sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

QUANDO SERÁ A PRÓXIMA INVASÃO RUSSA?

José Goulão | AbrilAbril | opinião

O assunto é sério. Ameaçadas pela irresponsabilidade militarista ao serviço de interesses que pretendem governar o mundo sem entraves, estão muitos milhões de vidas humanas.

E assim passou mais uma data, a de 16 de Fevereiro, marcada por Biden, Johnson, Von der Leyen e demais parceiros e aliados, para a invasão russa da Ucrânia. Mas as tropas da Rússia não compareceram à chamada, tal como acontecera em fins de Janeiro e vários outros dias de Fevereiro já anteriormente agendados sem que o visivelmente incumpridor Vladimir Putin lhes fizesse a vontade.

Agora há que aguardar por nova marcação de data porque a operação não acaba aqui, muito longe disso. Já repararam que várias televisões encabeçam o noticiário – chamemos-lhe assim – sobre a Ucrânia com a expressão «invasão russa», como se ela estivesse a acontecer? É verdade que a agência Bloomberg chegou a anunciá-la em directo e que vários meios ditos de comunicação, citando a «inteligência americana», assumiram o rigoroso compromisso de anunciar a invasão para a uma da manhã da última quarta-feira. E se a máquina de propaganda, especialmente a sempre diligente CNN, alimenta até à minúcia a rubrica «invasão russa» é porque tal episódio não aconteceu mas está para acontecer – pelo menos os seus operadores rezam por isso a todas as alminhas. De modo a que possam então descarregar os volumosos materiais sobre o acontecimento preparados antecipadamente e possam dar ainda mais gás aos seus agentes no terreno, comentadores, académicos, especialistas, analistas, ex-ministros, gurus, espiões e ex-espiões avençados que dizem todos o mesmo, desencantados por ora com o facto de Putin não lhes fazer a vontade, cultivando cada qual o respectivo linguajar histriónico.

Chama-se a isto «informar». Porém, o que está verdadeiramente em curso é uma barragem de propaganda de guerra com características terroristas – trata-se de manter o pânico nas populações, e não só as da Ucrânia e do Leste europeu – para reforçar a unipolaridade global através de uma nova ordem internacional «baseada em regras» definidas, bem entendido, em Washington. Se as razões que movem o império anglo-saxónico, manipulando os seus instrumentos NATO e União Europeia, já eram muitas até aqui, elas foram reforçadas com os frutos da recente cimeira entre a Rússia e a China. Putin e Xi-Jinping disseram nada mais nada menos que a amizade entre os dois países «não tem limites» e que a consistência das relações mútuas é superior à «das alianças políticas e militares da época da guerra fria». A dinâmica multipolar parece, deste modo, começar a sobrepor-se à estratégia unipolar dos agendamentos de guerra falhados, alimentando a histeria a que temos vindo a assistir e na qual se perde, não poucas vezes, a noção do ridículo.

Portugal | Enfermeiros exigem alteração da lei que "roubou" direitos

O SEP reivindica a alteração de um decreto de lei para «corrigir injustiças» e acelerar progressões na carreira. Para 15 de Março está marcada uma concentração frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa.

Numa conferência de imprensa realizada esta quarta-feira, em Lisboa, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN), José Carlos Martins, apresentou a campanha «Quero mudar o DL 71/19», que é o decreto de lei da carreira de enfermagem. 

O sindicato denuncia que a lei «imposta» em 2019 pelo actual Governo «criou mais obstáculos ao desenvolvimento profissional e salarial dos enfermeiros». São problemas que acrescem a outros existentes, de não contabilização dos pontos aos enfermeiros com contrato individual de trabalho, «remetendo-os, ao final de 25 anos de exercício profissional, para o mesmo salário de qualquer jovem enfermeiro que agora ingressa na profissão», denuncia o SEP numa nota de imprensa. Segundo contas do sindicato, cerca de 50% dos enfermeiros mantêm um salário de 1214 euros. 

Portugal covidado | Hoje houve 51 mortes, mas está tudo a ficar melhor. Está?

Portugal regista mais 15.482 casos de Covid-19 e 51 óbitos

Dados avançados pela Direção-Geral da Saúde. Registam-se menos novos casos do que ontem, mas mais mortes. Valores do rácio de transmissibilidade e da incidência de novos casos caem.

Portugal registou, nas últimas 24 horas, 15.482 casos de Covid-19 e 51 óbitos, de acordo com o mais recente boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgado esta sexta-feira. Em relação a ontem, regista-se uma diminuição do número de novos casos (16.488), mas um aumento de mortes (42).

