José Cardoso, editor adjunto | Expresso (curto)
Foi dado esta quarta-feira à noite o pontapé de saída da temporada 2023/2024 do futebol profissional nacional, com a realização da Supertaça, que opôs Benfica e Futebol Clube do Porto. Contra a maior parte dos prognósticos, venceu o clube lisboeta, campeão nacional em título, por 2-0.
A nova época ainda mal começou e
já começou mal. O jogo teve 12 cartões amarelos e terminou com imagens pouco
abonatórias para o futebol em Portugal: após ser expulso já nos descontos,
o treinador do Porto, Sérgio Conceição, recusou-se durante alguns minutos a
sair do banco. Ainda será possível o futebol doméstico tornar-se um dia um
desporto “normal” do ponto de vista disciplinar?
O treinador do Benfica, Roger Schmidt, diz – é claro – que o seu clube mereceu ganhar. Regressado ao clube, o
argentino Di María, campeão mundial, marcou o primeiro golo e – é claro – não podia estar mais contente.
Mas não é só dentro do campo que o mundo da bola rola. Depois do “defeso” das
férias, voltam as notícias sobre casos de justiça (ainda será possível o
futebol doméstico tornar-se um dia um desporto sem processos em tribunal?).
Agora soube-se que o anterior presidente benfiquista, Luís Filipe Vieira, pede 31
mil euros ao criador da plataforma digital Football Leaks, Rui Pinto, por
ter divulgado mensagens da sua caixa de correio eletrónico e contribuído para
que o Benfica não voltasse a ser campeão na temporada 2017-2018.
Com a Primeira Liga prestes a começar (próxima segunda-feira) fique atento por AQUI, porque mais logo publicaremos a primeira parte de um
guia sobre a competição.
OUTROS ASSUNTOS
LEIS – O Presidente da República promulgou a Lei de Programação Militar
(LPM) e a Lei de Infraestruturas Militares. A aguardar decisão presidencial
ficam outros dois diplomas que também têm dado a azo a alguma agitação, o
primeiro mais do que o segundo: o decreto do Governo sobre a contagem de tempo
de serviço dos professores (cuja primeira versão foi
CRÉDITOS – a partir do outono tornar-se-á mais fácil pedir um para comprar casa. Mas isso não
quer dizer que os juros fiquem mais baixos.
VIOLÊNCIAS – Uma dúzia de homicídios e mais de 14.800 queixas é o
triste balanço da violência doméstica em Portugal no primeiro semestre.
JORNADAS – As da Juventude correram bem, diz-se urbi et orbi. No entanto… Nas redes sociais dos sectores mais conservadores da Igreja
Católica choveram críticas à Jornada Mundial da Juventude. Deus
perdoa-lhes.
CALORES – Que estamos mal no que diz respeito ao aquecimento global e à
saúde do planeta já se sabe, mas continua a não se fazer o suficiente para
evitar o colapso. Mais um dado: na Argentina e no Chile, as habituais ondas de frio polar foram
substituídas por ondas de calor, com a temperatura a atingir o nível mais alto
dos últimos 117 anos.
MÚSICAS – Na Zambujeira do Mar, onde decorre desde ontem mais um festival MEO Sudoeste.
NÚMEROS
4.000.000 – foi o número de viagens no Metropolitano de Lisboa em sete dias.
4.979.400 – foi o número de pessoas com emprego no segundo trimestre deste ano,
o mais alto desde 2011.
128.000 – foi o número de trabalhadores com o ensino superior que ficaram
desempregados no segundo trimestre deste ano.
6,1 – é a taxa de desemprego registada no mesmo período.
FRASES
“Jogámos como se fosse a final do
Mundial”
Roger Schmidt, treinador do Benfica, sobre a Supertaça, que conquistou (2-0,
contra o Porto)
“Não é um grande sinal de alerta ou de perturbação”
António Costa Silva, ministro da Economia, sobre o aumento do desemprego no
segundo trimestre
“Não é uma contradição total? Uma floresta que extrai petróleo? É possível
manter uma linha política desse nível, apostar na morte e destruir a vida?
Gustavo Petro, Presidente da Colômbia, na Cimeira da Amazónia
DE OLHO
- no anúncio do nome do novo
cardeal-patricarca de Lisboa, às 11 da manhã. (Será Dom Rui Valério, bispo das
Forças Armadas?)
- na reunião desta tarde entre dois sindicatos dos médicos e o Ministério da
Saúde, para tentar ultrapassar o impasse nas negociações.
