terça-feira, 31 de maio de 2011

O DESEMPREGO CONTINUA A SUBIR? “PORREIRO, PÁ”, DIZ JOSÉ SÓCRATES




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

O Eurostat anunciou que 12,6% da população activa no que resta de Portugal estava sem emprego em Abril. É o mesmo valor de Março, mas já acima dos 12,4% que o INE contabilizou para o primeiro trimestre do ano.

São perto de 800 mil desempregados, 20 por cento de pobres e outros tantos que já têm saudades de ver os pratos com alguma coisa dentro. Ou, noutra linguagem, o fruto de seis anos de governação de José Sócrates e seus acólitos.

A taxa de desemprego portuguesa mantém-se assim substancialmente acima dos 9,9% registados na União Europeia. O Governo do sumo pontífice já reagiu a estes dados, tendo Valter Lemos, secretário de Estado do Emprego, dito que apesar de tudo há sectores que estão a criar emprego mas que os próximos meses vão continuar a ser difíceis.

Aliás, Valter Lemos deveria acrescentar (seguindo a cartilha do seu “querido líder”) que, apesar de tudo, não existe desemprego nos que têm emprego, nos reformados, nos estudantes, nos que já morreram…

A cartilha do secretário-geral do PS e primeiro-ministro é, aliás, bem clara na estratégia de tratar a maioria dos portugueses como trata a maioria dos socialistas: mentecaptos.

Pelo menos os socialistas aplaudem, o que se calhar é normal... Aliás, cada vez mais, o que é normal para José Sócrates não o é para o país. A seriedade e o rigor não são, nunca foram, compatíveis nem com o secretário-geral do PS, nem com o primeiro-ministro.

Brincando política e mentalmente ao pé-coxinho com os portugueses, José Sócrates sacode a água do capote e veste a farda do político impoluto que, no mínimo, se assemelha a Deus e que só não fez mais pelos seus servos porque o Diabo tomou conta da Oposição.

Afinal quem reduziu os salários, quem congelou as pensões, quem pôs Portugal com uma mão atrás e outra à frente (ambas vazias), não foi Sócrates, apesar de estar há seis anos no governo, mas sim a Oposição... apesar de não ser governo.

Portugal, pelos vistos, nunca teve um tão bom primeiro-ministro como o que tem agora. Aliás, o próprio José Sócrates diz que "Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu".

E quando assim é, e quando os socialistas permitem que assim seja, e quando os portugueses não se importam que assim seja, o melhor é nomear uma comissão liquidatária.

O Secretário-Geral do PS o que quer é continuar no poder, mesmo que tenha (como aconteceu nos últimos anos) de às segundas, quartas e sextas dizer o contrário do que diz às terças, quintas e sábados.

O país pouco o preocupa. Os cidadãos nada o preocupam. O que o verdadeiramente preocupa é poder.

Quem de facto fez tudo, saltando de PEC em PEC, para abrir as portas de Portugal ao FMI foi o governo de José Sócrates. Incapaz de tomar com tempo as medidas necessárias, apostou e aposta tudo numa máquina de fazer sonhos que é capaz de projectar comida no pratos dos portugueses. E a projecção lá está. Mas a comida não.

José Sócrates conseguiu aumentar o défice, o desemprego, a dívida pública e a pobreza. Apesar disso, com os seus apaniguados a bater palmas numa orgia colectiva, quer aparecer como o salvador da pátria, cantando e rindo no convés de um navio que por sua culpa se afunda a olhos vistos.

E, ao que parece, os portugueses continuam a manter bem vivo o adágio que diz: “quanto mais me bates, mais eu gosto de ti”.

E a ser assim, parafraseando José Sócrates, ainda está para nascer um povo que consiga contar até 12 sem ter de se descalçar...

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

BLATTER ABRE CONGRESSO NA SUÍÇA E DIZ QUE FUTEBOL VIVE “MOMENTO PERIGOSO”





Presidente da Fifa é candidato único a reeleição que acontece nesta quarta-feira. Suíço compara futebol a malabarismo e adia explicações mais uma vez

O 61º Congresso da Fifa, em Zurique, na Suíça, começou com uma declaração do presidente Joseph Blatter. O dirigente comentou a crise vivida pela entidade, que envolve denúncias de compras de votos para a reeleição do suíço junto à Concacaf. Para Blatter, único candidato nas eleições para a presidência da entidade marcadas para esta quarta-feira, o momento do futebol é "perigoso".

- O mundo não está destruído por movimentos humanos, mas naturais. Vimos catástrofes no Haiti, Chile, Paquistão, Austrália, Nova Zelândia e Japão. Se até a natureza está se revoltando, porque não os homens. Achei que estávamos vivendo um mundo de 'fair play' (jogo limpo) e disciplina. Este não é o caso. Porque nossa pirâmide da Fifa está insegura em alguns espaços e isto é perigoso.

Momentos antes das declarações de Blatter, um artista fez um show de malabarismo com pequenas bolas e depois, com as bolas utilizadas na Copa do Mundo. O presidente da Fifa fez uma analogia ao momento vivido pela Fifa e a atividade do malabarista.

- Vocês viram o show que o malabarista fez agora a pouco e como é fácil manejar pequenas bolas, mas difícil fazer o mesmo com bolas de futebol. Nosso jogo não é fácil, mas é fascinante. Para manter essa fascinação, nós temos que manter o respeito. Todos tem a responsabilidade de proteger o esporte. Mas falarei sobre isso amanhã, hoje é um dia festivo.

O evento é marcado pela eleição presidencial da entidade, que acontece nesta quarta-feira. Após denúncias de suposta compra de voto para a Copa do Mundo de 2022, no Qatar, Mohamed Bin Hammam, presidente da Confederação Asiática de Futebol, decidiu retirar sua candidatura. Com isso, Blatter é candidato único. A Federação Inglesa de Futebol (FA), contudo, tenta conseguir o adiamento da votação. Outras autoridades já se manifestaram ao redor do mundo, como o presidente do Timor-Leste, que é contra a reeleição de Blatter.

O curioso é que, nesta segunda-feira, em entrevista coletiva, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, havia afirmado que não havia crise, mas agora fala de um "momento perigoso" que a entidade e o futebol estariam passando.

Ler aqui, em baixo:

(IR)RESPONSABILIDADE NUCLEAR





Não podemos nos esquecer dos trágicos e desastrosos acidentes nucleares ocorridos nos últimos anos, em Three Mile Island, na Pensilvânia – Estados Unidos em 1979, em Chernobyl-Ucrânia em 1986, e mais recente em Fukushima – Japão.

Para se ter uma idéia da dimensão dos problemas, o acidente em Three Mile Island, ficou no nível 5. O de Chernobyl e o de Fukushima no nível máximo 7, considerado como acidente grave pela Escala Internacional de Eventos Nucleares – INES, que mede a gravidade de desastres atômicos.

