sábado, 15 de outubro de 2022

Portugal | DE TIMOR-LESTE PARA O MERCADO DE ESCRAVOS DO MARTIM MONIZ

Nos últimos meses, jovens timorenses chegaram a Portugal às centenas, talvez milhares. Dizem ter vindo para "trabalhar na agricultura", mas ao fim de poucas semanas viram-se sem trabalho nem teto, a dormir na rua, enquanto esperam que "o patrão" os venha buscar. Em Lisboa juntam-se no Martim Moniz. A PJ está a investigar.

"Portugal não é o que esperava. Quero trabalhar mais, mas o patrão diz que já não tem trabalho. Quando falo para Timor, para a minha família, digo que não há aqui trabalho, para dizerem a toda a gente para não vir mais ninguém, porque é mentira."

Bernardino tem 22 anos. É, no grupo de cerca de 10 timorenses que o DN aborda no extremo esquerdo da praça, junto ao Hotel Mundial, o único que diz saber falar "mais ou menos" português.

E também, ao longo da reportagem - outros acabarão por aceitar falar ao jornal -, o único que afirma querer regressar a casa: "Há muitos problemas com o patrão, muitos problemas. Quero ir-me embora, mas não tenho dinheiro para voltar."

Ao contrário, a maioria dos naturais de Timor que ali falaram ao jornal querem ficar. Mesmo admitindo não ter onde dormir senão aqui, no chão da praça, ao lado do seu monte de malas de viagem, ao relento nas noites cada vez mais inclementes (na segunda-feira, quando choveu e a Baixa ficou um rio, refugiaram-se sob as arcadas das zonas comerciais que ladeiam a praça).

E quando interrogados sobre quanto tempo preveem ficar ali nestas condições, dizem sempre a mesmo: "Ninguém sabe."

Outra coisa que nenhum esclarece é a razão pela qual se juntaram - Bernardino diz que são "mais de 150, homens mas também mulheres" - nesta zona da capital (há quem, nas autoridades municipais estime em mais de 300).

Poderia dever-se ao facto de fazer parte do percurso das carrinhas de distribuição de comida que dão apoio aos sem-abrigo, mas das pessoas entrevistadas nenhuma admitiu receber alimentação dessa proveniência.

Perguntado sobre se costuma receber refeições das tais carrinhas, Bernardino primeiro parece não perceber do que se está a falar, depois diz que não: "Compro uma caixa de arroz na loja. Só como uma vez por dia. E temos muito frio, há muitas pessoas doentes."

Portugal | ERROS E FRACA MEMÓRIA NO DEBATE ORÇAMENTAL – Os Comentadores


Lobo Xavier afirma que a CGTP não interessa para nada na Concertação Social. Manuela Ferreira Leite defende agora, sobre Orçamento e Concertação, o que criticou há um ano. João Miguel Tavares advoga limitações de propaganda política nas ruas de Lisboa. Nuno Ramos de Almeida e Pedro Tadeu identificam erros e dão pontos de vista alternativos a estes. É mais um episódio de “Os Comentadores”.

AbrilAbril, em Youtube

Portugal | ORÇAMENTO: HOJE EXPLICO EU

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

No "Acordo de Médio Prazo" estabelecido na Concertação Social, peça importante do Orçamento do Estado (OE) para 2023, foi retomado pelo Governo o compromisso de "aumentar o peso dos salários no PIB de 45% para 48% até 2026". Tal meta, a ser cumprida, apenas nos aproximaria da média europeia, mas seria muito importante para o desenvolvimento do país em vários campos. Ora, considerando o baixo perfil de especialização da nossa economia, o vício em se resolverem problemas no setor privado e na Administração Pública (AP) cortando salários, aquele objetivo exige o esforço de uma maratona. Como é que António Costa nos propõe que ela seja feita?

Imaginemos que em 2022 nos encontramos em Lisboa e queremos chegar ao Porto em 2026. António Costa sabe que este ano estamos a caminhar em direção a Setúbal, mas faz de conta que continuamos em Lisboa; para 2023 manda-nos correr em sentido contrário à meta, talvez até Alcácer do Sal; para 2024 sugere-nos que fiquemos a marcar passo ou que marchemos um pouco mais às arrecuas; e depois, em 2025 e 2026, certamente viajando em teletransporte, lá chegaríamos ao Porto.

Este ano, muitas centenas de milhares de trabalhadores, desde logo da AP, vão perder o salário de um mês. Os outros têm perdas significativas, com exceção dos que auferem o SMN. A meta de 5,1% de crescimento dos salários no setor privado é apenas uma intenção: o Governo sabe que não há melhoria geral de salários sem contratação coletiva e esta continuará bloqueada. O truque para a AP é dizer que os 5,1% serão formados por um aumento salarial de 3,6%, mais o valor das progressões e o aumento do subsídio de refeição. Então isto não são maus indicadores para os privados?

O OE foi acompanhado por um Relatório sobre a Sustentabilidade da Segurança Social. É o primeiro relatório, nos 17 anos da sua existência, em que se diz que o Fundo de Estabilização da Segurança Social garante o pagamento das pensões para lá de 2060. O primeiro-ministro, a ministra do Trabalho e todos os que andaram a justificar a não atualização das pensões de acordo com a lei não têm vergonha de terem martelado contas e criado suspeição sobre a Segurança Social?

Nos debates sobre o OE, o ministro da Economia afirmou que "Infelizmente, vivemos num país que, por motivos ideológicos, hostiliza as empresas, hostiliza os empresários, muitas vezes trata o lucro como um pecado (...) num ataque sistemático contras as grandes empresas". As suas peias ideológicas é que o impedem de ver que nos processos de privatizações, alguns reivindicavam proteção ao capital nacional e à primeira oportunidade venderam as empresas a estrangeiros.

O ministro estude a desindustrialização portuguesa. Identifique o rol de benefícios fiscais e outros que estão inscritos no recente Acordo de Concertação e descubra os riscos que os empresários assumiram como contrapartida. Os portugueses não são contra as empresas e os empresários, mas têm direito a melhor distribuição da riqueza, a que as verbas orçamentadas para assegurar direitos fundamentais sejam executadas, a que deixemos de ser um dos países europeus com menor parque habitacional público, menor área florestal pública e floresta sem proteção.

