centrais sindicais, as partes "alcançariam um consenso em relação ao valor percentual que poderia incidir no aumento do salário mínimo nacional".

PRESIDENTE DA GUINÉ-BISSAU CRITICA QUEM DIZ QUE O GOLPE FOI "TEATRO"

Dois dias depois da suposta tentativa de golpe de Estado no país, Umaro Sissoco Embaló visitou o Palácio do Governo, onde morreram 11 pessoas. O chefe de Estado guineense garante que o caso está a ser investigado.

Dois dias depois dos acontecimentos no Palácio do Governo guineense, ainda não se sabe oficialmente quantas e quem são as pessoas detidas. Um agente da Polícia da Intervenção Rápida, morto durante o ataque de 1 de fevereiro, foi indicado pelo Executivo como um dos "agressores". 

Esta quinta-feira (03.02), o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, regressou ao Palácio do Governo, onde afirmou que "é preciso que fique claro que foi um ato de um grupo de bandidos que queria assaltar o poder, a mando de pessoas como eles".

Embaló disse que foi ao palácio acompanhado das chefias militares, "só para" os jornalistas verem todos os responsáveis "juntos do seu comandante Supremo". Na visita participaram também o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, e membros do Executivo.

O chefe de Estado voltou a frisar que alguns dos envolvidos no ataque ao Palácio do Governo são pessoas ligadas ao tráfico de droga. E garante que vai intensificar a luta contra a criminalidade organizada.

Portugal | REI EM SÃO BENTO

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

António Costa leva a maioria depois de anos de trabalho, nos quais vem neutralizando sistematicamente todos os seus maiores competidores (quer esquerda quer centro), desde 2015. Primeiro, calou Bloco e PC prometendo-lhes lugar ao sol. Depois, enterrou-os, decepando também o PSD quando fez que juntos aplaudissem tipo foca amestrada a sua gestão da covid. Durante dois anos nesse monotema, todos lhe bateram continência. As consequências da mesmice são hoje visíveis.

Depois das autárquicas, o PS fez as contas e percebeu que mais valia legislativas antecipadas (com a direita em frangalhos e os geringonços emboscados) do que daqui a um ano. Mais valia em 2022 - enquanto a população ainda estava dobrada pelo medo covid e preferiria a estabilidade - do que em 2023 quando a história ou a histeria seria outra. Agora era arriscado mas daqui a uns meses seria pior - António Costa montou então um teatrão de bluff e levou os seus antigos parceiros a chumbar o Orçamento, Marcelo a tropeçar nos seus próprios pés e a abdicar do seu papel de moderador. Insisti nesta tese desde Outubro. E mantenho. Depois, o primeiro-ministro dedicou-se com afinco ao controlo da narrativa. Há muito que conhecemos os seus dotes de spin. Revelaram-se quando foi ministro de Sócrates.

Ambientalistas preocupados com o futuro das áreas para exploração de lítio

PORTUGAL

Zero e Quercus comprometem-se a acompanhar a evolução da prospecção e pesquisa de lítio no país. As associações temem que o rasto de destruição de espécies deixado na Mina do Barroso se repita e que a população não seja ouvida.

O Governo anunciou, nesta quarta-feira, o avanço do concurso para a prospecção e pesquisa de lítio nas áreas indicadas, nomeadamente: Seixoso-Vieiros, Massueime e quatro áreas na região de Guarda-Mangualde. Para os ambientalistas, é importante perceber o impacto que a decisão vai ter tanto no ambiente como nas populações locais e evitar um “salve-se quem puder”.

 “A decisão de avançar com o concurso era expectável”, afirma Nuno Forner. Para o membro da associação ambientalista Zero, fazer-se esta avaliação ambiental foi “positivo porque definiu as áreas de prospecção e detectou constrangimentos que levaram à exclusão de duas áreas” inicialmente consideradas viáveis.

