quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O CIRCO EM TIMOR-LESTE TEM NOVOS ARTISTAS MAS O MESMO PALHAÇO RICO




“Xanana mantém pasta estratégica no governo”. É o título com que vão deparar a seguir. Como num circo algo mudou para ser apresentado como novidade. Contratados novos artistas mas mantendo uns quantos dos mais antigos e fiéis, que sirvam quanto necessário - por vezes mais além - o mesmo palhaço rico: Xanana Gusmão. Compondo o cartaz publicitário do elenco o destaque pretende centrar-se numa nova vedeta que até agora ainda não percebeu que está ali só para compor o ramalhete e fazer de conta que é a vedeta principal do circo: Rui Araújo. Assim convém ao palhaço rico, ditador do circo. Tanto assim é que na notícia mencionam que ao palhaço rico pertencerá a última palavra. E a única, falta ali referir – porque com palhaços ricos ditadores é assim que as coisas funcionam.

No redondel circense o espetáculo vai começar. Aparentemente com novo fulgor. Só aparentemente. Neste intervalo entretiveram-nos com umas macacadas e uns número de ilusionismo. Assim acontecerá sempre que convier ao palhaço rico e restante trupe. As focas aplaudirão e os leões vão rugir para atemorizar os mais afoitos na plateia. Quem se portar muito mal pode ser lançado aos crocodilos e às hienas que riem todo o tempo para agradar ao seu dono, o palhaço rico. Certo é que o espetáculo não vai trazer nada de novo – por mais que queiram fazer acreditar que trará. As expetativas são de grande pateada a menos de metade do tempo do triste espetáculo. Mas nem aí o palhaço rico vai desistir de impingir e impor novamente o seu circo de quase horrores. (MM / PG)

Xanana mantém pasta estratégica no governo

O comunicado do Presidente da República timorense com o elenco do próximo Governo coloca Rui Araújo, primeiro-ministro, à cabeça, e no final da lista quem muitos dizem poderá continuar a ter a última palavra: Xanana Gusmão.

Primeiro-ministro demissionário, Xanana Gusmão deixa o comando do executivo mas a sua influência, quer no Governo quer no país, vai continuar a fazer-se sentir.

O cargo é amplo - ministro do Planeamento e Investimento Estratégico - e o seu mandato - faltando ainda conhecer a lei orgânica da pasta que tutela - é de importância crucial para Timor-Leste nos próximos anos.

O Plano de Desenvolvimento é um elemento central quer do programa do V Governo, que agora termina, como do próximo, que começa segunda-feira e por isso a influência sobre as linhas mestras da política governativa permanece nas mãos de Xanana Gusmão.

E com elas a condução de grande parte do investimento público nos próximos anos num país que continua a ter 90% do seu PIB dependente do Orçamento de Estado e grande parte da economia a viver da obra pública e dos salários dos funcionários públicos.

Rui Araújo é o homem das finanças públicas - pelo menos do seu conhecimento técnico, como o próprio Xanana Gusmão explicou na carta em que justificou aos partidos a escolha do seu sucessor - mas o ainda primeiro-ministro demissionário é o homem forte da política.

O próprio elenco governativo é demonstrativo da estratégia com que Xanana Gusmão conduziu as negociações para o que Rui Araújo definiu hoje como "um governo de unidade nacional". Sem que formalmente o seja.

Na prática conseguiu manter no seio do executivo membros de todos os partidos com representação parlamentar - o Orçamento de Estado já era aprovado há três anos com consenso - incluindo da que era, até aqui, a oposição da Fretilin (Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente).

A direção do partido insiste que esta configuração não marca a entrada da Fretilin, que os convites aos elementos do partido que estão no Governo são individuais mas, para o exterior, é difícil conseguir que essa mensagem seja aceite por todos.

Até porque além do primeiro-ministro estão da Fretilin no Governo outros nomes sonantes.

Estanislau da Silva acumula o cargo de ministro de Estado Coordenador dos Assuntos Económicos com o de ministro da Agricultura e Pescas, Hernâni Coelho assume o comando no Ministério dos Negócios Estrangeiros (onde substitui José Luis Guterres, que é líder da Frente Mudança, um dos três partidos que estava na coligação do Governo anterior) e Inácio Moreira, deputado, vai ocupar o cargo de vice-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.

Timor-Leste testa mais um modelo, com um Governo que une talentos partidários e vozes outrora concorrentes e onde pelo menos cinco elementos - um primeiro-ministro e quatro ministros de Estado - têm, pelo menos no organigrama, mais poder que o antigo chefe.

Lusa, em Notícias ao Minuto

ANA GOMES VAI INSISTIR NAS INVESTIGAÇÕES SOBRE PORTUGAL NOS VOOS DA CIA




A eurodeputada diz que tem muitos dados relativamente a eventual colaboração das autoridades portugueses nesses voos.

Luísa Meireles - Expresso

A eurodeputada socialista considera que a decisão do Parlamento Europeu de reabrir as investigações sobre os voos da CIA na sequência do relatório do Senado americano sobre o tema era "absolutamente indispensável" e que ela própria irá colaborar nesse trabalho e em especial no que diz respeito a Portugal.

"Fui uma das pessoas que se bateu por isso e não se pode ignorar que se as violações dos direitos humanos foram originalmente americanas não podiam ter sido operadas sem a cumplicidade de países europeus [cerca de 25, cujos nomes foram bloqueados pelo relatório do Senado americano]", disse ao Expresso a eurodeputada, que esta semana esteve envolvida numa polémica com a deputada socialista Isabel Moreira a também a propósito deste assunto.

No âmbito das suas investigações, Ana Gomes chegou a deslocar-se à Lituânia, em abril de 2012, tendo visitado uma prisão nos arredores de Vilnius onde se faziam esses interrogatórios. Outros países, como a Bulgária e a Roménia, ficarão sob "vigilância especial" nestas investigações.