Lisboa e Vale do Tejo foi a região com o maior número de novas infeções: 5.272. Segue-se o Norte com 4.073, o Centro com 3.014, o Algarve com 1.021 e o Alentejo com 926. No arquipélago da Madeira houve mais 526 casos e no dos Açores 650.

Já no que diz respeito ao número de óbitos, a região Norte foi a que mais afetada: registou 19 das 51 vítimas mortais. Em Lisboa e Vale do Tejo ocorreram 13 mortes, no Centro 7, no Algarve cinco e no Alentejo quatro. Nos Açores há registo de duas mortes e na Madeira uma. 

O número de internamentos voltou a descer. Depois de ontem se registar uma queda de 119 pessoas internadas, o relatório de hoje dá conta de menos 86 hospitalizados com Covid-19, diminuindo o número total para 1.936. O número de doentes graves em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) desceu pelo sexto dia consecutivo e é agora de 127, menos cinco do que na véspera.

O rácio de transmissibilidade (RT) e a incidência de novos casos foram atualizados esta sexta-feira e seguem a tendência decrescente das últimas atualizações. Segundo o boletim da DGS, Portugal tem uma incidência de 3.853,1 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias e Portugal continental de 3.833,4. Na atualização de quarta-feira, estes valores eram de 4.390,9 e 4.385,9, respetivamente. Já o RT continua inferior a 1 em ambos os casos: 0,74 em todo o território nacional e 0,73 quando analisado apenas o continente. 

Portugal registou, desde o início da pandemia, 3.163.869 casos de SARS-CoV-2, 516.890 dos quais permanecem ativos – menos 21.279 – , e 20.759 não resistiram. Nas últimas 24 horas, 36.710 pessoas recuperaram da doença, elevando o total para 2.626.220. Atualmente, as autoridades de saúde têm 534.151 contactos em vigilância, menos 11.091.

Márcia Guimaro Rodrigues | Notícias ao Minuto

Portugal | EXPORTAR A REGIONALIZAÇÃO

Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

O Estado português que, ao longo de sucessivas eleições, tem tratado o voto dos emigrantes com os pés, foi apanhado descalço com a inesperada alteração ao ciclo legislativo decorrente das eleições legislativas antecipadas.

Não que fosse previsível especial preocupação de PS e PSD em criar condições para que, no acto eleitoral que se apontava para 2023, algo de substancial mudasse no sentido de introduzir mecanismos que permitissem aos emigrantes portugueses condições simples, práticas e seguras de exercerem o seu direito de voto.

O desincentivo ao voto é gritante. Mesmo com mais um inenarrável imbróglio que o Tribunal Constitucional tenta (e bem, dentro do possível) minimizar, o mal está feito. Quando, nestas eleições, se registou um forte aumento da participação dos emigrantes - se compararmos os números com as legislativas de 2019 - muito fruto do voto por correspondência, a repetição da votação no círculo da Europa não deixa apenas o país em suspenso. Os emigrantes, convidados a renovar votos a 27 de Fevereiro apenas por voto presencial, sem direito a voto postal, ficarão maioritariamente em casa. E nunca semelhante abstenção foi tão legítima.

Deitar ao lixo 157 mil votos, 81% dos votos do círculo da Europa (61% do total de votos enviados pelos emigrantes) é obra. Independentemente da desnecessidade ou anacronismo, a exigência da cópia do cartão de cidadão do eleitor é algo que não compete aos partidos fintar. A revisão da lei eleitoral é tão urgente como acabar de vez com a possibilidade de um partido dizer algo e o seu contrário, como se a responsabilidade política fosse a enterrar junto com a sensatez. Os protestos do PSD pelo facto da maioria das mesas terem validado votos que não vinham acompanhados da devida identificação mostra como o respeito pela lei pode ser contraditório com o respeito pelas decisões que o próprio PSD tomou e pelas quais se desresponsabiliza num abrir e fechar de urnas.

O centralismo cuida das comunidades portuguesas no estrangeiro com o mesmo desrespeito com que trata as diferentes realidades regionais dentro do país. Desinteresse e desconhecimento. Exportar a regionalização, pelo contraste e absurdo. A regionalização, medo indómito de boa parte da classe política portuguesa, nada convicta em distribuir equidade e equilíbrio num pequeno país tremendamente desigual, devia ser exportada a título experimental. A forma como o poder político trata os emigrantes não é muito diferente daquela com que trata dos legítimos interesses do Portugal real que desconhece. Mais do mesmo. A distância da realidade, esse indispensável condimento utilizado pelo poder político para transformar injustiças em equívocos, desresponsabilizando-se das suas decisões que fundamentam desgraças.