O contexto de guerra gera um cenário difícil. Mas se o austeritarismo não resolveu as crises anteriores, não é agora, quando os problemas não resultam nada dos salários e do consumo, que vai resolver. Há que ir para a rua exigir rigor e soluções.

* Investigador e professor universitário

Angola | O MUSEU SONHADO E OS ARQUIVOS FALHADOS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Adriano Mixinge publicou no Jornal de Angola “Os Arquivos Sonoros da História de Angola”. O autor escreve que “muito provavelmente, a Rádio Nacional de Angola tenha o maior, o mais sistemático e alargado arquivo sonoro da história política e cultural da História de Angola, uns arquivos que se complementariam com os materiais existentes no Arquivo Nacional de Angola, no acervo dos museus e outras instituições académicas e científicas do nosso país, um material nem sempre preservado, nem investigado e divulgado da melhor maneira”.

Lido atentamente o texto, fiquei sem saber se existem mesmo os “arquivos sonoros” ou se é apenas um desejo. A minha experiência aponta para a sua não existência, ainda que tenha lutado para a sua criação. E mais do que isso. Durante alguns anos fiz tudo para que nascesse no espaço da Rádio Nacional de Angola o Museu do Som. Fracasso total, apesar das boas-vontades manifestadas e do apoio à ideia. 

A Rádio Angolana caminha a passos largos para os cem anos. Isso significa que somos um dos países do mundo que mais cedo aderiu a esse meio de comunicação. Como sempre, as coisas revolucionárias nasceram em Benguela, que Paulo Jorge chamava de “república socialista” quando já estava implantada a democracia representativa e a economia de mercado. 

Ao longo da minha vida convivi com os melhores sonoplastas angolanos. Um deles, Artur Neves, foi meu colega na Rádio Nacional. Quando encerrámos a Voz de Angola propus aos manos Neves (Artur e Fernando) a criação de um “museu do som” aproveitando o acervo da estação extinta. Tudo bem, muito entusiasmo, mas o quotidiano teve mais força. Éramos poucos e o trabalho imenso. O museu ficou para melhores dias.

Em 1974, propus ao sonoplasta e realizador Zé Maria (Luanda74) a criação de um museu do som, com o acervo de várias estações. Ele apoiou a ideia com entusiasmo. Mas a situação política e social deteriorou-se rapidamente e em meados de 1975 tudo se tinha desmoronado, inclusive a Rádio Eclésia. Falei com João Canedo sobre o projecto. Apoiou com entusiasmo. Sebastião Coelho igualmente. Os esquadrões da morte que defendiam a independência branca invadiram os Estúdios Norte e partiram tudo. O melhor programa da Rádio Angolana acabou nas mãos dos terroristas. Sebastião e João Canedo escaparam por pouco.

Angola | CHEFE DE ESTADO FALA HOJE À NAÇÃO

O Presidente da República, João Lourenço, dirige, hoje, ao país, durante a abertura do ano parlamentar, na Assembleia Nacional, a tradicional mensagem sobre o Estado da Nação, bem como as políticas preconizadas para a resolução dos principais assuntos, a promoção do bem-estar dos angolanos e o desenvolvimento de Angola.

A mensagem sobre o Estado da Nação é um imperativo constitucional e é feita em cada sessão legislativa, cuja duração é de um ano, iniciando a 15 de Outubro. A legislatura compreende cinco sessões Legislativas ou Ano Parlamentar.

As sessões Legislativas incluem as reuniões plenárias ordinárias e extraordinárias que sejam necessárias ao desenvolvimento dos trabalhos. Dada a incerteza em relação aos temas que vão dominar o discurso do Presidente sobre o Estado da Nação, alguns cidadãos manifestaram o desejo de ouvir soluções para os principais problemas com os quais se debatem no dia a dia.

Jornal de Angola

AUSENTES CORAJOSOS E PRESENTES PEQUENINOS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que condena os referendos da Federação Russa em várias regiões da Ucrânia e a anexação desses territórios. Votaram a favor 143 países, cinco votaram contra, 35 abstiveram-se e dez não foram votar. O documento em votação foi apresentado pela Albânia, país campeão das liberdades e da independência. Por trás, movendo os cordelinhos, esteve a União Europeia, um instrumento de guerra usado pelos EUA/NATO contra a Federação Russa. A própria ONU é hoje um instrumento dessa guerra. 

Na hora da votação já todos os estados-membros sabiam, pela palavra do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que se “a Rússia ganhar a guerra a NATO é derrotada”. Portanto, isso de Ucrânia é um eufemismo. A guerra é mesmo entre o braço armado das potências ocidentais e a Federação Russa. Pelos vistos, 143 países torcem pela vitória dos colonialistas, genocidas e ladrões de vidas e recursos alheios. O mundo está mesmo muito perigoso. Os roubados amam os ladrões. Os espoliados adoram os espoliadores. Os assassinados aplaudem os assassinos. Os escravos endeusam os amos. Condenam quem ouse libertá-los. 

Hoje Agostinho Neto de seus companheiros de luta seriam chicoteados na Mutamba por ousarem lutar pela liberdade. Por terem levantado armas contra a NATO nas matas do Leste, dos Dembos e do Maiombe. Nas aldeias, vilas e cidades angolanas. Por terem derrubado o império colonial português. Por terem conduzido o Povo Angolano à Independência Nacional. José Eduardo dos Santos ousou combater pela soberania nacional e a integridade territorial. Como morreu nestes dias, foi atirado já morto para o porão de uma aeronave e desembarcado às escuras em Luanda, não fosse alguém saudoso da luta pela liberdade, ousar render-lhe homenagem, sem ordem dos amos.

Para ninguém ter dúvidas, foi proposto que a votação fosse secreta. Nem pensar! Se assim fosse, somados os votos, nem os EUA votavam a favor! Assim, os escravos votaram como mandaram os amos. Cinco votaram contra e 35 abstiveram-se. É preciso ter muita coragem, mostrar, às claras, ante chusmas de agentes e bufos dos serviços secretos, que não aceitaram os ditames dos donos. 