"Do lado americano houve um assumir de responsabilidades, do lado europeu não se espera menos, os governos e os responsáveis terão de ser identificados", adiantou Ana Gomes, adiantando que vai prosseguir as investigações em relação a Portugal.

A investigação da Procuradoria-Geral da República, que foi arquivada, é uma das bases de trabalho de Ana Gomes, na medida em que "foram ouvidos como testemunhas militares portugueses, que reforçam a perceção da responsabilidade das autoridades, que colaboraram, sabendo o que faziam".

O primeiro voo para Guantánamo registado em Portugal foi a 11 de janeiro de 2002, tendo os voos prosseguido até ao Verão de 2006 (com autorização de paragem) e até 2007 só com autorização de sobrevoo, que eram dadas pelo Ministério da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.

Outro dos pontos que preocupa a eurodeputada e sobre o qual tenciona investigar tem a ver com a revelação feita pelo relatório do Senado deque muitos interrogatórios foram feitos em navios americanos estacionados em águas territoriais de países europeus. Ana Gomes pretende apurar se se registaram desses casos em Portugal.

Desta vez, as investigações do PE serão feitas sob a forma da nomeação de um relator, que terá a colaboração do trabalho colegial.

Cavaco Silva: FISGADA REACIONÁRIA NA GRÉCIA. UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ




Cavaco Silva pronunciou-se sobre a Grécia. Deu-lhe uma fisgada, como bom servidor do grande capital. A tendência permanente para tramar povos e acarinhar os senhores dos cifrões e das batotas prevaleceu e sobressaiu. Não fosse ser conhecido há tantos anos e por via dele Portugal estar tão escaldado e julgaríamos que quem estava a falar nas notícias televisivas era um demente qualquer. Um paranóico dos cifrões. Mas não. Desgraçadamente é o presidente da República Portuguesa, graças a uns palermas que foram no conto do vigário numas eleições cuja campanha foi generosamente comparticipada em doação do vigarista Ricardo Salgado do BES. À volta de Cavaco pairam ou pairaram uns quantos vigaristas. Que é coisa de que não se livra e lhe está colada à pele. Julgamento concluído por parte de maioria dos portugueses. Aguardemos pelo resto da parte de Cavaco... À espera que se espalhe. Cavaco e governo. Uma desgraça nunca vem só. (MM / PG)

Cavaco. "Muitos milhões de euros saíram da bolsa dos portugueses para a Grécia"

Luísa Meireles - Expresso

Presidente da República diz que Portugal transferiu para a Grécia 1100 milhões de euros. "A Grécia não pode fazer o que bem entende."

Cavaco Silva disse esta quarta-feira que Portugal tem vindo a demonstrar solidariedade em relação à Grécia, a qual em termos financeiros significou a saída de muitos milhões de euros da "bolsa dos contribuintes portugueses".

"Portugal tem vindo a demonstrar solidariedade em relação à Grécia para que ela permaneça na zona do Euro. Além do empréstimo que fizemos à Grécia de cerca de mil e 100 milhões de euros [no âmbito do primeiro resgate a este país], Portugal tem vindo a transferir para a Grécia o produto do juros das obrigações na posse do Banco de Portugal, o que significa muitos milhões de euros que saem da bolsa dos contribuintes portugueses", afirmou o Presidente da República, ao comentar a reunião do Eurogrupo que abordará as propostas do novo Governo grego.

Segundo a imprensa grega, estas propostas constituem um "programa de ponte", assente em quatro eixos: 10 novas reformas; excedente primário orçamental de 1,49% em 2015; trocas de dívida; e plano de emergência humanitária.

"A Grécia não pode fazer o que bem entende"

Cavaco Silva afirmou ainda que "a Grécia não pode fazer o que bem entende" e que a coordenação de políticas na zona euro implica que os Estados-membros se coordenem, porque "as economias estão interligadas e o que cada um faz influencia os outros".

O Presidente, que falava à margem de uma cerimónia pública em Lisboa, disse ainda que tinha "esperança que o Governo grego continue a corrigir as suas posições" e que a Grécia não "podia fugir às suas responsabilidades".

"A palavra solidariedade tem de estar sempre ao lado da responsabilidade", disse ainda o Presidente, que considerou que Portugal em particular tem sido solidário para com a Grécia, tendo transferido para aquele país 1100 milhões de euros.

O chefe de Estado assinalou porém que há muito tempo que considerava que a União Europeia podia "fazer melhor" quanto a uma agenda de crescimento e redução do desemprego.

O Presidente referia-se em particular à possibilidade dos países com mais margem de manobra orçamental poderem fazer políticas mais expansionistas, que compensem os que não a têm.

Ainda sobre a situação na Grécia, Cavaco afirmou que o exemplo grego mostrou que quando se fala em reestruturação da dívida, os custos recaem sobre os mais frágeis.

Guiné-Bissau: “Nação guineense tem-se pronunciado a uma só voz, visando um único propósito”



PM em visita ao Gana

Bissau – O Primeiro-ministro da Guiné-Bissau defendeu esta segunda-feira, 9 de Fevereiro, no Gana, que a nação guineense tem-se pronunciado a uma só voz e visando um único propósito.

No seu discurso de abertura da reunião preparatória da conferência de doadores sobre o país, agendada para o final de Março em Genebra, Domingos Simões Pereira disse ter sido sentido que os guineenses são capazes de definir uma visão de médio e longo prazo e estabelecer uma estratégia inclusiva para a sua construção.

«As apresentações que mais tarde propomos deverão situar todos sobre a actualidade política, económica e social do país», informou, tendo destacado ainda os ganhos, que mesmo importantes são ainda relativos.

