quarta-feira, 5 de março de 2014

UMA UCRÂNIA VULNERÁVEL E FRÁGIL



Martinho Júnior, Luanda

1 – Os acontecimentos da Ucrânia constituem cenários que ilustram bem o que está por detrás deles: as tensões financeiras concorrentes, em disputa pelo espaço geo-estratégico de manobra e de poder.

É precisamente a isso que nos (aos 99% da humanidade) condena o poder dos outros 1%, tendo em conta o quanto eles movem por um lado em prol da hegemonia unipolar e por outro dos emergentes de orientação multipolar, tudo isso correspondendo inteiramente à lógica capitalista em vigor e à sua responsabilidade histórica!

A Ucrânia, vulnerável e frágil, está a ser uma das muitas vítimas inscritas na globalização que está instituída desde o fim do bloco socialista ou, como queiram, desde o derrube do muro de Berlim!

Estamos perante um país desamparado, com um povo que ao procurar melhores formas de vida, está susceptível à ingerência, à manipulação e aos desencantos derivados dessa busca incessante, que deu azo à escalada de radicalismos em curso!

Desse modo a Ucrânia está a ser condenada a ser a última a decidir democraticamente sobre os seus próprios destinos e os membros de sua oligarquia, qualquer que seja o campo de referência, são autênticos peões que não podem resistir à influência de seus tutores, dum lado ou do outro da barricada.

A moeda nacional, o grivnia, está à mercê do tandem euro-dolar, como do rublo, numa altura em que o primeiro procura responder à crise e o segundo se manifesta cada vez mais pujante e inteligente!

Os dois campos aglutinam clara e inequivocamente:

- De um lado os Estados Unidos, a União Europeia e sobretudo a Alemanha, com todos os monopólios, carteis e tecnologias disponíveis “do ocidente” e com a NATO; essa é uma ala misto conservadora e ultraconservadora;

- Do outro a Rússia e a constelação de interesses que lhe estão agregados, em função dos BRICS, do concerto regional e do espaço próprio euro-asiático, que rodopiam à volta das indústrias e das capacidades energéticas instaladas “a leste”; uma ala comparativa e relativamente mais progressista e sem blocos militares.

O leste da Ucrânia (a leste do rio Dniepre) possui índices de riqueza e de estabilidade maior que o ocidente do país o que se junta ao pendor da crise financeira global: a parte ocidental ucraniana, mais pobre, torna-se num ónus pesado para a União Europeia e sobretudo para Alemanha, enquanto a Rússia, a leste, defenderá seus interesses industriais, até por que eles têm incidências na sua própria indústria e capacidade estratégica!

Na Crimeia a Rússia tem razões históricas e humanas que lhes assiste, o que pode gerar controvérsias ainda maiores, até por que a Rússia tem em Sebastopol a base naval principal da sua frota estratégica do Mar Negro.

Entre essa tese e essa antítese, a síntese está a caminho, mas demorará provavelmente mais duma década para ter alguma maturidade, passará por uma turbulência constante e, enquanto o povo sofrer os impactos desse jogo e os ajustes que ele impõe, a Ucrânia não se vai assumir, podendo até desagregar-se!

A exclusão de Viktor Ianukovitch do novo governo, ilustra bem as tendências do momento, construídas com a exclusão de muitas outras sensibilidades “a leste”… quando é no leste onde se encontram as maiores cidades do país e a maior concentração tecnológica e industrial!

É também um indicador do carácter da oligarquia nacional e da corrupção que grassa desde a “Revolução Laranja” e as políticas de “portas abertas”!

A Rússia, que tem vindo a ser atacada no Mar Negro, tenderá a tirar partido do ensaio que fez na Geórgia e fazer evoluir a seu favor, muito rapidamente, a situação no leste da Ucrânia!

Perante a verborreia da Praça Maidan, a Rússia prefere agir e colocar as questões perante evidências cujo retorno será muito difícil.

No fundo, sob o ponto de vista geo-estratégico e tendo em conta o passado histórico, a Ucrânia está vulnerável e frágil às influências e manipulações com sinal germanófilo (por tabela anglo-saxão), face às influências e manipulações com sinal eslavo, pois a relativa confrontação Oeste-Leste está a ser transferida para as armas financeiras de um lado e do outro, em estreita conexão agora com o sinal económico, étnico, sócio-político respectivo e… militar!

Havendo uma radicalização, o primeiro campo de batalha será ali, na Ucrània, mas poderá estender-se a outras regiões da Europa e do mundo… é preciso não esquecer que a nave-capitânea da frota russa do Mar Negro, que tem base em Sebastopol na Crimeia, está neste momento… na Venezuela!

2 – Com todo o espectro de medidas abertas ou veladas que foram sendo tomadas pelo Governo de Viktor Ianukovitch, foi só quando ele deu costas à União Europeia para aceitar o empréstimo de quinze mil milhões de euros da Rússia que o cenário da crise despoletou!... até aí a contestação a ele era de relativamente baixa intensidade, apesar dos cavalos da discórdia “ocidentais” estarem já na “linha de partida” e prontos a correr!...

A crise veio acentuar a fragilidade financeira da moeda ucraniana, o grivnia: para além dos fenómenos já apontados de corrupção, a inflação está a ser galopante, a desvalorização agrava-se e os créditos suaves russos estão a ser substituídos pela possível entrada do FMI, cujas “receitas creditícias” são por demais conhecidas!...

A Ucrânia está agora como “um corpo inerte onde cada abutre vem depenicar o seu pedaço”!

Se em função dos interesses “do leste”, as coisas já estavam mal para a Ucrânia, pioraram agora com o que o FMI e possivelmente com uma nova “troika” que se avizinha, pronta para introduzir um sinal dessa evidência: a inserção das redes “stay behind” nos cenários sócio-políticos da Ucrânia da Praça Maidan… ao mesmo tempo que são excluídos ou esbatidos os sinais eslavos do espaço político que insiste na deriva a “ocidente”!