Mais valor, tiveram os dez que não participaram naquele exercício de indignidade e submissão. São Tomé e Príncipe está entre esses. Para resgatar a honra perdida de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e Timor Leste. É mesmo verdade. Está a nascer uma noa ordem mundial.

E agora como vai ser? Não interessa. A Federação Russa vai mesmo anexar as regiões. E só pode ganhar a guerra porque as suas garras atómicas garantem esse desfecho. A NATO (ou OTAN) está a dar o último suspiro. Moçambique, apesar de lhe terem soltado os cães do terrorismo, mostrou que ainda tem uma reserva de dignidade. A política externa angolana é ditada pelo Rafael Marques que não brinca em serviço. Quando dá as suas ordens aproveita e puxa as orelhas ao chefe! Para terem feito da Pátria de Neto o que fizeram, melhor fora que a mandassem para as alminhas!

E a UNITA? A direcção do Galo Negro nem uma palavra sobre estre triste episódio ocorrido no instrumento de guerra contra a Federação Russa que é a ONU. O mundo virado ao contrário. Fácil perceber porquê.

Savimbi alugou as armas aos racistas de Pretória. Para enganar os países africanos que o apoiavam, dizia que lutava contra russos e cubanos. Ontem na ONU Angola mais 142 países votaram contra os russos. Em Luanda, Adalberto, nem uma palavra!

A guerra após as eleições de 1992 só foi possível porque os EUA, Reino Unido, França e outras potências ocidentais armaram e municiaram a UNITA por intermédio da Ucrânia. Os dez anos de combate contra os bandidos armados devem-se a essa aliança com Kiev. 

O Bailundo era uma verdadeira basse aérea militar dos ucranianos! Não contentes com isso, lançaram-se na construção de uma base de raiz no Andulo. Quando começou o descalabro, com a libertação protagonizada pelas tropas do heroico  general Simione Mukune, as Forças Armadas Angolanas encontraram a pista construída pelos ucranianos. Ali aterravam os aviões com as armas e partiam cheios de diamantes de sangue! Hoje Adalberto da Costa Júnior nem uma palavrinha de apoio aos nazis de Kiev. Mas João Lourenço fala ao telefone com Zelensky! O mundo dá muitas voltas.

Sobre a trágica votação na ONU só mais um pormenor. Dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) apenas o Brasil votou a favor dos amos de Washington. O facto de decorrer a campanha eleitoral para a segunda volta das presidenciais justifica este voto. 

A Guiné Equatorial, país da CPLP que já foi invadido por mercenários várias vezes para os amos roubarem livremente o petróleo, nem sequer foi votar. Não alinhou na iniquidade. Zelou pela dignidade e a honra de um estado soberano.

O embaixador de Zelensky na ONU, na hora da votação usou uns binóculos para apreciar os votantes. De facto, no momento de venderem a sua independência ficavam todos tão pequeninos que só potentes binóculos podiam mostrá-los. Pela primeira vez na sua História, Angola alinhou ao lado dos pigmeus da política e dos genocidas. Juntou a sua voz aos neocolonizados. 

Não admira. Uma propaganda do Governo de Angola ensina a agir quando se ouve o Hino Nacional. Então é assim. Toca o Hino, nós levantamo-nos e levamos a mão ao coração! Uma americanada infame. Já estão a treinar-nos para quando o governador-geral de Washington ou de Bruxelas mandar em Angola. Na ONU já somos o que se chama um pau mandado. Em casa, corremos o risco de regressar aos tempos do colonialismo puro e duro.

Grandes Povos só podem ter mesmo grandes governantes! Ou então ficamos todos pequeninos, batendo com a mão no peito. Vejam as imagens da Independência Nacional. E digam se alguém pôs a mão no peito quando subiu a Bandeira e tocou o Hino. Ninguém.

*Jornalista

Angola cada vez mais próxima dos EUA: "Não há almoços grátis"

Analista Eugénio Costa Almeida diz que é "cada vez mais evidente" a aproximação entre Angola e os EUA, depois de Luanda votar contra a anexação de territórios ucranianos. Mas o Governo angolano não esquece Moscovo.

Com o voto a favor de Angola, a Assembleia-Geral da ONU aprovou, na quarta-feira (13.10), uma resolução que condena a anexação de territórios ucranianos pela Rússia. No entanto, o apoio angolano não deverá afetar as relações entre Luanda e Moscovo, acredita o analista luso-angolano Eugénio Costa Almeida, sobretudo tendo em conta os "interesses económicos subjacentes".

Em entrevista à DW África, o analista e investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, chama a atenção para a aproximação cada vez maior entre o Governo de João Lourenço e os Estados Unidos, que poderá ter pesado na mudança de posição de Angola em relação ao conflito na Ucrânia.

DW África: Ficou surpreendido com esta posição de Angola? Ou já esperava?

Eugénio Costa Almeida (EA): Honestamente, nem sim e nem não. Se Angola votasse contra, havia o problema de como a Rússia iria reagir no lançamento do satélite [Angosat-2, colocado em órbita por um foguetão russo]. Mas a aproximação de Angola aos Estados Unidos, cada vez mais evidente, poderia levar a votar contra [a anexação].

Por outro lado, houve conversas telefónicas entre Volodymyr Zelensky e João Lourenço. Recentemente, Zelensky felicitou inclusive João Lourenço pela vitória nas eleições gerais e também pela posição de Angola em certas situações.

DW África: No discurso de tomada de posse, em setembro, o Presidente angolano também já tinha dito que Moscovo devia pôr fim à guerra. Acha que terá havido alguma pressão dos Estados Unidos nesta mudança de Angola em relação à guerra na Ucrânia? Que interesses é poderão estar aqui em causa, na sua opinião?

EA: O que vou dizer não é tanto como analista académico, talvez seja mais como analista político - e faço-o com algumas reservas: Costuma dizer-se que "não há almoços grátis". A rapidez com que os Estados Unidos reconheceram a eleição de João Lourenço - apesar das questões jurídicas que ainda estavam em análise, dependentes do Tribunal Constitucional - pode indiciar uma troca de apoios [entre o Presidente de Angola e a administração norte-americana].