Neste sentido, o Chefe do Governo guineense disse precisar de confirmar e consolidar estes ganhos através de reformas estruturantes, potenciar o crescimento económico e fortalecer as bases para um diálogo e entendimento social alargado.

«A clareza das opções que assumimos e os fundamentos para alavancar esta edificação são a paz e a boa governação, ambiente de negócios, infra-estruturas e desenvolvimento urbano, humano e a biodiversidade, tendo como pilares de sustentação os motores de crescimento, designadamente a agro-indústria, as pescas, o turismo, as minas, a energia e os serviços numéricos, na perspectiva de prosperidade partilhada para um desenvolvimento durável», disse Simões Pereira.

Optimista no desenvolvimento do país, Simões Pereira disse que este é o momento da Guiné-Bissau, que em conjunto pode ser transformada com os seus parceiros.

«Este é para nós o momento da Guiné-Bissau, podemos, juntos, transformar a Guiné num verdadeiro caso de sucesso combinado e partilhado por todos os amigos e parceiros», referiu.

Para que isso aconteça, o Chefe do Executivo guineense disse que devem ser criadas condições de segurança e estabilidade e de realização de importantes investimentos, tanto de natureza financeira como no capital humano e no acompanhamento de toda a implementação do programa.

«Deverão ainda ser criadas condições objectivas para a atracção do investimento privado que permitirão o devido enquadramento do género e o fomento do emprego jovem, entre outros importantes programas», apelou.

Sobre a Mesa Redonda, Simões Pereira destacou a sua importância para qualquer país, sendo que no caso da Guiné-Bissau pode ser determinante para o futuro de toda uma região.

«A realização de uma Conferência de Doadores para qualquer país é sempre um momento muito importante. No caso da Guiné-Bissau ela pode ser determinante para o futuro de todo um país, de todo um povo e talvez mesmo de toda uma região», disse.

Relativamente ao encontro de Accra, Simões Pereira sublinhou que este mecanismo de diálogo é encarado com enorme expectativa pelo seu Governo na sua estratégia de mobilização de recursos externos para o financiamento do processo de estabilização e de desenvolvimento, tendo solicitado o indispensável apoio de todos os parceiros multilaterais e bilaterais para o seu sucesso.

«Apresentamo-nos em Accra com o intuito de reforçar o processo de construção de uma parceria séria e robusta e estamos animados pelos vários desenvolvimentos mais recentes no país», sublinhou.

Neste sentido, Simões Pereira destacou a aprovação do programa do Governo e o Orçamento Geral do Estado, pela unanimidade dos membros do Parlamento, o início da implementação da reforma do sector de defesa e segurança, particularmente com o apoio da CEDEAO, através da ECOMIB, a absoluta adesão de todos os órgãos de soberania nacional à nova visão estratégica para o desenvolvimento do país, a paulatina restauração da autoridade do Estado, nomeadamente pela submissão inequívoca das instâncias militares ao poder político.

O país vive, hoje, um novo ciclo político cuja visão estratégica coloca o enfoque no fortalecimento do Estado, na normalização da vida pública, garantia de estabilidade social, reconstrução económica e combate à pobreza.

Domingos Simões Pereira regressou ao país na tarde desta terça-feira, 10 de Fevereiro.

(c) PNN Portuguese News Network - Bissau Digital

Presidente da Guiné-Bissau promete ser "soldado" na luta pelos direitos das mulheres




O Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, prometeu hoje ser "um soldado" ao lado das mulheres na reivindicação por mais direitos e por uma maior intervenção na vida pública.

"Podem contar com o Presidente da República como mais um soldado da vossa trincheira nessa justa luta contra a discriminação social com base no género", referiu o chefe de Estado numa cerimónia, num hotel da capital, ao receber a Declaração de Canchungo.

O documento foi redigido por organizações femininas da sociedade civil guineense e contém 16 propostas para permitir uma maior participação das mulheres na política e garantir-lhes mais direitos.

Entre as sugestões está "uma lei de quotas mínimas de 40% para assegurar uma representação significativa das mulheres nas instâncias de tomada de decisão, sobretudo no parlamento e no governo" - um pedido que José Mário Vaz considerou modesto, tendo em conta que o sexo feminino representa "mais de metade da população".

O Presidente da República destacou também outros aspetos.

"Não se pode considerar de exigente [o pedido feito] quando as nossas companheiras solicitam que a lei contra a violência doméstica seja rigorosamente cumprida" ou quando pedem "a nossa comparticipação nalgum trabalho", exemplificou.

José Mário Vaz disse contar "e muito" com as mulheres na dinamização da economia guineense, que passa por um momento "difícil", referiu.

A Declaração de Canchungo recebeu o nome da cidade do Norte do país em que foi escrita, após um encontro de reflexão sobre a igualdade de género, realizado em outubro de 2014 e financiado pelo Gabinete Integrado da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS).

Marco Carminagni, representante especial adjunto do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, recordou o fundador da pátria, Amílcar Cabral, que "mobilizou indistintamente homens e mulheres" na luta pela independência do país.

Apontou-o como fonte de inspiração para que as autoridades promovam "estratégias efetivas" que levem a Declaração de Canchungo à prática.

"Neste novo período que vive o país, não poderá haver espaço para retrocessos", acrescentou.

Na cerimónia de hoje participou também o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira e vários membros do governo, para além de representantes de outros órgãos de soberania e parceiros internacionais.

Lusa, em Notícias ao Minuto

HISTÓRIAS DE FEVEREIRO - III



Martinho Júnior, Luanda (textos anteriores)

7 – 54 anos depois do 4 de fevereiro de 1961, a memória dessa tão decisiva data obriga-nos a profundas reflexões sobre os conteúdos humanos do Movimento de Libertação em África, onde se inscreveu toda a trajectória do MPLA, aos conteúdos do que hoje considero a lógica com sentido de vida, no âmbito da paz, da democracia e da luta contra o subdesenvolvimento crónico e histórico que em África, também em Angola, se arrasta desde um remoto passado.

