segunda-feira, 3 de abril de 2023

Angola | O ATAQUE DAS MÃOS SUJAS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A História da Imprensa Angolana é riquíssima e única. O Jornalismo Angolano já foi do melhor em Língua Portuguesa. A primeira emissão de Rádio foi para o ar em 1933 pela voz de Álvaro de Carvalho, na cidade de Benguela. Em Portugal surgiu mais tarde, mas no Brasil nasceu dez anos antes! Temos um passado glorioso ainda que tenhamos perdido a memória. 

Este é o ano do primeiro centenário do Jornal de Angola nascido há cem anos como “Província de Angola”. É desde o primeiro dia de existência o periódico com maior tiragem, circulação e expansão. Jornais de Língua Portuguesa centenários há poucos. Em Portugal apenas o Diário de Notícias (Lisboa) e o Jornal de Notícias (Porto). No Brasil só o Estado de São Paulo (Estadão) é mais antigo. 

No ano do primeiro centenário do Jornal de Angola todas e todos que trabalharam e ainda trabalham naquela casa estão de parabéns. E estão seguramente muito orgulhosos. Eu sou um deles. Olho para trás e recordo com emoção esse monumento da Cultura Angolana que foi o suplemento de Artes e Letras dirigido pelo meu querido e saudoso amigo Carlitos (Carlos Ervedosa), devidamente assessorado por João Abel. 

Recordo o grande capitão da Imprensa que foi Jaime Figueiredo, figura ímpar do Jornalismo Angolano. Criou o embrião de um Livro de Estilo que chegou até depois da Independência Nacional e que Antero Gonçalves (Poderoso) guardou ciosamente.

Recordo Fernando Costa Andrade (Ndunduma) o primeiro director do jornal, na Angola Independente. Trabalhei com ele na minha primeira passagem pelo jornal. E rendo homenagem à direcção e gestão de José Ribeiro com quem trabalhei na minha recaída, coisa desastrosa porque nunca devemos regressar aos sítios onde fomos felizes. 

Várias mãos e nenhuma cabeça puseram a circular um texto nojento contra o Jornal de Angola. Conheço os autores. Treparam na vida servindo caninamente o chefe de turno. Mas pelos vistos cheira-lhes a mudança e já usam os mesmos métodos da organização de malfeitores UNITA. Aqui e ali deixam uma nota de humor. Dizem que antes da actual direcção existia na empresa uma família feliz! Isso mesmo.

Uma família felicíssima quando a tutela nomeou para a administração um sujeito que era director do Novo Jornal. Pela primeira vez na história da imprensa mundial o líder de um projecto jornalístico privado, concorrente, foi administrar outro jornal, público. Que felicidade! Uma família feliz quando a tutela nomeou uma sujeita que era “adida de imprensa” na Alemanha e levou para a empresa secretária particular, directora de gabinete, motorista e segurança! Gastava por mês mais dinheiro em mordomias do que toda a direcção do jornal e administração da empresa. Por sorte, o MPLA fez dela deputada. Se continuasse na Empresa Edições Novembro, era a falência garantida. 

Ponto prévio. Trabalhei na Empresa Edições Novembro (segunda volta) entre 2003 e 2015. Todas e todos os jornalistas com quem privei eram bons, muito bons ou excelentes. Sei disso porque, no âmbito do Gabinete de Formação Permanente, fazia avaliações trimestrais. Só não sei o que valiam os jornalistas não praticantes e os simpatizantes de jornalismo. Provavelmente eram muito bons porque alguns estavam na Direcção e tinham responsabilidades na Redacção. Mas não praticavam. Não faziam nada, para além de conspirarem contra o director José Ribeiro. Agora escrevem textos nojentos contra o Jornal de Angola onde comem há muitos anos. Canibalizavam o trabalho dos outros, sobretudo de Manuel Feio, um mestre do Jornalismo.

No texto que anda a circular em saudação ao primeiro ano do centenário do Jornal de Angola, os jornalistas são divididos em bons e maus. Dos bons não vou falar. Mas falo dos maus, quanto mais não seja para defesa da minha honra, porque algumas e alguns começaram comigo na profissão ou fiz-lhes avaliações positivas. Eram mesmo boas e bons profissionais. As mãos (cabeça ali não há…) que redigiram e puseram a circular aquele nojo dizem que o director do Jornal de Angola usou a técnica do “dividir para melhor reinar”.  Mas são essas manápulas nojentas que dividem os recursos humanos do jornal entre bons e maus.

Dizem as mãos sujas que “não se pode conversar à vontade”. Ainda bem, A Redacção é para trabalhar e não para conversar. Aliás a conversa pode perturbar quem quer trabalhar. O director é acusado de “afastar profissionais com experiência e competência reconhecidas por quem, ao contrario de si, entende de jornalismo impresso”. Quem não sabe é como quem não vê. Conheço o director do Jornal de Angola quando ele estava na Rádio Nacional de Angola e eu passei por lá como formador. 

As mãos que redigiram o texto não sabem mas eu vou explicar. A Linguagem Jornalística e sua Gramática nasceram com a comunicação à distância e autonomizou-se com a Rádio. Audiovisual, Imprensa e Agências Noticiosas usam essa ferramenta. Sabem qual foi o segredo do êxito obtido pela direcção de José Ribeiro, apesar das mãos sujas sabotarem todos os dias? Ele vinha do jornalismo de Agência Noticiosa que usa a Linguagem Jornalística e sua Gramática de uma forma superlativa. E este vosso criado nasceu na Rádio, nos anos 60, já lá vai uma eternidade. 