O fascismo, que faz parte das redes “stay behind” da hegemonia e por tabela da NATO, são fundamentalismos que estão dispostos à exclusão, no momento em que a Ucrânia tanto precisa de inclusão… só por que servem ao “ocidente” e são seus dilectos instrumentos!

Podem servir também às-mil-maravilhas à ditadura do capital, uma vez que o espectro da divisão ou da desagregação está instalado.

A ausência de inclusão, pelas assimetrias e disfunções que comporta, “abre ainda mais as portas” aos lobos do capital e torna a Ucrânia numa apetecida presa… a juntar a tantas e tantas outras que existem no âmbito contemporâneo desde a União Europeia ao resto do mundo!

A Rússia que avalia o que são as “revoluções coloridas” pelo carácter da era Yeltsin, começa a dar combate a esse tipo de contra-revolução liberal na Europa e onde quer que elas ocorram no mundo, como está a acontecer na Venezuela!

3 – A Ucrânia está como um tabuleiro onde são movidas as peças dum lado e de outro e o seu povo, sedento de liberdade e de justiça social, tarda em avaliar o grau dos interesses, das conveniências, manipulações e embustes que o envolvem, ou o esmagam e das jogadas que o apertam como uma poderosa tenaz!

O fascismo movido pelo “ocidente” é um dos elementos essenciais ao apertão da tenaz e das jogadas correntes!...

No quadro duma “revolução colorida” é evidente que constitui uma ameaça estratégica que a Rússia vai dar combate, sem alarido, mas com sua tradicional eficácia… até por que as forças armadas da Ucrânia estão também divididas pelas opções!

O fascismo faz parte da engrenagem da ditadura do capital, no momento das crises conjugadas do euro e do dólar e surge como um precioso instrumento de recurso de intervenção étnica e sócio-política!

… Quanto ao povo, ele é a primeira e a maior das vítimas!

Da “pancadaria civil” à “pancadaria militar”, na Ucrânia, vai uma muito curta distância!

Como dizemos tão experiente quão lucidamente em África: quando dois elefantes lutam, quem se lixa é o capim!... por agora os elefantes passaram também para a Europa, de tal modo que esvaído o sonho duma União Europeia dos povos, por imperativos do capital, pode-se estar a assistir também à eclosão de mais um mito “democrático”!... NATO obriga!

Gravura: Composição de vários jornais sobre os “cenários Maidan”!

A consultar (Martinho Júnior):
- Merkel ao serviço da contra revolução liberal – http://paginaglobal.blogspot.com/2014/02/merkel-ao-servico-da-contra-revolucao.html

A consultar (Rui Peralta):
- Legitimidade, legalidade e processo de emancipação – http://paginaglobal.blogspot.pt/2014/02/legitimidade-legalidade-e-processo-de.html

A consultar (outros autores):
- A opção europeia será também a opção militar a favor da NATO – http://resistir.info/varios/ucrania_27jan14_p.html
- A Ucrânia e o renascimento do fascismo na Europa – http://resistir.info/ucrania/renascimento_fascismo.html
- Alemanha quer apoiar o opositor-pugilista Klitschko na Ucrânia – http://www.publico.pt/mundo/noticia/alemanha-quer-apoiar-o-opositorpugilista-klitschko-1615514
- Protestos orquestrados por Washington desestabilizam a Ucrânia – http://resistir.info/ucrania/roberts_ucr_13fev14.html
- Ukraine Color Revolutions: At the Crossroads of Euro-Atlantic and Eurasian Power Politics – http://www.globalresearch.ca/ukraine-colored-revolutions-at-the-crossroads-of-euro-atlantic-and-eurasian-power-politics/5367573
- Washington Collaborates with Ukrainian Neo-Nazis – http://www.globalresearch.ca/washington-collaborates-with-ukranian-neo-nazis/5367798

Aquecimento global pode submergir 136 patrimônios mundiais, diz estudo




Pesquisadores alemães alertam que, caso emissões de gases de efeito estufa continuem no ritmo atual, um quinto dos monumentos e locais protegidos pela Unesco desapareceriam nos próximos dois mil anos.

O aumento dos níveis dos mares devido ao aquecimento global pode levar, nos próximos dois mil anos, ao desaparecimento de mais de 130 dos cerca de 750 Patrimônios Mundiais da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), alerta um estudo divulgado nesta quarta-feira (05/03).

Segundo o estudo do Instituto de Pesquisa das Consequências Climáticas de Potsdam (PIK) e da Universidade de Innsbruck, patrimônios culturais como a Estátua da Liberdade, a Torre de Londres e o Centro Histórico de Olinda serão submersos caso a temperatura continue aumentando como no século passado e leve a uma elevação de 1,8 metro do nível dos mares.

"Se não limitarmos as mudanças climáticas, no futuro os arqueólogos terão que procurar uma grande parte de nossos patrimônios culturais no mar", afirma o pesquisador Ben Marzeion, da Universidade de Innsbruck e um dos autores do estudo.

Um aquecimento menor também já é uma ameaça para uma boa parte desses locais. O aumento de apenas 1 grau na temperatura seria suficiente para colocar em risco a existência de 40 dos Patrimônios Mundiais da Unesco.

"A temperatura global média aumentou cerca de 0,8 grau em comparação com a era pré-industrial. Se as emissões de gases do efeito estufa crescerem como ocorreu até o momento, devemos calcular um aquecimento global de até 5 graus no final do século", aponta o pesquisador do PIK Anders Levermann, coautor do estudo.

A elevação do nível do mar também será responsável por uma diminuição considerável da superfície terrestre. Os pesquisadores acreditam que com um aumento de 3 graus 12 países perderiam mais da metade de seus territórios. A maioria deles está localizada no Sudeste Asiático.

Além disso, outros 36 países perderiam até 10% de sua área terrestre. Esse aquecimento atingiria também 7% da população mundial, afetando principalmente quem vive em China, Índia, Bangladesh, Indonésia e Vietnã.