Os acidentes de 1979 e de 1986 foram causados por falhas humanas que provocaram um superaquecimento no reator, e vazamento de material radioativo para a atmosfera. Já o mais recente e dramático acidente em Fukushima, ocorreu depois de um terremoto seguido de Tsunami. Também neste caso houve liberação de radioatividade para o meio ambiente, levando a evacuação de mais de 170.000 pessoas no entorno de 30 km do local do acidente.

Pouco divulgadas são as anomalias menos graves que ocorrem nas 442 usinas nucleares espalhadas pelo mundo. Mesmo assim, há de se considerar que a segurança destas usinas teve avanços importantes nos últimos anos. Todavia, continuam suscetíveis a erros humanos, erros técnicos e desastres naturais.

Mesmo com as evidências e com as imagens instantâneas vistas da explosão de reatores da usina de Fukushima, os (ire)responsáveis e defensores da construção de novas usinas, continuam minimizando os riscos desta fonte de geração de energia elétrica. Afirmam que a segurança das centrais nucleares é perfeita, e que o risco é praticamente zero. Tentam tranqüilizar as pessoas, afirmando que a evolução tecnológica levou as usinas nucleares a se modernizarem e serem praticamente imunes a acidentes. É citado nos discursos “o perigo zero” que representa as centrais nucleares.

No acidente de Fukushima o que vimos na realidade, foi à impotência dos técnicos de nada poderem fazer para evitar a liberação de radioatividade para o meio ambiente. Portanto, os perigos ainda existem, e ocorrendo acidentes provocam graves danos à saúde e uma enorme devastação com a contaminação da água, solo e ar. Esta fonte energética é desastrosa para a vida.

Mesmo não ocorrendo acidentes, para os rejeitos produzidos durante a geração elétrica, não se pode garantir sua segurança nos depósitos por milhares de anos. A atividade radioativa do lixo atômico sobreviverá muito tempo, mesmo depois que a usina for desativada, legando assim para as gerações futuras um problema considerável. Sem falar no desastre ambiental produzido já na mineração do urânio.

No caso brasileiro o elevado custo de construção de usinas nucleares (aproximadamente 8 bilhões de dólares cada uma), associado a uma tendência de alta devido ao rigor que será exigido com relação aos padrões de segurança pós-Fukushima, não compensará o uso que se fará da energia. Sem dúvida o impacto imediato será “sentido” nas tarifas elétricas. Pagamos uma das mais altas tarifas do mundo, e com tendência de aumento para os próximos anos. Sem nenhuma dúvida pode-se afirmar que o uso da eletricidade nuclear irá contribuir ainda mais para a elevação das tarifas de energia elétrica.

A história do nuclear mostra que sempre foi e continua sendo, mesmo com a nova geração de reatores, uma indústria altamente dependente de subsídios públicos. O que significa dizer que quem vai pagar a conta da imensa irresponsabilidade de se implantar estas usinas em nosso país será a população de maneira geral, e em particular os consumidores.

*Heitor Scalambrini Costa, professor associado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), graduado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP), Mestrado em Ciências e Tecnologias Nucleares na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Doutorado em Energética, na Universidade de Marselha/Comissariado de Energia Atômica (CEA)-França.

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A PIOR FACE DO VELHO CONTINENTE




LUÍS F. C. NAGAO – OUTRAS PALAVRAS

Derrotado pela Refundação Comunista em seu reduto e despencando em popularidade, Berlusconi tenta salvar-se convocando italianos para xenofobia explícita

O suposto cavaliere, enfim, soltou as frangas. No último domingo (22/5), mal terminara o primeiro turno das eleições para governos municipais italianos quando o primeiro-ministro Silvio Berlusconi dirigiu-se a correligionários e despejou seu ódio. Referindo-se a Milão, onde fez fama e fortuna, previu: em caso de vitória dos adversários, a elegante metrópole do Norte iria converter-se em “uma cidade islâmica, um acampamento de ciganos, cheia de romenos e assediada pelos estrangeiros, aos quais a esquerda tem dado o direito de votar”.

O orgulho do premiê fora humilhado. Sua popularidade, abalada pela crise econômica e escândalos sexuais, despencara a 31%, em abril. Nas eleições do fim de semana, seu partido, o “Poppolo della Libertà” (PDL) fora liquidado, já na primeira volta, em cidades importantes, como Bolonha e Turim. Mas o vexame mais arrasador deu-se no próprio reduto de Berlusconi. O advogado Giuliano Pisapia, quase outsider no grande jogo da política institucional – obtivera 48% dos votos, contra 41,6% dados à candidata da direita, Letizia Moratti. Tornara-se favorito para o turno decisivo (marcado para este 29/5). Giuliano, oriundo do Partido da Refundação Comunista (PRC), concorre pela coligação de centro-esquerda.

Mas o destempero que pareceu, à primeira vista, fruto de choque emocional do premiê converteu-se, nos dias seguintes, em estratégia. Ao invés de diluir o mal-estar provocado pelo discurso xenófobo, a direita italiana passou a explorá-lo. Em Milão, sua campanha degenerou para uma tentativa de fazer aflorar os recalques dos italianos conservadores contra o outro, na esperança de que uma onda de medo possa reverter a derrota.

Os cartazes de propaganda do PDL passaram a alertar contra a “torrente de ciganos” que supostamente invadiria Milão, em caso de vitória de Pisapia. Afirmou-se que o comunista pretendia transformar a cidade em Zingaropoli, algo como “Ciganópolis”. Atacou-se o discurso tolerante do candidato, que declarou não se opor à construção de uma mesquita no município. Na quarta-feira (25/5), Il Giornale, um diário nacional controlado pela família Berlusconi, “advertiu”: “O Islã marchará sobre a catedral de Milão”, caso a candidata do primeiro-ministro seja derrotada.

Talvez não sirva de muito. As eleições italianas mostram uma significativa mudança no ânimo político do país. O prestígio da direita foi abalado tanto pelo escandaloso caso Ruby Gate (em que Berlusconi é acusado de contratar, como prostituta, uma menor) quanto pelas consequências da crise. “A gente não chega ao final do mês e ele [Berlusconi] gasta milhões em sua festa.”, disse um taxista ao diário espanhol El País.

Além de tirar proveito da nova conjuntura, Giuliano Pisapia soube construir sua candidatura de forma não-tradicional. Não é político de carreira. Filho de um ilustre jurista milanês e advogado penal de projeção, tornou-se deputado em 1996, aos 47 anos. Ao lançar sua candidatura ao governo municipal (em primárias promovidas pelo bloco de centro-esquerda), tinha apenas 4% das intenções de voto. Identificava o ceticismo da população com relação aos políticos.