Há uma aproximação cada vez maior de Angola e do Governo de João Lourenço aos Estados Unidos. Isso é indiscutível. Os Estados Unidos também estão interessados no fornecimento de petróleo angolano, dentro do possível, pois há cotas previstas para a China. E talvez queiram forçar uma exploração maior do gás para fornecer ao Ocidente.

Dada esta aproximação, não me surpreende de maneira nenhuma que Angola tenha votado contra a anexação. Por outro lado, Angola preserva muito as limitações históricas das fronteiras, sejam africanas ou de outros países. É um princípio muito angolano.

DW África: Este apoio angolano poderá, de alguma forma, afetar as relações entre Luanda e Moscovo?

EA: Talvez Luanda até tenha dito a Moscovo que iria fazer isso. O Angosat-2 foi lançado na quarta-feira (12.10) com a presença de um ministro angolano e creio que com um foguetão exclusivamente para o satélite angolano. O ministro esteve primeiro em Moscovo e só depois foi para [o cosmódromo de] Baikonur, no Cazaquistão. Provavelmente, terá transmitido ao Kremlin qual seria a posição de Luanda neste pleito.

Mas creio que as relações entre Luanda e Moscovo não vão ter grandes alterações, até porque há interesses económicos subjacentes. Creio que Angola tem um acordo para a construção de uma fábrica em Luanda de material não militar russo, que ainda está em perspetiva. E [vai comprar] material militar a Moscovo.

Luanda tem neste momento uma plataforma ótima para as três superpotências [EUA, Rússia e China] poderem trabalhar face ao continente africano. Não falo em termos de espionagem, mas em termos de diplomacia, adidos comerciais e até adidos militares - será talvez a principal plataforma africana onde as três superpotências melhor se movimentam.

DW África: Tem havido algumas críticas em relação à política externa angolana. Acha que esta política externa está, de certa forma, confusa? É preciso mais clareza?

EA: A política externa angolana carece de uma melhor clarificação em certos aspetos, mas é natural que ainda possa ser um pouco nebulosa tendo em conta que o Governo só tomou posse há cerca de um mês e que o Presidente João Lourenço esteve fora do país durante algum tempo e continua a nomear algumas pessoas para os seus gabinetes.

Esta posição de Luanda [condenando a anexação de territórios ucranianos] veio clarificar algumas coisas. Pode ser já o primeiro passo de uma clarificação do Ministério da Relações Exteriores. O Governo deve, nos próximos dias, ter uma tomada de posição mais clara e definir claramente quais são as suas linhas de força ao nível da política externa.

Madalena Sampaio | Deutsche Welle

MUNDO NAZIFICADO CONTRA A PAZ – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

As técnicas de Goebbells estão mais actuais do que nunca. Em Angola nem se fala. Qualquer comunicólogo, jornalista de carregar pela boca, escagacomunicador e outros boçais de papel passado teoriza sobre o Jornalismo. Mas sempre, sempre, com mentiras e manipulações grosseiras. Insistem em dizer que a regra básica do Jornalismo é “o contraditório”. Isso é nos Tribunais. A marca distintiva do Jornalismo é o RIGOR.

O Jornalismo é um exercício quotidiano de grande rigor e só se realiza numa lógica de contrapoder. RIGOR. Tal como a marca distintiva da notícia é a ACTUALIDADE. Não façam confusões propositadas para iludir, mentir, manipular. 

O Rigor mede-se pelo dever de cuidado, pelo cumprimento escrupuloso da ética e deontologia, pelo uso inteligente dos critérios que suportam os conteúdos comunicacionais, nomeadamente a verdade dos factos e a imparcialidade. Parem com essa aldrabice do “contraditório” e não tratem o Jornalismo Angolano como se fosse uma invenção de norte-americanos acolitados por bêbados da valeta.

O Jornalismo Angolano nasceu em 1845. São 177 anos de glória. No início do Século XX a Imprensa Livre já tinha 46 títulos em toda a colónia e a maioria com oficinas gráficas próprias. Alguns assumiam a opção pelo socialismo e a autonomia. Outros eram republicanos em plena monarquia. Quase todos zurziam nos governadores e sua corte de corruptos.

A Imprensa em Angola tem um percurso de séculos. Os primeiros prelos mecânicos chegaram a Luanda e São Salvador do Congo no século XVI. A fábrica de artefactos do Bembe produzia miniaturas numa liga de ferro e cobre. Foram usadas como tipos, por mestres tipógrafos na máquina da capital do Reino do Congo, que imprimia cartinhas ou cartilhas e catecismos. Mas também no Colégio dos Jesuítas, por trás da igreja da Nazaré, onde está hoje o Largo do Ambiente. São mais de 500 anos de História. Pioneiros! Porque as primeiras máquinas, todas despachadas de Lisboa pelos portugueses, foram montadas na Etiópia (primeira) e depois Luanda e Banza Congo.

Esqueçam as fantasias e façam jornalismo com RIGOR. Os consumidores merecem. O Jornalismo assim o exige. O mesmo órgão de comunicação social não pode, na mesma edição, usar a palavra “bilhões” (brasileirismo) e biliões. A palavra “Mídia” não existe. É outro brasileirismo que quando usado fora do seu habitat, indica falta de rigor ou mesmo ignorância. Media é uma palavra latina. Latim. A Língua Portuguesa é novilatina. Em Latim as vogais são todas abertas. Portanto, “Médiá”. Em português corrente, Media. Mídia é lá entre brasileiros e gringos. Eles é que sabem por que motivo ou motivos acham que todas as palavras do mundo têm origem anglo-saxónica. MEDIA é latim. 

O secretário-geral da NATO (ou OTAN) garante que a vitória da Federação Russa na Ucrânia é a derrota da organização militarista e belicista. Ele lá sabe. Mas a partir de agora ninguém pode dizer que a guerra é entre russos e ucranianos. Mentira. É entre a NATO e a Federação Russa.

Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, como bom diplomata, disse ontem e repetiu já hoje que se a Federação Russa atacar a Ucrânia com armas nucleares, “a NA TO aniquila o exército russo”. Aí está, mais cedo do que tarde, a linguagem da diplomacia de canhoneira. Aí estão os genocidas no seu pior. Aí estão os colonialistas com os seus tiques imperiais. Os genocidas espanhóis acabaram as suas aventuras expansionistas nas mãos de um ditador, Paco Franco, que tinha tanto de sanguinário como de ridículo. Quando matava os adversários políticos no garrote, mandava primeiro benzer a maquineta. Acima de Espanha, só Deus. 