*Músico e jurista

*O autor escreve segundo a antiga ortografia

Portugal | Regresso à normalidade? "Dentro de cinco semanas", prevê o Governo


Dentro de cinco semanas, a média de mortes ficará abaixo do limite de 20 por milhão de habitantes, acumulada a 14 dias. Nesta altura, o valor é de 63.

O Governo prevê que dentro de cinco semanas, de acordo com os dados dos especialistas, o país possa atingir as 20 mortes por milhão de habitantes acumulada a 14 dias, ou seja, a meta para o alívio total das restrições.

A ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, depois do Conselho de Ministros, explicou que as medidas anunciadas, que obrigam ainda ao uso de máscara e à apresentação de certificado ou teste negativo nas visitas a lares ou hospitais, continuarão em vigor até "à queda significativa do número de mortes, que ainda hoje ocorrem".

Mariana Vieira da Silva lembrou que, na última reunião do Infarmed, os peritos mostraram que dentro de cinco semanas a média de mortes ficará abaixo do limite de 20 por milhão de habitantes, acumulada a 14 dias. Nesta altura, o valor de mortes é de 63 por milhão de habitantes.

CONTOS POPULARES ANGOLANOS -- A Bela Namalimba no Reino da Fantasia

Seke La Bindo*

Namalimba era tão bela que o Sol do meio-dia se envergonhava quando a via, procurando refúgio nas sombras. Nas florestas de Halavala, à vista do reino de Ombalundo, todos os animais queriam conhecê-la e casar com ela. Até Hosi, o soberano de todas as terras do Planalto Central, foi pedir a sua mão. Mas ela disse que não ao rei leão! Ngeve, o rei dos rios, também foi seu pretendente. Mas ela recusou o riquíssimo hipopótamo. Disse-lhe gentilmente:

Watundila k’ilu lyongeve, katyukila. Quem um dia saiu de cima do hipopótamo nunca mais volta para perto dele.

A mãe de Namalimba, Cokolondona, ficava admirada quando Ekumbi escondia seus raios de luz nas montanhas do Cathiungo, para deixar resplandecer a beleza da filha. E como era pobre, sonhava com o dia em que aparecesse um pretendente rico para casá-la. Até lá, passava o dia agarrada ao pilão fazendo fuba de milho.

Um dia apareceu um pretendente. Era Ngeve, o rei dos rios. Ele disse a Cokolondona que tinha visto Namalimba a banhar-se no rio e ficou apaixonado por ela.

- Dás-me a mão da tua filha e eu dou-te todos os rios e as suas mães, nas montanhas do Bié.

Angola | O ESPECTÁCULO QUE MATOU RAYAN

Artur Queiroz*, Luanda

O nome dele é Rayan, meu filho. Todas as crianças do mundo reféns de buracos e fomes são meus filhos. Este estava no fundo da terra, na aldeia de Chefchaouen. Desde que Ana Isabel Paulino foi enterrada viva na toca de um jimbo, perto do Bailundo, jurei a mim próprio que nunca mais ficaria indiferente. Sendo eu repórter, não dei a notícia em primeira mão. Permiti que Jonas Savimbi matasse mais mulheres angolanas das elites femininas da UNITA. Todos nós, repórteres, somos culpados de tanta mortandade. Porque nunca noticiámos os assassinatos do chefe do Galo Negro. Como se as vítimas não fossem angolanas e angolanos. Como se merecessem a morte só porque confiaram no criminoso de guerra.

Quando soube da tragédia de Rayan fui ter com ele ao buraco. Lavei-lhe o sangue seco do rosto com as minhas lágrimas. Pus a cabeça do menino no meu peito e depois contei-lhe esta história:

Mil dias acabam num dia. Nada é eterno e um mundo pode acabar na mão de uma criança. Como dizem os Nlwa, que falam pela voz dos tambores, nkama lumbu, lumbu kimosi kyenlenda.

A liberdade na aldeia do Dambi terminou num dia de Março, quando a chuva arrasava os capinzais e turvava rios e kapopas. A notícia veio de longe, lá das terras do Bembe onde os mestres ferreiros faziam adornos de beleza e armas de bronze. 

Como todas as más notícias, chegou tão rápido como a luz do dia: nsangu za mbi nane zimenanga. O rei morreu na sua banza, envenenado por quem comia à sua mesa e dormia sob o seu tecto. 

Os tambores anunciavam dias de servidão e medo. Quem matou o rei não tinha coração, ambicionava usurpar o seu lugar para escravizar o povo.

Muitos fugiram da aldeia, para o alto das montanhas, onde vivia a águia e nasciam os rios. O novo rei em breve mostrou a sua ferocidade, tratando o povo com crueldade.