Mas enxergou que havia milhares de pessoas interessados em participar – se encontrasse espaço. Começou a organizar comitês e coordená-los. Baseou seu programa na crítica à privatização dos serviços públicos – inclusive, parques como o Confaloniere. Denunciou que, ao fazê-lo, a direita atentava contra a cultura da cidade e do país. Atribui a sua vitória no primeiro turno ao trabalho nas ruas. Agora quer dar a sua candidatura caráter suprapartidário, envolvendo, além do centro-esquerda, radiciais e velhos socialistas.

Além de significar perda do controle sobre governos importantes, o declínio eleitoral de Berlusconi poderá, segundo analistas, coloca em crise a coalizão no poder – que une o PDL à Liga do Norte, mais abertamente xenófoba. Para Franco Pavoncello, professor de Ciências Políticas na universidade John Cabot de Roma: “este resultado surpreendente e negativo iniciará uma crise no governo” Já começam a surgir, na Liga do Norte, questionamentos sobre a validade de continuar ou não a aliança com o primeiro-ministro. Na hipótese de derrota definitiva em Milão, muitos pensam que a Liga poderá abandonar rapidamente o governo, o que poderia desencadear sua queda.

Sérvia: GENERAL RATKO MLADIC FOI EXTRADITADO PARA O TRIBUNAL DE HAIA





Crimes da guerra da Bósnia-Herzegovina

Ratko Mladic foi já extraditado para Haia, para ser julgado no Tribunal Penal Internacional para a Ex-Jugoslávia (TPI-J). O anúncio foi feito pelo ministro sérvio da Justiça, Snezana Malovic. “Já está no avião”, disse.

Mladic foi transportado do tribunal de crimes de guerra para o aeroporto de Belgrado, num comboio formado por cinco jipes e um veículo de transporte de presos, pouco depois de o recurso que o seu advogado apresentou ter sido recusado. As estradas por que passou foram cortadas ao trânsito normal. A escolta policial do ex-comandante das forças militarizadas dos sérvios bósnios usava máscaras, coletes à prova de bola e armas automáticas, descreve a Reuters.

Quanto chegar a Haia, o general Mladic deverá ser conduzido à zona penitenciária do tribunal, e depois comparecerá a uma audiência inicial No centro de detenção encontram-se actualmente 36 pessoas. Uma delas é Radovan Karadzic, o antigo chefe político dos sérvios da Bósnia.

O gabinete do procurador do TPI-J está a estudar a possibilidade de juntar o processo de Mladic ao de Karadzic. Ambos são acusados de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade na guerra da Bósnia (1992-1995).

QUEM É MLADIC?

Responsável pelo massacre de Srebrenica

Perfil: Ratko Mladic

PÚBLICO, Agências

Depois da guerra e depois do massacre de Srebrenica (1995), o general Ratko Mladic continuou a passear por Belgrado. Jantava em restaurantes caros e ia a jogos de futebol. Tudo isso a coberto do apoio do então Presidente Slobodan Milosevic. Só depois de este ser preso, em 2001, é que o general se evadiu. Até hoje. O "Carniceiro da Bósnia" foi finalmente apanhado.

Foi o rosto e o mandante de um dos piores massacres cometidos na Europa depois da II Guerra Mundial. Nascido em Kalinovik, na Bósnia, em 1942, Mladic tornou-se militar ainda durante a Jugoslávia de Tito.

Quando a nação se começou a desintegrar, começou a combater os “inimigos” da Bósnia e da Sérvia, nomeadamente os muçulmanos da Bósnia. Em Maio de 1992, a Assembleia Sérvia-Bósnia votou favoravelmente a criação de um exército, nomeando Mladic comandante. Foi a partir daqui que nasceu o "Carniceiro da Bósnia".

Em 1995 conduziu a investida sérvia-bósnia ao enclave de Srebrenica - um protectorado da ONU - onde estavam refugiados milhares de civis em fuga dos ataques sérvios no nordeste da Bósnia.

As forças sérvias bombardearam Srebrenica durante cinco dias até que o general Mladic entrou na cidade. No dia seguinte separaram os homens das mulheres e crianças, que foram enfiadas em autocarros e levadas para território muçulmano.

Os homens muçulmanos entre os 12 e os 77 anos ficaram, para serem “interrogados” sobre crimes de guerra. Nos cinco dias seguintes, as forças sérvias mataram pelo menos 7500 homens e rapazes.

Depois da guerra, Mladic regressou a Belgrado, onde ainda viveu algum tempo em liberdade, até à detenção de Milosevic.

A partir de Outubro de 2004, antigos colaboradores de Mladic começaram a entregar-se aos tribunais numa altura em que Belgrado começou a ficar sob forte pressão internacional para levar à justiça os seus criminosos de guerra.

Pensou-se que, depois da detenção de Radovan Karadzic (o líder dos sérvios bósnios durante a guerra), em Julho de 2008, Mladic não tardaria a aparecer, mas ainda demorou quase mais três anos para que, agora, o massacre de Srebrenica possa começar a ser vingado.

Guiné Bissau: BASTONÁRIO DOS ADVOGADOS FALA SOBRE A CORRUPÇÃO NOS TRIBUNAIS




GAZETA DE NOTÍCIAS (Guiné Bissau)

Entrevista

«A LENTIDÃO DA JUSTIÇA LEVA À INJUSTIÇA E, QUANDO HÁ CORRUPÇÃO NOS TRIBUNAIS NÓS LEVANTAMO-NOS PARA DIZER ‘HÁ CORRUPÇÃO NO TRIBUNAL’» - ARMANDO MANGO, BASTONÁRIO DA OAGB - 07-05-2011

“A lentidão da justiça leva à injustiça e, quando há corrupção nos tribunais nós levantamo-nos para dizer que “há corrupção no tribunal”. Temos que dizer a verdade e continuar a ser amigos, mas sempre dizer a verdade e cada um fazer o seu trabalho. Infelizmente ainda não temos a justiça a funcionar como deve ser para o nosso povo, e isso faz com que aqui e ali haja sempre crítica da Ordem dos Advogados relativamente ao funcionamento dos tribunais”, afirma o bastonário da Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau, durante uma entrevista exclusiva à Gazeta de Notícias.

Armando Mango falou, na entrevista, sobre a organização que lidera e não só, como também das suas conquistas durante e ainda das suas perspectivas na recta final do seu segundo mandato.

Gazeta de Notícias (GN) – Sr. doutor, como se caracteriza a Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau (OAGB)? Quantos membros tem esta organização?

Armando Mango (AM) – A Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau é uma pessoa colectiva de direito privado, mas de utilidade pública. Isto quer dizer que o Estado guineense tem uma parte da sua competência que delegou à Ordem dos Advogados.

