José Cardoso, editor adjunto | Expresso (curto)
Por muito empanturrados que
muitos leitores/espectadores/ouvintes estejam com as audições sobre a TAP no
Parlamento, o tema vai voltar a ser o grande assunto desta quinta-feira, dia em
que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)vai inquirir o anterior ministro
das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
Ontem foi a vez de ser ouvido o ex-secretário de Estado das Infraestruturas
Hugo Mendes, que durante sete horas respondeu às perguntas dos deputados, por
entre a assunção de alguns erros, elogios ao assessor do seu ministro e
considerandos sobre António Costa.
Hoje é a vez do ex-ministro, penúltima figura a ser ouvida na CPI. Os trabalhos
da Comissão terminam amanhã, com a audição da terceira grande figura que
faltava, o ministro das Finanças, Fernando Medina. Mas o presidente da CPI não esperou pelo encerramento desta
investigação para agradecer aos deputados e pedir calma até que haja um
relatório. No fim, terão sido ouvidas 46 personalidades.
Ainda a CPI sobre a TAP não acabou e já há outros dois temas quentes que vão
ser discutidos até ao fim da semana no Parlamento: a proposta de criação de mais uma Comissão Parlamentar de
Inquérito, agora sobre as “secretas”, e o conturbado processo de privatização
de outra empresa, a Efacec.
Também ontem, foi igualmente ouvida no Parlamento a ministra da Defesa, Helena Carreiras, sobre o caso dos 13 militares da Marinha que
em março se recusaram a embarcar no navio 'Mondego' para acompanhar um
navio russo, ao largo da Madeira, alegando que a embarcação não tinha condições
de segurança.
O caso, que tanta polémica deu, deve voltar hoje à baila: deverão ser
anunciadas formalmente as acusações aos revoltosos. Quinta-feira, 15 de junho,
promete portanto ser mais um dia politicamente agitado.
OUTROS ASSUNTOS
POR CÁ
Quanto vale ter um “canudo”? Cada
vez menos. Em menos de uma década, o rendimento salarial de quem tem uma licenciatura caiu para
metade e a escassez de talento qualificado agravou-se, segundo um novo
relatório.
No que deu até agora a “operação El Dourado”? A constituição de sete arguidos, entre os quais um dirigente destacado da Liga
de Futebol. O número de vítimas de tráfico de pessoas vai em 47.
As redes sociais são um vício? Para muita gente sim, garantem psiquiatras. Este é o tema
do mais recente episódio do podcast do Expresso “Que Voz é Esta”, dedicado à
saúde mental dos adolescentes, no qual falam um pedopsiquiatra e uma jovem
aluna de 17 anos.
O ótimo é inimigo do bom? Marcelo diz que sim, a propósito da carreira dos professores, cujo diploma admite no entanto vetar.
A ver vamos.
O que vem a presidente do Parlamento Europeu fazer a Lisboa? Jantar hoje
com António Costa, ir amanhã a um debate no Parlamento e participar no Conselho
de Estado. Entrevistámo-la antes da visita.
E sobre a Efacec, como estão as coisas? Afastado do processo de privatização, o grupo José de Mello vai
esperar para ver. E o ministro da Economia, Costa Silva, tem a esperança de não ter de desembolsar 85
milhões.
Vem aí um calor dos diabos? Diz que sim. Um climatologista explica tudo no Expresso da
Manhã desta quinta-feira. E as águas das nossas praias, estão mais quentes? Também.
LÁ FORA
Como está a contraofensiva ucraniana? A ganhar velocidade e, para já, com uma estratégia. Quanto
aos mais recentes desenvolvimentos, pode-os ir acompanhando AQUI.
Como está a questão dos migrantes que demandam a Europa? Mal. Fala-se cada
vez menos deles, a não ser quando há uma tragédia como a registada nas águas gregas, a maior desde
2015: pelo menos 78 mortos no naufrágio de um barco de pesca atulhado de
gente.