Na qualidade de Antigo Combatente e Veterano da Pátria considero que o que foi feito então, teve continuidade ao longo dum tão heróico quão sacrificado percurso, envolvendo um amplo compromisso de várias gerações e isso implica hoje a necessidade de rigor, de responsabilidade e de compromisso patriótico, como então ocorreu, com o início da luta armada.

De facto Angola está numa fase de Reconstrução Nacional, de Reconciliação e de Reinserção Social, na construção dum estado que tem imensas responsabilidades humanas e históricas, um estado que merece atenção constante dos patriotas, que também não podem esquecer os obstáculos, os riscos e as ameaças que sobre ele impendem, em época de capitalismo neo liberal com tão significativos impactos no carácter contemporâneo das sociedades e nos cenários típicos da globalização.
  
8 – O início do ano lectivo em Angola ocorre precisamente a 4 de fevereiro e por isso as questões que se prendem à infância, à educação e ao ensino, fazem parte das nossas pertinentes reflexões, condizentes com a ocasião e as imensas preocupações e insentivos que em conformidade a memória da data nos obriga, a todos nós, patriotas angolanos, pois ela é inspiradora para o presente, como sê-lo-á para o futuro.

Isso é tanto mais importante quanto os compromissos do estado angolano perante a sociedade obrigam a quem o integra a servi-lo e não cair alguma vez na tentação de dele se servir, tal como a toda a sociedade obriga a ter a percepção dum relacionamento saudável com esse estado, uma harmonia que implica a prestação justa de contas, assim como o direito ao respeito que ele historicamente merece!

Um dos aspectos essenciais no que se reporta à infância, à educação e ao ensino, refere-se à luta contra o analfabetismo, pela escolaridade, pela qualidade do ensino que se pratica, pelo esforço de aprendizagem a que todos os angolanos se devem propor, em particular no que diz respeito ao empenho das futuras gerações, assim como ainda pela pedagogia que deve nortear todos os actos que se revelam nesse tão vasto quão precioso processo.

Aos dirigentes, aos professores, aos pedagogos, às famílias e a todas as outras entidades, ou classes profissionais participantes no amplo sistema de infância, educação e ensino, o processo de servir as presentes e futuras gerações, está comprometido pelo espírito do 4 de fevereiro, a data do início da luta armada e do processo histórico que daí se estende até aos nossos dias, por causa do imenso resgate que há a realizar.
  
9 – A produção e distribuição gratuita de livros escolares da pré até à 6ª classe, compromisso público do estado angolano perante o universo de alunos que a cada ano lectivo frequentam o ensino primário de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste, não está a merecer ao que tudo indicia, o esforço patriótico que é devido, nos termos do espírito do 4 de fevereiro!

Se levarmos em conta por exemplo, que haverão 600.000 alunos no ensino pré e primário e cada um dever receber 10 livros de suporte por cada ano lectivo em função dos programas escolares e dos acordos de edição e distribuição em curso, a cada ano deveria produzir-se um número que se aproximaria dos 6.000.000 de livros, o que quer dizer que, de há 6 anos a esta parte, deveriam ter sido produzidos e distribuídos gratuitamente cerca de 36.000.000 de exemplares das diversas disciplinas que foram curricularmente consideradas…

Os números reduzidos dos livros editados, produzidos e distribuídos, ao estarem longe das exigências estatísticas de cada ano lectivo, possibilitam enormes contrapartidas em termos de recebimentos excedentários de pagamentos, em benefício de quem tutela as gráficas e as editoras-distribuidoras, uma entidade que controla efectivamente todo um processo que ainda por cima lhe possibilita colocar à venda no “mercado informal”, milhares de livros que naturalmente têm imensa procura, sem chegar alguma vez “para as encomendas”, contrariando o enunciado pelo próprio estado!

Enquanto o estado angolano, a cada ano que passa, se compromete publicamente a distribuir gratuitamente os livros escolares por todo o universo estudantil da primária, da pré à 6ª classe, quem tutela as gráficas e as editoras-distribuidoras, ao não haverem mecanismos de investigação e controlo sobre os seus procedimentos, indiciam ter passado a ter um só fito, que põe em causa ética e moral: a arrecadação de enormes quantidades de dinheiro correspondentes a pagamentos de livros que não chegaram a ser produzidos, com a agravante de vender uma parte do pouco que o foi, o que redunda em imensos prejuízos para o processo de formação, educação e ensino de centenas de milhares de crianças que mereciam toda a justiça e vontade patriótica em seu tão legítimo benefício!
  
10 – Viver enquanto Antigo Combatente e Veterano da Pátria este 4 de fevereiro de 2015, implica levantar esta questão tão humanamente sensível, apelar publicamente para quem zela efectivamente pelos interesses de centenas de milhar de crianças angolanas, para quem zela pela sua formação, educação e ensino, para quem zela pelos interesses do estado angolano (que ao que tudo deixa entender está a ser sistematicamente defraudado nos seus melhores propósitos), para quem zela pela coerência sócio-política perante milhões de pessoas que constituem os lares e as comunidades a que pertencem esses alunos, para quem zela pelo presente e pelo futuro deste país e de todo o seu heróico povo!

A Assembleia Nacional deveria debruçar-se imediatamente sobre este assunto tão melindroso, quão pertinente, deveria produzir investigações, inquéritos, auditorias e avaliações, pois assiste-lhe toda a legitimidade ética, moral, política e democrática para tal!