Os portugueses acabaram ainda pior. O ditador deles, Salazar, era ainda mais sanguinário e beato. Os seus sucessores são gente sem categoria, sem qualidade, sem dimensão política. É a decadência total. Por isso, portugueses e espanhóis são os únicos povos da Europa que estão a pagar a guerra contra a Federação Russa, entusiasticamente, e convencidos de que vai haver um milagre de Nossa Senhora de Fátima. No fim os bons ganham e a vidente Lúcia vira santa. Eu também sou um santinho.

O dólar continua, de vento-em-popa, fortíssimo. O euro qualquer dia fica a valer tanto como a moeda do Burundi. A libra também foi à vida. O iene está no mesmo caminho.

Para iludirem a realidade, desviam as atenções das populações com os mísseis da Coreia do Norte e a “ofensiva” de Zelensky rumo à derrota total. Grandes vigaristas.

Tomem nota, ó vítimas da fome, dos salários rastejantes, das pensões de reforma miseráveis, da exploração das vossas forças até ao tutano. Os EUA têm bases militares permanentes na Espanha. Dizem que moram por lá ogivas nucleares, O governo do PSOE nega. 

A Alemanha tem pelo menos 100 bases militares dos EUA. Uma delas, Ramstein, é uma espécie de central terrorista às ordens de Washington. Aqui, não há dúvidas, existem ogivas nucleares. Em caso de escalada da guerra contra a Federação Russa, é óbvio que esse material é neutralizado logo no primeiro embate.

A Itália tem 44 bases militares dos EUA. Em pelo menos duas há ogivas nucleares “sigilosas”. No Reino Unido há muitas bases dos EUA. Londres até cedeu ao “amigo americano” bases nas suas colónias de Chipre, Ilha de Ascensão ou Diego Garcia. Uma irmandade militarista e mortífera, com armas nucleares.

Cuidado com os russos! E os nazis avançam imparáveis em quase todos os governos da União Europeia. O Borrel, amigalhaço, não vai aniquilá-los.

*Jornalista

O ARGUMENTO DESALINHADO DE ANGOLA… -- Martinho Júnior

… A PERDA DE NÃO-ALINHAMENTO REVERTE EM BENEFÍCIO DO MANDO DA HEGEMONIA UNIPOLAR

Martinho Júnior, Luanda

Na votação da Assembleia-Geral da ONU, correspondente à questão A/ES-11/L.5 “Integridade territorial da Ucrânia: defendendo os princípios da Carta das Nações Unidas” , a representação diplomática de Angola esqueceu-se que a questão que se tem colocado à Europa deve ser analisada em toda a sua profundidade histórica, antropológica e sociocultural, para além do ambiente sociopolítico gerado pelo império da hegemonia unipolar desde a vitória do capitalismo neoliberal com Ronald Reagan e Margareth Thatcher, que se reflectiu profundamente no contexto Asiático-Europeu e de outros continentes, África incluída:

01- Que é de levar em conta a história milenar russa e dos seus relacionamentos, quer no âmbito dos povos que integram a própria Federação Russa, quer com todos os povos circundantes, pois foi a Rússia que fundou e dinamizou muitas regiões dentro e para lá de suas fronteiras, influindo na fundação de muitas cidades e nos círculos humanos que nelas fazem ainda hoje expressão;

02- Que nesse aspecto a história, a antropologia, o ambiente sociocultural e o ambiente sociopolítico, se distinguem inequivocamente do que aconteceu a África, com e desde a Conferência de Berlim, uma vez que povo africano algum teve voz activa quer antes dela, conforme se pode constatar numa escravatura que prevaleceu séculos, quer depois com o colonialismo arrogante que se gerou, quer contemporaneamente com o avassalador neocolonialismo que se mantém em nossos dias (os africanos nem sequer influência têm no preço corrente de grande parte das matérias-primas que produzem para os benefícios de outros);

03- Que a vitória neoliberal que sustenta a Organização do Tratado do Atlântico Norte e mantém o território europeu ocupado por largas dezenas de bases do Pentágono, impôs a mentira e a subversão a cada passo que deu na direcção leste, por via duma expansão que foi gerando insegurança vital comum entre todos os povos da região mais ocidental do imenso continente Asiático-Europeu;

04- Que os que advogam em função dos seus interesses e conveniências egoístas o paradigma das democracias que lhes é afim, de facto as têm vilipendiado e subvertido, a ponto de gerar em cadeia “revoluções coloridas”, “primaveras árabes”, tensões, agressões, conflitos e golpes de estado de toda a ordem, contrariando além disso, sistematicamente, a Carta das Nações Unidas, desde o lançamento injustificável das bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945, quando a vitória dos aliados na IIª Guerra Mundial já estava mais que garantida;

SITUAÇÃO MILITAR NA UCRÂNIA EM 14 DE OUTUBRO DE 2022 (imagens no original)

South Front

A situação na frente ucraniana continua tensa para ambos os lados do conflito

#Traduzido em português do Brasil

Direção de Kharkiv:

No setor de Kupyansk, unidades do 14º Ramo e do 32º Batalhão de Tropas Integradas mais uma vez tentaram sem sucesso invadir as posições russas na linha Kislovka-Pershotravnevoje. O inimigo sofreu pesadas perdas e recuou.

Direção de Luhansk:

Na seção Limano-Svatovsky, os militares da AFU aumentam o agrupamento na linha Torskoye – Terny. Soldados do 208º Regimento Cossaco das Forças Armadas Russas estão lutando com unidades ucranianas perto da vila de Terny.

Uma situação semelhante é observada no setor de Lysychansk, mas neste caso não se trata de apoiar a ofensiva de unidades terrestres, mas de defesa. Os morteiros do LNR estão constantemente atirando na AFU, evitando assim que eles ganhem uma posição no chão.

Direção de Donetsk:

As forças russas mantêm defesas nas proximidades de Novosadovoye, impedindo que a 111ª brigada AFU se estabeleça na área.