Para o estudo, os pesquisadores analisaram, com ajuda de uma simulação no computador, o aumento do nível do mar nos próximos dois mil anos, levando em consideração consequências diferentes para cada região. Um aumento tão grande no volume do oceano, como o esperado, mudará até o campo gravitacional da Terra. Dessa maneira a elevação do nível do mar não será igual em todo o planeta.

CN/dpa/afp – Deutsche Welle - Edição Rafael Plaisant

CONNECT4CLIMATE PROPÕE: FAÇA UM FILME SOBRE AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS




O Connect4Climate acaba de lançar o Action4Climate: um concurso de vídeo que desafia jovens cineastas a realizar um documentário de 1 a 12 minutos que conte uma história relacionada com as alterações climáticas.

Queremos perceber as alterações climáticas do ponto de vista dos jovens, como estas influenciam o seu dia-a-dia e o que estes estão a fazer para as combater.

O Action4Climate está aberto a jovens de todo o mundo, dos 14 aos 35 anos. As participações poderão ser individuais ou em grupo (máximo de 5 elementos por grupo), de acordo com duas categorias etárias: 14 a 17 anos e 18 a 35 anos.

Os participantes habilitar-se-ão a um prémio máximo no valor de 15.000,00 dólares ou equipamento de vídeo professional. 

Os vídeos vencedores serão ainda incluidos no circuito de prestigiados festivais de cinema e exibidos na nova plataforma MTV Voices.

Os vencedores serão seleccionados por um grupo conceituado de produtores e realizadores de cinema de renome mundial e representantes de organizações internacionais:

Bernardo Bertolucci – Presidente do Júri
Atom Egoyan
Marc Forster
Mika Kaurismaki
Rose Kuo
Rachel Kyte
Cynthia López
Fernando Meirelles
Mira Nair
Bob Rafelson
Walter Salles
Pablo Trapero
Wim Wenders

O prazo para envio de vídeos termina a 1 de Abril de 2014.

Para mais informações sobre o Action4Climate, por favor visitar: connect4climate.org

O Connect4Climate é um projecto lançado em 2011 pelo Banco Mundial, Global Environment Facility e pelo Ministério do Ambiente Italiano, com o objectivo de criar uma plataforma aberta e participativa que envolva os jovens num debate global acerca das alterações climáticas, de modo a impulsionar uma maior acção direccionada para este tema.

Joana Lopes


CONNECT4CLIMATE – Página Global apoia e divulga

EXÉRCITO MOÇAMBICANO BOMBARDEIA POSIÇÕES DA RENAMO




Em Moçambique, a RENAMO acusou o exército de ter lançado esta quarta-feira rockets contra a Serra da Gorongosa, onde supostamente está o seu líder Afonso Dlakhama. O Governo diz que se tratou-se de uma contra-ataque.

A Resistência Nacional Mocambicana (RENAMO), o maior partido da oposição, anunciou que forças combinadas do exército moçambicano (FADM) e da Polícia de Intervenção Rápida (FIR) atacaram esta quarta-feira (05.03) posições do seu partido na província central de Sofala.

Acusou, ainda, as forças governamentais de terem incendiado residências na região de Vanduzi, também em Sofala. António Muchanga, porta-voz do presidente da RENAMO, Afonso Dlakhama, foi quem fez a denúncia à imprensa.

"As forças combinadas das FIR e a Forças Armadas de Moçambique (FADM) hoje, dia 5 de março, atacaram as posições das forças da RENAMO em Gorongosa e Inhaminga. Usarm armas de destruição em massa, dispararam obuses e 38 rockets", afirmou.

Nos últimos dias foram reportados dois ataques, em menos de uma semana, contra posições das forças governamentais que resultaram em pelo menos quatro mortos e seis feridos, do lado do exército.

O chefe da delegação do Governo nas negociações com a RENAMO, José Pacheco, reagiu às acusações do partido da oposição atribuindo àquela formação política a iniciativa dos ataques: "Temos uma RENAMO que é violenta, que na segunda-feira (05.03) atacou um carro da polícia que fazia reabastecimento logístico. As nossas forças estão a perseguir os que efetuaram os ataques, os meios que usam cabe a nossas forças decidir."

Negociações ameaçadas

A RENAMO afirma que os novos ataques representam uma ameaça real aos entendimentos de paz.

A nova escalada da tensão militar regista-se numa altura em que o Governo e a RENAMO discutem em sede do diálogo os mecanismos para viabilizar os consensos alcançados na última segunda-feira (03.03) para a cessação dos ataques.

Para António Muxanga, da RENAMO, o ataque contra a Serra da Gorongosa reforça a ideia da necessidade da presença de observadores estrangeiros para monitorizar o cessar-fogo. "Esse ataque de hoje vem provar que precisamos de peritos internacionais para ajudar Moçambique", salientou.

Governo otimista

José Pacheco, do Governo, afirma ser desnecessária a presença de observadores estrangeiros: a parte moçambicana

José Pacheco mostrou-se, no entanto, otimista quanto ao fim das hostilidades falando no termo de mais uma ronda negocial mantida esta quarta-feira (05.03) entre o Governo e a RENAMO: "O princípio de cessação de ataques já foi acordado, e estamos a traçar os mecanismo para a cessao de confrontos."

Segundo Saimone Macuiane, a RENAMO exige garantias para os seus homens armados.

Autoria: Leonel Matias (Maputo) – Edição: Nádia Issufo / Madalena Sampaio

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ÉPOCA DAS CHUVAS JÁ CAUSOU 17 MORTES EM MOÇAMBIQUE - Governo




Pelo menos 17 pessoas morreram em consequência da época de chuvas que Moçambique atravessa desde outubro do último ano, disse hoje a ministra de Administração Estatal moçambicana, Carmelita Namashalua, falando na Assembleia da República.

