Martinho Júnior, Luanda
“Os países ocidentais minaram os fundamentos do sistema econômico global. Há uma perda de confiança no dólar, no euro e na libra esterlina como moedas para realizar transações, manter ativos e reservas” - A confiança no dólar acabou – Putin – https://swentr.site/business/562334-trust-in-dollar-gone-putin/
01- A emergência multilateral respeitadora da Carta das Nações Unidas tem-se vindo a assumir paulatinamente, desde quando o neoliberalismo, saudosista do império colonial britânico, pretendeu sair “globalmente” vitorioso no contencioso entre os dois blocos geoestratégicos que se sucederam à IIª Guerra Mundial, um contencioso que perfilha uma IIIª Guerra Mundial contra todo o Sul Global que não terminou…
A emergência multilateral aproveita as capacidades do Não-Alinhamento surgido por via da Conferência de Bandung em 1955, mas sua aplicação ocorre mais intensamente na imensidão do continente Ásia-Europa, tirando partido dos 17.124.442 km2 do espaço físico-geográfico da Federação Russa, (a nona parte da superfície sólida da Terra), com a força que procura pôr fim à IIIª Guerra Mundial, sorvedora de recursos que se tivessem sido aplicados de outro modo, teriam beneficiado a humanidade e o próprio planeta na prossecução da paz global que urge!
A expressão energicamente mais firme da emergência multilateral começou desde o início do século XXI, mas foi necessário chegar-se a 2022 para se assumir explicitamente nos fóruns internacionais enquanto mudança de paradigma face à hegemonia unipolar de inspiração anglo-saxónica, dando início a uma longa luta de libertação tendo como marco inicial o 24 de Fevereiro de 2022, na Ucrânia.
O pântano ukronazi, implicando na (in)segurança comum entre a Federação Russa e o bárbaro zombi-híbrido EU/NATO, determina a longa luta de libertação Europa fora!
No imenso espaço Ásia-Europa, a Federação Russa “está condenada” a providenciar uma das ossaturas que garante uma enorme capacidade de segurança vital, não só em termos de articulações e rotas, mas também e sobretudo por que o seu miolo é riquíssimo em água interior e recursos de toda a espécie, quando é ainda baixíssima a densidade populacional nas regiões ocupadas (muito abaixo da média de 8,3 habitantes / km2, conforme a todo o espaço nacional russo), um fenómeno que se estende sobretudo ao norte, em direcção à costa do Ártico e ao leste na direcção à costa do Pacífico.
A Federação Russa tem acesso directo a três oceanos, o Ártico, o Atlântico e o Pacífico, assim como a vários mares que pertencem a esses oceanos, dos quais se destacam o Báltico, o Negro e o Cáspio, a oeste (meandros do Atlântico), o Mar do Japão, o Mar de Okhotsk e o Mar de Bering, a leste (meandros do Pacífico).
No momento da adequação do esforço militar ao espaço da emergência multilateral, é o território geoestratégico da Federação Russa que, em função da sua extensão, melhor garante expressão, pelo que o carácter dos exercícios anuais que a Rússia vai levando a cabo, providencia sintonias cada vez maiores com seus vizinhos e com os estados de outros continentes!
Este ano e nesse âmbito, foi
levado a cabo no oriente russo o Exercício Vostok 2022, de
As forças militares presentes pertenceram a: Azerbaijão, Argélia, Armênia, Bielorrússia, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, China, Laos, Mongólia, Mianmar, Nicarágua, Síria e Tadjiquistão.
Como evidências o representante africano, a Argélia e o da América, a Nicarágua!
A outra evidência é a cobertura multicultural propiciada, integrando entre outros estados de culturas turcomanas, o que tem a ver com a atracção cada vez maior da própria Turquia, ainda membro da NATO, ao campo emergente multilateral na Ásia-Europa, algo que se vai reflectindo nos sucessivos ajustes geopolíticos do governo de Erdogan.
Vostok significa leste e nos anos anteriores o ciclo constou em 2019 do Exercício Tsentr (centro), em 2020 do Exercício Kavkaz (Cáucaso) e em 2021 do Exercício Zapad (oeste)… a norte e no Ártico apenas a Rússia tem possibilidades de articular forças, por enquanto.
Como é lógico neste tipo de exercícios militares nenhum estado hostil, ou organização militar (NATO), poderão alguma vez participar.