A Ordem quando faz isso devia ter um protocolo com o Estado para que este pague a parte que a Ordem desempenha, designadamente a defesa das pessoas que não têm meios financeiros para assegurar o pagamento do patrocínio judiciário, porque a nossa Constituição disse que não se pode negar a justiça a ninguém por falta de meios económicos. Então, aí, o Estado surge, relaciona com a Ordem e nós defendemos essa pessoa que não tem meios, porque o Estado paga aquilo que chamamos “oficiosas” que são os honorários simbólicos do advogado.

Para responder a outra questão é só explicar que, neste momento, a nossa organização tem 86 advogados e 133 advogados estagiários, mas também tem ainda 4 solicitadores.

GN – Quando se sentiu a necessidade de criar a OAGB?

AM – Depois da independência a Guiné-Bissau tinha um por cento (1%) de gente alfabetizada e dentro desta percentagem estavam advogados, juízes, engenheiros, professores, médicos e enfermeiros. Infelizmente no país não havia ninguém que fosse um advogado, mas com a massificação do ensino e com a cooperação da Guiné-Bissau com outros países que deram bolsas de estudos ao país isso permitiu com que os nossos jovens começassem a sair para ir estudar no exterior. Depois de obter os seus títulos académicos voltaram ao país e encontraram a justiça sem advogados e sem juízes. Aí os licenciados em direito começaram a agrupar-se em aqueles que vão para a magistratura, como também aqueles que vão para o ministério público. Mas os que queriam ir para advocacia não tinham a Ordem, e, em 1992, o primeiro grupo de advogados reuniu-se e criou a Ordem dos Advogados.

A Ordem dos Advogados neste momento é que dá carteira profissional aos advogados. Quer dizer, uma pessoa licenciada em Direito, não advogado, pode vir inscrever-se na Ordem mas tem que fazer estágio para comprovar a sua competência para ser advogado. É a partir dali que o bastonário da Ordem dos Advogados vai poder atribuir-lhe a carteira profissional. Por isso, é importante ter a Ordem dos Advogados, porque é a Ordem que dá a carteira profissional e que disciplina os advogados, também é o chefe de todos os advogados na Guiné-Bissau.

GN – Como é ser advogado na Guiné-Bissau?

AM – É muito difícil. Porque o advogado tem que ser o defensor da sociedade civil, e a nossa sociedade não está com meios económicos suficientes para poder pagar devidamente um advogado, este acaba por ser um “missionário” e defende clientes muitas das vezes sem que estes possam lhe pagar. Já houve altura em que o advogado para defender o seu cliente teve que ser ele a pagar o táxi para voltar para casa. Mas vamos continuar a lutar porque nós gostamos de ser advogado, porque escolhemos essa profissão por amor e temos desenvolvido um trabalho fascinante.

Actualmente na Guiné-Bissau as pessoas estão conhecendo já os seus direitos e vão começar a exigir cada vez mais justiça, então o advogado vai ter mais espaço. Porque o advogado é quem conhece o direito é quem sabe como defender os direitos de uma pessoa. Não é igual ir um indivíduo sozinho ao tribunal sem advogado e outro ir com o seu advogado. Nós se tivéssemos oportunidade arranjávamos maneira de explicar o que é ser advogado, porque o entendimento que se tem do advogado é que ele defende só para ganhar dinheiro e não é nada disso. O advogado é um colaborador da justiça e há três pilares da justiça, nomeadamente o Ministério Público, Magistratura Judicial e a Ordem dos Advogados que tem os seus advogados. No entanto, sem esses três pilares não pode haver justiça. Advogado é um dos elementos da justiça necessários para que haja justiça.

GN – Um dos grandes problemas enfrentados pelos advogados tem a ver com a questão das testemunhas que muitas das vezes sentem medo de testemunhar num determinado processo. Recentemente foi realizado um seminário sobre a protecção das testemunhas e pessoas especiais. Na qualidade de bastonário da Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau e advogado em exercício, como é que vê essa iniciativa da Procuradoria Geral da República?

AM – Esse é um dos elementos que faltava para o nosso código do processo penal. Sabe que a Guiné-Bissau é caracterizada por pessoas que não querem conflito, as pessoas não gostam de testemunhar e costuma-se a usar uma expressão em crioulo que se diz Nha boka ka sta lá (não tenho nada a ver com isso). Mas também quando não se sente que há garantia de que se testemunharem não haverá retaliação, ainda têm mais medo de testemunhar e muitos dos processos penais ficam no tribunal, porque a sua decisão tem que se basear em provas e uma das provas são provas testemunhais. Quando não há essas provas o suspeito acaba por ser absolvido por falta de provas, então a criação desse projecto de lei que vai exactamente colmatar essa parte, ou seja, vai permitir que uma pessoa seja testemunha e que haja mecanismos para defender essa pessoa e para que não haja vingança sobre ele por ter testemunhado. Essa iniciativa vai encorajar as pessoas à testemunharam a bem da verdade, a bem da justiça e aí os real suspeitos são condenados, porque haverá provas convincentes para se condenar e contrariamente o que acontece até aqui.

Quando a pessoa não se sente segura para testemunhar, para que não vir a sofrer retaliação simplesmente não participa na justiça e aí o suspeito não poderá ser condenado. É fundamental esse projecto e oxalá que seja aprovado no parlamento para que seja uma lei.

GN – Na sua opinião, tendo em contas as experiências já vividas, acha que essa iniciativa pode inverter as coisas?

AM – Estou convencido que sim. Pode inverter as coisas, porque as pessoas são todas de bom senso e, nós, advogados, participamos naquele seminário para dar a nossa contribuição, mas também a magistratura judicial e a Procuradoria-geral da República estavam presentes. Neste momento estão na parte técnica que é trabalhar esse projecto-lei aí, faltará só a parte política que é a sua aprovação, porém, não vejo que os políticos venham a dizer que essa lei não é precisa.

Tantos casos políticos já aconteceram onde precisamos de testemunhas sobretudo se recordarmos os últimos casos -casos do assassinato do Presidente Nino Vieira e do Chefe de Estado-maior General das Forças Armadas, Tagme Na Waie entre outros -, vamos precisar de testemunhas para dizerem aquilo que presenciaram e se não tivermos a protecção das testemunhas e pessoais talvez não se possa fazer a justiça convenientemente.

GN – O que é que o levou a candidatar-se a bastonário da Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau?

AM – Sou uma pessoa que gosta de justiça e agradeço a Deus por ser advogado. Foi assim que em 2000 dei o meu contributo, como membro da direcção que presidida pelo dr. Pinto Pereira onde fiquei como 3º vice-presidente. Depois continuei com o dr. Abudo Mané onde ocupei o cargo de 1º vice-presidente da sua direcção. Quando o mandato do Dr. Abudo Mané terminou, eu vi que a guerra civil e levantamentos na Guiné-Bissau não permitiram que o programa fosse concluído, então pensei que eu era a pessoa indicada para dar continuidade a esse programa.