É bem verdade, o povo sem chefe está perdido.  

Angola | Cafunfo: Ministério Público pede pena suspensa para arguidos

O Ministério Público pediu pena suspensa para os 25 membros do Protetorado da Lunda Tchokwe, acusados de rebelião armada na sequência dos incidentes em Cafunfo. Advogado de defesa sublinha que não há provas.

O advogado Salvador Freire afirmou que na sessão de alegações finais realizada esta quarta-feira (16.02), o Ministério Público pediu pena suspensa para todos os arguidos, por não ter encontrado provas que sustentem uma condenação.

"O próprio Ministério Público deixou cair por terra a acusação que lhes foi movida e a única coisa que pede é que, por estes elementos pertencerem ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe [MPPLT], sejam condenados a uma pena suspensa", referiu Freire em declarações à agência Lusa.

Moçambique | Dívidas ocultas: Ministério Público pede arresto de bens de arguidos

O Ministério Público moçambicano requereu o arresto provisório de bens dos 19 arguidos do processo principal das dívidas ocultas, anunciou esta quinta-feira o juiz do caso, Efigénio Baptista.

Efigénio Baptista avançou que os advogados dos 19 arguidos serão notificados da providência requerida pelo Ministério Público, para poderem reagir. 

"É um despacho com 40 páginas e deve ser entregue aos advogados de cada um dos 19 réus. Como imaginam, é muito volume de papel", declarou Baptista. 

O juiz não especificou o tipo de bens alvo da providência, mas a acusação do Ministério Público refere-se a imóveis, viaturas e contas bancárias como ativos resultantes do dinheiro desviado dos empréstimos em causa. 

Baptista anunciou o requerimento da acusação, no final do primeiro dia da audição do antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza, que depôs hoje como declarante no caso das dívidas ocultas. 

O juiz do processo anunciou ainda um prazo de sete dias úteis para a preparação das alegações finais.

Efigénio Baptista disse que vai anunciar na sexta-feira ou segunda-feira a data do início da contagem do prazo, depois da audição de Armando Guebuza.

O juiz rejeitou o pedido do Ministério Público, que queria um prazo de 15 dias para a preparação das alegações finais.

Moçambique | RENAMO quer reintegração mais rápida de ex-guerrilheiros

O processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos guerrilheiros residuais da RENAMO está praticamente paralisado, acusa o maior partido da oposição moçambicana. E apela para um processo mais célere.

O porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), José Manteigas, confirmou à DW África que se regista uma paralisação do processo de desmobilização e reintegração do braço armado do partido desde a segunda semana de dezembro. Na altura foi encerrada a primeira base militar da RENAMO no distrito de Murrupula, província de Nampula.

Manteigas insiste que não há, para já, motivo para preocupação. "O DDR está a correr, apenas tem algum sobressalto, sobretudo, por causa das férias [de Natal e fim de ano]", assegura.

O porta-voz recusou comentar rumores sobre faltas no pagamento de pensões a alguns ex-guerrilheiros. Questionado pela DW África sobre o grau de satisfação da RENAMO com o decorrer do processo, José Manteigas realçou a complexidade do DDR. "Cada etapa é sempre uma evolução do processo", disse.

Seis países africanos vão receber tecnologia para produzir vacinas mRNA

A OMS tem trabalhado para estabelecer um centro de formação de mão-de-obra que irá formar pessoas de todos os países interessados na investigação científica e clínica e na capacidade de produção, o qual será anunciado nas próximas semanas.

Egito, Quénia, Nigéria, Senegal, África do Sul e Tunísia são os primeiros seis países que receberão a tecnologia necessária para produzirem vacinas mRNA no continente africano, anunciou esta sexta-feira o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Tedros Adhanom Ghebreyesus fez este anúncio durante a cimeira União Europeia/União Africana (UE/UA), que decorre desde quinta-feira em Bruxelas, numa cerimónia organizada pelo Conselho Europeu, França, África do Sul e OMS, que contou com a presença dos presidentes francês e sul-africano, além do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

O centro global de transferência de tecnologia mRNA foi estabelecido em 2021 para apoiar fabricantes em países de baixo e médio rendimento a produzir as suas próprias vacinas, assegurando que possuem todos os procedimentos operacionais e conhecimento necessários para fabricar vacinas mRNA à escala e de acordo com as normas internacionais.

Criado principalmente para fazer face à emergência da pandemia de covid-19, o centro tem o potencial de expandir a capacidade de fabrico de outros produtos, colocando os países na liderança, quando se trata dos tipos de vacinas e outros produtos de que necessitam para enfrentar as suas prioridades sanitárias.

