terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Angola | DONOS DA CASA E CONFISCOS ALARGADOS – Artur Queiroz


 Artur Queiroz*, Luanda

Os venerandos conselheiros do Tribunal Supremo, todos, vão transferir o plenário para Lisboa, Estrasburgo e Haia a fim de reforçarem a jurisprudência angolana em matéria de “confiscos alargados, confiscos não baseados em condenações e confiscos de bens de terceiros”. A informação foi divulgada pelo secretário-geral da Corte Suprema, juiz de direito Altino Kapalakayela. 

Está visto. Chegou a vez de irem ao castigo Sobrinhos, Madalenos, Carrinhos, Carrões e outros bichos raros como caranguejos, caranbondos, vampiros e outras aves chupadoras de dinheiro. Atenção! Os “bens de terceiros” são dos verdadeiros donos. Tudo o resto é ilusionismo. 

Graças ao Presidente João Lourenço e seus protegidos, os cofres do Estado vão ficar repletos de kumbu. Desta vez é que todas as crianças vão ter escola e todas as escolas vão ter professores. Os confiscados anteriores, estreitos ou alargados, primeiros, segundos ou terceiros proprietários, tenham paciência. Foram despojados sem formação. Mais vale tarde do que um tiro na nuca. 

O Presidente João Lourenço está em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para participar na “Semana da Sustentabilidade” e na cimeira “O Futuro de África”. Entretanto teve um encontro com o Presidente Maomé bin Zayed Al Nahyan, mais conhecido por MBZ. No noticiário das 13 horas de hoje, a enviada especial da TPA disse que sua excelência “foi recebido pelo dono da casa como costuma dizer-se”. 

Alto lá, menina. Isso do “dono da casa” costumava dizer-se no palácio do Mobutu e em Kinkuzu. Em Angola não há donos da casa. Existem servidores da causa pública, eleitos pelo Povo Angolano. O Presidente da República termina o seu mandato em 2027 e foi eleito nas listas do MPLA. Temos uma democracia representativa.

Declaração de Vassily Nebenzia, representante da Rússia, no debate do CS da ONU


“Promoção e fortalecimento do Estado de direito na manutenção da paz e segurança internacional: o Estado de direito entre as nações”

Sr. Presidente,

Agradecemos os briefers de hoje.

Nossos colegas japoneses pautaram esta reunião em torno das questões do Estado de direito. Na verdade, este é um tópico relevante e urgente que precisa ser visto de forma sistêmica e imparcial. Entretanto, a nota conceitual para esta reunião deixa claro que os organizadores deste evento não têm tal intenção. Declarações que ouvimos hoje confirmam que ao levantar a questão do estado de direito, nossos antigos parceiros ocidentais procuram apenas promover o ponto sobre a suposta responsabilidade da Rússia às ameaças emergentes à paz e à segurança internacionais. Ao fazer isso, eles descartam as violações flagrantes de sua própria responsabilidade. É claro que não podemos concordar com esta narrativa, que se enquadra completamente no conceito de “ordem baseada em regras”, na qual as regras são ditadas pelo Ocidente. Esta narrativa é simplesmente falsa e contrária às normas do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas. Vou-lhes dar um exemplo recente da criação de regras tão convenientes. Refiro-me à exclusão do Irã da Comissão sobre o Status da Mulher. Não houve oportunidade legal para fazer isso. Mas isto não impediu os EUA e seus aliados. Eles expulsaram o Irã e pronto. São vocês quem deve nos ensinar o direito internacional depois disso?

As declarações que nossos colegas ocidentais fizeram hoje apresentavam um motivo central, segundo o qual a Rússia atravessou o ponto de não retorno em termos de direito internacional ao iniciar uma operação militar especial em 24 de fevereiro de 2022. Isto poderia criar uma impressão de que nada de ilegal jamais havia acontecido no mundo antes daquele momento. É claro que não é assim. O direito internacional já havia sido violado e agredido repetidamente muito antes disso. E não pela Rússia, longe disso. Vamos considerar alguns casos.

As verdadeiras causas da crise ucraniana são a arrogância do Ocidente e sua absoluta relutância em levar em conta os interesses de outros, mesmo quando se trata de aspectos tão cruciais como a segurança de um Estado. Não há simplesmente outras explicações para que os Estados da OTAN absolutizem o direito de expansão da Aliança (em violação dos princípios básicos da OSCE), mesmo que isso viole o princípio da segurança indivisível.