Achei que se for eleito bastonário da Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau ia contribuir para a organização dos advogados. Felizmente consegui, porque no primeiro mandato realizei grande parte daquilo que pretendia, designadamente, a formação de novos advogados que era para nós o “calcanhar de Aquiles”. Mas fundamentalmente consegui uma nova sede para a Ordem dos Advogados, uma coisa muito difícil para nós. Conseguimos que o Governo nos desse um edifício velho para a sede da Ordem dos Advogados. Na minha direcção conseguimos ainda um financiamento orçado em mais de 120 milhões de francos CFA para reabilitar a sede da Ordem e, se Deus quiser, vamos inaugurar a sede no próximo dia 24 de Maio.

GN – Do seu primeiro mandato a esta data, o que é que mudou na Ordem dos Advogados e na situação laboral dos seus membros?

AM – Na verdade eu não consegui fazer tudo, mas fiz só uma “coisinha” para poder melhorar as coisas, e reconheço que há muitas coisas para fazer. Mas exactamente para começar fazer essas coisas é que me candidatei para bastonário da Ordem dos Advogados, felizmente nos meus dois mandatos que fiz, dei tudo a fim de poder deixar a obra e graças a Deus consegui deixar uma parte apesar de não conseguir tudo. Aliás ninguém consegue tudo, mas tenho a consciência tranquila porque fiz aquilo que pude.

GN – Sr. Bastonário, está na recta final do seu segundo mandato. Sente-se realizado ou frustrado?

AM – Sinto-me realizado embora não totalmente, porque há sempre coisas que ficaram. Consegui a formação dos advogados no interior e exterior do país. Também consegui a sede para a Ordem dos Advogados e assinei recentemente um protocolo de acordo com o Ministério da Justiça para oficiosas dos advogados, ou melhor para o Estado pagar um bocado de dinheiro aos advogados que defendem os pobres. É bom dizer que já defendíamos há muito tempo sem nenhum franco, mas só neste momento é que conseguimos assinar esse acordo. Realizei muitas coisas mas falta, por exemplo se considerarmos isso na linguagem cibernética, nós neste momento fizemos o hardware completo e isso significa que nós já conseguimos ter uma sede e algumas outras coisas. Mas falta-nos então o software disso, quer dizer, vamos ter que rever os estatutos da Ordem dos Advogados e já tenho até um projecto da sua revisão, como também temos que rever todos os regulamentos da Ordem dos Advogados e brevemente vamos para a nova sede onde vamos ter mais pessoal, porque a sede é maior tem mais actividades a fazer. Também vamos ainda rever o regulamento de pagamento de quotas e isso é a parte que não consegui fazer, mas não é uma frustração a questão é que o tempo não deu para fazer isso. Mas julgo que o novo bastonário terá todo o prazer de culminar essa obra e eu terei todo o prazer também de trabalhar com ele, porque é minha obrigação, como bastonário cessante, passar o testemunho e concluir os trabalhos que ainda não foram concluídos.

GN – Em termos de relação de cooperação, qual é a situação da OAGB no plano internacional?

AM – A Ordem no plano internacional está muito bem, porque nós fazemos parte da UALP (União dos Advogados da Língua Portuguesa) que engloba as ordens dos advogados da Guiné-Bissau, Angola, São Tome e Príncipe, Moçambique, Cabo Verde, Portugal, Brasil, Macau e Timor Leste. Essa organização é presidida rotativamente por cada bastonário e nós já fomos presidente da UALP. Nessa organização da lusofonia nós estamos muito bem e já participamos no primeiro congresso da organização. Também na União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) estamos muito bem, porque também criamos uma super-estrutura que fica em cima das ordens dos advogados desta organização sub-regional. É uma estrutura que vai englobar todos os bastonários da UEMOA e também têm assentos na comissão da organização. Ainda na UALP, como membro, nós podemos participar como observador na Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP). Em todos os conflitos que houver no mundo onde a CPLP pode participar como conciliadora a Ordem dos Advogados pode participar igualmente, porque tem assento. Ainda estamos também na União Internacional dos Advogados (UIA) e ali igualmente estamos muito bem enquadrados. Portanto em termos de relacionamento internacional a nossa ordem está muito bem posicionada.

GN – Interna e externamente, esta organização tem estado à altura das suas obrigações?

AM – Perfeitamente. Nós temos estado à altura. Apesar de todas as dificuldades temos que desempenhar o nosso papel que é defender os nossos clientes e a sociedade civil, ou seja defender mesmo aqueles que não têm dinheiro para pagar os advogados. Participar na divulgação das leis e participar na denúncia da violação dos Direitos Humanos; também participar na denúncia de incumprimentos da legalidade na Guiné-Bissau e também na divulgação das leis. Não conseguimos fazer mais porque nós queríamos um programa radiofónico ou televisivo para continuar a difundir o direito e divulgar a lei, simplesmente esses programas são pagáveis e nós não temos dinheiro. Achamos que o Estado é que deve convencer essas instituições para podermos dar a nossa contribuição sem pagar nada, porque isso é para o bem da nossa população.

GN – Qual tem sido o seu relacionamento com as magistraturas judicial e do Ministério Público?

AM – O nosso relacionamento é simplesmente institucional e profissional. Com a magistratura do Ministério Público nos processos-crime, os magistrados do Ministério Público são acusadores do processo e os advogados são defensores. Essa relação é uma relação sã onde cada um faz o seu papel que é descrito na Constituição da República. Mas em termos de relacionamento advogado e o magistrado do ministério público é um relacionamento bom e substanciado na relação do bastonário com o procurador-geral da república que são excelentes relações.

Na magistratura judicial também nós como advogados temos que fazer o nosso papel e o juiz tem que fazer o seu papel, mas no relacionamento profissional tem que haver urbanidade, respeito e cada um jogar aquilo que as regras deontológicas lhe determinam para fazer. Nós temos feito isso. Apesar de se registar sempre algumas quezilas que pode haver entre os profissionais, mas, o resultado é bom e toda agente tem consciência que Ministério Público, a magistratura Judicial e os Advogados somos três pilares para fazer com que a justiça ande.

Mas é bom dizer que, cada um tem que responder por si e é por isso que, quando os processos são lentos, a justiça acaba por ser lenta, nós reagimos como advogados para dizer que, a lentidão da justiça leva à injustiça e quando há corrupção nos tribunais nós levantamo-nos para dizer que “há corrupção no tribunal”. Temos que dizer a verdade e continuar a ser amigos, mas sempre dizer a verdade e cada um fazer o seu trabalho. Infelizmente nós ainda não temos a justiça à funcionar como deve ser para o nosso povo, e, isso faz com que aqui e ali haja sempre crítica da ordem dos advogados relativamente ao funcionamento dos tribunais.