Dependendo das infraestruturas, mão-de-obra, investigação clínica e capacidade reguladora existentes, a OMS e parceiros trabalharão com os países beneficiários para desenvolver um roteiro e pôr em prática a formação e apoio necessários para que possam começar a produzir vacinas o mais rapidamente possível.

Cimeira UE-África termina com debate sobre migrações e investimento

A cimeira UE-África termina hoje com um debate sobre migrações e expectativas sobre investimentos europeus em África. Líderes europeus pretendem reforçar laços numa altura em que a influência chinesa e russa se expande.

sexta cimeira União Europeia (UE) - União Africana (UA), que visa revitalizar a parceria entre os dois blocos tendo em conta os novos desafios globais, termina hoje, em Bruxelas, com uma cerimónia entre os líderes europeus e africanos.

As atenções estão hoje viradas para aquele que é previsto como um dos principais resultados concretos desta cimeira e que foi já antecipado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por ocasião da sua visita na semana passada ao Senegal, país que assume atualmente a presidência da UA: um plano de investimentos para África que mobilizará cerca de 150 mil milhões de euros ao longo dos próximos sete anos.

Este é o primeiro plano regional no quadro da nova estratégia de investimento da União Europeia, a "Global Gateway", entendida como uma resposta à "Nova Rota da Seda" - projeto que a China tem já em curso à escala mundial.

PERITO EM ACÇÕES DE GUERRILHA, O BREVE REINADO DE MANDUME

Artur Queiroz*, Luanda

No dia 6 de Fevereiro decorreu mais um aniversário da morte do rei Mandume. Este ano as comemorações incluíram um concurso literário. E como sempre, altos responsáveis governamentais apresentaram o jovem rei como um herói da luta contra a ocupação colonial. Falta acrescentar a palavra “portuguesa”. Porque ele foi um fiel aliado dos alemães que ocupavam o Sudoeste Africano enquanto potência colonial.

Na colónia alemã existia uma vasta região, a Damaralândia, limitada a Norte pela Ovambolândia, a Oeste pelo Deserto do Namibe, a Leste pelo Deserto do Kalahari e a Sul pela região de Windhoek, o chão dos hereros.  Os alemães queriam alargar esta parte do Sudoeste Africano até ao rio Cunene, criar um porto de mar na Baía dos Tigres, Moçâmedes ou Tombwa e construir um caminho-de-ferro regional até ao interior da África do Sul. Mandume foi peça importante desta estratégia. Fez tudo para que os territórios do Sul, Sudoeste e Sudeste de Angola fossem território da colónia alemã, o Sudoeste Africano, hoje Namíbia. 

A 19 de Outubro de 1914 entrou em território da colónia de Angola, no Cuamato, uma coluna integrada com o governador alemão da Dâmara (Damaralândia), Dr. Shultz Jensen, três oficiais e mais 11 soldados. Tropas portuguesas interceptaram os invasores em Naulila. Os oficiais alemães Curt Karden, Losch e Roeder foram mortos e o governador, ferido gravemente, foi preso. Ele revelou quais eram os projectos de Berlim para a região. Os territórios do Cuanhama e Cuamato ficavam integrados na colónia alemã do Sudoeste Africano (Namíbia).

O texto a seguir, resulta de uma pesquisa aturada em documentos da época e relatos de oficiais portugueses que combateram nas chamadas acções de “pacificação do sul de Angola”. O jovem rei Mandume combateu a ocupação colonial portuguesa, aliado aos colonialistas alemães. Lutou até à morte para que o Cuanhama não fizesse parte do mapa de Angola mas sim do Sudoeste Africano (Namíbia).

.Mandume ya Ndemufayo foi o último rei kuanyama e morreu a 6 de Fevereiro de 1917. Chegou ao poder em 1911, o seu reinado durou apenas seis anos. O padre Keiling, que com ele conviveu, relata desta forma a sua morte: “E virando-se para os filhos (seus primos) do falecido soba Weyulu, lhes perguntou se queriam ser muleques de brancos. Como eles dissessem que antes queriam morrer, o soba, levando a espingarda à cara, prostrou-os com dois tiros, e virando em seguida a arma contra si mesmo, fez saltar os miolos”.

CONTOS POPULARES ANGOLANOS -- A Colina que Recebeu o Sortilégio da Chuva

Seke La Bindo

Mutenya desceu com o seu rebanho para a Quihita naquele ano de fome e tristeza. O gado perdeu a esperança de comer e beber. Os homens abandonaram a terra. Só nas margens do grande rio, pastores ainda tinha restos de abundância. Todos riam de felicidade e saboreavam a vida. Indiferentes à desgraça que envolvia a terra, cantavam felizes: 

tulye, tunyane, tulovole: k’ondyembo katyi-ko. Vamos comer, fartemo-nos! Vamos divertir-nos até mais não: no além não há disto!