Construir um edifício sonoro é muito mais difícil do que organizar e gerir o espaço de uma página de jornal. O tempo na Rádio mede-se ao segundo ou em tempo real. No Jornal de Angola é ao dia. E esse período acaba no fecho da edição. As mãos que escreveram aquele nojo revelam toda a sua ignorância: “Drumond Mafuta humilha, frequentemente, os editores, que, após o fecho de cada edição, muitas vezes tarde da noite ou da madrugada, são obrigados a permanecer mais de duas horas na empresa”. Castigo! A hora de fecho de cada edição tem de ser às 20 horas. As mãos que produziram o nojo contra o Jornal de Angola nunca aceitaram essa regra básica na produção de um jornal. Não sabem que o rigor é a marca distintiva do Jornalismo.

As mãos que ventilaram lixo para cima de jornalistas no ano do primeiro centenário do Jornal de Angola dizem que a actual direcção destruiu a Redacção Central “reduzindo-a a metade”. Finalmente! Quando passei pela empresa eu dizia que se um leão fosse todos os dias comer um jornalista, ao fim de um ano ainda tínhamos gente a mais. Pelos vistos alguém percebeu isso. Pessoal a mais numa Redacção só atrapalha quem quer mesmo fazer jornalismo.

As mãos sujas que hoje ventilam lixo para cima de quem tem responsabilidades no Jornal de Angola dizem que foram recrutados mercenários. O mesmo que disseram de mim! São muito repetitivos, A diferença é que no meu tempo éramos atacados no Semanário Angolense e no Ckub K, lixo mediático ao serviço do Lungo e do Miala. Agora tem de ser em textos anónimos. Também reclamam porque os jornalistas não têm gravadores (caça palavras). Já no meu tempo faziam a mesma reclamação. E eu explicava-lhes que os jornalistas da Imprensa não precisam de gravadores para nada. Só servem para fomentar a preguiça mental e estagnar a memória, nossa principal ferramenta de trabalho.

Quem são os “maus” jornalistas para as mãos nojentas?

Desde logo Drumond Jaime. É atacado com argumentos tribalistas. Está tudo dito.

“Cândido Bessa, que de texto mediano não passa, pois é um vazio, metido a intelectual de mão cheia, puro engano”. Quando trabalhei no Jornal de Angola este jornalista vinha logo a seguir ao director porque editava as páginas de Política. Competentíssimo. Faço o pódio dos editores nesse tempo: Cândido Bessa número um. Honorato Silva número dois. Bernardino Fançony número três. 

Como sou um apaixonado pela crónica e sendo Ernesto Lara Filho (de quem fui companheiro de Redacção) o expoente máximo desse género jornalístico em Língua Portuguesa, estimulei Cândido Bessa a escrever crónicas. E ele escreveu vários textos com o título genérico O Meu Cazenga! A voragem do quotidiano afastou-o dessa escrita. Mas passa e muito do “texto mediano”. As mãos sujas é que não dão sequer para pedir esmola.

“Vitória Quintas, uma aprendiz de jornalista, que mal sabe escrever”, dizem as mãos sujas. A primeira acção de formação fora da Redacção Central foi no Huambo. Conheci então essa jornalista que também estudava na Universidade. Trabalhadora estudante! Quando fizemos a quarta temporada de formação, quase um ano depois, já ela era uma profissional de mão cheia. Uma mulher que integra a redacção de uma Direcção Provincial chegou à administração da Empresa Edições Novembro. E as mãos sujas, em vez de se orgulharem dessa colega, caluniam-na. Porcaria mais porca é impossível.

José Bule também está entre os “maus” porque é do Uíje. No meu tempo era o competentíssimo director naquela província. Criou uma equipa de luxo. Um líder a sério. E as mãos sujas querem diminuí-lo. Tribalistas!

No meu tempo a casa tinha alguns repórteres natos. O melhor de todos era Pereira Dinis. Outro é Ferraz Neto (Netito). As mãos sujas deitam-no abaixo porque “não sabe escrever”. Meninos, aprendam! Quem tem de saber escrever são os escritores. Os repórteres só têm que fazer notícias e reportagens. Mas convém que os editores e o copy-desk saibam converter os textos na Linguagem Jornalística. 

No ano do primeiro centenário do Jornal de Angola as mãos sujas de ontem atacam de novo agora mais porcamente. Isto num quadro em que a Empresa Edições Novembro é gerida por três jornalistas que nasceram na casa: Cândido Bessa, Guilhermino Alberto (um senhor do Jornalismo Angolano, meu vizinho do Bungo, ali ao lado do Negage) e Vitória Quintas. O líder do projecto é um jornalista com larga experiência, desde a Rádio à produção e gestão de informação institucional. Temos condições para fazer do nosso jornal centenário, um dos melhores do mundo. Mas as mãos sujas empurram contra ou fingem que empurram a favor.

Hoje faleceu o meu amigo Henrique Júnior, que foi governador do Cuanza Norte. Com o seu apoio fizemos em Dala Tando muitas sessões de formação. Apoiou a abertura da Mediateca, espaço de criado pela Empresa Edições Novembro. É isso mesmo. Tristeza não tem fim.

*Jornalista

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