Artur Queiroz*, Luanda
Jonathan Conricus, porta-voz do exército de Israel, chamou a criadagem dos Media e anunciou: “Os palestinos têm 24 horas para sair do Norte de Gaza. É uma medida humanitária!”. Carregadoras e carregadores de câmaras, gravadores ou microfones não fizeram perguntas. Se fossem gente perguntavam-lhe se 34 unidades de saúde destruídas pela aviação israelita em Gaza faziam parte desse programa humanitário. Dezenas de escolas destruídas. Instalações da ONU destruídas. Milhares de civis assassinados. Milhares de civis feridos. As autoridades de saúde (OMS) registam 600 crianças palestinas mortas nos bombardeamentos. Os sionistas têm razões humanitárias que a própria razão desconhece.
O ministro da Defesa de Israel, ao lado do general assassino Lloyd Austin, disse que todas as mortes e destruições humanitárias na Palestina servem para defender a liberdade. As nazis Roberta Metsola e Úrsula von der Leyen estão em Telavive para prestar apoio e solidariedade ao programa humanitário de Israel recheado de bombardeamentos, destruição de prédios e bairros inteiros na cidade de Gaza. Milhares de mortos e feridos.
As duas nazis representam os
países da União Europeia. Todos os governos, todos os povos estão com os
sionistas assassinos. Todos apoiam o extermínio de palestinos. Menos os que se
manifestam a favor da Palestina. Mas o boneco articulado Macron já proibiu
“manifs” de apoio à Palestina
O general assassino Lloyd Austin
anunciou em Telavive que a matança em Gaza está a ser executada por Israel e os
EUA. Para que não restem dúvidas. Disse que viu as provas dos hediondos
massacres do Hamas. Fotografias e vídeos. Tenho pena deste monte de carne
pútrida. O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, apresentou na
ONU “provas irrefutáveis e inegáveis” de que o Iraque de
Saddam Hussein tinha armas de destruição
O Iraque e o Irão estiveram em guerra durante dez anos. O ocidente alargado tomou partido por Saddam Hussein. Socialismo contra o regime confessional dos aiatolas. Sunitas contra xiitas. Alemanha e EUA forneceram a Bagdade “temíveis armas químicas e biológicas”. No final da primeira Guerra do Golfo todo esse material bélico foi destruído. Washington e as outras capitais da OTAN (ou NATO) sabiam disto. Colin Powell foi obrigado a mentir. Durão Barroso, então primeiro-ministro de Portugal, também disse aos jornalistas que viu as provas da existência dessas armas no Iraque. Assim um aspirante a carteirista chegou à chefia da União Europeia e depois banqueiro.
A OTAN (ou NATO) reuniu em
Bruxelas os ministros da Defesa. No final a ministra portuguesa, uma flausina
desmiolada, disse aos jornalistas que viu fotos e um vídeo com os “crimes
horríveis do Hamas”
A Ana Sofia Cardoso, empregada do Barqueiro do Douro na CNN Portugal, nem isso ganha. Papagueia tudo o que lhe põem à frente ou sopram da “régie” e ainda não ganhou para a tinta. Tem o cabelo metade preto e metade loiro. Para comprar um átomo de inteligência vai ter muito frete a fazer. Muto atentado à ética e deontologia com ar de quem ganhou a maratona dos coxos. O melhor é seguir o avisado conselho da minha amiga Canducha do Bairro Operário: Dinheiro na mão cu no chão. O Bello Moraes recebe meio cêntimo por cada hora de falsificação. Vai passar o resto das vida a aldrabar para ganhar uns trocos.
A ONU diz que é impossível tirar um milhão de palestinos das suas casas ou ruínas em apenas 24 horas. Reparem bem. A ONU aceita que os sionistas expulsem os donos da terra. Os donos das casas. Só está preocupado com o tempo. Quer mais do que 24 horas. O resto tudo bem. Se o comandante das tropas russas der 24 horas aos ucranianos para saírem da Ucrânia, o rato de sacristia Guterres guincha logo: Crimes de guerra! O Tribunal Penal Internacional recebe ordens do dono para emitir mais mandados de captura contra dirigentes da Federação Russa. O mundo ocidental desaba com os gritos de tanto protesto. Todas e todos acreditam que o mundo pode ser assim.