De acordo com Carmelita Namashalua, sete pessoas morreram depois de terem sido atingidas por raios, cinco por afogamento, quatro por desabamento de habitações e uma pela queda de uma árvore, num balanço de 17 mortes associadas à atual época de chuvas.

A ministra adiantou que mais de 70 pessoas ficaram feridas, tendo sido perdidas 1.665 habitações e cerca de 5.900 ficado danificadas.

Sobre situações relacionados com doenças diarreicas, o Governo afirmou terem sido detetados 12.995 casos, entre janeiro e fevereiro, dos quais resultaram cinco mortes.

O Governo disse ainda que, até ao momento, não foram detetados casos de cólera no país.

Em termos dos impactos das chuvas no setor agrícola, que afetou 0,54 por cento da área semeada, pelo menos 20 mil hectares ficaram inundados, dos quais cerca de oito mil hectares de área de plantação ficaram destruídos.

Os dados governamentais referem ainda que mais de 15 mil famílias de camponeses estejam a ser afetadas pela presente época de chuvas, que termina no final de março.

EMYP // VM – Lusa – foto NOEL KLOOPPER /SOUTH AFRICAN AIRFORCE/EPA

Angola: MORTE NA CELA



Isabel João – Novo Jornal (ao)

António Ângelo Maurício Bernardo, de 31 anos, foi assassinado numa das celas da 23ª esquadra da Polícia Nacional, na divisão da Samba. O crime aconteceu no dia 19 de Fevereiro. A Polícia diz não ter responsabilidade e afirma que o caso já foi esclarecido.

O porta-voz do Comando Provincial de Luanda da PN, Mateus Rodrigues, confirmou ao Novo Jornal a morte do jovem António Ângelo Maurício Bernardo. "Segundo o que apurámos houve um desentendimento entre a vítima e outros dois presos", afirmou, acrescentando que os supostos assassinos de Ângelo usaram garrafas de plástico que se encontravam na cela, e que tinham água, para cometer o crime.

"Normalmente nas celas há essas garrafas, onde havia água para o consumo deles, e foram mesmo essas garrafas que eles usaram. Não havia outro tipo de objectos na cela", esclareceu. Questionado se com simples garrafas de plástico, se consegue matar, o porta-voz do Comando Provincial respondeu que sim. "Foi isso que aconteceu, senhora jornalista", insistiu.

À pergunta se no momento em que ocorreu o crime não havia polícia no local e se os agentes não ouviram gritos, o porta-voz respondeu que não. "Os polícias não ouviram gritos. O que aconteceu é que os dois jovens amarraram a boca da vítima com uma camisola e não tinha como ele gritar. Só no dia seguinte, de manhã, é que encontraram o corpo já sem vida", retorquiu.

Mateus Rodrigues descartou a possibilidade de António Ângelo Maurício Bernardo ser conhecido dos dois supostos assassinos. "Os crimes deles são completamente diferentes. A vítima foi detida por ofensas corporais e os outros dois, um foi por furto e o outro por roubo qualificado".

Questionado sobre a responsabilidade da polícia neste caso, visto que o jovem estava sob custódia da corporação, Mateus Rodrigues disse que a única responsabilidade da polícia é esclarecer o caso, o que já aconteceu. "O caso já está esclarecido, os autores do crime são confessos, assumiram que foram eles e explicaram como é que mataram. Agora os dois vão responder por mais um crime", explicou.

Mateus Rodrigues acrescentou que, na altura do homicídio, havia mais detidos para além dos três envolvidos no crime, escusando-se, contudo, a dizer quantos. "Não sei precisar o número, mas havia ainda outros detidos.

Pelo que sabemos, também não tentaram ajudar a vítima", afirmou, acrescentando que os autores do crime já estão identificados. Um dos familiares do jovem, que não se quis identificar, disse ao Novo Jornal que o corpo de António Ângelo Maurício Bernardo, motorista de profissão, foi encontrado com sinais de cacos de garrafa e faca, o que contraria a tese da polícia, mostrando que na cela se encontravam objectos contundentes.

De acordo com a mesma fonte, a família não procurou os órgãos de comunicação social porque foram ameaçados no sentido de não o fazer. "Um dos responsáveis da divisão disse aos familiares para que não procurássemos os órgãos de comunicação social. É muito triste o que aconteceu aqui, como é que um preso morre na cela? A única coisa que sabemos é que o nosso familiar estava na responsabilidade da polícia e é obrigação do comandante da divisão da Samba explicar o que aconteceu. Queremos justiça, só isso".

A mesma fonte disse que receberam a notícia da morte de António Bernardo pela procuradoria junto da Divisão da Samba. "Foi a procuradora que falou com a família, mas não deu muitos detalhes sobre as circunstâncias. Disse apenas que foram dois presos que o torturaram", lembrou, acrescentando que autópsia revelou que a vítima foi agredida com objectos contundentes.

Questionado se o jovem tem cadastro, o familiar respondeu que não. "É a primeira vez que isso acontece. Ele nunca roubou, sempre foi um rapaz trabalhador. Foi um desentendimento com o vizinho. A morte do meu parente só aconteceu por culpa da polícia. Foram os agentes que o mataram", acusou, adiantando que os familiares da ofendida têm influências fortes junto de alguns responsáveis da divisão da Samba.

A fonte disse que nesta história o que mais entristece a família é o facto do Comando Provincial de Luanda compactuar com o crime, não se tendo pronunciado sobre o caso. "Num país sério, o próprio comandante da divisão já tinha pedido a sua exoneração, enquanto aqui não há essa cultura, está mal. Esses comandantes temem ser responsabilizados pelo crime que foi cometido na cela daquela esquadra. Como é que garrafas de água vão matar alguém, como estão a dizer. Aqueles sinais são de faca e cacos de garrafa", repetiu.

Este crime ocorre numa altura em que a Polícia Nacional comemora 38 anos de existência. História de detidos torturados, manifestantes agredidos e de mortes retiram brilho à história da corporação.

