sábado, 6 de abril de 2024

Portugal | Gémeas mereciam ‘cunhas’ porque o país abandona na saúde os doentes

"A culpa pode morrer solteira"? A pergunta é de Rui Rio a Marcelo sobre o caso das gémeas luso-brasileiras

Expresso

Ex-presidente do PSD recorreu às redes sociais para deixar críticas veladas ao Presidente da República sobre o alegado favorecimento das crianças luso-brasileiras no acesso ao tratamento no Hospital de Santa Maria. A reação surgiu horas depois de ter sido conhecido o relatório final dos inspectores da Saúde

O ex-presidente do PSD, Rui Rio, utilizou a rede social X para fazer uma ‘marcação cerrada’ ao Presidente da República. Após terem sido conhecidas as conclusões do relatório final da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde sobre o caso das gémeas luso-brasileiras imputando favorecimento e ilegalidades a todos os intervenientes bem como dizendo que a Presidência condicionou o processo, Rui Rio deixou uma pergunta:
"Será que neste caso também se pode usar para consumo público aquele ex-libris da comunicação política, pejado de convicção e de genuinidade, que é o 'a culpa não pode morrer solteira… Doa a quem doer'?"

Os inspetores apontaram o dedo ao antigo secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, ao ex-diretor clínico do Hospital de Santa Maria e ao Infarmed e não esqueceram a Presidência da República. Além de deixar claro que o filho de Marcelo Rebelo de Sousa foi o principal responsável pelo início da cadeia de favor, a IGAS é perentória ao afirmar que a Presidência, num primeiro momento, recusou entregar os documentos pedidos e que isso foi uma condicionante da investigação. Ainda assim, depois superada.

Também na sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa reagiu. Explicou que a recusa da Presidência em entregar e-mails sobre o caso à IGAS de deveu a questões jurídicas. "A Presidência enviou para o Ministério Público toda a documentação em dezembro. O Ministério Público considerou que era segredo de justiça", assinalou o chefe de Estado. O relatório da IGAS já foi enviado ao Ministério Público.

As críticas veladas do ex-líder do PSD ao Presidente da República não foram as únicas nos últimos tempos na rede social X. Por lá, a 28 de março, Rui Rio dizia não compreender a dissolução da Assembleia da República que deu azo à marcação de eleições legislativas antecipadas. “A dificuldade que sinto ao tentar entender a lógica da dissolução da AR, ainda é maior quando penso na da Assembleia madeirense; a não ser que a atração pela confusão e pela instabilidade seja superior a qualquer outra. Mas assim é difícil travar o descontentamento com o regime”, escreveu.

Apesar desta sua opinião, Rui Rio teve um papel ativo na campanha de Luís Montenegro ao aparecer junto do agora primeiro-ministro numa arruada em Viana do Castelo.

* Título PG 

Marcelo defende-se sobre ‘caso das gémeas’: documentação só foi enviada em janeiro porque estava em segredo de justiça

João Diogo Correia | Expresso

Marcelo justifica demora, depois de a IGAS ter concluído que a Presidência condicionou investigação ao caso. O Presidente da República garante que não falou com o filho sobre o tema e não responde a pedido de comissão de inquérito do Chega

Como o Expresso noticia na edição deste fim de semana, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) concluiu que a Presidência da República condicionou a investigação sobre o caso. No relatório, dedica um capítulo às “Condicionantes na execução da inspeção” ao caso das irmãs luso-brasileiras a quem foi administrado em Portugal o medicamento Zolgensma. E diz que Belém recusou, num primeiro momento, enviar os documentos.

Marcelo Rebelo de Sousa defende-se e diz que, se o MP entendia que era segredo de justiça, “a Presidência achou por bem verificar se havia ou não violação do segredo de justiça” em caso de entrega dos documentos.

As declarações foram feitas à saída do Palácio da Ajuda, onde o Presidente deu posse aos 41 novos secretários de Estado. Questionado sobre a eventual intervenção do filho, Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo remeteu para o próprio outros esclarecimentos. “Ele tem 51 anos, é maior e vacinado”, respondeu, garantindo que não falou com ele sobre o caso. “Entendi que, por estar em investigação, não devia falar.”

Entretanto, o Chega já pediu uma comissão parlamentar de inquérito, que Marcelo Rebelo de Sousa também recusa comentar. “Os partidos têm esse direito de expressarem as suas opiniões, o Presidente da República não pode é estar a comentar”, defendeu Marcelo, porque, embora tenha passado “despercebido”, foram já convocadas eleições europeias. “Estamos em período pré-eleitoral” e, como fez para as legislativas de março, “não vai comentar” declarações dos partidos até junho.

Ler/Ver relacionados em Expresso:

Ventura admite chamar Marcelo ao Parlamento no inquérito ao caso das gémeas

Caso das gémeas: IGAS diz que Presidência da República condicionou investigação

Caso gémeas: Infarmed assegura que cumpriu legislação

Sem comentários:

Mais lidas da semana