Todos nós nos encontramos em uma situação bastante complicada, que se originou da ânsia frenética de Washington em desempenhar o papel auto-imposto de “polícia do mundo”. De acordo com o documento que o Serviço de Pesquisa do Congresso emitiu em 2022, desde 1991, quando os Estados Unidos afirmaram ter vencido a Guerra Fria, houve 251 casos de engajamento militar estrangeiro dos Estados Unidos. Além disso, segundo o Escritório do Censo dos EUA, em 2022 os EUA tinham mais de 16 milhões de veteranos das forças armadas, ou seja, indivíduos que tinham experiência direta em combate. Basta pensar nisso, e especialmente à luz do fato de que ninguém atacou os Estados Unidos durante as duas últimas décadas. Pensem nisto.

Contrariamente ao que alegam, os EUA importam petróleo russo maciçamente

The Telegraph of India relata que enquanto Washington proibiu a compra de petróleo russo a toda a sua população e aos seus aliados, importa-o maciçamente sem violar suas pretensas « sanções » [1].

A Índia compra diáriamente 1,7 milhões de barris de petróleo russo. Este petróleo é refinado pela Nayara Energy e pela Reliance Industries, depois revendido legalmente aos Estados Unidos.

Na prática, a guerra económica dos Estados Unidos já não afecta pois a Rússia, mas exclusivamente os seus aliados da União Europeia, os quais são os únicos a ser privados dos hidrocarbonetos russos. Esta constatação deve ser posta em perspectiva com a sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 privando a União Europeia da sua principal fonte de energia.

Isto demonstra que Washington tem perfeita consciência que Moscovo (Moscou-br) não invadiu a Ucrânia, antes tenta aí aplicar a Resolução 2202 do Conselho de Segurança. Toda a propaganda atlantista acusando a Rússia dos piores crimes não visa, portanto, mobilizar as tropas aliadas contra ela, mas, sim manipular os Europeus para lhes fazer aceitar uma recessão económica, imposta em linha directa com o relatório ao Pentágono de Paul Wolfowitz (foto), em 1992 [2]. O Secretário de Estado, Antony Blinken, e a sua assistente, Victoria Nuland, pertencem ao mesmo grupúsculo ideológico de Paul Wolfowitz [3].

À época ele escrevia : « Muito embora os Estados Unidos apoiem o projecto de integração europeia, devemos velar para prevenir a emergência de um sistema de segurança puramente europeu que minaria a OTAN e, particularmente, a sua estrutura de comando militar integrado ».

Para o Pentágono, o inimigo principal não é a Rússia, mas uma Europa independente.

Voltairenet.org | Tradução Alva

Racismo nos EUA - Do massacre de Rosewood a Martin Luther King: para onde vamos?

Amy GoodmanDenis Moynihan* | Cuba Debate | # Traduzido em português do Brasil

O dia de Ano Novo representa a possibilidade de um novo começo e a oportunidade de estabelecer novas metas. No entanto, para os residentes afro-americanos da cidade de Rosewood, Flórida, 1º de janeiro de 1923 - 100 anos atrás - foi o início de uma semana de violência e assassinato em massa perpetrado por uma multidão branca enfurecida que atacou e queimou completamente a maior parte cidade negra até praticamente virar cinzas. Ninguém foi processado ou levado à justiça pelo Massacre de Rosewood, um evento que foi rapidamente apagado da consciência pública até que um jornalista investigativo descobriu sua história oculta 60 anos depois.. Nesta semana, descendentes de sobreviventes do massacre e grupos ativistas se reuniram em Rosewood e na vizinha Gainesville para comemorar o centenário do massacre e homenagear a resiliência daqueles que conseguiram escapar dele.

Rosewood era uma cidade onde muitas famílias afro-americanas possuíam suas casas e terras.. Embora ainda sob o domínio das leis de segregação da era Jim Crow, a cidade era em grande parte autossuficiente e um lugar onde as famílias negras podiam alcançar a independência financeira. O massacre começou quando uma jovem branca da cidade vizinha de Sumner relatou que havia sido espancada e abusada sexualmente por um homem negro. Após a denúncia, uma patrulha masculina branca iniciou uma caçada que durou vários dias, culminando em um confronto violento em uma casa de Rosewood. Uma mulher negra e dois dos homens brancos foram mortos no confronto. Durante esse tempo, os residentes negros de Rosewood fugiram da cidade, a maioria para as florestas e pântanos circundantes.