Assana Sambú

JOSÉ RAMOS HORTA CONTRA REELEIÇÃO DE BLATTER





Líder de Timor Leste sobre as eleições da FIFA

O presidente de Timor-Leste, José Ramos Horta, manifestou-se esta terça-feira contra a reeleição do presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA), o suíço Joseph Blatter, para mais um mandato à frente do organismo.

Num comunicado de imprensa hoje distribuído pela presidência timorense, Ramos Horta lembrou o encontro que manteve com Blatter no passado mês de março, em Timor-Leste, recordando que na ocasião alertou o responsável "para as inúmeras alegações de corrupção que grassam no mundo do futebol e afetam a imagem" da organização.

"O problema da FIFA é igual ao de qualquer outra liderança em instituições, ou países, quando os dirigentes procuram manter-se nos seus postos para além do razoável. Em qualquer estrutura democrática não deve haver mais de dois mandatos", disse Ramos Horta, em Díli, instado pelos jornalistas a comentar as eleições para este organismo, marcadas para quarta-feira.

Ramos Horta deu como exemplo o caso do antigo presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Juan António Samaranch, que liderou este organismo entre 1980 e 2001, "fase extremamente difícil e com inúmeras alegações de má gestão e de corrupção".

"Por isso, não é boa prática que as pessoas estejam à cabeça de instituições mais de um mandato. No máximo, dois", concluiu o Nobel da Paz de 1996.

O presidente da FIFA, Joseph Blatter, é o único candidato à sua sucessão no organismo, para um quarto mandato (foi eleito a primeira vez em junho de 1998), num momento em que a organização é alvo de denúncias de corrupção e inquéritos internos.

Blatter tinha como único adversário Mohammed Bin Hamman, homem de negócios do Qatar e presidente da Confederação Asiática, que se retirou este fim-de-semana da eleição, antes de ter sido suspenso domingo, devido a um inquérito sobre uma alegada fraude ligada às eleições.

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Angola: Período de transição previsto nos Acordos Bicesse devia ter sido maior -- Monteiro




EL - LUSA

Lisboa, 31 mai (Lusa) -- O período de transição previsto nos Acordos de Bicesse, assinados faz hoje 20 anos, deveria ter sido superior aos 15 meses estabelecidos e que foram impostos pela UNITA, disse à Lusa o embaixador António Monteiro.

Representante de Portugal na Comissão Conjunta Político-Militar, órgão que supervisionou a aplicação dos acordos, António Monteiro salientou não ser "possível" prolongar o período de transição.

"O prazo que foi feito para as eleições foi exigido pela UNITA. Nós tentamos durante muito tempo que houvesse um período de transição, de melhor preparação de Angola para o exercício democrático das eleições", salientou.

"A UNITA considerou que era suficiente para a realização das eleições. Havia pressa em democratizar Angola e toda a gente estava atada em relação ao próprio compromisso, ao próprio acordo que impunha prazos que foram depois aceites pela outra parte", acrescentou.

O papel de Portugal é naturalmente evidenciado por António Monteiro, que considera que a participação da antiga potência colonial permitiu, disse, "varrer tudo aquilo de negativo que havia em relação ao nosso passado e mais problemático, sobretudo o derivado do trauma da descolonização".

O que se seguiu depois de Bicesse foi um novo adiamento da paz, porque a UNITA recusou aceitar a vitória do MPLA, nas legislativas, e do líder deste partido, José Eduardo dos Santos, na primeira volta das presidenciais, realizadas nos dias 29 e 30 de setembro de 1992.

Apesar do retorno da guerra, António Monteiro é da opinião que a razão do falhanço não deve ser imputada aos Acordos de Bicesse.

"Não foram os acordos que falharam. Os acordos eram o acordo possível, havia uma troca clara de paz e democracia. O que falhou foi que, depois das eleições, que foram certificadas pelas Nações Unidas, houve uma parte que rejeitou esses resultados", considerou.

Mas houve também "influências negativas muito fortes", em que as próprias Nações Unidas foram de uma "extrema fraqueza" no apoio à sua representante especial.

"Margaret Anstee não beneficiou do apoio que devia vir do Conselho de Segurança", órgão que Monteiro considera ter sido "titubeante".

Ademais, a vizinha África do Sul protagonizou "interferências muito negativas", lamentou.

Quanto à Angola atual, que apresenta índices de desenvolvimento não acompanhados por uma melhor redistribuição da riqueza criada, fator que tem motivado setores da sociedade civil a expressarem desagrado público, António Monteiro classifica como "inevitáveis" aquele tipo de manifestações.

"Eu creio que são passos inevitáveis na vida dos países. É evidente que há uma crise de crescimento. Que muitas vezes é necessário adaptar a evolução política àquilo que são as exigências novas deste mundo, que entrou em enorme aceleração, até tecnológica, mas acho que o caso de Angola não difere de muitos outros países emergentes", acentuou.

Todavia, alertou, o "enormíssimo salto demográfico" que Angola vai dar deverá ter uma resposta das autoridades angolanas.

"É evidente que a paz e o atual clima de relativa prosperidade que o país vive, vão fazer crescer de maneira exponencial a população e Angola deverá estar preparada para lidar com isso e com aquelas que são as grandes obrigações do Estado ao nível da educação e ao nível da saúde", concluiu.

Moçambique: Ausência de pré-primário explica maus resultados escolares -- ministro




LAS - LUSA

Maputo, 31 mai (Lusa) -- O limitado acesso das crianças moçambicanas ao ensino pré-primário está em larga medida na origem dos maus resultados escolares, defendeu em Maputo o ministro da Educação, Zeferino Martins.

Segundo estatísticas divulgadas por ocasião do Dia Mundial da Criança, a 01 de junho, apenas 04 por cento dos menores de seis anos têm acesso a creches ou a outro tipo de educação pré-escolar.

"Podemos dizer que muitos dos maus resultados devem-se ao facto de as crianças não frequentarem qualquer fase de educação pré-escolar", disse o ministro, referindo que é ali que as crianças tomam o primeiro contacto com a leitura e a escrita e com instrumentos de ensino, como lápis, réguas e borrachas.

"Todos sabemos o importante que é para as crianças passarem pelo pré-escolar antes do ensino primário, uma vez que é no pré-escolar que adquirem os meios necessários para a aprendizagem", acrescentou Zeferino Martins.

O ensino pré-escolar não faz parte do sistema nacional de educação de Moçambique e as creches, grande parte privadas e apenas nas capitais provinciais, têm custos incomportáveis para a maioria da população.

O Ministério da Educação anunciou estar a estudar a introdução do ensino pré-primário no sistema nacional de educação.

