Rui Peralta, Luanda
I - A incerteza
quanto ao futuro do Egipto, dominado pela instabilidade política e social torna
a situação dos palestinianos de Gaza ainda mais precária, dependentes como
estão desse país. Depois de seis anos de castigo, imposto pelos israelitas, devido
ao Hamas ter ganho as eleições na Faixa de Gaza, os sionistas deixaram uma
situação dramática. O drama de Gaza é de repercussões internas fortes, no seio
da Palestina e de repercussões internacionais diversificadas.
A situação vivida
em Gaza amplia a divisão entre as elites palestinianas. A Autoridade
Palestiniana (AP), com sede em Ramallah, joga com o isolamento de Gaza, para
tirar vantagens políticas sobre os seus oponentes do Hamas. Derrotada em 2007
pelo Hamas em Gaza – primeiro nas eleições e depois no campo militar, quando a
AP tentou controlar militarmente o território e foi forçada a retirar-se,
acatando o resultado das eleições - a AP faz tudo por tudo para readquirir o
controlo do território.
O isolamento forçou
o Hamas a apoiar-se no Irão, na Síria e na resistência xiita libanesa do Hezbollah,
o que provoca tensões diversas no plano interno da organização e no plano
externo. O Hamas é sunita, compartilhando a sua confissão islâmica com o Qatar,
o Egipto e a Turquia. O líder político do Hamas, Jalehd Meshal, dirigiu um
realinhamento do movimento com estes países, numa tentativa de alargar os
relacionamentos mais para além dos seus aliados do eixo xiita (Irão, Hezbollah,
Síria). Saiu de Damasco, onde se encontrava exiliado e foi residir para Doha,
sendo, simultaneamente, recebido com pompa e circunstancia em Ancara
(acompanhado do chefe do Governo de Gaza, Ismael Haniyeh) pelo
primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan.
Na véspera deste
encontro, o Hamas pediu ao Hezbollah que retirasse as suas forças da Síria e se
concentrasse na luta contra Israel. A resposta do Hezbollah surgiu dias depois,
através das Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, que advertiram
o líder do movimento e o chefe do Governo de Gaza, que as Brigadas não
concordavam com o novo alinhamento externo e recordando que foi o apoio militar
prestado pelo Irão, pela Síria e pelo Hezbollah e não o dinheiro dos Estados do
Golfo, que permitiram ao Hamas manter o controlo de Gaza, contra os israelitas,
a AP e os militares egípcios.
Esta alteração nas
relações externas do Hamas, procurando o apoio dos estados e das organizações
que partilham do seu posicionamento religioso, em detrimento dos estados e
organizações que efectivamente apoiaram o Hamas – o eixo xiita – sem colocarem
em questão a religiosidade e as divergências teológicas, provoca dissensões
internas, não só entre a direcção politica do Hamas e os comandantes das
Brigadas (o que enfraquece o governo, que perde o controlo sobre os comandantes
militares do movimento), mas também na própria direcção politica do Hamas, onde
nem todos aceitam o novo posicionamento externo, considerando-o uma capitulação
frente á IM - com quem o Hamas partilha a visão religiosa e os fundamentos políticos,
para além das relações históricas – cujo apoio, nos últimos anos, nunca passou
das palavras. De facto o governo egípcio, recentemente deposto, da IM não foi
capaz de fazer frente aos militares, na questão de Gaza e deixou que as
políticas criadas pelos acordos com os israelitas e os USA permanecessem em
vigor, mantendo a asfixia aos palestinianos de Gaza.