O pobre pastor Mutenya andou com o Sol até à terra de ninguém, sem nunca encontrar pasto seco ou mulola de água barrenta. Ele sabia que para lá do horizonte havia água e abundância de comida. O rebanho havia de ficar saciado. Mutenya só queria consolar o seu olhar com um imenso campo verdejante. Mas só encontrou carcaças de animais mortos pela fome e a sede. 

Talvez amanhã venha a chuva e com ela as pastagens. Talvez. Mas Mutenya foi travado pelo ombindihi. Nem ele nem o gado conseguiram passar para a terra da abundância. Ficou ali, à espera da última sede e da fome silenciosa. 

Do outro lado das montanhas nasceu Mutaleni, a menina frágil que um sortilégio deixou em perigo, naquele mundo de fome e sede. Quando deu o primeiro vagido de vida a mãe gritou:

- Não lhe façais mal! Mutaleni, hamumulingi!

Mas o mal invadiu a terra dos Gambos, secou os regatos, queimou as pastagens, afugentou o bambi. Mutaleni cresceu assim, com seus passos guiados por aquele sortilégio. Foram os seus pensamentos e a sua força que a conduziram para longe, onde o pastor Mutenya foi travado pelo ombindihi.

Angola | UNITA pede anulação do concurso da CNE para logística eleitoral

Maior partido da oposição em Angola diz que as eleições gerais não serão transparentes se a empresa Indra estiver a gerir a logística eleitoral. A sociedade civil também está desconfiada.

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) anunciou esta quarta-feira (16.02) que vai solicitar a anulação do concurso público que aprovou a empresa espanhola Indra para desenvolver as soluções logísticas e tecnológicas nas eleições gerais de agosto.

Liberty Chiaka, presidente do grupo parlamentar do maior partido da oposição, diz que a empresa foi "condenada em Espanha por práticas fraudulentas" e declarou "intencionalmente factos falsos ou errados para participar no concurso realizado pela Comissão Nacional Eleitoral, visando impedir a participação de outros interessados e restringir a concorrência".

Por isso, o "galo negro" quer dialogar com a CNE para averiguar formas de ajudar a administração eleitoral a ter capacidades tecnológicas próprias necessárias para as tarefas mínimas inerentes à organização de uma eleição.

Esta semana, o Observatório Eleitoral Angolano afirmou que a logística das eleições pode ser entregue a empresas angolanas. A Indra assegura, no entanto, que o processo eleitoral será conduzido "de forma profissional e transparente".

Angola | O SERMÃO DOS PANÇUDOS CONTRA A FOME

Artur Queiroz*, Luanda

Os bispos estiveram reunidos em Benguela e no final explicaram aos crentes que a Igreja Católica está em falência nos países que dominam o sistema financeiro mundial e são os principais produtores /vendedores de material bélico. Como reverter o desastre? O porta-voz da CEAST explicou:  Queremos transparência nas eleições gerais em Angola e a presença de observadores internacionais. 

A Voz da América informou-nos que Belmiro Chissengueti disse isto: “A Igreja trabalha para um processo inclusivo, sem preferências quanto ao vencedor nas eleições”.  O bispo da UNITAFLEC acrescentou: “As eleições devem ser internacionalmente observáveis. Mas lá onde cada um estiver deve ser observador eleitoral, procurando trabalhar para a lisura do processo. A Igreja pode dar o seu contributo, mas a parte essencial é o povo, que deve evitar o absentismo, fazer o seu registo e ver que documentos são necessários”.

O porta-voz da FLEC e da UNITA, fardado de bispo, disse ainda à Voz da América, prestimosa instituição da CIA, que está preocupado com a contagem dos votos: “É evidente que a legislação eleitoral é muito confusa neste aspecto, mas o melhor era, efectivamente, a contagem nas mesas, nos municípios e nas províncias, e depois fazer o total nacional, cheia de graça, pai-nosso que estais no céu, creio em Deus todo poderoso”.