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Mais de um terço do total de casos de malária em Angola foram registados em Luanda




A malária continua a ser a principal causa de morte em Angola, e a capital, Luanda, com 1,1 milhões de casos registados, concentra cerca de 35 por cento do total de casos no país, revelou hoje uma responsável sanitária.

A directora provincial de Saúde de Luanda, Rosa Bessa, adiantou, citada pela agência Angop, que a capital angolana concentra também cerca de 40 por cento das mortes de fetos e de bebés com menos de uma semana de vida e 25 por cento da mortalidade materna.

Rosa Bessa, que falava no III Encontro Provincial do Programa de Controlo da Malária, apontou os municípios de Luanda, Belas, Cazenga e Icolo e Bengo como as zonas de maior risco de transmissão da malária.

"Sabemos que 13 por cento dos casos aconteceram em cidadãos com menos de 14 anos e 38 por cento do total em crianças com idades inferiores aos cinco anos", disse Rosa Bessa, acrescentando que as mulheres grávidas, "outra preocupação", somaram 12 por cento dos casos.

Rosa Bessa adiantou que em 2013, em Luanda, 60 por cento das vítimas mortais foram crianças menores de cinco anos e que as mortes provocadas pela malária em doentes até aos 14 anos, totalizaram 83 por cento do total.

A responsável para a área da saúde em Luanda apelou para um maior empenho das administrações locais no processo da luta contra a malária, frisando a necessidade de serem localizados os grandes focos de reprodução dos mosquitos que transmitem a doença.

Em finais de Janeiro deste ano, o coordenador do Programa da Luta Contra a Malária, Filomeno Fortes, também citado pela Angop, disse que em 2013 Angola registou uma estabilidade no quadro da prevalência de malária.

Filomeno Fortes disse que em 2013 foram registados três milhões de casos, um aumento em 100 casos comparativamente a 2012, o que permite considerar-se "estável" a situação.
O especialista disse ainda que somente 60 por cento dos casos diagnosticados foram testados e deles apenas 40 por cento confirmados.

"Realizámos estudos que comprovam a existência de alguns vírus que provocam quadros clínicos parecidos com os da malária, como febres, dores de cabeça e articulares", explicou Filomeno Fortes, sublinhando as debilidades de alguns técnicos de saúde que "ainda continuam a diagnosticar falsamente esses casos".

Lusa, em Novo Jornal

Portugal: A NOSSA VIL TRISTEZA



Baptista-Bastos – Diário de Notícias, opinião

Que Portugal se espera/ em Portugal?" perguntava, há anos, Jorge de Sena, o grande poeta do desespero lúcido. Reverto as lembranças para todos aqueles, como Sena, que interrogavam a pátria, então tão confusa, dissipada e aparentemente tão alheada como agora. Onde estão, agora, os que deixaram de estar, desaparecidos na voragem de um país que a tempestade moral tem dissolvido? Carlos de Oliveira, que também perguntava: "Acusam-me de mágoa e desalento (...) / homens dispersos", e de quem falei, anteontem, com Alice Vieira. Disse a minha amiga: "E se a eles nos referimos, tomam-nos por anacrónicos." Perderam-se, irremediavelmente, os testamentos legados por aqueles que contribuíram para que a fisionomia cultural do País não soçobrasse, quando, como agora, um governo calculado impunha o poder absurdo da infalibilidade e dos interesses a um povo impossibilitado de reagir? Antigamente, pela coacção da força e o império do medo; hoje, pelo mesmo medo mascarado de democracia e por uma "democracia" que há muito perdeu a face e a dignidade, naturais na sua síntese.

Aos poucos, mas com perseverante desígnio, têm-nos abolido o direito de perguntar. E a inflexibilidade das decisões ignora a vergonha, a decência e a própria noção dos valores republicanos. Aliás, esta súcia trepada ao poder é a mesma que apagou de comemorações a efeméride do 5 de Outubro; que ressuscita um morto moral, Miguel Relvas; e que pune um homem sério pelo "crime" de a ter enfrentado, António Capucho.

A estratégia do embuste não poupa ninguém. Agora, até a Dr.ª Maria Luís Albuquerque repete a fórmula segundo a qual estamos melhor do que há dois anos. Di-lo sem corar nem hesitar. Ela, que parecia cordata no verbo, e recatada na preservação da identidade pessoal, entrou na dança do marketing do Governo. A maioria da população está empobrecida sem remissão; a esmola tornou-se característica oficial; o desemprego alastra como endemia; os ricos estão cada vez mais ricos, numa afronta que explica os dez por cento do produto interno bruto que auferiram em 2013; essas fortunas correspondem aos 16,7 mil milhões de euros distribuídos por vinte e cinco famílias. A insistência nos números da nossa miséria devia ser uma obrigação moral da imprensa, e não o é. Está mais do que provado que este Executivo arrasta a pátria para as falésias, não só por incompetência criminosa como por orientação ideológica. O Dr. Cavaco vai ao estrangeiro e diz coisas absurdas e abstrusas, dando cobertura a uma das maiores tragédias sociais que Portugal tem atravessado. A sua tenaz mediocridade é objecto de devastadoras anedotas, e o respeito reverencial que o cerca tem impedido a crítica que se impõe aos seus actos.

"Isto dá vontade de morrer", para lembrar o grito d"alma de Herculano, em hora de desânimo como a de agora.

Portugal: Pinto Monteiro compara fecho de serviços no interior a guetos nazis



Catarina Correia Rocha – Jornal i

“A troika não anda a fechar tribunais nenhuns”, defende o ex-procurador-geral da República

Pinto Monteiro comparou o fecho de serviços no interior do país aos “guetos” criados pelo regime nazi. Na Guarda, durante o cortejo do Entrudo e Julgamento do Galo, o ex-procurador-geral da República afirmou que “a troika não anda a fechar tribunais nenhuns” e que é o governo quem toma a decisão: “Fecha tudo, as finanças, fecha o banco… era melhor proibirem populações que tenham menos de X… fecharem-nos à força como fazia antigamente o regime nazi”.