*Foto em Lusa

Brasil: ARTE LUSÓFONA CONTEMPORÂNEA





SELEÇÃO DE OBRAS DESTACA LIGAÇÃO ENTRE OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

A exposição Arte Lusófona Contemporânea é uma seleção com mais de 40 obras que a Fundação Memorial da América Latina apresenta para destacar a integração dos países do continente latino-americano.

A mostra, em cartaz até 10 de julho na Galeria Marta Traba, São Paulo, é composta por trabalhos de diferentes plataformas como pinturas, fotografias, objetos e instalações. As produções pertencem a artistas de países de língua portuguesa, que, unidos pelo idioma, compartilham experiências culturais e elementos artísticos.

Ao todo, participam cinco artistas da Angola, sete brasileiros, um de Cabo Verde, dois de Guiné-Bissau, dois de Moçambique, quatro de Portugal, um de São Tomé e Príncipe, dois da Austrália e três do Timor Leste.

Foto: Divulgação - Alberto Tavares (Cabo Verde)

Timor: Rede elétrica deixa de fora 50 mil famílias que Governo quer servir com renováveis




MSO - LUSA

Díli, 31 mai (Lusa) -- Mais de 50 mil famílias timorenses vão ficar à margem do projeto da rede elétrica nacional, porque não é racional fazer esse investimento, disse à Lusa o secretário de Estado da Política Energética, Avelino Coelho.

O Governo tem em curso o Plano de Eletrificação Nacional, que compreende as centrais de produção de energia, a partir de óleo pesado ou gás natural, e a montagem de linhas de distribuição.

Apesar de ser considerado o maior investimento público em infraestruturas alguma vez feito em Timor-Leste, vão ficar de fora da rede elétrica nacional mais de 50 mil famílias, de acordo com o levantamento feito pelas próprias autoridades timorenses.

A razão, segundo explicou à Lusa Avelino Coelho, é que o relevo acentuado do interior do país, a dispersão das suas aldeias e o número reduzido de consumidores em alguns dos agregados populacionais, tornam incomportáveis os custos para fazer chegar a rede elétrica a esses pontos.

"É possível que algumas dessas situações se venham a resolver por si mesmas e que as pessoas se venham a deslocar por sua iniciativa para áreas mais próximas das estradas e de outras infraestruturas, ou se venham a fixar noutros centros, atraídas pelas melhores condições de vida, mas não todas", admitiu Avelino Coelho.

Melhorar as condições de vida das populações nas áreas remotas, através da auto-produção de energia é a aposta de Avelino Coelho para resolver o problema.

O secretário de Estado da Política Energética apresentou ao Conselho de Ministros o Plano de Eletrificação Rural, com o objetivo de suprir a impossibilidade de fazer chegar a rede de eletricidade nacional, e que assenta nas energias renováveis.

"O plano de eletrificação rural envolve a introdução de componentes de energias renováveis e a participação da comunidade na sua gestão, organizada em moldes cooperativos", explicou à Lusa.

O plano contempla dois modelos de instalação: uma "individual", em que cada casa produz a sua própria energia, sobretudo com recurso a painéis solares fotovoltaicos, e o tipo de solução "coletiva", baseado numa unidade de produção para servir um conjunto de edifícios ou habitações.

Nesses sistemas "coletivos" são previstas mini-hídricas, centrais eólicas e de biogás, sendo a exploração e gestão entregue a cooperativas elétricas locais.

"Para os grupos de beneficiários de sistemas de painéis solares individuais, temos previsto que seja o chefe de suco (presidente de freguesia) quem se responsabiliza pelo contrato e controla o sistema instalado na jurisdição do seu suco", disse

"Para a exploração de centrais elétricas comunitárias propomos que sejam formadas cooperativas locais para gerir essas centrais", referiu o secretário de Estado.

A política de eletrificação rural foi apresentada para ser discutida em Conselho Ministros, com base no sucesso de alguns projetos-piloto que têm de vindo a ser montados desde 2007 e que beneficiam já oito mil famílias.

De acordo com Avelino Coelho, o levantamento dos custos para a execução do Plano de Eletrificação Rural está a ser feito, pelo que ainda não é possível ter uma previsão orçamental, mas, acrescentou, em 2012 mais famílias deverão ser beneficiadas, de acordo com as disponibilidades do orçamento.

Deputados lamentam que capital de futuro banco não seja aberto a todos os empresários




TIMOR LESTE

MSO - LUSA

Díli, 31 mai (Lusa) -- A repartição do capital do futuro Banco Nacional de Desenvolvimento de Timor-Leste dominou hoje os trabalhos parlamentares, com alguns deputados a criticarem o "secretismo do processo".

O assunto foi levado ao plenário pelo deputado Lucas da Costa, que o escolheu para tema da declaração política da bancada do Partido Democrático (PD), um dos que integram a coligação que suporta o Governo, a Aliança da Maioria Parlamentar (AMP).

Apesar de se "congratular" por o Governo ter tomado a iniciativa de criar o Banco de Desenvolvimento Nacional, Lucas da Costa lamentou que o processo "esteja a ser decidido nos bastidores" e que só alguns empresários "tenham a possibilidade de participar no capital".

"No estabelecimento do capital daquele banco apenas estão envolvidos o Estado, com uma participação de 51 por cento, a Geocapital, com uma participação de 24 por cento, e os empresários Abílio Araújo e Júlio Álfaro, com 12,5 por cento", afirmou aquele deputado.

Embora o Governo ainda não tenha tornado pública nenhuma decisão, essa repartição do capital é a que consta de um documento oriundo do Ministério da Economia e Desenvolvimento, que chegou às mãos de alguns deputados e cuja autenticidade não foi contestada.

Lucas da Costa, na declaração política do seu partido, deu como dado adquirido que a decisão foi tomada, ao criticar a "falta de informação", o tratamento do processo "nos bastidores" e o facto de apenas a dois empresários timorenses ter sido dada a oportunidade de subscrever capital.

"Não há dúvidas sobre a capacidade desses dois empresários, mas há outros timorenses com capacidade para investir neste banco", comentou.

O deputado do PD lamentou ainda os gastos com a tentativa de aproximação ao banco indonésio Rakyat (BRI), "que não chegaram a nenhuma concretização, porque o BRI não vai entrar com o Governo na sociedade".

O tema foi aproveitado pela bancada da FRETILIN, na oposição, para exigir que sejam feitos estudos aprofundados antes de avançar para a criação do banco nacional.

Francisco Branco, deputado daquele partido, justificou a sua posição chamando a atenção para o problema do crédito mal parado que afeta os três bancos estrangeiros a operar em Timor-Leste: Caixa Geral de Depósitos/BNU, Mandiri e ANZ.