Aqueles que se servem, no vasto sistema de educação e ensino, do estado angolano, em função dos indícios de cada ano logo no início das sucessivas aberturas da época escolar, apenas para seus interesses egoístas, ou de sua presunção ou de sua arrogância, devem ser desmascarados e sua acção completamente neutralizada no que efectivamente tiver de nocivo, por que o estado angolano e toda a sociedade devem ser respeitados e servidos ao nível do espírito patriótico do 4 de fevereiro e do que nos ensinou na universidade da vida o Movimento de Libertação em África e nele o MPLA!  

*Foto do monumento ao 4 de fevereiro no Cazenga, em Luanda

Angola: País vive momento de grande estabilidade política e social – Eduardo dos Santos




O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, afirmou hoje que o país vive um momento de grande estabilidade política e social e as instituições do Estado funcionam normalmente, o que tornou desnecessária a consulta, antes, aos membros do Conselho da República.

Discursando na 31ª reunião do Conselho da República, salientou que o Executivo aprovou uma estratégia para fazer face à situação económica actual, que contém as bases gerais em que assenta a Revisão do OGE para 2015, aprovado em Dezembro pela Assembleia Nacional.

O estadista precisou que convidou o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Edeltrudes Costa, o Governador do Banco Nacional de Angola, José Pedro de Morais, e o ministro das Finanças, Armando Manuel, para que estes últimos apresentem uma breve informação sobre a situação económica e financeira do país e as orientações adoptadas pelo Executivo.

“Diz-se que uma cabeça pensa bem, mas duas podem pensar melhor. Estamos aqui porque acho que todos os angolanos devem enfrentar a situação juntos e tenho a certeza que vamos ultrapassá-las com êxito”, advogou José Eduardo dos Santos.

De acordo com o Presidente da República, a queda significativa do preço do petróleo no mercado internacional, que se verifica desde Novembro, “tem afectado sobremaneira as receitas do Estado”, prevendo-se que o contributo do sector dos petróleos para as receitas do Orçamento Geral do Estado (OGE), que em 2014 foi de cerca de 70 porcento, seja este ano apenas de 36,5 porcento.

“Diminuiu assim enormemente a capacidade do Executivo de realizar despesas públicas e de financiar a economia. Se esta situação não for devidamente controlada e o país convenientemente orientado podemos afectar as bases em que assenta a sua estabilidade económica e social”, precisou.

“Espero que a vossa participação nesta reunião corresponda à expectativa criada a volta dela ao nível da opinião pública e que os participantes contribuam com sugestões ou recomendações válidas para apoiar as entidades competentes do Estado no cumprimento da sua missão, nesta fase de dificuldades económicas e financeiras que Angola atravessa”, salientou o Chefe de Estado.

Angop, em O País (ao)

ANGOLA EXTRAIU QUASE 10 MILHÕES DE QUILATES DE DIAMANTES EM 2014




A extração de diamantes em Angola rendeu mais de 1,6 mil milhões de dólares em 2014, em quase dez milhões de quilates, indicam dados do Ministério da Geologia e Minas a que a Lusa teve hoje acesso.

Os números, ainda provisórios, dividem a produção total entre as componente industrial, de exportação, e a artesanal, em que pequenos garimpeiros são autorizados, sob licença do Estado, a fazer a extração.

Do total da extração angolana, 8,75 milhões de quilates da produção industrial seguiram para exportação, num volume global de 1,308 mil milhões de dólares (1,15 mil milhões de euros). Cada quilate (equivalente a 0,2 gramas) destes diamantes foi vendido, em termos médios, a cerca de 150 dólares (132,5 euros).

Já a atividade artesanal, de acordo com os mesmos dados do Ministério da Geologia e Minas, garantiu em 2014 uma produção global de 934.506 quilates, que por sua vez renderam 332.202.648 dólares (293,6 milhões de euros).

Cada quilate de produção artesanal rendeu 355 dólares (313,8 euros) no ano passado.

Depois do petróleo, os diamantes são a principal fonte de receita em Angola, sendo o país o quinto maior produtor mundial de diamantes.

A produção angolana representa 8,1% do valor global mundial e a mina de Catoca, no interior norte de Angola, é a quarta maior do género no mundo.

O administrador da concessionária diamantífera angolana Endiama assumiu em janeiro que está para breve a descoberta no país de uma nova mina de diamantes de grande dimensão, face aos resultados dos estudos já realizados.

Segundo o presidente do conselho de administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), Carlos Sumbula, estão em curso em Angola estudos de prospeção de kimberlitos (campos com uma espécie de rocha magmática com diamantes) e aluviões, em conjunto com outros parceiros.

"Podemos dizer que os indícios que estamos a encontrar indicam que acabaremos por descobrir uma mina importante", disse o presidente do conselho de administração.

Carlos Sumbula acrescentou que os estudos já realizados, em conjunto com parceiros da Endiama, concluíram que os kimberlitos mineralizados e os diamantes explorados ao longo dos últimos cem anos - a exploração iniciou-se ainda no período colonial português - representam apenas uma pequena parte do potencial do país.

"A certeza de descobrir uma mina importante é cada vez maior, quando olhamos para o estudo que a Endiama fez com o Alrosa que demonstrou que o subsolo angolano tem kimberlitos importantes e bem mineralizados", sublinhou.

A Endiama assinou em 2013 um acordo com a empresa russa Alrosa, para prospeção de diamantes em Angola, tendo em conta estimativas iniciais que apontam para que apenas 10% das reservas angolanas são conhecidas.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique: Surto de cólera mata 19 pessoas em zonas afetadas pelas chuvas




Dezanove pessoas morreram no centro e norte de Moçambique devido a um surto de cólera nas províncias afetadas pelas chuvas e mais de 1.600 casos da epidemia foram confirmados, informaram as autoridades moçambicanas, citadas hoje na imprensa local.