Portugal | NOTAS SOBRE AS ELEIÇÕES

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

1. António Costa já ficaria na história como um dos mais importantes políticos da democracia portuguesa. O direito a um lugar de relevo ficou garantido, logo em 2015, pela forma como mudou a arquitetura do poder, ao puxar bloquistas e comunistas para o chamado "arco da governação". Depois das eleições de domingo, e da improvável maioria absoluta que conquistou (incluindo o facto de a ter conseguido com apenas 41,7% dos votos), passou a ser o político português mais importante do século XXI. Não interessa para o caso se o leitor votou ou não no PS. Se se revê ou não no estilo, nas ideias ou no programa. Se o idolatra, se o detesta, ou se lhe é indiferente. Contra factos não há argumentos.

2. Bloquistas e comunistas apontam ao voto útil para justificar a sua implosão eleitoral. Tal como antes atiravam a Marcelo Rebelo de Sousa, por ter precipitado a dissolução do Parlamento. É o que se chama, num caso como no outro, tentar tapar o sol com a peneira. O voto útil foi a consequência, não a causa. Chumbar um Orçamento do Estado que previa um aumento extraordinário das pensões mais baixas (mesmo que contido), a redução do IRS à classe média (mesmo que moderada) e que tinha associado um aumento substancial do salário mínimo nacional (para só falar de algumas das medidas de alcance social que lá estavam) foi, como se confirmou, um verdadeiro tiro no pé.

3. O país é hoje muito diferente no que diz respeito à Direita. É verdade que o principal partido, o PSD, ficou na mesma. Porque Rui Rio não foi capaz de somar. E quem lhe suceder no imediato não terá vida fácil: corre o sério risco de ser um líder de transição (quatro anos, sem ter sequer um lugar no Parlamento, é demasiado tempo). O CDS, como as sondagens previam, desapareceu e seria preciso mais do que um milagre para renascer. Sobretudo porque o seu espaço político ficou solidamente ocupado, quer pela Iniciativa Liberal, quer pelo Chega. Os liberais foram a maior revelação desta campanha eleitoral, mas falta-lhes vencer o teste do tempo. Quanto aos radicais, abriu-se uma caixa de Pandora. E o que está lá dentro não é bonito.

* Diretor-Adjunto

Presidente do IPO avisa que sem novo edifício fica em perigo prática do instituto

PORTUGAL

O presidente do Instituto Português de Oncologia garante que a construção de um novo edifício "é de uma premência enorme", porque é um edifício destinado a atos de saúde em ambulatório.

presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa avisou que, se a construção do novo edifício de ambulatório não avançar, "a globalidade da prática" da instituição vai ficar em perigo.

Em entrevista à agência Lusa, a propósito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro, João Oliveira lamentou que a construção do novo edifício do IPO não estivesse prevista no Orçamento do Estado (OE) para 2022, que foi chumbado e levou à dissolução da Assembleia da República.

"Ficámos muito animados porque este projeto, que é de vários milhões de euros, estava claramente inscrito no Orçamento do Estado para 2021, mas infelizmente não o vimos mencionado no Orçamento de Estado para 2022", disse, esperando que na proposta do novo OE volte a estar inscrito.

'Festival' Covid-19 | Nova! Mais contagiosa do que a original e já chegou a Portugal

Linhagem BA.2 da variante Ómicron detetada em 57 países

Foi detetado um aumento acentuado no número de casos envolvendo a linhagem BA.2, que tem várias mutações diferentes da versão original, em particular na ligação da proteína spike às células humanas

A linhagem BA.2 da variante Ómicron, que alguns estudos demonstram ser mais contagiosa que a versão original, foi detetada em 57 países, revelou na terça-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se a variante dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez no sul de África há dez semanas.

No seu boletim epidemiológico semanal, a OMS explicou que esta variante representa mais de 93% de todas as amostras de Covid-19 recolhidas em janeiro e tem como subvariantes a BA.1, BA.1.1 , BA.2 e BA.3.

BA.1 e BA.1.1 - as primeiras versões identificadas - ainda constituem mais de 96% dos casos da variante Ómicron registados no banco de dados global GISAID.