A Google está a portar-se bem na Europa? Bruxelas diz que não, acusando-a
de infringir as regras da concorrência nos anúncios digitais –
pelo que poderá ter de vender parte do negócio.
Como encontrar Jesus Cristo? Para uma seita no Quénia, através de um jejum
extremo. Na floresta onde se reunia já foram encontrados 318 corpos e há ainda 613 desaparecidos, enquanto
95 pessoas foram resgatadas com vidav. O caso está já a ser conhecido como
“o massacre de Shakahola”.
FRASES
“Não vou entrar em considerações
hermenêuticas sobre botânica”
João Galamba, ministro das Infraestruturas, referindo-se à referência a “ramos
mortos” no Governo feita por Marcelo no discurso do 10 de Junho
“Penalizo-me pelo comentário que
partilhei com a ex-CEO sobre o senhor Presidente da República. Foi sem dúvida
infeliz”
Ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes, referindo-se à
ex-presidente da TAP
“Este é o tempo de aguardar com tranquilidade o relatório e as conclusões deste
inquérito” [à TAP]”
Lacerda Sales, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP
“Nunca tem medo de desafios”
Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, sobre António Costa, com
quem vem jantar esta quinta-feira
PODCASTS A NÃO PERDER
Bunga bunga no 10 de Junho e a morte de Berlusconi. No Sem
Moderação desta semana debate-se os ramos do Marcelo e o homem a quem se
devem quase todas as derivações do populismo moderno. Ouça o programa
Nova taxa dos certificados continua acima do juro médio
oferecido pelos bancos nos depósitos que, para já, se podem dar ao
luxo de perder depósitos. A maioria, pelo menos. Ouça tudo no Money Money
Money.
A inflação de maio em Portugal fixou-se nos 4%, é o
sétimo mês consecutivo em trajetória descendente. Depois da tempestade, vem
mesmo a bonança? Ouça Economia dia a dia, o podcast que resume tudo o que
precisa de saber sobre os números nacionais e internacionais.
O QUE ANDO A LER
Na Idade Média, leis canónicas e
civis proibiam amas judias de amamentar crianças cristãs, porque se acreditava
que o primeiro leite influía no caráter futuro do bebé;
na segunda metade do século XVII surgiu em algumas cidades europeias uma bebida
nova – o café, que até à década de 1720 era na Europa cristã uma bebida cara e
vista como exótica, enquanto na Europa islâmica era bastante popular, devido à
proibição do álcool;
utilizada inicialmente para consumo de animais, só a partir de finais do século
XVIII é que a batata – introduzida na Europa no século XVI - começou a entrar
massivamente no consumo humano, sendo considerada o grande “combustível” da
Revolução Industrial.
Estes dados, aparentemente desgarrados, são apenas três das numerosas
abordagens feitas numa obra monumental acabada de sair sobre a mais premente
das necessidades de qualquer ser vivo – a alimentação.
Intitulado “História Global da Alimentação Portuguesa”, o livro é um calhamaço
com 101 capítulos, escritos por 69 autores especializados nacionais e
estrangeiros que abordam, numa perspetiva sobretudo cultural, a evolução da
alimentação desde a formação de Portugal até aos nossos dias. Um deles é o
crítico gastronómico do Expresso, Fortunato da Câmara, que escreve sobre as
estrelas Michelin em Portugal.
De forte pendor académico, cada capítulo da obra vale por si, não havendo um
fio condutor. Pode-se ir saltitando entre coisas tão dispares como a história
de alimentos essenciais – como o pão, o azeite, o sal e até a água – e as
mudanças provocadas pela chegada dos eletrodomésticos; ou entre a “revolução”
dos McDonald´s e as regras de etiqueta e boas maneiras à mesa; ou entre o
bacalhau e o Café Nicola, ao qual são dedicadas cinco das 608 páginas que a
editora Temas e Debates agora nos põe à mesa. Bon apetit.
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