Falando aos jornalistas momentos após a reunião do Conselho de Ministros, na terça-feira em Maputo, o vice-ministro da Saúde e porta-voz do Governo, Mouzinho Saide, disse que, além da higiene pessoal e coletiva, o surto de cólera no norte e centro de Moçambique está associado à época do verão, propícia à ocorrência da doença e ainda ao deficiente saneamento público, que foi destruído pelas chuvas.

o total, segundo o porta-voz, foram registados 1.671 casos confirmados nas províncias de Nampula, a mais afetada pelo surto, com 800 casos, Niassa e Tete, no norte e centro de Moçambique, que resultaram em 19 mortes.

Mais de 150 pessoas morreram em consequência das cheias, que assolam Moçambique desde 12 de janeiro.

"O nível das águas está agora a cair na bacia do Zambeze. Há também um declínio no nível da bacia do Licungo [na província da Zambézia], mas ainda há áreas inundadas, na bacia do Rovuma [na fronteira com a Tanzânia] e o nível está a subir ligeiramente", alertou o porta-voz do Governo moçambicano, assegurando que as autoridades estão a levar a cabo medidas para o controlo do surto de cólera.

Embora os prejuízos associados às inundações não sejam ainda conhecidos, estima-se que mais de 177 mil pessoas tenham sido atingidas pelas calamidades e mais de 19 mil casas totalmente destruídas.

As chuvas causaram a destruição de várias infraestruturas, nomeadamente escolas e pontes, com destaque para o desabamento da ponte sobre o rio Licungo, em Mocumba, na província da Zambézia, que deixou intransitável a Estrada Nacional Número 1, a única que liga o sul e centro ao norte de Moçambique.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique: Governo de Filipe Nyusi é despesista como dos seus antecessores



Emildo Sambo – Verdade (mz), em Tema de Fundo

O Governo recém-formado não é prático, não responde ao desiderato de conter o despesismo na Administração Pública e foi, à semelhança dos anteriores executivos, formado “no meio de muita pressão do partido de que o Presidente da República, Filipe Nyusi, faz parte”, sem ter em conta os problemas do país. Quem o diz é Gilles Cistac, professor catedrático de Direito Constitucional e director-adjunto para a investigação e extensão na Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

Segundo o nosso entrevistado, o actual Executivo podia ter sido reduzido ainda mais para evitar o dispêndio que um ministério acarreta, pois é “um aparato administrativo extremamente pesado”, que para além do “ministro, vice-ministro, secretário permanente, assessor do ministro, director nacional” e demais re-partições, incluem-se outras ramificações a nível local, as quais dependem de dinheiro para funcionar “que devia ser direccionado para outros sectores ainda problemáticos, tais como o da Saúde e da Educação”.

Se Filipe Nyusi deu um tiro no próprio pé no que tange à promessa de combate ao despesismo, perguntámos a Gilles Cistac qual seria, então, o número ideal de ministérios, em Moçambique, tendo este dito que a resposta não é simples como parece. É preciso que as principais dificuldades que o país enfrenta sejam bem estudadas. Aliás, o constitucionalista entende que o Chefe de Estado formou a sua máquina a pensar nos obstáculos de outras nações.

“O Estado não pode pensar que os seus problemas sejam iguais aos de outros Estados. A luta contra a pobreza, por exemplo, que é o principal objectivo, não é prioridade para os estados europeus. Não é porque temos um Ministério do Turismo em Portugal que em Moçambique vamos ter esta instituição. O erro é pensar na estrutura governativa a olhar para fora. Não é preciso replicar em Moçambique o que existe fora. É preciso saber o que é necessário para nós e construir uma estrutura necessária para a resolução dos problemas (...)”, explicou-se o constitucionalista.

Segundo Gilles Cistac, os ministérios dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, da Defesa Nacional, do Interior, da Economia e Finanças, da Educação e da Saúde, são imprescindíveis para um país e devem, obrigatoriamente, existir, mas continuam despesistas. “Temos, por exemplo, uma vice-ministra (Janete Mondlane) dos Negócios Estrangeiros e Cooperação que ninguém sabe o que vai fazer”. Ele declarou não estar a favor da existência de ministros e vice-ministros, mas, sim, de um secretário de Estado, muito técnico, especializado e prático para tratar de assuntos de desenvolvimento do país.

Em relação ao Ministério dos Combatentes, o nosso interlocutor considera que é uma despesa desnecessária, porque esta instituição só serve para pagar pensões aos antigos combatentes e tratar de algumas situações sociais das famílias deste grupo. “Será que para fazer isso é preciso ter um ministério?”, questionou Gilles Cistac, para quem a resposta é “não”. E sugeriu que a instituição podia ser uma direcção no Ministério da Defesa Nacional ou das Finanças para tratar dos mesmos assuntos e poupar-se-iam custos.

De acordo com o nosso entrevistado, o Alto Magistrado da Nação não conseguiu reduzir o despesismo de forma eficaz devido a lobbies muito fortes dos antigos combatentes na Frelimo e na Presidência da República. A par de outros governantes, Filipe Nyusi não pôde evitar a criação deste ministério que “é uma oportunidade política e não racional”.

Na óptica de Gilles Cistac, o Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos é também desnecessário, visto que o acesso à justiça é assegurado pelo Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ), que pode funcionar sem este organismo do Estado. A formação dos magistrados é feita por uma escola especializada, sita na Matola, que também podia funcionar sem a entidade chefiada por Abdurremane de Almeida. “Hoje, o Ministério da Justiça só serve como assessor do Governo e para tratar dos assuntos religiosos. Podia haver um gabinete legal a nível do Primeiro-Ministro para tratar destes assuntos”.

O Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social faz um trabalho que é assegurado pela Inspecção do Trabalho, segundo o nosso interlocutor, que acrescentou que o Ministério da Juventude e Desportos nem sequer tem um fundo para erguer infra-estruturas.

