José Goulão | AbrilAbril | opinião
O assunto é sério. Ameaçadas pela irresponsabilidade militarista ao serviço de interesses que pretendem governar o mundo sem entraves, estão muitos milhões de vidas humanas.
E assim passou mais uma data, a de 16 de Fevereiro, marcada por Biden, Johnson, Von der Leyen e demais parceiros e aliados, para a invasão russa da Ucrânia. Mas as tropas da Rússia não compareceram à chamada, tal como acontecera em fins de Janeiro e vários outros dias de Fevereiro já anteriormente agendados sem que o visivelmente incumpridor Vladimir Putin lhes fizesse a vontade.
Agora há que aguardar por nova marcação de data porque a operação não acaba aqui, muito longe disso. Já repararam que várias televisões encabeçam o noticiário – chamemos-lhe assim – sobre a Ucrânia com a expressão «invasão russa», como se ela estivesse a acontecer? É verdade que a agência Bloomberg chegou a anunciá-la em directo e que vários meios ditos de comunicação, citando a «inteligência americana», assumiram o rigoroso compromisso de anunciar a invasão para a uma da manhã da última quarta-feira. E se a máquina de propaganda, especialmente a sempre diligente CNN, alimenta até à minúcia a rubrica «invasão russa» é porque tal episódio não aconteceu mas está para acontecer – pelo menos os seus operadores rezam por isso a todas as alminhas. De modo a que possam então descarregar os volumosos materiais sobre o acontecimento preparados antecipadamente e possam dar ainda mais gás aos seus agentes no terreno, comentadores, académicos, especialistas, analistas, ex-ministros, gurus, espiões e ex-espiões avençados que dizem todos o mesmo, desencantados por ora com o facto de Putin não lhes fazer a vontade, cultivando cada qual o respectivo linguajar histriónico.
Chama-se a isto «informar».
Porém, o que está verdadeiramente em curso é uma barragem de propaganda de
guerra com características terroristas – trata-se de manter o pânico nas
populações, e não só as da Ucrânia e do Leste europeu – para reforçar a
unipolaridade global através de uma nova ordem internacional «baseada em
regras» definidas, bem entendido,