Em declarações à rádio Altitude, Pinto Monteiro referiu que a troika está a servir de desculpa para levar a cabo o encerramento de tribunais. “Não me venham com a troika, a justiça fecha os tribunais porque quer fechar os tribunais, é como a história do papão, vem aí o papão, agora é a troika”, disse o ex-procurador-geral da República.

“Quem vive aqui sabe que as terras do interior estão a morrer”, acrescentou, aconselhando os ministros a fazer “uma incursão pela Beira interior para perceberem isso”. “Não há nenhuma poupança que justifique a deslocação de populações, o encerramento de tribunais onde só já há os tribunais”, defendeu.

Portugal: Mais de 425 mil ficaram sem prestações de desemprego em Janeiro




O Porto é o distrito com o número de beneficiários com prestações de desemprego mais elevado, tendo sido em janeiro atribuídos subsídios a 82.789 pessoas

O Estado português apenas atribuiu prestações de desemprego a 388 mil desempregados em janeiro, deixando sem estes apoios mais de 425 mil desempregados, segundo dados divulgados hoje pela Segurança Social.

De acordo com os últimos dados disponibilizados na página da Segurança Social (www.seg-social.pt), em janeiro existiam 388.383 beneficiários de prestações de desemprego, mais 13.326 pessoas do que em dezembro (últimos dados disponíveis) e o equivalente a 47,7% do último número total de desempregados contabilizados pelo Eurostat.

Os últimos dados divulgados pelo Eurostat contabilizavam, em janeiro de 2014, um total de 814 mil desempregados, com a taxa de desemprego a situar-se nos 15,3% (igual a dezembro).

Os números da Segurança Social incluem o subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego inicial, subsídio social de desemprego subsequente e prolongamento do subsídio social de desemprego, prestações que atingiram em janeiro o valor médio de 470,19 euros, face aos 493,55 euros observados um ano antes.

O Porto é o distrito com o número de beneficiários com prestações de desemprego mais elevado, tendo sido em janeiro atribuídos subsídios a 82.789 pessoas.

Segue-se o distrito de Lisboa, com 74.352 desempregados a receberem prestações de desemprego e o de Setúbal (com 33.747 desempregados com direito a subsídio).

Os beneficiários do sexo masculino são em número superior (203.595 pessoas), em relação aos do sexo feminino (184.788).

Lusa, em Jornal i

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Ucrânia: FMI está em Kiev. Ajuda à Ucrânia pode afetar credibilidade do Fundo




Analistas afirmam que o resgate emergencial não deve ocorrer se o país não dispuser de condições para implantar um plano de austeridade

Veja (br)

Chamado ao resgate por Kiev, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sofre pressão de todas as frentes para dar luz verde a um plano de ajuda, com o risco de afetar sua própria credibilidade. Os especialistas do FMI iniciaram nesta terça-feira em Kiev reuniões com as novas autoridades para analisar a situação da economia ucraniana e desenhar um plano de ajuda, enquanto o país se afunda na instabilidade e diz estar à beira da quebra.

A aprovação de um empréstimo do Fundo parece se encontrar em um horizonte longínquo, embora a pressão sobre a instituição já seja sentida. No domingo, os ministros da Economia dos sete países mais industrializados (G7) disseram que o FMI era o "mais preparado" para apoiar financeiramente a Ucrânia.

Os Estados Unidos, primeiro acionista do FMI e a favor do novo regime em Kiev, informaram que o Fundo deve figurar no centro de um plano econômico de ajuda à Ucrânia. Enquanto isso, Washington ofereceu ao país europeu 1 bilhão de dólares no âmbito de um empréstimo internacional, segundo o secretário de Estado, John Kerry.

A Europa, outro peso pesado do Fundo, é mais cautelosa. "Nenhum estado membro (do bloco) se moverá sem a avaliação do FMI das necessidades financeiras da Ucrânia", disse uma fonte europeia.

Foto: Christine Lagarde, do FMI: Fundo está pronto para agir (AFP

Ucrânia: COMISSÃO EUROPEIA VAI AJUDAR COM 11 MIL MILHÕES DE EUROS


TSF

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, anunciou hoje, em Bruxelas, um pacote de ajuda financeira à Ucrânia de 11 mil milhões de euros.

O pacote, especificou José Manuel Durão Barroso em conferência de imprensa, combina verbas do orçamento da União Europeia, do Banco Europeu de Investimento (BEI) e do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD).

Do orçamento da UE vão sair três mil milhões de euros nos próximos anos, 1,6 mil milhões de ajudas macrofinanceiras (empréstimos) e 1,56 mil milhões de ajuda ao desenvolvimento (subvenções).

Durão Barroso sublinhou que a ajuda macroeconómica poderá ser enviada já nas próximas semanas.

Por seu lado, o BEI irá financiar a Ucrânia numa verba que pode ir até aos três mil milhões de euros e o BERD em cinco mil milhões.

Este pacote, de curto e médio prazo, será discutido na quinta-feira pelos chefes de Estado e de Governo da UE, que se reúnem num Conselho Europeu extraordinário, convocado para debater a Ucrânia.

Na conferência de imprensa, Durão Barroso salientou ainda que «cabe ao povo ucraniano decidir o seu futuro» e apelou à resolução através do diálogo da situação na Crimeia, acrescentando acreditar que «ninguém se oporá ao envio de observadores internacionais» para a república autónoma.

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após a queda do ex-presidente Viktor Ianukovich, por causa da Crimeia, península do sul do país onde se fala russo e está localizada a frota da Rússia do Mar Negro.

A crise na Ucrânia começou em novembro com protestos contra a decisão de Ianukovich de recusar a assinatura de um acordo de associação com a UE e promover uma aproximação à Rússia.