 “O jovem Alberto Nkutumula vai, tal como os seus antecessores, assistir a reuniões e eventos desportivos, mas não vai investir em nada. Quando era vice-ministro eu não sabia o que estava a fazer. Praticamente, a ministra concentrava todos os poderes e ele era, por vezes, chamado para dizer uma e outra coisa, era porta-voz do Governo, ia a alguns eventos para cortar uma fita e não mais do que isso. Não há nenhum indicador do desempenho do vice-ministro nem uma lista de competências sobre as suas actividades”, disse o constitucionalista.

No que diz respeito à instrução, Cistac entende que a área da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional devia estar sob tutela do Ministério da Educação para esta ter uma visão consistente do Sistema Nacional da Educação e não tratar apenas do ensino primário e pré-universitário. “Foi um erro dividir estas duas instituições. E a ciência é feita pelas universidades”.

À luz do artigo 103, número 01, “na República de Moçambique a agricultura é a base do desenvolvimento nacional”. Porém, este sector ainda não é prioridade para o país, indicou Cistac, acrescentando que desde a segunda Constituição, em 1994, há ausência de uma política pública agrícola séria, consistente e com investimento necessário.

De acordo com o nosso entrevistado, este é um sector sem estratégia, que funciona com base em planos abstractos, cuja implementação é imposta a alguns distritos, o que marginaliza as potencialidades locais. E recordou que políticas como a revolução verde, produção de jatrofa e a estratégia de produção de alimentos foram um fiasco. O ProSavana é um programa sem consenso porque as populações não foram consultadas nem receberam as devidas explicações sobre o que se pretende com o mesmo.

Moçambique: DEPUTADOS DA RENAMO TOMAM ASSENTO HOJE À TARDE




Os deputados eleitos da Renamo para a Assembleia da República vão tomar assento hoje quarta-feira, a partir das 15 horas. São 89 deputados eleitos nas eleições gerais de 15 de Outubro de 2014, que não tomaram assento no dia 12 de Janeiro por causa das ameaças de Afonso Dhlakama, líder da Renamo.

De referir que amanhã, quinta-feira, está agendado o arranque da sessão extraordinária da Assembleia da República convocada pela presidente daquele parlamento, Verónica Macamo.

O País (mz)

Moçambique: RENAMO PEDE PROLONGAMENTO DA MISSÃO DE OBSERVADORES MILITARES




A missão da equipa de observadores do fim das hostilidades militares acaba daqui a duas semanas, mas ainda não cumpriu os principais objetivos, critica o maior partido da oposição em Moçambique.

Daqui a cerca de 13 dias termina a missão da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM). Ela tinha por objetivo monitorar a implementação do acordo assinado entre a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Governo a 5 de setembro de 2014. À luz do acordo, ratificado pelo Parlamento, o executivo pode prorrogar o prazo, de 135 dias.

Até agora, a missão ainda não conseguiu concluir os seus objetivos, embora tenha criado algumas bases para tal, diz Eduardo Namburete, membro da delegação da RENAMO nas negociações com o Governo da FRELIMO. Em entrevista à DW África, Namburete defende a necessidade de prolongar a atividade da missão.

DW África: A RENAMO vai pedir o prolongamento desta missão?

Eduardo Namburete (EN): Queremos a prorrogação do prazo da missão, porque os seus objetivos ainda não foram cumpridos. O processo de integração das forças residuais da RENAMO ainda não começou. Uma das tarefas desta missão é precisamente fazer o acompanhamento e monitoria de todo esse processo, assim como a reintegração daqueles que não vão fazer parte das forças na vida civil. Nada disto foi feito até agora.

DW África: A RENAMO e Governo da FRELIMO ainda não chegaram a acordo em relação a esse ponto. Foi definido um prazo para chegar a um entendimento?

EN: Quer o Governo, quer a RENAMO têm consciência de que este assunto deve ser concluído o mais rápido possível. No entanto, ainda não há consenso sobre como este processo deve ser conduzido. Por um lado, o Governo diz que está disponível a integrar os homens, bastando para tal que a RENAMO entregue as listas. Por outro lado, nós, RENAMO, dizemos que não basta entregar as listas, também gostaríamos de saber como o processo de integração será efetuado. É preciso que se produza um documento que indique os passos a seguir para a efetiva integração das forças residuais da RENAMO, tanto na polícia como nas Forças Armadas.

DW África: A missão deveria ter feito o trabalho em duas fases, tendo em conta a necessidade desse acordo entre o Governo e a RENAMO?

EN: Nós estávamos confiantes que, depois da assinatura do acordo de cessação das hostilidades entre o antigo Presidente Armando Guebuza e o presidente Afonso Dhlakama, não faltaria mais nada a não ser este aspeto técnico, a produção de um documento que seria um modelo de integração para que se começasse efetivamente esse processo. Infelizmente, não se verificou esse nosso positivismo de que isso poderia ser feito num curto de espaço de tempo. Daí que, passado todo este período, continuamos sem ter este instrumento vital, que vai orientar todo o trabalho.

Mas há a consciência de ambas as partes de que o processo deve encerrar o mais cedo possível. Por isso, acredito que vamos encontrar um caminho para que este assunto seja efetivamente solucionado em breve. Espero que os observadores militares estejam ainda disponíveis para acompanhar este processo.

DW África: Em termos práticos, qual a avaliação que faz do trabalho desta missão no terreno?