O presidente da CEAST, do Protectorado  Português Lunda e da UNITA, arcebispo de Saurimo, José Manuel Imbamba, lembrou que o processo eleitoral é complexo mas destacou aspectos a ter em conta para as suas causas políticas: “Dever de igualdade de tratamento das candidaturas e do que a estas esteja licitamente associado, a liberdade de expressão e informação no marco da lei, a liberdade de reunião e de manifestação, direito de tratamento imparcial pela comunicação social em nome do pai, do filho e do espírito santo salvé rainha mãe da misericórida assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

CONTOS POPULARES ANGOLANOS -- O Tempo Nunca Espera nem pelo Rei

Seke La Bindo

O tempo não espera por ninguém, nem pelo rei. Por isso, na aldeia da Kananga todos viviam um instante como se fosse o último. Inevitavelmente cada dia morria, a noite chegava e a manhã seguinte era outro mundo. As vésperas são amadas, porque esse é o tempo antes do fim ou da morte. Na véspera, todos estamos vivos.

Os sábios dizem que não devemos desperdiçar o tempo: ntangu nzimbu! Ele é mesmo dinheiro, por isso nos abandona nos momentos de felicidade e torna tudo tão fugaz, mesmo o nsafu maduro, o voo livre do pássaro ou a canção entoada com dolência em memória dos que partiram.

Na Kananga os mais velhos guardavam no relicário da memória um provérbio como se fosse a alma dos Nsoso: 

“ku nim’a ntangu ka ntangu ko, ku ntwal’a ntangu ka ntangu ko. A hora vivida já é passado, a que há-de vir não existe. 

E este tempo de abundância nos rios, nas lavras e nas florestas? O tempo presente é tão fugaz como o perfume da flor dinsusu-nsusu, quando é tocada pelos viajantes. No momento que é, deixou de ser. 

Na aldeia havia um desejo secreto: Que o Sol poisasse nos píncaros da serra para sempre, amarrando o tempo à luz do dia, à flor inebriante, ao fruto suculento, ao malavu embriagador. Mas nunca se cumpriu esse desejo. 

Jornalista guineense fora de perigo, mas o caso gera revolta em Lisboa

Maimuna Bari já deixou o Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A jornalista da Rádio Capital FM foi transportada para Portugal na sequência do ataque à emissora privada. Guineenses denunciam "regime autoritário".

A jornalista guineense Maimuna Bari ficou em estado de choque depois do ataque à Rádio Capital FM, em Bissau, no dia 7 de fevereiro. Ficou traumatizada e não conseguia falar. Sofreu uma queda que terá afetado a bacia e a parte lombar da coluna vertebral. O seu estado de saúde exigia muita atenção médica, o que obrigou ao seu transporte para Portugal, por intermédio do Sindicato dos Jornalistas da Guiné-Bissau. 

Maimuna chegou a Lisboa na passada sexta-feira (11.02) numa cadeira de rodas e foi levada de imediato para o Hospital de Santa Maria, onde recebeu assistência médica de urgência, segundo o irmão da vítima, Samba Tenem Bari.

"Já deixou o hospital na passada segunda-feira e então a levámos para casa de um familiar. Ainda hoje liguei, falei com a senhora [que a acompanha] e ela me disse que [a Maimuna] já começou a andar com umas canadianas. Mas, sobretudo a perna esquerda, ela não consegue levantá-la por todo. Arrasta-se um pouco para isso", conta.

O guineense adianta que, devido à falta de meios técnicos de diagnóstico na Guiné-Bissau, a jornalista deve continuar nos próximos meses em Portugal para ser devidamente avaliada e acompanhada.

"É recomendável que ela permaneça cá uns seis meses ou até um pouco mais e que faça os exames até que ela mesma sinta que, realmente, já está completamente recuperada. E daí já dependerá do que ela decidir", afirma. 

Guiné-Bissau | FORÇAS DE DEFESA NÃO ESTIVERAM ENVOLVIDAS NO ATAQUE

O primeiro-ministro afirma que as forças de defesa e segurança não estiveram envolvidas na tentativa de golpe de Estado de 1 de fevereiro. Nabiam diz que a situação "está calma" e que as rusgas são um "processo normal".

"Aquilo que aconteceu não foram as nossas forças de defesa e segurança, foi um grupo de indivíduos que assaltaram o Palácio do Governo com a intenção, certamente, de fazer um golpe de Estado", disse à Lusa esta quinta-feira (17.02) o primeiro ministro da Guiné-Bissau, Nuno Gomes Nabiam.

Questionado sobre se esta situação não vai prejudicar as relações com os parceiros de cooperação e de desenvolvimento, numa altura em que várias instituições financeiras anunciaram apoios monetários para o país, o primeiro-ministro disse que o Governo está a "passar a informação para o mundo de que o país está estável".

"Voltámos a trabalhar para isso e não há nada de alarmante. Apelamos aos nossos parceiros que venham trabalhar, que continuem a fazer os seus projetos na Guiné-Bissau, porque está tudo normal", afirmou.