A direcção do
Hamas, necessita de equacionar o seu realinhamento, que representa, antes de
mais, um regresso às suas origens, que usado de forma inteligente poderá manter
os seus actuais apoios no eixo xiita e reencontrar-se com os países e
movimentos com os quais mantem relações históricas e partilha de princípios (a
IM da Síria, do Sudão e do Egipto, importantes movimentos que estiveram na origem
da formação do Hamas, assim como a Turquia e os Estados do Golfo). Neste
sentido este realinhamento poderá ser visto como uma ampliação da frente de
apoio. Só que esta ampliação - a todos os títulos necessária, se atendermos á
difícil situação em que se encontram os palestinianos de Gaza – é efectuada num
momento crítico, de lutas regionais profundas e no meio do conflito sírio, o
que poderá provocar uma reacção negativa por parte do eixo xiita, terminando
com o suporte do Irão (em virtude do posicionamento do Hamas em apoio á
oposição síria). Nesse caso a tentativa de ampliação da frente de apoio,
redundará numa significativa derrota para o Hamas, pois perderá as bases de
suporte militar.
Tudo dependerá,
portanto, da capacidade negocial do Hamas. Mesmo assumindo o apoio á oposição
da Síria (não esquecer que a IM na Síria é a força maioritária da oposição), se
o Hamas souber manter os laços solidários com o Irão e com o Hezbollah, a porta
aberta para a reconciliação com a Síria, mantém-se aberta, em caso de Bashir
al-Assad manter-se no poder ou existir uma via negocial, que mantenha o BAAS sírio
no poder ou no arco da governação. E neste sentido a recente eleição de Hassan
Rohani para presidente da Republica Islâmica do Irão, poderá facilitar a
diplomacia do Hamas, que logo após a vitória dos “moderados” iranianos,
expressou o seu desejo em manter relações “mais estáveis”.
Mas este equilíbrio
é muito difícil de manter, principalmente quando líderes da extrema-direita
árabe visitam Gaza e apelam á guerra contra a Síria, o Irão e o “Partido de
Satã” (nome que os fascistoides sunitas dão ao Hezbollah, que significa Partido
de Deus). Foi o caso da visita a Gaza de um personagem tenebroso, medieval, um
influente pregador islâmico do Qatar, mas de origem egípcia, Yussef
al-Qaradaui, que de visita a Gaza, no passado mês de Junho, exortou aos sunitas
que combatam nas fileiras da oposição síria, ou quando uns dias depois (em 14
de Junho) um congresso sunita no Cairo, que contou com a participação de vários
dirigentes do Hamas, declara nas sua conclusões que a guerra santa é necessária
na Síria, para combater a “agressão flagrante do regime iraniano, do Hezbollah
e dos seus aliados confessionais”.
No mesmo dia o
Hamas desmentiu que existissem combatentes seus na Síria, ao lado dos
oposicionistas e dos bandos armados que ainda actuam em território sírio,
reiterando, no entanto, a sua posição de apoio ao Conselho Nacional Sírio e em
particular á IM síria, que combatem no terreno, contra o governo sírio. De
certa forma a ruptura entre o Hamas e governo sírio, é inevitável e isso trará graves
consequências em Gaza, que passará de um “ninho de terroristas” a uma base de “combatentes
da liberdade”.
II - O Egipto, sob
Mubarak, tinha, também as suas razões para isolar Gaza. Qualquer êxito do Hamas
seria aproveitado pela Irmandade Muçulmana no Egipto e Mubarak colaborou com o
USA e com Israel, no isolamento de Gaza. Desta forma Mubarak ganhava pontos perante
os Estados do Golfo, beneficiando de suporte financeiro. O argumento egípcio de
que ao isolar Gaza estava a preservar a unidade palestiniana colheu frutos
diversos e intermediou, sob os auspícios da administração Bush, o acordo de
2005 entre Israel e a AP, sobre Movimento e Acesso na Fronteira entre Egipto e
Gaza, favorável aos israelitas e às suas preocupações com a segurança.
