António Costa vai esperar pela próxima cimeira. Há críticas à direita, com três dúvidas centrais. Operação Influencer não está esquecida.
António Costa era o favorito para ser nomeado, já nesta segunda-feira, presidente do Conselho Europeu.
A reunião serviu para discutir os cargos de topo da União Europeia e havia um quarteto forte para ser comentado à mesa: Ursula von der Leyen (Comissão Europeia, António Costa (Conselho Europeu), Roberta Metsola (Parlamento Europeu) e Kaja Kallas (Alta-Representante para a Política Externa).
À chegada, Luís Montenegro avisou que nada estava decidido: a prioridade era um entendimento sobre a distribuição pelos grupos políticos, só depois seriam discutidos nomes.
Também antes da reunião, Mark Rutte, primeiro-ministro dos Países Baixos, admitiu que havia um “consenso emergente”.
Mas não há. Pode haver um consenso à esquerda, mas há muitas dúvidas à direita. E não houve acordo.
Três dúvidas
Donald Tusk, primeiro-ministro da Polónia e que foi precisamente presidente do Conselho Europeu, já tinha avisado de tarde que era preciso “esclarecer o contexto jurídico” à volta do antigo primeiro-ministro de Portugal.
E este é um dos três pontos que levantam dúvidas e críticas por parte da direita europeia. Costa não é arguido, mas demitiu-se em Portugal por ver o seu nome mencionado na Operação Influencer.
O jornal Observador acrescenta que a postura de António Costa em relação às migrações também não agrada a todos na Europa: é considerado demasiado permissivo no assunto.
O terceiro ponto contra Costa é a sua posição sobre o alargamento da União Europeia à Ucrânia. O português dizia que queria que a União Europeia tinha primeiro de mudar as regras, depois “suavizou” um pouco a favor da Ucrânia; mas a Leste e a Norte da Europa, ainda não chega. Querem um político declaradamente mais próximo da Kiev. “Há quem ache que não seja firme o suficiente em relação à Ucrânia”, sugeriu Antonio Tajani, ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália.
Itália
No meio destas hesitações, surge uma alternativa a Costa, precisamente proveniente de Itália: Enrico Letta. O antigo primeiro-ministro de Itália foi nome sugerido por Antonio Tajani.
Aliás, deverá vir de Itália o maior desagrado. Os italianos querem mais poder na Europa e, nesta segunda-feira, Meloni não gostou do que aconteceu na reunião: pensou que se iria discutir o futuro da Europa olhando para os resultados das eleições na semana passada; e só depois falar sobre nomes para os cargos de topo. Aparentemente, aconteceu o contrário (e a primeira-ministra de Itália terá estado quase sempre calada, sentindo-se fora das discussões).
Com tudo isto, António Costa não foi indicado para presidente do Conselho Europeu. Ainda. Na cimeira de 27 e 28 de Junho, pode ser eleito na mesma. Aparentemente, continua a ser favorito – embora não garantido.
À saída, Luís Montenegro assegurou que António Costa “reúne todas as condições para ser aceite”.
Curiosamente, Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, indicou que há acordo para a lista de líderes na Europa, entre Partido Popular Europeu (PPE), Socialistas e Democratas, e Liberais: “Fizeram um acordo e dividiram os cargos de topo da União Europeia entre eles”, acusando o PPE de ignorar a subida da direita nas eleições europeias.
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