"São bancos com muito mais experiência, com quadros bem preparados, e mesmo assim vivem esses problemas, pelo que a criação de um banco nacional deve ter por base um estudo profundo", disse.

Quanto à repartição do capital, Francisco Branco não esconde preferir que o banco nacional tenha exclusivamente capitais públicos mas, em caso de haver abertura a privados, devia ser aberta a subscrição a todos os que o desejassem.

A Geocapital, indicada como segunda maior acionista do futuro banco, é uma sociedade criada em Macau, que tem como principais acionistas Stanley Ho e Ferro Ribeiro e detém posições em quatro instituições financeiras de países africanos de língua portuguesa, nomeadamente Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.

*Foto em Lusa

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Timor Leste: PNTL ENVOLVIDA EM ESCÂNDALO PORNOGRÁFICO





De acordo com o jornal Independente, elementos da PNTL estiveram envolvidos num filme pornográfico. O Secretário de Estado de Segurança Francisco Guterres garante que serão demitidos se as investigações chegarem à conclusão de que efectivamente violaram o regulamento interno.

No filme propriamente dito participam duas mulheres e um homem, envergando fardas policiais e em que o símbolo da PNTL é bem visível. Guterres informa que estão em curso as investigações. “Se ele (ou ela) violou o regulamento interno, deverá sair imediatamente. Todos os policias terão que seguir à risca o estipulado no regulamento,” garante. Contudo o código penal timorense não é muito claro relativamente a este tipo de casos.

“Da nossa parte, não queremos manchar a imagem da PNTL. Estamos em busca de uma solução viável, de forma a não violar o próprio direito das pessoas já que o código penal não é de todo esclarecedor”.

Segundo o jornal Independente, a PNTL irá igualmente averiguar quem esteve por detrás das câmaras e perceber se o vídeo seria para consumo próprio ou comercializa-lo.

“Deveremos ir com cautela porque não queremos criar um novo problema para instituição,” conclui.

*SAPO TL com Jornal Independente

Angola: NOSSA POBREZA É DA DITADURA E DA CORRUPÇÃO




WILLIAM TONET – O KISSONDE

O caminho dos perversos é como a escuridão; nem sabem eles em que tropeçam. Prov. 4:19.

Oiço, ainda, ao longo dos dias, nos becos, nos passeios, nos candongueiros, nas aulas, nos cafés, os mais dispares comentários sobre o discurso do presidente do MPLA, no antes e pós congresso extraordinário, relativa a sua visão “demisionária” relativa a pobreza. “…É do tempo colonial… Já encontrei”, disse Dos Santos ao ponto de decepcionar e revoltar a maioria dos autóctones.

E na esquina adiante surge a outra pérola, “nós vamos ganhar as próximas eleições”. É wanga (feitiço) forte, vaticinar uma vitória de um acto tão distante.

Eu, por respeito a esta coluna, decidi, aqui, não comentar, melhor, não escrever, pela pobreza de conteúdo de algo que poderia ser melhor, para quem está tanto tempo no poder e que, afinal, para lá se perpetuar, precisa de blindar e alargar as rédeas dos seus caciques, para afinarem a forma de assassinar, selectivamente, todos quantos não dancem o seu batuque. Por isso, com a devida vénia: “VÃO TODOS P’RA ….. POBREZA.

E, aqui chegados, em função de ausência de instituições de Estado, mas PARTIDOCRATAS e habilmente manipuladas, não acredito haver condições para emprestar o meu voto, para legitimar uma farsa eleitoral.

Se a maioria dos autóctones sedentos de verdadeiras mudanças e da implantação de uma democracia real, interpretarem na plenitude estas palavras e comportamentos do partido no poder, podem avocar o seu direito de NÃO VOTAREM e desta forma corporizarem o DIREITO DE RESISTÊNCIA/DIREITO DE ACÇÃO POPULAR, inserido no art.º 74.º da “Constituição JESIANA”.

Isso porque havendo perspectiva de batota flagrante de nada valerá os angolanos participarem no “TEATRO DE FANTOCHES”, como figurantes.

É uma forma de os angolanos se manifestarem contra a fraude e a batota anunciada de perpetuação no poder de um regime que não cura pela transparência dos actos públicos.
Não havendo uma comissão eleitoral independente, vai continuar tudo na mesma e quiçá piorar o quadro de equilíbrio requerido.

Por este motivo me solidarizo, eu, também com a brilhante visão sobre perversão de Alejandro Bullón.

Assim temos que “perverso é aquele que busca o seu próprio caminho e insiste em andar nele. A sua vida é tenebrosa e escura. Não há luz. As coisas com ele nunca são claras, vive sempre mergulhado na ambiguidade e na penumbra. Pode até brilhar, mas é um brilho artificial.

O combustível que o alimenta é a vaidade, o orgulho e o egoísmo.

O problema do perverso não é somente o que faz, mas essencialmente o que é. Existem sombras no seu interior. Não é capaz de compreender a si mesmo. Vive confuso, nervoso e acaba por magoar e tornando infelizes as pessoas que o rodeiam.

O verso de hoje diz que os perversos “nem sabem em que tropeçam”. Não conseguem identificar a causa dos seus problemas e, em consequência, não encontram solução.

O perverso segue um caminho. Acha que o caminho que escolheu é o melhor. Confia nos seus sentimentos, nos seus conceitos e preconceitos. Endeusa a razão. Na sua vida não há lugar para a fé. Olha aos que exercem a fé como pessoas ingénuas, crédulas demais para viver num mundo de ciência e tecnologia. Mas não é feliz.

A escuridão não é símbolo de paz nem de felicidade. As sombras são assustadoras, e uma vida rodeada delas é necessariamente uma vida de medo. Para quem não conhece a Jesus, só existem duas maneiras de enfrentar o medo: Fugir ou agredir. Por trás de uma pessoa agressiva, frequentemente se esconde uma pessoa medrosa.

Este é um dia de decisão. Todos os dias o são. Viver na luz ou nas sombras. Eis a questão. Viver na luz é ser. Escolher as sombras leva ao não ser. Se você não é, não vive. Sobrevive. Apenas isso, mas a vida que Jesus oferece é muito mais do que isso.

Abra o seu coração e pense com a consciência não votando na fraude. Deixe entrar a luz. Ilumine o mundo ao seu redor. Aconteça. Não se satisfaça com ler a história, muitas vezes deturpada. Escreva-a. Com fé e crença é possível, mudar Angola, combatendo a PARTIDARIZAÇÃO DO ESTADO E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA BATOTA.

Enfrente este novo dia com altruísmo porque a sua vida não pode continuar presa as técnicas da trapaça, porque: “O caminho dos perversos é como a escuridão; nem sabem eles em que tropeçam.”

Autor: William Tonet - Fonte: http://folha8.blogspot.com/

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