A horda de brancos aumentava em número e violência: matavam todos os afro-americanos que encontravam pelo caminho e incendiavam suas casas . Um lojista branco, John Wright, estava abrigando alguns residentes negros em sua cobertura e conseguiu convencer a multidão a não queimar sua casa também. Hoje, aquela casa é a única estrutura que restou no que era Rosewood. Pelo menos seis residentes afro-americanos foram mortos no massacre, embora testemunhas oculares afirmassem que o número de vítimas era muito maior. Não houve investigação oficial sobre o ataque, e tanto os perpetradores quanto as vítimas permaneceram em silêncio por décadas .

Gary Moore era um repórter do jornal St. Petersburg Times que estava na área fazendo pesquisas para uma reportagem sobre caçadores de crocodilos quando alguém na área perguntou se ele estava investigando o massacre. Essa pergunta de gatilho o levou a perguntar sobre os sobreviventes e culminou em uma longa reportagem de jornal detalhando a história perdida do Massacre de Rosewood . O falecido repórter afro-americano Ed Bradley incluiu um segmento sobre o massacre no 60 Minutes  e, em 1997, o falecido diretor afro-americano John Singleton lançou o longa-metragem “Rosewood ” .

As comemorações do Massacre de Rosewood desta semana coincidem com um feriado americano em homenagem a Martin Luther King, que completaria 94 anos em 15 de janeiro . Um dos eventos programados durante a semana da lembrança tomou emprestado seu nome de um discurso que King fez em agosto de 1967, menos de oito meses antes de ser assassinado: “Para onde vamos?” .

GOVERNO DO PERU AMPLIA ESTADO DE EMERGÊNCIA EM LIMA E CUSCO

A medida capacita as forças armadas a atuar em tarefas de manutenção da ordem pública e a estabelecer toque de recolher

Opera Mundi*, em Pátria Latina | # Publicado em português do Brasil

A presidente do Peru, Dina Boluarte, ampliou o estado de emergência por 30 dias na capital Lima e nas regiões andinas de Puno e Cusco. A medida capacita as forças armadas do país a atuar em tarefas de manutenção da ordem pública e estabelece toque de recolher a partir das 21h.

A medida foi adotada pela primeira vez em 28 de dezembro de 2022, e vinha sendo criticada por muitas organizações sociais, que atribuem a ela o aumento do nível de repressão do Estado às manifestações que exigem novas eleições presidenciais no país, antecipando as que estão marcadas apenas para 2026.

Essas manifestações, iniciadas no dia 10 de dezembro, após a destituição do ex-presidente Pedro Castillo e a posse de Boluarte em seu lugar, demandam a antecipação das eleições presidenciais como forma de solucionar a crise política no país.

Porém as entidades que defendem essa proposta esperam que esse novo pleito aconteça ainda no primeiro semestre de 2023, enquanto o governo ofereceu um projeto de lei que prevê eleições apenas em abril de 2024.

Segundo a Coordenadora Nacional de Direitos Humanos do Peru (CNDDHH), foram registradas 47 mortes durante os protestos realizados em diferentes regiões do país, sendo 46 vítimas civis e uma policial.

O decreto de Boluarte também foi criticado pelo fato de que foi emitido 24 horas depois de um pronunciamento da presidente na televisão, no qual ela pediu desculpas pelas mortes ocorridas nas manifestações.

Também vale recordar que há poucos dias a Justiça peruana abriu uma investigação preliminar para identificar os responsáveis pelas mortes nos protestos, e que a presidente Boluarte e seu chefe do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, estão entre os suspeitos de terem cometido genocídio, homicídio qualificado e lesões graves.

Imagem: Agencia Andina

Com informações de TeleSUR

A VOLTA DA RACIONALIDADE NA POLÍTICA EXTERNA

 
Vitória de Lula altera o panorama político da América Latina, em meio às disputas geopolíticas. Saúde Pública e Meio Ambiente serão pautas decisivas para a integração regional. Mas Brasil precisará superar espectro de fazendão do mundo

Gilberto Maringoni* | Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

O início do governo Lula III é marcado pelas tensões golpistas no front interno e pela perspectiva de recessão numa economia global marcada pelo agudo enfrentamento Leste-Oeste. Nesse cenário instável, a extrema direita avança nos Estados Unidos e na Europa. A situação não é para amadores.