QUAL É O PROPÓSITO DO TRILATERAL POLACO-UCRANIANO-REINO UNIDO?

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

A aliança Polônia-Ucrânia-Reino Unido pode ser irritante para a Rússia, mas provavelmente não servirá como um grande impedimento para suas políticas regionais.

O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal , disse na terça-feira ao falar com seu colega polonês que “espero que em um futuro próximo possamos lançar oficialmente um novo formato regional de cooperação Ucrânia-Polônia-Reino Unido”. Isso aconteceu logo antes da visita do primeiro-ministro britânico Boris Johnson a Kiev. Seu trilateral deixou as línguas abanando, com muitos se perguntando exatamente qual é o seu propósito. Eles obviamente pretendem “conter” a Rússia, mas pode haver um pouco mais do que apenas isso.

Primeiro, é necessário algum contexto de fundo para entender melhor tudo. A Ucrânia não é o sujeito, mas apenas um objeto da não declarada crise de mísseis provocada pelos EUA na Europa . A Polônia, por sua vez, aspira à liderança na Europa Central e Oriental (CEE), mas também está considerando uma proposta russa para inspeções recíprocas de instalações de defesa aérea que os EUA abordaram em sua resposta vazada às garantias de segurança de Moscou. Quanto ao Reino Unido, faz parte do Eixo Anglo-Americano (AAA).

A censura, o racismo e o recrudescer do fascismo na pseudo-democracia dos EUA

O silenciamento de vozes negras e queer: George M. Johnson sobre a proibição de 15 estados de “All Boys Are Not Blue”

# Publicado em português do Brasil 

Democracy Now!

Os distritos escolares e as legislaturas estaduais controladas pelos republicanos estão intensificando rapidamente os esforços para banir certos livros sobre raça, colonialismo, sexo e identidade de gênero das salas de aula e bibliotecas públicas. A onda de proibições de livros – com mais de 70 projetos de lei educacionais sendo introduzidos nas legislaturas apenas no mês passado – foi amplamente liderada por grupos de direita financiados por Charles Koch. Estamos acompanhados pelo autor George M. Johnson para falar sobre seu premiado livro de memórias "All Boys Aren't Blue", que lida com homofobia, transfobia e racismo e foi alvo de remoção em pelo menos 15 estados. “A narrativa negra tem sido frequentemente proibida”, diz Johnson. “Meu livro é uma ferramenta para que crianças queer negras e LGBTQos adolescentes podem ver a si mesmos e ler sobre si mesmos e aprender sobre si mesmos.” Johnson também diz que as proibições apenas deram aos jovens mais pontos de acesso ao seu livro e argumenta que os recentes projetos de lei impostos pelos conservadores são “tudo sobre o medo de perder o controle das mentes que eles tiveram neste país desde sua fundação”.

Esta é uma transcrição apressada. A cópia pode não estar em sua forma final.

AMY GOODMAN : Distritos escolares e legislaturas estaduais controladas pelos republicanos intensificaram rapidamente os esforços para banir certos livros sobre raça, colonialismo e identidade de gênero das salas de aula e bibliotecas públicas, ao mesmo tempo em que impõem limites rígidos ao que pode ser ensinado nas escolas. De acordo com a PEN America, mais de 70 projetos de lei para impor ordens de mordaça educacional foram apresentados ou pré-arquivados apenas no mês passado. Enquanto isso, a American Library Association diz que recebeu 330 relatórios sem precedentes de esforços para banir livros.

Muitos dos esforços estão sendo liderados por vários grupos de direita, incluindo Moms for Liberty, Parents Defending Education e No Left Turn in Education. Todos os três grupos têm ligações com uma rede de direita financiada por Charles Koch e outros.

Em New Hampshire, os legisladores estão considerando um projeto de lei para tornar ilegal que professores de escolas públicas retratem os fundadores dos Estados Unidos de forma negativa ou ensinem que os Estados Unidos foram fundados no racismo. Em Oklahoma, o Senado estadual está considerando um projeto de lei visando livros sobre identidade sexual e de gênero de bibliotecas de escolas públicas. No Tennessee, o conselho escolar do condado de McMinn votou recentemente pela proibição de Maus , a graphic novel vencedora do Prêmio Pulitzer do Holocausto – sobre o Holocausto de Art Spiegelman, que se juntará a nós mais tarde no programa.