O que veio depois
foi um conto surrealista. A U.E. enviou de imediato a Missão de Ajuda
Fronteiriça da U.E. na Encruzilhada de Rafah (EUBAM Rafah) para controlar a
fronteira. Israel enviava periodicamente uma lista de suspeitos, proibidos de
atravessar a fronteira e os guarda-fronteiras da U.E. cumpriam obedientemente,
sob o sorriso cúmplice da AP. A EUBAM Rafah revelou-se uma operação israelita,
executada pela U.E, com a cumplicidade da AP e a colaboração do Egipto, que
desde esse momento susteve que abrir a fronteira de Gaza era uma violação a
este acordo.
Quando a AP e o
Hamas se confrontaram militarmente em 2007, nas ruas de Gaza e a AP perdeu todo
o controlo sobre a faixa, o presidente da AP exigiu que o Egipto tomasse
medidas drásticas na fronteira com Gaza e estes assim o fizeram. Mubarak mandou
erguer uma barreira e um muro subterrâneo com doze km de comprido, na fronteira
de Gaza, o que contou com os aplausos da AP. Os palestinianos passaram a um
regime de dieta forçada e apenas cruzavam a fronteira os cidadãos com problemas
de saúde e os estudantes.
Depois das
incursões e bombardeamentos israelitas de Dezembro de 2009 a Janeiro de 2010, o
Egipto acertou a agenda com Israel e com a AP. Os palestinianos de Gaza não
esperavam que o Egipto de Mubarak permitisse a reconstrução das infraestruturas
destruídas durante as operações israelitas - que para além da destruição das
infraestruturas que ainda funcionavam, deixou mais de mil e quatrocentos mortos
no terreno e milhares de feridos - mas confiavam que o Egipto reabrisse a
fronteira de Gaza, o que não veio a acontecer. O Egipto não só não reabriu a
fronteira, como reforçou a sua segurança, recorrendo a especialistas ocidentais
de empresas de segurança.
Mas as coisas nem
sempre foram assim, entre Gaza e o Egipto. Nas últimas décadas os habitantes de
Gaza tinham fortes conexões e vínculos com o Egipto. Historicamente o Egipto
combateu o sionismo e controlou Gaza entre 1948 e 1956. A Revolução de 25 de
Janeiro, dos Oficiais Livres, que levou Nasser ao poder, foi entusiasticamente
apoiada pelos palestinianos de Gaza e entre 1957 e 1967 o Egipto de Nasser exerceu
o controlo do território, até á Guerra dos Seis Dias. Mesmo depois dos
sionistas ocuparem o que restava da Palestina histórica, a relação politica,
económica e comercial nunca foi cortada, até 1978, ano em que Sadat assinou os
Acordos de Camp David, que converteram Gaza e a Cisjordânia numa região
autónoma.
Os palestinianos de
Gaza compreenderam que um Egipto forte e estável era a sua melhor protecção
frente aos sionistas. Nunca interferiram nos assuntos internos egípcios, para
não desequilibrar esta relação, mesmo depois dos Acordos de Camp David e da
alteração que ela implicou no relacionamento entre o Egipto e Gaza. As tensões
internas egípcias, entre o governo e a Irmandade Muçulmana (IM) levaram a que
alguns sectores no Egipto acusassem sectores islâmicos em Gaza de estarem a
colaborar com a IM. Esta questão foi agravada, mais tarde, já durante a
administração de Mubarak, com a formação do Hamas. O discurso dos sectores
militares egípcios e de alguns sectores políticos, próximos do governo egípcio,
falavam da relação entre o Hamas e a IM e de uma eventual conspiração que
envolvia ambas as organizações. A Primavera egípcia não resolveu esta questão,
pelo contrário, agravou-a.
Com a vitória
eleitoral da IM, no Egipto, as tensões fronteiriças aumentaram de tom. A
prolongada crise politica, que acompanhou toda a governação da IM, levou a que
os militares egípcios assumissem para si a questão de Gaza. A fronteira
permaneceu encerrada e a única saída para os palestinianos sobreviverem ao
bloqueio foram os célebres tuneis, que os militares egípcios encerram e que os
palestinianos de Gaza, teimosamente – a teimosia em sobreviver – continuam a
cavar. Até quando?