Se formos recorrer a imagens-síntese desses tempos, vale comparar as primeiras páginas do New York Times de 2 e de 9 de janeiro, duas segundas feiras. Na primeira, uma foto panorâmica da entrada do palácio do Planalto mostrava o presidente subindo a rampa com representantes do povo brasileiro, ladeada pela manchete: “Brasil consagra Lula como líder; perdedor foge”. Uma semana depois, com a mesma diagramação, a cena exibia os terroristas tomando a praça dos Três Poderes. O título explicava: “Na capital do Brasil, uma multidão frenética invade o congresso”. A visão a partir de fora é a de um país convulsionado por forças opostas presentes em vários países, a democracia e a regressão extremista.

A difícil vitória

Em meio a tais nós, a eleição de Lula altera o panorama político da América Latina e as perspectivas para o futuro imediato. “O clima do país mudou”, afirmou o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, no início de dezembro. A frase, que guarda forte dose de subjetividade, parece se estender além-fronteiras. “As pessoas ao redor do mundo estão esperando que você não apenas salve a Amazônia, mas salve o mundo”, escreveu na New Yorker o jornalista estadunidense Jon Lee Anderson, ao relatar uma conversa com o ex-presidente, logo após sua vitória.

Anderson, autor entre outros do alentado Che, uma biografia, não parece exagerar. Num cenário carente de lideranças globais de envergadura, à exceção talvez de Xi Jinping, Vladimir Putin e do Papa Francisco, independente da opinião que se tenha sobre cada um deles, Lula se destaca. É o único entre os quatro que foi eleito de forma livre e direta pela população.

O antigo sindicalista volta à presidência num quadro em que o fascismo reassume o poder na Itália e torna-se a segunda força parlamentar na Suécia, compondo o governo formado em outubro último. A onda ultraconservadora se consolidou também como segunda tendência na França e avança na Alemanha, em Portugal e na Espanha, além de seguir governando Hungria e Polônia.

Portugal | GUERRA ABERTA

Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | PROPAGANDA CONTRA PROFESSORES, SEU SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS

O Expresso Curto graças às newsletters que qualquer um de vós tem acesso se a solicitar ao tio Balsemão do jornal que expressamente comemora os cinquenta anos de existência. Existência a rasar o memorável movimento dos capitães e dos portugueses reprimidos e escravizados (imensos presos por “crimes políticos” ditados pela PIDE/DGS com chancela Salazar-Marcelista-Fascista) em Abril de 1974. Afinal lá apareceu a liberdade de Portugal e deposição do regime criminoso. 

Então o Expresso surgiu um bocadinho antes. Provavelmente o tio Balsemão, como tantos de nós, plebeus, reprimidos e mal pagos, até sabíamos via bastidores que estava para muito breve o movimento libertador que redundou no 25 de Abril em Portugal… Um palpite ou talvez não. Avancemos, porque como nos telegramas as palavras em quantidade podem sair muito caras…

O Curto de hoje, por Martim Silva, vai na abordagem ao Costa da Educação, não ao António PM. Bahhh! A diferença entre um Costa e o outro quase não é relevante. Nem se dá por ela… Aliás, tipos daquele jaez que embirram com as greves e seus direitos inerentes só podem ser classificados como uns trastes. Compreende-se, estão de barrigas a abarrotar e amigalhaços de muitos dos mais ricos. É o que se vê e se amplia pela imaginação e as boas viduxas que vimos sempre a saber que lhes pertence, e às famílias, e aos amigalhaços das ilhargas. Adiante. Avancemos.

Mas o Curto também aborda a Ucrânia-EUA-UE-NATO da guerra de desgaste contra a Rússia e cidadãos europeus, incluindo os ucranianos. Pois. Há quem não goste de ler estas coisas evidentes assim nem assado…

Vamos ao sumo: a greve dos professores hiper-maltratados e quilhados. Ressalta aos olhos e escutas mais atentas que os tempos de uns quantos é mexer em mais um direito. O direito à greve. E depois, falsamente, dizem-se democratas esses tais legisladores mainatos de lobies que cortam nos direitos e criam alçapões. Ainda piores, feios, porcos e maus são os declarados que andam a querer lavar cérebros virando pais contra professores… Vimos isso nos tempos salazaristas-marcelistas-pidescos e etc. Fascistas. Vimos isso só agora? Não. Não nos admiremos que em melhor oportunidade os legisladores “mexam” no direito à greve. E noutros direitos, já se sabe. Tal como temos vindo a ver e sofrer noutras restrições que aquelas elites manhosas, trafulhas, desonestas, tem tido por prática. Pois. Sempre a tramar o 'mexilhão'.