Há dez anos Israel bombardeou a
cidade de Gaza. Uma bomba matou três meninas e feriu gravemente o pai que era
médico, sobrinho de um grande amigo dos meus tempos de estudante
O homenzinho disse que eu estava enganado e era manipulado pelo Hamas. Antes de continuar os insultos e agressões verbais expliquei-lhe que conheço bem a região, desde o início dos anos 80. Os meus antepassados eram judeus sefarditas que se instalaram no Couto D’Ervededo, Portugal. Considero o antissemitismo uma forma de racismo. Tal como repudio o regime de apartheid imposto por Israel aos palestinos. Respondo aos insultos com insultos e às agressões com agressões (sou um rapaz de subúrbio e nunca usei gravata…) por isso o melhor é acabar a conversa, por respeito ao meu director. Virei-lhe as costas, enojado.
O embaixador israelita em Angola, Shimon Solomon, convocou os jornalistas e fez esta afirmação: “Somos bons amigos de Angola, lamentamos que não tenha havido condenação deste ataque do Hamas”. Lembrou que o Gana, o Quénia e a Republica Democrática do Congo condenaram o grupo palestino, “mas em Angola, infelizmente ainda não vimos isso”.
Israel foi um bom amigo de Portugal durante a luta armada de libertação nacional. Ajudou a matar angolanos e a combater os guerrilheiros do MPLA. Na altura era bom amigo dos fascistas e colonialistas. Em 1974 Israel colocou-se do lado da FNLA, do Zaire de Mobutu, da UNITA e do regime racista da África do Sul contra a Independência Nacional. Grandes amigos da coligação mais agressiva e reaccionária que alguma vez se formou na planeta.
Israel percebeu que tinha apostado no lado errado e ofereceu os seus préstimos ao Presidente José Eduardo, que aceitou. Política é a arte de fazer amigos e aliados! Isso não faz do estado judaico “bom amigo de Angola”. Ninguém tem dúvidas que Telavive tem uma amizade interesseira que muda quando for preciso. Não é por acaso que a última campanha eleitoral da UNITA foi comandada por israelitas. O processo de destituição do Presidente da República foi organizado por israelitas. Já estão a marcar lugar para o caso de haver uma mudança nas eleições de 2027.
O Presidente João Lourenço, na sua qualidade de líder em exercício da SADC, “condenou os actos de violência no conflito entre Israel e o Hamas e apelou às partes envolvidas para que pautem os seus actos pela contenção”. O Chefe de Estado Angolano condenou em nome de Angola e de todos os países da região. Claro que não aplaudiu o extermínio de palestinos. Não deu carta-branca à ocupação militar da Faixa de Gaza. Nem todos têm má consciência.
Os países “civilizados” do ocidente têm má consciência porque colaboraram com o extermínio de judeus pelo menos desde a Idade Média. Hoje aplaudem os sionistas que querem exterminar os palestinos. Matem-nos! Expulsem-nos, não têm direito a uma Pátria. Angola nada tem a ver com isso.
Os alemães têm a consciência pesada porque elegeram Hitler e os nazis. O Holocausto teve a marca alemã e dos seus aliados, entre os quais a Ucrânia e os estados bálticos. O colaboracionismo com os nazis dá má consciência. Angola nada tem a ver com isso. Os nazis que se refugiram na então colónia portuguesa foram acolhidos pelos colonialistas, não pelos combatentes da liberdade.
O embaixador Mushingi agradeceu “o apoio extraordinário que as autoridades angolanas concederam ao secretário de Defesa dos Estados Unidos da América, Lloyd Austin, durante a visita a Angola, no quadro reforço da cooperação no ramo Militar e da Segurança”. Reuniu-se com Tete António e ambos “analisaram os conflitos israelo-palestino e russo-ucraniano” (Notícia do Jornal de Angola).
O mesmo periódico publicou um recado dos EUA, transmitido num texto assinado por Faustino Henrique, empregado do embaixador Mushingi (cada escriturário tem o patrão que merece). Depois de Cabinda e Zaire, também as Lundas estão na mira do estado terrorista mais perigoso do mundo. Quem tem amigos assim, não precisa de inimigos.
Amanhã o processo de destituição do Presidente da República vai ser discutido na Assembleia Nacional, numa sessão plenária extraordinária. Antes da entrada do documento, com 100 páginas, o general assassino Abílio Camalata Numa ameaçou João Lourenço e “os do MPLA” dizendo que quando a UNITA for poder, “eles vão pagar tudo o que nos devem, estão avisados”.
Amanhã, uma maioria absolutíssima de deputados atira com aquela porcaria ao lixo. A seguir vai a UNITA toda. Ali são todos aliados dos racistas da África do Sul. Todos apontam armas à Independência Nacional como fez o Galo Negro quando nasceu. Todos usam o terrorismo como arma política. Israel nunca declarou solidariedade com Angola pelos atentados terroristas do Galo Negro. E eles acontecem todos os dias nas nossas cidades, vilas e aldeias. Para tornarem a vida impossível às populações.
*Jornalista
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