Leia mais em TSF

A crise na Ucrânia: O QUE SIGNIFICA SER SAQUEADO PELO OCIDENTE



Paul Craig Roberts [*]

Em 2004 a Hungria aderiu à UE, na expectativa de ruas cobertas de ouro. Ao invés disso, quatro anos depois, em 2008, o país ficou endividado ao FMI. O vídeo do grupo de rock húngaro Mouksa Underground resume o que é a Hungria de hoje, depois de cair nas garras da UE e do FMI. Ver www.youtube.com/watch?v=Jg8h526sB7w&feature=youtu.be 

A canção é acerca dos resultados desanimadores do abandono do socialismo em favor do capitalismo – e na Hungria os resultados certamente não são encorajadores. O título é "Desalento com a mudança de sistema". Aqui está a letra:

Os que têm agora mais de vinte anos 
Estiveram à espera de vida boa 
Para o cidadão médio 
Ao invés de riqueza temos pobreza 
Exploração irrestrita 
Assim, esta é a grande mudança de sistema 
Assim, é isto que espera por si 
Nada de habitação Nada de alimentação Nada de trabalho 
Mas isto foi garantido que não aconteceria 
Aqueles no topo 
Devoraram-nos 
O pobre sofre todos os dias 
Assim, isto é a grande mudança de sistema 
Assim, isto é o que espera por si 
(Repete) 
Quando ocorrerá mudança real? 
Quando haverá uma mundo vivível 
A solução definitiva aparecerá 
Quando este sistema económico for abandonado para sempre 
Assim, esta é a grande mudança de sistema 
Assim, isto é o que espera por si 
(Repete)

Não há solução fora da revolução 

Se os estudantes de Kiev houvessem escutado o grupo de rock húngaro ao invés das ONGs de Washington, ele entenderiam o que significa ser saqueado pelo Ocidente e a Ucrânia não estaria na tormenta e rumo à destruição. 

Como a secretária de Estado Assistente Victoria Nuland deixou claro no seu discurso de Dezembro último e na fuga da gravação da sua conversação telefónica com o embaixador dos EUA em Kiev, Washington gastou US$5 mil milhões do contribuinte estado-unidense para engendrar um golpe na Ucrânia que derrubou o governo democrático eleito. 

Que aquilo foi um golpe é também sublinhado pelas óbvias mentiras públicas de Obama acerca da situação, culpando, naturalmente, o governo derrubado, e pela total deturpação dos acontecimentos ucranianos pelos media presstitutos dos EUA e Europa. A única razão para deturpar os acontecimentos é apoiar o golpe e encobrir a mão de Washington. 

Não há dúvida de que o golpe é um movimento estratégico de Washington para enfraquecer a Rússia. Washington tentou capturar a Ucrânia em 2004 com a "Revolução Laranja" por ela financiada, mas fracassou. A Ucrânia fez parte da Rússia durante 200 anos antes de lhe ser dada independência na década de 1990. As províncias do Leste e do Sul da Ucrânia são áreas russas que foram acrescentadas à Ucrânia na década de 1950 pela liderança soviética para diluir a influência dos elementos nazis na Ucrânia ocidental que haviam combatido por Adolf Hitler contra a União Soviética durante a II Guerra Mundial. 

A perda da Ucrânia para os EUA e a NATO significaria a perda da base naval da Rússia no Mar Negro e a perda de muitas indústrias militares. Se a Rússia aceitasse tal derrota estratégica, isso significaria que se havia submetido à hegemonia de Washington. 

Seja qual for o rumo que tome o governo russo, a população russa do Leste e do Sul da Ucrânia não aceitará a opressão de ultra-nacionalistas e neo-nazis ucranianos. 

A hostilidade já mostrada em relação à população russa pode ser vista na destruição pelos ucranianos do monumento às tropas russas que expulsaram divisões de Hitler durante a II Guerra Mundial, bem como na destruição do monumento ao general russo Kutuzov, cujas tácticas destruíram o Grande Exército de Napoleão e provocaram a sua queda. 

A questão do momento é se Washington calculou mal e perdeu o controle do golpe para os elementos neo-nazis que parecem prevalecer em Kiev sobre os moderados pagos por Washington, ou se os neocons de Washington estiveram a trabalhar com os neo-nazis durante anos. Max Blumenthal diz que é isso:www.informationclearinghouse.info/article37752.htm 

Os moderados certamente perderam o controle. Eles não podem proteger monumentos públicos e são forçados a tentar antecipar-se aos neo-nazis legislando o programa neo-nazi. O parlamento cativo ucraniano apresentou medidas para proibir qualquer responsável de utilizar a língua russa. Isto, naturalmente, é inaceitável para as províncias russas. 

Como observei em artigo anterior, o próprio parlamento ucraniano é responsável pela destruição da democracia na Ucrânia. Suas acções inconstitucionais e anti-democráticas abriram o caminho para os neo-nazis os quais agora têm o precedente para tratar os moderados do mesmo modo que os moderados trataram o governo eleito e encobriram sua ilegalidade com acusações de crimes e ordens de prisão. Hoje o ilegalmente deposto presidente Yanukovych está em fuga. Será que amanhã o actual presidente, Oleksander Turchinov, posto no gabinete pelos moderados, não pelo povo, estará em fuga? Se uma eleição democrática não concede legitimidade ao presidente Yanukovych, como é que a selecção feita pelo rebotalho de um parlamento concede legitimidade a Turchinov? 

O que é que Turchinov responde se os neo-nazi lhe fizerem a pergunta de Lenine a Kerensky: "Quem o escolheu?" 

Se Washignton perdeu o controle do golpe e é incapaz de devolvê-lo aos moderados que se alinharam com a UE e a NATO, a guerra aparentemente seria inevitável. Não há dúvida de que as províncias russas procurariam e obteriam protecção da Rússia. Desconhece-se se a Rússia avançariam ainda mais e varreria os neo-nazis da Ucrânia ocidental. Se Washington, que parece ter posicionado forças militares na região, proporcionaria o poder aos moderados para derrotar os neo-nazis é também uma questão aberta, tal como é a resposta da Rússia. 