Ao sul de Bakhmut, destacamentos de assalto Vagner PMC estão envolvidos em combates ferozes em Opytne. Na área de Soledar, os lados estão lutando perto de Spornoye.

A Milícia Popular participa de duelos de artilharia na área de Opytne e ataca as posições do inimigo. Depois de acertar cada alvo, as armas são camufladas e a tripulação se retira para cobrir. Parte das unidades AFU, tendo sofrido perdas, retirou-se de Otradivka para Kleshcheevka.

As formações ucranianas mais uma vez bombardearam Donetsk, Makeyevka, Yasinovataya, Dokuchayevsk, Aleksandrovka e outros assentamentos vizinhos, sem feridos ou vítimas.

Direção de Zaporizhzhya:

O comando ucraniano continua se preparando para um contra-ataque em larga escala ao longo de toda a linha de frente na região de Zaporizhia.

As Forças Armadas russas atacaram instalações em Zaporizhzhia usando os drones kamikaze Geran-2. Um incêndio ocorreu no local. Um depósito de combustível e lubrificante teria sido atingido.

As Forças Armadas da Ucrânia também dispararam mais de dez munições em Energodar, nos arredores da cidade e no litoral. É simbólico que o ataque dos nazistas ucranianos tenha ocorrido na véspera da celebração do dia da libertação de Zaporizhzhya dos invasores nazistas.

As Forças Armadas da Ucrânia tentaram atacar Melitopol com drones kamikaze. Kiev enviou dois drones com dispositivos explosivos ligados a eles. Um drone entrou em colapso e explodiu, enquanto o segundo foi abatido pelo sistema de defesa aérea. As informações sobre a destruição estão sendo esclarecidas. Não houve vítimas ou feridos.

No setor Andreevsky, dois pelotões do 18º e 137º batalhões da 35ª Brigada de Fuzileiros Navais da AFU tentaram invadir as posições das unidades russas ao norte de Bezvodnoye. As Forças Armadas russas conseguiram repelir o ataque inimigo, forçando-os a voltar às suas posições iniciais.

As forças russas continuam a realizar missões contra as fortalezas da AFU na direção de Sukhoy Stavka.

Na área de Beryslav, formações ucranianas novamente bombardearam posições militares russas em Pyatikhatki e Polyanka.

Quatro explosões são relatadas em Kherson. Presumivelmente, um sistema de defesa aérea disparou na cidade.

Os meios de defesa aérea interceptaram 15 drones e 14 foguetes sobre territórios liberados.

O Ministério da Defesa da Rússia informa que nas últimas 24 horas, armas de alta precisão foram usadas para atingir um grande depósito de armas estrangeiras em Brody, região de Lviv, bem como instalações militares e de energia nas regiões de Kyiv e Kharkiv.

As Forças Armadas da Ucrânia bombardearam Belgorod, e as defesas aéreas estavam ativas. Foi registrado um atropelamento em uma subestação local, devido ao qual houve perda de energia elétrica em algumas áreas da cidade. Formações ucranianas bombardearam Voznesenovka na região de Belgorod. As forças de defesa aérea também interceptaram vários projéteis inimigos no distrito de Novooskolsk.

Em uma série de ataques mal sucedidos, a AFU perdeu mais de 160 homens, três tanques, 13 veículos blindados e 11 picapes. Além disso, as Forças Armadas russas realizaram ataques à localização de mercenários estrangeiros e da 59ª brigada AFU, destruindo mais de 170 combatentes e 13 equipamentos.

Também atingiu 2 postos de controle AFU, 63 unidades de artilharia, 156 áreas de acumulação de unidades, 6 depósitos de munição. Um Su-24 da Força Aérea Ucraniana foi abatido sobre Bereznevatiy.

O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmygal, disse que o sistema de fornecimento de energia do país se estabilizou após os ataques com mísseis de 10 a 12 de outubro. No entanto, acrescentou, a capacidade das redes de energia foi reduzida devido a danos significativos, pelo que a carga nas redes deve ser reduzida.

O número crescente de relatórios sobre os sucessos do exército russo na ausência de cidadãos russos recentemente mobilizados na linha de frente indica o esgotamento gradual da AFU. Os ataques contra as instalações de energia só podem aproximar os sucessos russos.

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REGIMES TOTALITÁRIOS RUSSOFÓBICOS NA EUROPA

VladislavB. Sotirović* | One World

Todos os poderes do governo, agindo contra o direito constitucional de seus cidadãos de ter sua própria opinião e expressá-la livremente, unem-se e agem em uníssono contra a sociedade e os cidadãos.

#Traduzido em português do Brasil

A falsificação de informação e propaganda global dos círculos dominantes dos EUA, da UE e da OTAN tornou-se a fonte focal da massiva agressão informacional ocidental contra a Rússia durante as últimas décadas. A reação diplomática ocidental à escolha absolutamente legal dos residentes da Crimeia para se juntar à Rússia em 2014, seguida pela guerra econômica iniciada pelo Ocidente contra a Rússia, é absolutamente ilegal do ponto de vista do direito internacional. As sanções econômicas e políticas ocidentais contra a Rússia pela reintegração da Crimeia são apenas mais um crime internacional global dos estados russófobos do triângulo EUA-OTAN-UE.

Historicamente, a política ocidental na arena internacional e o crime internacional estão há muito tempo em conexões diretas. Todos aqueles que apoiam e justificam a expansão neocolonial ocidental baseada em diferentes revoluções "coloridas", primaveras árabes, Tahrirs, Maidans e outros movimentos, basicamente apoiam a política ocidental de infringir as leis e regras internacionais. Em outras palavras, eles simplesmente encorajam crimes ocidentais contra a lei internacional.