Numa frase ou talvez não: os professores têm toda a razão e têm vindo há muito mais de uma década a serem excessivamente pacientes, consentâneos com os maus-tratos e faltas de respeito que lhes infligem. Como quase todos os trabalhadores em Portugal. A razia é geral. Os ricos ficam sempre muito mais ricos, os políticos idem. Em contrapartida os que geram as riquezas do país (usufruídas só por alguns privilegiados) estão cada vez mais pobres. E assim o fosso das desigualdades é abismal. Pudera, uma elite que rouba para enriquecer bem e depressa tem de roubar bem e depressa aos que produzem riqueza. Só falta levar a situação à condição de esclavagismo e chicote. Mas estamos quase lá. Já faltou mais, muito mais. Infelizmente a esperança cristã e os brandos costumes refreiam a revolta, ainda, por enquanto. Vimos isso durante 48 anos de fascismo salazarista. Tanto vai a cantarinha à fonte que um dia se quebra e a carneirice dará lugar aos olhos que vêem a realidade que fará ranger os dentes.

Vamos excessivamente longos na prosa. Desculpem. Não esqueçam que tudo isto consta por causa de avançar com o hábito do Curto do Expresso. É o que a seguir faremos. Fiquem com o espaço prosápio de Martim Silva. Vale sempre a pena ler e pensar e sabermos ser nós próprios. Com vontade própria em vez de andarmos a reboque.

Lembrem-se que qualquer maioria eleita é ditatorial porque vê, sente e respira assim a grande oportunidade de satisfazer a sua sede infinita e egoísta de poder… e de riqueza, e obtenção de píncaros de status a quase todos os níveis. É a ganância humana no auge. Pois.

Bom dia e um queijo alternado com figos maduros. E um tintol alentejano, porque não? Provem, é muito bom.

A palavra ao Curto. Coitados. Estão há tanto tempo aqui em baixo à espera. Vêm já a seguir. Leia e pense, sem redis nem balidos de concordância só porque sim. Visitem-se os fundamentos. As realidades. O sentido das peles, do sangue, do suor e das lágrimas.

Bom dia.

MM | PG

Portugal | O que poderíamos debater no meio do cansaço dos professores

Daniel Oliveira* | TSF | opinião

Daniel Oliveira fala sobre a greve e os protestos dos professores, que estão a decorrer um pouco por todo o país nos últimos dias. Para o jornalista, há "muitas coisas para debater" sobre este tema, nomeadamente, "como é que aqueles que chamaram irresponsáveis ao PCP e ao BE, por defenderem que o tempo de carreira que foi congelado aos professores tinha de ser todo contabilizado, e ainda mais irresponsável a Rui Rio por ter acompanhado esta exigência, agora acham que os professores têm razão".

"Estes seis anos e meio perdidos, quase fizeram o Governo cair em 2019, marcaram do meu ponto de vista o fim da geringonça e levaram a enormes criticas da direita ao então líder do PSD que depois acabou por roer a corda aos professores. A opinião que tinha na altura é a mesma que tenho hoje: os professores têm razão, as carreiras são para serem cumpridas", defende Daniel Oliveira no seu espaço habitual de Opinião na TSF.

Na perspetiva do comentador, pode ser ainda discutida "a injustiça de professores com menos anos de serviço ultrapassarem outros" e se "os professores estão disponíveis para encontrar soluções que deem maior autonomia à contratação de docentes, se as propostas que o Governo tem posto em cima da mesa são as melhores - se o fez da melhor forma -, e se os sindicatos têm outras [propostas] em que a adequação do professor ao projeto pedagógico tenha alguma relevância, porque a escola não é apenas um lugar onde os professores são colocados segundo a graduação de cada um".

Ou discutir ainda "se está tudo satisfeito com um sistema que não tem em conta as especificidades das escolas e das suas populações, que adia a fixação e vinculação dos professores e que dificulta a existência de quadros docentes estáveis em cada escola, promovendo o professor nómada que ao longo da carreira se tenta aproximar de casa".

De acordo com Daniel Oliveira, "há um consenso de que este sistema não funciona". O cronista questiona, por isso, "quem quer negociar um melhor".