- na situação no Equador, onde foi decretado o Estado de Emergência depois do
assassínio do candidato às eleições presidenciais de dia 20 Fernando
Villavicencio.
DE OUVIDO
Luis
XIV de França é um dos reis mais conhecidos da Europa, e aquele que teve o
reinado mais longo da História. Porque construiu Versalhes? Que derrotas e fracassos ao longo
de um reinado de 72 anos? Neste episódio de A História Repete-se,
Henrique Monteiro e Lourenço Pereira Coutinho conversam sobre aquele que ficou
conhecido como o rei sol.
Levava cerca de 500 escravizados a bordo e naufragou numa
tempestade junto à costa. Factos como o naufrágio do São José não
estão nos currículos escolares nem nas notícias diárias. Se os ignorarmos
acabamos por esquecer parte do nosso património cultural e histórico. O novo
podcast do Expresso, Pretérito Imperfeito, traz à luz do Século XXI a
história dos Descobrimentos. Ouça o primeiro podcast narrativo da SIC Notícias.
Altice
Babá e os 40 ladrões? Desde que foi tornada pública a investigação do
Ministério Público à Altice Portugal que pelo menos 10 quadros de topo da empresa foram suspensos de
funções. O que pode significar para o futuro da maior Telecom a operar em
Portugal? Este é o tema do novo episódio de Money Money Money.
O QUE ANDO A LER
Quem nunca viu um futebolista a
fletir rapidamente os joelhos e a benzer-se ao entrar em campo? Ou alguém a
beijar os dados antes de os lançar num jogo? Porque é que em certas paragens,
como a Índia, há quem caminhe sobre brasas? E porque é que noutras, como a
Indonésia, há quem aceite ser crucificado por altura da Páscoa? E quem se
autoflagele violentamente uma vez por ano até o sangue escorrer pelo corpo
abaixo, como no Irão e noutras regiões de maioria xiita?
O que tudo isto tem em comum é que se trata de rituais. E é sobre eles que o
antropólogo grego Dimitris Xygalatas, professor de Antropologia e de Ciências
Psicológicas da Universidade de Connecticut (EUA), se debruça em “Ritual”
(Temas&Debates).
Embora possam ser vistos como coisas sem sentido - e muitas das vezes dolorosos
-, os rituais têm um papel crucial na sociedade, servindo como cola que une
comunidades e potencia o bem-estar emocional, garantindo assim o êxito do
grupo, afirma Xygalatas.
Esta conclusão do académico não é apenas uma teoria ou uma especulação – as
suas investigações têm uma abordagem científica. Dimitris Xygalatas, que viveu
em sete países, passou meses ou anos mais de 70 para assistir a cerimoniais,
recolher dados e fazer experiências sociais – que o livro relata aliás em profusão.
Mas além de inquéritos, jogos e testes psicológicos, o investigador recorreu
também a medições físicas, por exemplo de frequências cardíacas ou níveis de
cortisol em amostras de saliva e de cabelo, para concluir que participar em
rituais traz grandes benefícios a quem o faz e que quanto mais intenso for o
ritual mais positivos são os resultados.
Trata-se de um livro original e interessante. Não só pela explicação dos
mecanismos baseados em fenómenos estranhos que ajudam a cimentar a vida em
sociedade como pelos relatos que o autor faz que nos ajudam a perceber a vida
de povos dos quatro cantos do mundo.
Boas leituras e um dia bom
1 comentário:
Segundo o presidente Petro da Colômbia, também não devemos usar combustível fóssil para mover a economia nacional? Se a Colômbia usa petróleo nos transportes e em outras atividades, quem retira esse petróleo e de onde? Habemos de deixar de pensar irracionalmente e pensar racionalmente: a floresta deve ser preservada e seu povo viver na pobreza ou a floresta deve ser preservada e seu povo deve ter qualidade de vida aliada à preservação? A Amazônia Legal brasileira é um bioma onde vivem 30 muilhões de pessoas que não podem e não serão esquecidas. Não haveremos de fazer viver mal os brasileiros para que os europeus e estadunidenses vivam à farra. A floresta é dos sulamericanos, não é do mundo. Até porque o mundo está assim porque os ricos e poderosos o depauperaram pela ganância de serem o que são. Nós, sulamericanos, somos os menos culpados das mudanças climáticas, e a nós e ao mundo foram prometidos U$ 100 bilhões anuais para manutenção da floresta, para que as SUVs estadunidenses infestem o mundo com sua queima de petróleo. Haveremos de deixar os amazônidas viverem mal para que outros se divirtam? NÃO.
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