Filipe Alves - Económico
Corte no valor da dívida pública obriga banca a recorrer à linha de 12 mil milhões e ameaça afastar Portugal dos mercados.
Os bancos portugueses deverão ver-se forçados a recorrer à linha de capitalização de 12 mil milhões de euros que o Estado garantiu no acordo com a ‘troika' para cumprirem os rácios de capital exigidos pelas autoridades, consideram as fontes financeiras ouvidas pelo Diário Económico. Isto porque Bruxelas vai encostar os bancos à parede, obrigando-os a contabilizar a dívida pública detida em carteira a preços de mercado, o que implicará perdas avultadas com estes activos.
Este tema deverá ser, aliás, um dos pontos centrais da reunião que os principais banqueiros têm hoje de manhã com o ministro das Finanças, Vítor Gaspar.
A medida de recapitalização da banca europeia, que faz parte do plano salvação do euro que deverá ser anunciado amanhã, no Conselho Europeu, implicará, à cotação de segunda-feira no mercado OTC (onde são negociados a maioria das obrigações), uma perda de 35,4% no valor dos títulos de dívida pública portuguesa que fazem parte das carteiras dos bancos.
Actualmente, os bancos europeus, portugueses incluídos, registam os títulos que estão na sua carteira própria ao valor nominal, contabilizando ao ‘mark to market' apenas os que se encontram na carteira de negociação. Com a decisão europeia, o valor de mercado será aplicado a todos os títulos de dívida na posse dos bancos.
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