Mas começamos com o autor de um livro premiado que foi alvo de remoção por pelo menos 14 estados. É intitulado All Boys Are't Blue , de George M. Johnson, que escreve sobre crescer negro e queer em Nova Jersey. O livro trata de homofobia, transfobia e racismo. Em novembro, um membro do conselho escolar do condado de Flagler pediu ao Gabinete do Xerife do Condado que processasse criminalmente quem permitiu o livro nas bibliotecas escolares. A denúncia fez com que o livro fosse retirado do sistema escolar. George Johnson se juntará a nós em um momento, mas primeiro vamos ver uma aparição em vídeo que eles fizeram na reunião do conselho escolar no condado de Flagler.

Guiné-Bissau | Perguntas sem resposta após "tentativa de golpe"

Calma regressou às ruas de Bissau, um dia depois da "tentativa de golpe". Multiplicam-se as mensagens de repúdio ao "ato bárbaro", que fez vários mortos. Mas multiplicam-se também as perguntas: afinal, o que aconteceu?

Em comunicado, a Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau refere que foi com "profunda preocupação" que tomou conhecimento da "tentativa de golpe de Estado perpetrada por um grupo de homens armados não identificados", durante uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, na terça-feira (01.02).

De acordo com Adja Camara Pinto, segunda vice-presidente da ANP, tratou-se de um "grave e intolerável atentado ao Estado de Direito democrático e à ordem constitucional vigente".

Pelo menos, seis pessoas morreram, de acordo com fontes militares. A ANP solidarizou-se com as famílias das vítimas.

Ataque em Bissau: "Pensei que seria assassinada", conta testemunha

A jornalista Epifânia Fernandes não vai esquecer o 1 de fevereiro de 2022, o dia do ataque ao Palácio do Governo, em Bissau. Ela estava no interior do edifício quando tudo aconteceu.

O que começou como um dia normal no serviço de Epifânia Fernandes acabou por ser o pior da sua vida jornalística.

Com o gravador ligado na mão direita e sentada no degrau das escadas, ao lado de seguranças do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, no corredor do Palácio de Governo, a jovem foi surpreendida por um som de tiro de bazuca, que parecia uma explosão.

"Eu, os seguranças do Presidente e alguns jornalistas sentimos o 'boom' e pensávamos que fosse o pneu de um carro que rebentou lá fora."

Não foi. Era o início do ataque à sede do poder Executivo guineense.

Epifânia diz que nunca imaginou testemunhar algo do género, particularmente durante a cobertura jornalística de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros em Bissau.

Epifânia teve de desligar o gravador. Meteu-o no bolso. Era o salve-se quem puder.

Moçambique | Crescente protagonismo do Ruanda é ameaça à soberania?

"O que ameaça é a falta de responsabilidade dos nossos governantes", responde académico. Outro diz que prestígio alcançado em Cabo Delgado pode tornar o Ruanda fonte de serviços mercenários para multinacionais em África.

O destino final é Moçambique, mas o Ruanda parece ser paragem obrigatória para alguns países e multinacionais com interesses na pérola do Índico.

Por exemplo, esta semana, o número um da multinacional Total, Patrick Pouyanné, foi recebido pelo Presidente Paul Kagame, e o próximo embaixador dos EUA em Moçambique, Peter Vrooman, também procura Kigali. Em meados de 2021, o Zimbabué agiu da mesma forma quando se preparava para se juntar à Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM).

Para Calton Cadeado, especialista em paz e segurança, a tendência "só pode ser um sinal de que o Ruanda tem uma influência sobre Moçambique, que tem uma voz audível no país e influência no processo de tomada de decisões e formulação de políticas. Mais do que isso seria colocar muita importância no Ruanda acima de Moçambique na formulação dos seus próprios interesses nacionais."

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