Após a Guerra Fria 1.0, não apenas os russófobos patológicos analfabetos são vítimas da política de propaganda russofóbica oficial do Ocidente e de seus clintes orientais, realizada por seus governos “democráticos e liberais” por mais de 30 anos (como nos Estados Bálticos, por exemplo). No entanto, existem círculos sociais e políticos muito mais amplos para se envolver diretamente na disseminação da histeria militar russofóbica, lavagem cerebral impiedosa aberta de seus cidadãos em várias redes sociais e meios de comunicação oficiais patrocinados pelo Estado (como, por exemplo, a Rádio-Televisão da Lituânia - VLT). A mentira, a distorção das disposições das fontes do direito internacional e a manipulação aberta da opinião pública já atingiram o nível institucional na maioria dos países europeus. Eles simplesmente se tornaram a política interna e externa oficial dos governos pró-EUA/OTAN/UE Russofóbicos da Europa Central/Leste Europeu. Os mais altos funcionários do Governo tratam os conceitos essenciais das relações internacionais de uma forma incrivelmente superficial, manipulam irresponsavelmente os termos e distorcem terrivelmente os termos apresentados nas fontes do direito internacional e, ao mesmo tempo, representam uma ameaça à paz e à segurança não apenas na Europa, mas também no mundo inteiro.

Tal comportamento da elite dominante da Europa Central/Leste prejudica grande e diretamente tanto os interesses pessoais e nacionais de seus cidadãos quanto o prestígio moral internacional de seus estados e causa danos significativos à economia do país. A rede de propaganda bem organizada e controlada pelo governo na Europa espalha as seguintes fabricações russófobas focais: agressão russa à Ucrânia, anexação ilegal da Crimeia, violação da integridade territorial da Ucrânia no leste da Ucrânia, interferência russa nos assuntos internos da Ucrânia, etc. é massivamente reproduzido no espaço público para usuários da informação, propagandistas profissionais, jornalistas e/ou comentaristas políticos que estão, de fato, dando um significado completamente oposto à verdade real.

Nos estados membros da UE/OTAN recém-aceitos, há muitos trolls online insolentes e todos os tipos de elfos operando em redes sociais percebem tal mentira de cima como prova indiscutível de sua superioridade sobre outros membros sãos da sociedade, e a usam como uma base para se juntar a grupos ilegais, supostamente patrióticos, que fazem provocações e ataques antiéticos a outros membros da sociedade - membros que têm uma opinião diferente, cujo ponto de vista é baseado em informações objetivas e análise imparcial dos acontecimentos.

Tais "patriotas" são apoiados por diferentes meios por seus governos e instituições dirigentes, e é sinal indiscutível de um regime totalitário quando um determinado grupo aparece na sociedade, que se percebe melhor do que outros, o resto da sociedade, e se dá o direito, um direito infundado, de ensinar os outros membros da sociedade como viver, como mostram os canais de televisão para assistir, como pensar, o que pensar e fazê-lo da maneira mais audaciosa. Muitas vezes, esses "patriotas" ameaçam abertamente lidar com outras pessoas e, na opinião deles, isso é uma comunicação normal no espaço público. Os governos, que promovem apenas a “verdade” unilateral por mais de 30 anos (como na Lituânia, por exemplo), estão apoiando esses atores, pois esses atores criam uma atmosfera de instabilidade, medo, e ódio na sociedade com seu comportamento obsceno. Em essência, suas ameaças ajudam a manter o controle da sociedade nas mãos de partidos pró-EUA/OTAN/UE completamente comprometidos.

Todos os poderes do governo, agindo contra o direito constitucional de seus cidadãos de ter sua própria opinião e expressá-la livremente, unem-se e agem em uníssono contra a sociedade e os cidadãos. Houve casos em que, em alguns países, o tribunal distrital multou um "patriota" local com uma multa engraçada, como várias dezenas de euros, por pedir publicamente a morte e chamar para lidar brutalmente com os cidadãos cuja opinião sobre a questão da crise na Ucrânia não coincide com seu próprio. Portanto, há motivos suficientes para investigar os mitos da guerra de informação contra a Rússia, e as fabricações abertas espalhadas pela propaganda dos governos ocidentais e determinar, com base nas fontes do direito internacional, que lugar as mentiras e manipulações são ocupadas tanto na política de propaganda e espaço de informação desses Governos.

*Dr. Vladislav B. Sotirović -- Ex-professor universitário Vilnius, LituâniaPesquisador do Centro de Estudos GeoestratégicosBelgrado, Sérvia

EUA REJEITAM OFERTA DE MOSCOVO PARA CONVERSAR -- Caitlin Johnstone

Caitlin Johnstone - Caitlin Johnstone.com | em Consortium News

É imperdoável que essas negociações de paz diretas ainda não estejam em andamento. A recente escalada desta guerra torna as negociações de paz  mais  necessárias, não menos. 

#Traduzido em português do Brasil

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov  , disse na terça-feira  que Moscou está aberta a negociações com os EUA ou com a Turquia sobre o fim da guerra na Ucrânia, alegando que as autoridades americanas estão mentindo quando dizem que a Rússia tem recusado as negociações de paz.

Relatórios da Reuters:

"Lavrov disse que autoridades, incluindo o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disseram que os Estados Unidos estão abertos a negociações, mas que a Rússia recusou".

"Isso é uma mentira", disse Lavrov. “Não recebemos nenhuma oferta séria para fazer contato.”

A alegação de Lavrov ganhou mais peso quando o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price  , rejeitou a oferta  de negociações de paz logo após ser estendida, citando os recentes ataques de mísseis da Rússia a Kiev.

“Nós vemos isso como uma postura”, disse Price em uma  coletiva de imprensa na terça -feira .

“Não vemos isso como uma oferta construtiva e legítima para se engajar no diálogo e na diplomacia que são absolutamente necessários para acabar com essa guerra brutal de agressão contra o povo e o Estado, o governo da Ucrânia.”

Isso é indesculpável. Em um momento em que nosso mundo está em seu momento mais perigoso desde a crise dos mísseis cubanos,  de acordo  com  muitos  especialistas  , bem como  o presidente dos Estados Unidos , o governo dos EUA não deve tomar a decisão de não se sentar com autoridades russas e trabalhar para desescalada e paz.

Eles não têm o direito de fazer esse apelo em nome de todos os organismos terrestres deste planeta cuja vida está sendo arriscada nesses jogos de atrevimento nuclear. O fato de esta guerra ter escalado com ataques de mísseis à capital ucraniana  torna as negociações de paz mais necessárias , não menos.

Esta rejeição é ainda mais ultrajante por novas informações do The Washington Post de que o governo dos EUA não acredita que a Ucrânia possa vencer esta guerra e se recusa a incentivá-la a negociar com Moscou.