III - O fosso
cavado entre Palestinianos de Gaza e Palestinianos da Cisjordânia, não é um
fosso real e que exista ao nível dos sentimentos dos palestinianos, como cidadãos.
Não existe qualquer identidade palestiniana de Gaza e outra da Cisjordânia. Esta
actual separação é criada não por um fosso entre cidadãos, ou por uma luta
entre religiosos e laicos, mas é uma separação artificial resultante das lutas
internas e orgânicas das elites palestinianas.
Das velhas elites,
as já existentes antes da fundação do Estado de Israel, pouco resta e não é em
solo palestiniano que permaneceram, preferindo exílios dourados em Londres ou
em outras capitais europeias. Grande parte deste sector fundiu-se com a elite
nascida na guerra, dominante no seio da OLP e que fez da AP o seu cavalo de
batalha. É uma elite dividida entre os hábitos de combate (a resistência foi o
seu meio de afirmação) e o deslumbramento dos negócios que lhes foram proporcionados
quando a AP assumiu o papel de administrar áreas de território, em consequência
das negociações de Paz.
Em pouco meses,
muitos dos mais ferozes “anti-imperialistas” palestinianos transformaram-se em adeptos
do Tio Sam e dedicaram-se - com o mesmo ardor que tinham combatido nas fileiras
da resistência, onde alcançaram cargos de direcção - aos seus “empreendimentos”,
que geralmente representavam desvios efectuados ao parco erário público
palestiniano. Especulação imobiliária, empresas de construção e de obras públicas,
eram e são os seus negócios preferidos. E o segredo, aprendida que fora a sua
importância no campo de batalha e na clandestinidade, tornou-se também um
factor importante nas novas actividades empreendedoras a que passaram a dedicar-se,
assumindo e absorvendo que o segredo era, também, a alma dos negócios. E do
segredo imposto pelas duras condições da resistência, passaram ao segredo
necessário dos negócios dos privados.
Por isso a atitude
das elites palestinianas no que respeita a informação sobre o que ocorre nas
reuniões com Israel e os USA é inicialmente de segredo. A fase seguinte
consiste na negação da versão israelita dos eventos, geralmente detalhada
(independentemente da veracidade dos detalhes). Por fim, bastante tempo depois
(meses, anos) mencionam a versão palestiniana, quando ninguém se recorda do que
se passou, ou quando já a versão israelita está implantada nas mentes e na
História.
Um facto é que com
esta atitude a resistência palestiniana perde preciosas batalhas, que poderiam
ser travadas de forma vitoriosa, frente á máquina de propaganda sionista. Ao
enveredar pelo segredo, durante a primeira fase de uma qualquer negociação, as
elites palestinianas criam terreno fértil para uso dos sionistas. Estes, ágeis
e perspicazes, utilizam a seu belo prazer e beneficio, o adubo de secretismo
espalhado pelos palestinianos e criam uma realidade, que persiste como real.
Assim, quando os palestinianos estão a negar as declarações de Israel, perante
a opinião publica internacional, estão a negar a realidade, que já foi recriada
pelas elites sionistas.
O resultado final
desta negação não convence ninguém, a não ser os que já estão convencidos. Os
outros, a imensa maioria, apenas apreendem a versão da realidade,
pormenorizadamente descrita por Israel e divulgada até á exaustão, o que faz a
atitude palestiniana parecer ridícula e de má-fé. Mas o mais decepcionante é
que os palestinianos quando apresentam a versão dos factos negociados nos
acordos, parece estarem a falar de outra dimensão, para lá dos vórtices
temporais e espaciais, porque já passou demasiado tempo e a realidade criada
pelos israelitas tornou-se a realidade nas mentes e já ocupa lugar nos
documentos de consulta dos historiadores.