O QUE ESPERAR DA 6ª CIMEIRA UE-ÁFRICA

A sexta edição da cimeira União Europeia-União Africana irá ultrapassar as declarações de intenção e visará fornecer soluções acionáveis.

Aljazeera

A sexta cimeira União Europeia-União Africana arranca quinta-feira em Bruxelas, com o objetivo de reforçar e recalibrar a parceria económica e estratégica entre os países europeus e africanos. Ele ocorre em meio a tensões sobre o gerenciamento da pandemia de COVID-19 e uma recente onda de golpes de estado  em partes da África.

Espera-se que a conferência de dois dias evolua a partir da dinâmica doador-receptor que muitas vezes caracterizou as relações pós-coloniais e, em vez disso, forneça soluções combinadas para os desafios globais, incluindo as mudanças climáticas.

“O que você quer da África, você também deve esperar que a África queira de você”, disse Fred Ngoga Gateretse, chefe da divisão de prevenção de conflitos e alerta precoce da UA, resumindo a atitude de reciprocidade que impulsiona o bloco de 55 membros antes da cúpula.

POPULAÇÃO SAHARAUI REVOLTA-SE CONTRA A OCUPAÇÃO MARROQUINA

A população saharaui revolta-se contra a ocupação marroquina e os seus colonos em Dajla, Villa Cisneros

DiarioLaRealidadSaharaui.- em porunsaharalibre

O ex-político saharaui Rachid Esghayer alerta a população saharaui em Dakhla para o perigo da ocupação e do extermínio planeado.

Os colonos marroquinos são já um perigo demográfico real para a população saharaui.

Os militares e agentes de segurança marroquinos são os chefões que aniquilam quem os incomoda dos saharauis. Todas as semanas é cometido um crime contra um saharaui na cidade.

A cidade saharaui ocupada de Dakhla, Villa Cisneros, durante vários anos tornou-se um cartel criminoso e do narcotráfico militar marroquino cujas vítimas são os saharauis. Na passada terça-feira, o cidadão saharaui Lehbib Uld Aghreishi, um dos habitantes nativos da cidade, foi raptado e assassinado, e é o último de uma série de assassinatos dos chefes militares marroquinos que dominam a cidade com a implantação de centenas de milhares de colonos marroquinos trazidos do norte de Marrocos para a cidade após a sua ocupação militar em 1979, depois que a Mauritânia evacuou sua presença militar na cidade.

O assassinato deste cidadão saharaui que foi encontrado num terreno baldio e com a sua viatura na praia tem vestígios dos serviços marroquinos que enxameiam e controlam a cidade com os seus colonos, eliminam quem os incomoda sem julgamento ou tribunal e escondem-se atrás de suicídios e contas ajustes. Mas a realidade é outra, são os próprios militares e serviços de segurança que tecem este quebra-cabeça para eliminar os saharauis de várias formas.

O PRESIDENTE SAHARAUI PARTICIPA NA CIMEIRA UA-UE

CHAHID EL HAFEDH -APS.dz- O Presidente da República saharaui, Brahim Ghali, participa, quinta e sexta-feira em Bruxelas, na 6ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) e da União Europeia (UE), o que prova que “o Estado saharaui é uma realidade nacional, continental e internacional que o ocupante marroquino não pode negar, apesar da sua teimosia e da ocupação contínua de parte do seu território.

Esta é uma contribuição do perito M’hamed Al Boukhari, intitulada “Realidades de Bruxelas e ilusões de Rabat”, na qual considerou que “a participação do Presidente Brahim Ghali nas cimeiras de parceria hoje em Bruxelas, ontem em Abidjan e amanhã noutros locais, testemunha fortemente que a luta da República Saharaui e do seu povo que retomou a luta armada no dia 13 de Novembro de 2020, está agora entre as prioridades do renascimento africano, o que faz da soberania, do respeito pelas fronteiras internacionais, da proibição de apropriação de terras e do respeito pelas regras do direito internacional os seus fundamentos e as bases da paz e segurança internacionais.

O presidente saharaui tinha participado na 5ª cimeira da parceria UA-UE em Abdidjan no final de 2017, apenas nove meses após a adesão de Marrocos à UA.

Relativamente à Cimeira de Abidjan, Boukhari recordou as tentativas da diplomacia francesa de proibir a participação do Estado saharaui, o que levou o Conselho Executivo da UA a tomar uma decisão “forte e crucial”, a 16 de Outubro de 2017, ameaçando “cancelar a cimeira de parceria ou realizá-la noutro local em caso de obstrução à participação de um dos membros, especialmente se for a República Saharaui, membro fundador da organização pan-africana”.

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