“Em particular, as autoridades dos EUA dizem que nem a Rússia nem a Ucrânia são capazes de vencer a guerra, mas descartaram a ideia de resolver ou mesmo empurrar a Ucrânia para a mesa de negociações”, relata o WaPo  . “Eles dizem que não sabem como será o fim da guerra, ou como pode terminar ou quando, insistindo que isso depende de Kyiv.”

Esses dois pontos juntos dão ainda mais credibilidade a um argumento que venho  fazendo desde o início  desta guerra: que os EUA  não querem a paz na Ucrânia , mas procuram criar um atoleiro militar caro para Moscou, assim como as autoridades americanas fizeram. confessou ter tentado fazer  no Afeganistão e  na Síria .

O que explicaria por que o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que o objetivo dos EUA na Ucrânia é, na verdade  , “enfraquecer” a Rússia , e também por que o império parece ter  torpedeado ativamente um acordo de paz  entre a Ucrânia e a Rússia nos primeiros dias do conflito.

Esta guerra por procuração não tem estratégia de saída. E isso é inteiramente por design.

Muitos têm pedido que os EUA abandonem sua política de sustentar ativamente esta guerra, evitando negociações de paz.

“Na linguagem do presidente Biden, estamos no topo da escala linguística, por assim dizer”, disse o ex-chefe do Estado-Maior Conjunto, Mike Mullen  , à ABC's This Week  no domingo, sobre a  recente observação do presidente de  que esse conflito poderia levar ao “Armagedom. ”

“Acho que precisamos recuar um pouco e fazer tudo o que pudermos para tentar chegar à mesa para resolver isso”, disse Mullen, acrescentando: “Como é típico em qualquer guerra, tem que acabar e geralmente há negociações associadas a isso. Quanto mais cedo melhor para mim.”

“Uma coisa que os Estados Unidos podem fazer é… abandonar a posição, a posição oficial, de que a guerra deve continuar para enfraquecer a Rússia severamente, o que significa que não haverá negociações”,  argumentou Noam Chomsky  em uma recente aparição no Democracy Now.

“Isso abriria caminho para negociações, diplomacia? Não posso ter certeza. Só há uma maneira de descobrir. Isso é tentar. Se você não tentar, é claro que não vai acontecer.”

“É hora de os Estados Unidos complementarem seu apoio militar à Ucrânia com um caminho diplomático para administrar esta crise antes que ela saia do controle”,  disse  George Beebe, do Quincy Institute, após os ataques com mísseis em Kiev na segunda-feira, chamando-a de “um grande escalada na guerra” que estava destinada a “aproximar o mundo de uma colisão militar direta entre a Rússia e os Estados Unidos”.

“Os americanos têm que chegar a um acordo com os russos. E então a guerra terminará”, disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban  ,  em um evento na terça-feira, acrescentando que “qualquer um que pense que esta guerra será concluída por meio de negociações russo-ucranianas não está vivendo neste mundo”.

É absolutamente insano que as duas superpotências nucleares do mundo estejam acelerando em direção ao confronto militar direto e nem estejam falando uma com a outra, e é ainda mais louco que alguém que diga que deveria ser chamado de agente do Kremlin e apaziguador tipo Chamberlain. Harry Kazianis, do Responsible Statecraft, discute essa dinâmica bizarra em um artigo recente intitulado “ Falar não é apaziguamento – é evitar um armageddon nuclear ”:

“Lutei mais de trinta simulações de combate em jogos de guerra sob minha própria direção para um contrato de defesa privada nos últimos meses, analisando vários aspectos da guerra Rússia-Ucrânia, e uma coisa é clara: as chances de uma guerra nuclear aumentam significativamente a cada dia que passa.

Em todos os cenários que testei, a administração Biden lentamente fornece à Ucrânia armas cada vez mais avançadas, como ATACMS, F-16 e outras plataformas que a Rússia tem alertado consistentemente como uma ameaça militar direta. Embora cada cenário tenha postulado um ponto diferente em que Moscou decide usar uma arma nuclear tática para combater plataformas convencionais que não pode derrotar facilmente, as chances de que a Rússia use armas nucleares aumentam à medida que novas e mais poderosas capacidades militares são introduzidas no campo de batalha. pelo Ocidente.

De fato, em 28 dos 30 cenários que desenvolvi desde o início da guerra, ocorre algum tipo de troca nuclear.

A boa notícia é que existe uma saída para esta crise – por mais imperfeita que seja. Nos dois cenários em que a guerra nuclear foi evitada, as negociações diretas levaram a um cessar-fogo”.

Reitero: é uma insanidade absolutamente irreverente que essas negociações diretas ainda não estejam em andamento.

Façamos uma petição a todos e quaisquer poderes superiores em que tenhamos fé que isso mude muito em breve. Vamos também pedir aos líderes de nossas nações individuais ao redor do mundo que exerçam qualquer tipo de pressão que possam reunir sobre Washington para que essas negociações comecem.

Essa atitude arriscada ameaça a todos nós, e os gerentes do império dos EUA não devem jogar esses jogos com nossas vidas.

*O trabalho de Caitlin Johnstone é  totalmente suportado pelo leitor , então, se você gostou desta peça, considere compartilhá-la, seguindo-a no  Facebook ,  Twitter ,  Soundcloud  ou  YouTube , ou jogando algum dinheiro em seu pote de gorjetas no  Ko-fi ,  Patreon  ou  Paypal . Se você quiser ler mais, pode  comprar os livros dela . A melhor maneira de garantir que você veja as coisas que ela publica é se inscrever na lista de e-mails no  site dela  ou  no Substack, que receberá uma notificação por e-mail para tudo o que ela publicar. Para mais informações sobre quem ela é, onde ela está e o que ela está tentando fazer com sua plataforma,  clique aqui . Todas as obras são de co-autoria com seu marido americano Tim Foley.

*Este artigo é de CaitlinJohnstone.com e republicado com permissão.

Imagens: 1 - O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price. (Departamento de Estado, Freddie Everett);  2 - Sergei Lavrov, Ministro das Relações Exteriores da Rússia -- Twetter

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