Num artigo anterior descrevi a situação como "Sonambulismo outra vez", uma analogia dos maus cálculos que resultaram na I Guerra Mundial. 

O mundo inteiro deveria estar alarmado com a temerária e irresponsável interferência de Washington na Ucrânia. Ao executar uma ameaça estratégica directa à Rússia, o ensandecido poder hegemónico de Washington engendrou uma confrontação com uma Grande Potência e criou o risco de destruição mundial. 

25/Fevereiro/2014

Ver também: 
  The Dark Side of the Ukraine Revolt , Conn Hallinan
  Obama’s Dumbest Plan Yet , Mike Whitney
  Ukraine: Hobson’s choice , Michael Roberts 


O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Leia mais no PG em EUROPA DE LESTE

Angola: AVALIAÇÃO EQUIVOCADA


Jornal de Angola, editorial

O Departamento de Estado divulgou um relatório onde afirma que os órgãos de comunicação social em Angola são controlados pelo Estado. Estas coisas ditas ao balcão de um bar, numa amena conversa em estúdios de televisão ou ao estilo de anedota, não merece qualquer reparo.

Mas dada a sua origem, obriga pelo menos a uma reflexão séria para que os argumentos invocados sejam bem clarificados, analisados com seriedade e contraditados.A CNN está em Angola. Com esta estação dos EUA estão mais largas dezenas de canais instalados na ZAP, TV Cabo ou DSTV, de todas as nacionalidades. O Estado nada tem a ver com isso e nunca interferiu nos conteúdos. Em democracia até a propaganda hostil apresentada como informação, tem pernas para andar. Cabe aos consumidores avaliarem as diferenças. O problema é que o bombardeamento informativo a que estão sujeitos impede uma leitura clara do que é informação e o que é puro ruído, a forma mais eficaz de censura. Para destrinçar entre a informação e a propaganda da CNN, da BBC, RFI, RTP ou outro qualquer canal das grandes democracias ocidentais, é preciso tirar um curso superior. E mesmo assim, as probabilidades de errar são enormes.

Muitas vezes (demasiadas) figuras públicas da política, da ciência, das artes, da economia e das finanças chancelam campanhas de propaganda agressivas, que desvirtuam a verdade dos factos, apresentando as suas simples opiniões como verdades absolutas. Detectar estes movimentos perifrásticos de propaganda encomendada, é muito difícil e está absolutamente fora das capacidades do consumidor comum.

A Rádio em Angola tem uma história rica. A sua marca de qualidade atravessou décadas. E foi sempre independente. Dizer que é um meio controlado pelo governo angolano é mascarar a realidade. A RNA tem autonomia financeira e editorial. Emite conteúdos próprios, produzidos pelos seus profissionais. Está no ar, a par da Voz da América, da BBC, da Despertar, da Rádio Ecclesia, da Rádio Mais ou mesmo da estação da Igreja Metodista (Kairos). Só por má-fé ou ignorância se pode afirmar que a Voz da América ou a BBC são controladas pelo governo angolano.

A imprensa angolana tem um passado riquíssimo e nasceu sob o signo da liberdade, em meados do século XIX. Todos os títulos que nasciam para fazer frente ao “Boletim Oficial” davam a si próprios a designação de “imprensa livre”. Hoje, o sector empresarial do Estado tem apenas os títulos da Edições Novembro, uma empresa autónoma sob o ponto de vista financeiro e editorial. Dizer que os inúmeros jornais publicados em Angola são “controlados” pelo Estado é no mínimo falta de rigor e ofensivo para os jornalistas. 

É verdade que nas páginas dos jornais que pertencem a uma empresa angolana do sector público não há insultos gratuitos, ninguém publica a imagem do Presidente Obama vestido de presidiário, não é possível tratar como ladrões e corruptos aos titulares de órgãos de soberania de outros países. Isso não é “controlo” do Estado. Estão enganados. É apenas respeito pela profissão de jornalista e pelos preceitos éticos e deontológicos. 

Depois temos as redes sociais, onde vale tudo menos tirar olhos aos governantes de países que não respondam aos interesses dos “donos” das plataformas. A falta de regras é absoluta. O Estado angolano não tem a mínima intervenção e a liberdade absoluta está garantida. Mas todos os dias há crimes de difamação e injúria nas redes sociais. O direito à honra e ao bom-nome são os chamados “direitos fundamentalíssimos”. A sua violação constitui grave atentado aos direitos humanos. Os denodados defensores da liberdade de expressão, as juradas organizações protectoras dos direitos humanos fecham os olhos e pautam-se por um silêncio ensurdecedor quando se trata das violações que acontecem diariamente nas redes sociais. O relatório do Departamento de Estado ignora tanto a liberdade que em Angola se exerce nas redes sociais, como o terrorismo contra a cidadania. 

Nunca defenderemos que ponham fim às redes sociais ou que seja limitado o direito de estabelecimento. Mas condenamos os que se servem destes valores para tornarem inócuos os crimes contra os direitos humanos e defendemos uma maior presença daqueles que se orientam por ideais nobres. As redes sociais são importantes e reforçam a democracia. Mas se não existe qualquer regulação, se são cometidas violações aos direitos humanos a torto e a direito e se as redes sociais são usaada para o crime, os indivíduos e as sociedades democráticas ficam expostos ao arbítrio. 

A imprensa em Angola está em grande expansão. Escrever no relatório de um organismo tão escutado como é o Departamento de Estado dos EUA que os jornalistas e órgãos de informação angolanos são controlados, é colocar uma etiqueta de menoridade a todos os profissionais que em Angola trabalham na comunicação social e exercer sobre eles uma pressão ilegítima. Um erro tremendo.

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