Artur Queiroz*, Luanda
A economia está
A malta da CAOP também tinha muita imaginação. As farras no Sporting, ali no Bairro dos Coqueiros, mandavam fama e proveito. Mas as entradas eram muito controladas, nem patos nem rosqueiros mal vestidos. Decidimos criar um Cavalo de Troia. O Nelinho era branco e vestia bem. Fizemos dele guarda-redes de hóquei. Foi treinar e passou no teste. Ele no desporto fazia tudo, rapaz muito versátil. Assim que tivemos um atleta no clube, começaram a chover convites e borlas para as festas.
Um fracasso completo. Só passavam músicas do Gianni Morandi e da Françoise Hardy. Não sou digno de ti, lamuriava o italiano. Todos os rapazes e meninas da minha idade de mãos dadas, bichanava a francesa. Tudo muito di lento, muito roçar, muito beijo no pescoço, muito suspiro e sussurros te amo. Mas a malta da CAOP queria chocalhar, meter a perna no meio das pernas, batucar os pés no chão. Deixámos o Nelinho a jogar hóquei e mudámos para o Clube de São Paulo onde o Mais Velho Manuel Vieira Dias impunha respeito à vadiagem.
Luanda nunca escondeu a sua vaidade de cidade mulata. Concha de Mascarenhas levou ao festival do Adulcino Silva o tema Mulata É a Noite. Como ela. Minha querida Conchinha és a maior! As Manas Mascarenhas são as meninas mais bonitas dos Coqueiros, quer dizer, do mundo. E ali ao lado os pares se arrastando: Não sou digno de ti. Todos os rapazes e meninas da minha idade de mão dada nas ruas.
O mundo está perdido, dizia o senhor padre Muaka, meu professor de Moral no Colégio das Beiras. Chegou a bispo ou mais. Se mandasse eu, chegava a cardealíssimo. Era um homem bondoso e infinitamente tolerante para comigo, que dava os primeiros passos no anarquismo radical. Françoise Hardy faleceu exactamente com a minha idade. As televisões mostraram a sua imagem de menina cantora. As meninas brancas de Luanda imitavam o penteado dela. Tanta beleza esmagada pela violência inaudita do colonialismo.
Em 1974, criámos condições na cave e no auditório da Emissora Oficial (Rádio Nacional de Angola) para formação dos primeiros realizadores, apresentadoras, apresentadores e jornalistas da Televisão Popular de Angola. Meio século depois ainda conservo amigas e amigos desse tempo. Um deles informou-me que faleceu o Zé Carioca, realizador daTPA. Tristeza não tem fim. É irmão da Marília e cunhado do Cabral Duarte, o cartunista Bambi.
Em 1975 publicávamos diariamente nas páginas do Diário de Luanda um “boneco” dele com o título genérico O Poder Pipilar, uma crítica a Savimbi e à UNITA, definitivamente entregues aos racistas de Pretória. Eu escrevia o argumento, com a gentileza que os traidores mereciam. O Bambi também já faleceu. Mas os seus “bonecos” no Diário de Luanda vão ficar para as gerações futuras verem como nos batemos pela Independência Nacional, nas trincheiras da comunicação social.
A filha do Manolo e da Anália,
uma tal Alexandra, de longe-a-longe escreve umas garatujas no Novo Jornal. A
última encheu-me de esperança. A moça ainda regressa às fronteiras da honra, da
dignidade e da decência. Disse que a corrupção é um crime contra a Humanidade.
Digo eu que não sou ninguém. Mas o único líder mundial com cabeça a funcionar, tronco e membros, o Papa Francisco, também disse, com aquele ar paternal, que “este capitalismo mata”. Sim, mata crianças aos milhões, com fome e doenças facilmente curáveis. Mata com ignorância e analfabetismo. Mata com trabalho infantil. Mata com a arma do latrocínio. No tempo da conquista de África, com a espada numa mão e a Cruz de Cristo na outra. Depois da Conferência de Berlim, com o trabalho forçado como política de Estado. A corrupção, combustível indispensável à maquineta do capitalismo, é mesmo um crime contra a Humanidade.
O senhor Blinken está no Médio
Oriente para garantir apoios à continuação do genocídio na Palestina. Quando as
coisas começam a correr mal para os nazis de Telavive Biden, Blinken e Austin
entram logo
No Texas, os responsáveis da Universidade onde decorreram manifestações contra o genocídio na Palestina, decidiram castigar os manifestantes, um por um. Anulação ou cancelamento de novas matrículas. Recusa de diplomas aos manifestantes. Expulsão. A democracia é uma criada para todo o serviço. Até enfeita o estado terrorista mais perigoso do mundo.
O ministro da Comunicação Social
e outras miudezas teve uma intervenção inteligentíssima a propósito do jogo de
futebol entre as selecções nacionais de Angola e Camarões
Graças à presença do Presidente João Lourenço, Angola empatou com os Camarões. Só para lembrar. O Presidente José Eduardo era um desportista. Craque no futebol. Por isso não perdia um jogo! O Desporto era a sua praia. Não ia para os estádios e pavilhões desportivos fazer fretes ou exibir-se para ficar bem na fotografia.
* Jornalista
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