"Podemos discutir se fundos de greves de professores podem ou devem financiar greves de assistentes operacionais, só porque isso sai mais barato e encerra mais facilmente uma escola. Se os fundos de greve, que devem servir para que as greves não sejam meramente simbólicas e se possam prolongar, podem servir para pagar greves feitas por outros. Se o sindicalismo não tem, como tudo, uma ética. Podemos discutir se isto acontece porque os sindicatos tradicionais perderam o pé nesta luta e se eles têm sabido acompanhar o descontentamento justificado dos professores e, se aqueles que na política tratavam a Fenprof como radical já perceberam que o problema é exatamente o oposto", reforça.

Reino Unido | Leis anti-greve propostas por Rishi Sunak não são apenas um insulto...

Rishi Sunak o PM inglês de origem indiana e assumidamente anti-greves

Também são leis estúpidas
 
Os conservadores passaram de bater palmas para enfermeiras a ameaçar demiti-las. Como isso ajudará a consertar nossos serviços públicos falidos?

Ângela Rayner | The Guardian | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Rishi Sunak passou de bater palmas para enfermeiras para ameaçá-las com a demissão. O novo ataque do primeiro-ministro aos direitos no trabalho chega ao parlamento na segunda-feira com propostas para impor níveis mínimos de serviço aos trabalhadores em toda a Inglaterra, Escócia e País de Gales. Os ministros receberiam novos poderes para ordenar a emissão de “avisos de trabalho” obrigatórios aos trabalhadores em greve , que poderiam ser demitidos por entrarem em greve .

Este projeto de lei de má qualidade e impraticável é um insulto grotesco aos principais trabalhadores. Como ex-funcionário do sindicato , sei em primeira mão que fazer greve é ​​sempre o último recurso – não apenas porque envolve abrir mão de um dia de pagamento, mas porque o compromisso de estar presente para o público é profundo. Mas a boa vontade sobre a qual nossos serviços públicos têm funcionado atingiu um ponto de ruptura há muito tempo. Enquanto os ministros procuram impingir a responsabilidade pelos serviços em ruínas aos ombros daqueles que estão na linha de frente, eles ignoram o fato de que os trabalhadores e seus sindicatos já assumem a responsabilidade, garantindo cobertura de “vida e integridade física” mesmo durante a ação industrial .

Enquanto isso, centenas estão morrendo a cada semana devido a atrasos do NHS, pois os fundos declaram incidentes críticos e os trabalhadores na linha de frente comparam os serviços de saúde a uma “ zona de guerra ”. Mas tudo o que os ministros têm a oferecer são argumentos de má-fé: passar a responsabilidade por seus próprios fracassos e demonizar, iluminar e coagir funcionários-chave que sentem que não tiveram escolha. Os dias em que os ministros aplaudiam os trabalhadores-chave são uma memória distante.

Professores na Inglaterra e País de Gales votam pela greve. Na saúde preparam ações

Milhares de escolas devem fechar enquanto os membros da NEU (maior sindicato educacional do Reino Unido) planejam uma greve em massa em 1º de fevereiro, seguida de paralisações regionais

Sally Weale Denis Campbell | The Guardian | # Traduzido em português do Brasil

Milhares de escolas na Inglaterra e no País de Gales devem fechar em fevereiro, depois que os professores votaram pela greve, anunciaram os líderes sindicais, enquanto as enfermeiras também se preparam para novas paralisações.

A ação dos membros do Sindicato Nacional da Educação começará com uma greve em massa no dia 1º de fevereiro, para coincidir com o dia nacional de ação do Congresso Sindical de “proteger o direito à greve”, seguido de seis dias de paralisações regionais.

Enfermeiras na Inglaterra e no País de Gales farão greve pela quinta e sexta vez nos dias 6 e 7 de fevereiro, em uma escalada de sua disputa salarial com os ministros.

O NEU, que é o maior sindicato educacional, está em greve em busca de um aumento salarial acima da inflação, totalmente financiado, depois que o governo anunciou no verão passado que a maioria dos professores receberia um aumento salarial de cerca de 5%, enquanto os salários iniciais subiria 8,9%.

No geral, nove em cada 10 professores membros da NEU votaram a favor da ação grevista, com uma participação de 53% na Inglaterra, excedendo o limite legal para ação coletiva. No País de Gales, o resultado foi mais forte, com uma maioria de 92% a favor da ação e uma participação de 58%.

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