IV - Onde as
tensões entre as elites não são sentidas e a unidade da resistência é mantida
de forma solidária são nas prisões sionistas. Existem cerca de cinco mil
prisioneiros palestinianos nas cadeias israelitas. Dois deles estão presos á
mais de 30 anos e 25 á mais de 25 anos. Durante vários anos, os prisioneiros
não podiam receber visitas e os cuidados médicos foram inexistentes.
Actualmente a
situação melhorou depois do último protesto dos prisioneiros, que originou uma
prolongada greve de fome nos estabelecimentos prisionais de Israel. De qualquer
forma a questão das visitas mantem-se restrita e existem prisioneiros que
continuam proibidos de ter visitas na cadeia. O tratamento médico continua a
não ser regular e adequado. Cerca de mil e duzentos prisioneiros sofrem de
enfermidades físicas ou psíquicas, 24 têm cancro, que não é tratado e 85 sofrem
de graves perturbações neurológicas. Desde 1967 (ano em que ocorreu a Guerra
dos Seis Dias) 204 prisioneiros políticos morreram nas cadeias, em consequência
da ausência de cuidados médicos básicos e das torturas aplicadas nos
interrogatórios.
Os prisioneiros
estão proibidos de estudar ou de prosseguir os seus estudos na cadeia,
sendo-lhes apenas permitido estudar o hebreu. Em consequência dos movimentos
reivindicativos de prisioneiros e da última greve de fome os prisioneiros podem
agora ter um televisor e rádio nas celas e receberem roupas enviadas pelas famílias.
Os sionistas não
diferenciam os presos políticos palestinianos quanto á sua militância politica.
Todos são prisioneiros políticos palestinianos e todos se encontram
encarcerados pelo mesmo motivo: por serem membros da resistência palestiniana
que luta pela formação de um Estado Palestiniano, soberano e democrático. Quando,
no ano 2007, em Gaza, o Hamas e a Al Fatah combateram entre si, nas prisões
manteve-se a unidade dos prisioneiros e esta unidade ficou patente, também, nos
movimentos reivindicativos por melhorias de condições nas cadeias.
V - “A Palestina
não é apenas para os palestinianos, mas sim para todas aquelas pessoas que venham
aqui com boa vontade, para todos os que apoiam a causa da liberdade, sejam
muçulmanos, árabes, cristãos (...) Não creio nas negociações directas com
Israel, porque Israel nunca cumpriu os acordos (…) e sempre utilizou os processos
de negociação para ganhar tempo e construir novos colonatos, roubando mais
terra e espaço vital aos palestinianos. (…) Necessitamos que todos os que lutam
pela liberdade nos seus países (na Europa, na América Latina, nos USA, em
Africa e em qualquer parte do mundo) lutem connosco, pela liberdade na
Palestina.”
Estas palavras (ditas
a um jornalista basco e publicadas nas Terras Bascas) de um combatente
palestiniano, da Jihad Islâmica na Palestina, que foi militante da Al Fatah,
organização a que pertencia quando foi preso, com 23 anos de idade e passou 27
anos na cadeia, sendo recentemente libertado, após cumprimento da pena, são
reveladoras da perspectiva dos sectores populares da Resistência Palestiniana. Será
que as elites palestinianas as conseguem entender? Ou será que o problema não
consiste no entendimento das aspirações populares, mas sim numa agenda própria
que as elites palestinianas definiram para melhor manterem os seus privilégios?
É que as elites,
quando deslumbradas, falam uma língua e descrevem um mundo que ninguém conhece…
Fontes
Hass, Amira http://www.zcommunications.org/listening-to-palestinian-officials-longing-for-trotsky-by-amira-hass
Urrutikoetxea, Igor
http://gara.naiz.info/paperezkoa/20130609/407217/es/Necesitamos-presion-sociedad-civil-gobiernos
The Guardian January
Baroud, Ramzy The
Second Palestinian Intifada: A Chronicle of a People`s Struggle Pluto Press,
London
Baroud, Ramzy My
Father Was a Freedom Fighter: Gaza`s Untold Story Pluto Press, London
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