terça-feira, 16 de abril de 2024

Portugal | PARA ONDE CORRE PASSOS COELHO?

Pedro Cruz* | Diário de Notícias | opinião

Depois de meses e meses calado, em silêncio, a gerir com pinças as suas intervenções públicas, Passos Coelho voltou. Para perceber o antigo primeiro-ministro é preciso recuar a 2015. Depois de quatro anos a governar com o programa da troika, Passos ganha as eleições e prepara-se para governar com o seu próprio programa. Só que, como sabemos, isso não aconteceu.

A amargura de Passos Coelho vem desde esse dia, em que foi apeado do poder por uma geringonça pouco provável. Passos ainda ficaria no Parlamento por mais dois anos, numa decisão que apenas o prejudicou a ele. Acabou humilhado por António Costa que, no final, já dizia que o seu adversário era Rui Rio e não o homem que estava líder do PSD e sentado na primeira fila da bancada.

Passaram oito anos. Mas o ressentimento e a amargura de Passos Coelho não passou. Daí ter-se tornado menos liberal e mais conservador. Um anti-PS, alguém que só quer afastar do poder quem o afastou.

Neste momento, Passos Coelho, precisamente com o capital que mantém e sem derrotas em legislativas, tornou-se um problema para Luís Montenegro. De cada vez que fala, provoca um terramoto político com réplicas e reações. Foi assim em Faro na campanha eleitoral, no lançamento de um livro a semana passada e ontem numa entrevista ao Observador. E, aparentemente, tem muito para dizer.

É cedo para perceber se o caminho que quer trilhar é o de Belém. Não me parece, honestamente. Mas é difícil de entender o que vai na cabeça do antigo primeiro-ministro. Para já, a continuar como até aqui, Passos tornou-se um francoatirador, que continua a gerir a palavra e as intervenções de forma fria e calculista. Para quê?

* Jornalista

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