EN: Praticamente, a missão ainda não fez nada, no que diz respeito aos seus objetivos. Porque a sua principal tarefa era monitorar a implementação do acordo e uma das coisas visíveis dessa implementação seria justamente a integração das forças residuais da RENAMO. Os observadores criaram apenas a base para se poder efetuar este trabalho.
Nádia Issufo – Deutsche Welle

NOVO GOVERNO TIMORENSE APROVADO À REVELIA DA DEMOCRACIA - o elenco




PM indigitado de Timor-Leste diz que o seu Governo foi aprovado

Díli, 11 fev (Lusa) -- O primeiro-ministro indigitado de Timor-Leste, Rui Araújo, disse hoje que a sua proposta para a composição do novo Governo foi aceite pelo chefe de Estado e que o executivo tomará posse na próxima segunda-feira.

O anúncio foi feito à saída de uma reunião de uma hora que Rui Araújo manteve no Palácio Presidencial com Taur Matan Ruak em Díli.

Em declarações aos jornalistas disse sentir-se "honrado" por liderar "um Governo que é de inclusão nacional", cuja composição foi alcançada "por consenso".

Rui Araújo remeteu informação adicional sobre o elenco governativo, incluindo o número e elementos, para uma conferência mais tarde, ainda sem data marcada.

Com a tomada de posse na tarde de segunda-feira (hora local), arranca oficialmente o sexto Governo Constitucional que ficará responsável pelos destinos de Timor-Leste até às eleições de 2017.

Membro do Comité Central da Fretilin, Rui Araújo foi, no passado 'estafeta' das comunicações do então líder da resistência timorense, Xanana Gusmão, e passará a liderar um executivo onde comandará o líder histórico timorense.

"É uma honra e privilégio fazer isso. Não por uma questão de honra pessoal ou de prestígio pessoal, mas por servir a causa e o povo", afirmou.

ASP // JCS

VI Governo constitucional timorense terá 38 elementos - oficial

Díli, 11 fev (Lusa) - O VI Governo Constitucional de Timor-Leste, que toma posse na sexta-feira em Díli e que vai ser liderado pelo primeiro-ministro Rui Maria Araújo terá um total de 38 elementos, com quatro ministros de Estado, três dos quais acumulam funções.

A lista dos membros do Governo foi hoje comunicada pelo primeiro-ministro indigitado, Rui Maria Araújo, que se encontrou com o chefe de Estado, Taur Matan Ruak.

O novo executivo vai tomar posse na próxima segunda-feira, numa cerimónia prevista para as 15:00 locais (06:00 em Lisboa) no Palácio de Lahane nos arredores de Díli.

"O Presidente da República Taur Matan Ruak recebeu hoje o primeiro-ministro indigitado Rui Maria de Araújo, que apresentou proposta de constituição do Governo, nos termos do art. 106.º, n.º 2 da Constituição", explica uma nota da Presidência da República.

"O chefe de Estado aceitou a proposta apresentada para a constituição do Governo", explica o comunicado que divulga o elenco do Governo, explicando que os membros do executivo serão "oportunamente, nomeados por Decreto Presidencial a publicar no Jornal da República".

Este é o elenco do VI Governo Constitucional de Timor-Leste divulgado hoje pela Presidência do República.

Primeiro-ministro - Rui Maria Araújo
Ministros de Estado (4)
e da Presidência do Conselho de Ministros - Agio Pereira
e Coordenador de Assuntos Sociais - Fernando La Sama de Araújo
e Coordenador de Assuntos Económicos - Estanislau da Silva
e Coordenador de Assuntos da Administração Interna - Dionísio Babo
Ministros (15)
Administração Interna - Dionísio Babo (acumula)
Agricultura e Pescas - Estanislau da Silva (acumula)
Comércio, Industria e Ambiente - António da Conceição
Defesa - Cirilo Cristóvão
Educação - Fernando La Sama Araújo (acumula)
Finanças - Santina Cardoso
Interior - Longuinhos Monteiro
Justiça - Ivo Valente
Negócios Estrangeiros - Hernâni Coelho
Obras Públicas, Transporte e Telecomunicações - Gastão Sousa
Planeamento e Investimento Estratégico - Xanana Gusmão
Petróleo - Alfredo Pires
Saúde - Maria do Céu Pina da Costa
Solidariedade - Isabel Amaral Guterres
Turismo, Arte e Cultura - Francisco Kalbuady Lay
Vice-Ministros (10)
Agricultura e Pescas - Marcos da Cruz
Comércio, Industria e Ambiente - Constâncio Pinto
Educação - Abel Ximenes
Educação - Dulce de Jesus Soares
Finanças - Helder Lopes
Negócios Estrangeiros - Roberto Sarmento de Oliveira Soares
Obras Públicas, Transporte e Telecomunicações -Inácio Moreira
Obras Públicas, Transporte e Telecomunicações - Januário Pereira
Saúde - Ana Isabel Soares
Solidariedade - Miguel Manetelu
Secretários de Estado (11)
Arte e Cultura - Maria Isabel Ximenes
Administração Interna - Tomás Cabral
Administração Interna - Samuel Mendonça
Assuntos Parlamentares - Maria Terezinha Viegas
Comunicação Social - Nélio Isaac Sarmento
Conselho Ministros - Avelino Coelho
Fortalecimento Institucional - Francisco Borolaku
Juventude e Desporto - Leovigildo Hornai
Justiça - Jaime Xavier
Política Formação Profissional e Emprego - Ilídio da Costa Ximenes
Promoção da Igualdade - Veneranda Lemos

ASP // VM

*Título PG

Portugal: A DROGA E OS SUBMARINOS



Miguel Guedes – Jornal de Notícias, opinião

Se há algo que resulta claro e evidente desta semana política é que arrecadar receita através da legalização e despenalização das drogas leves, à semelhança das boas experiências de outros países, não consta do programa da troika em Portugal.

É coisa que não interessa. Isto de questões fracturantes só na economia que não se liga aos costumes ou aos dogmas. A especulação, essa, é limpinha. Caso contrário, seria impensável assistir ao desmentido público de Passos Coelho a Paula Teixeira da Cruz, apressando qual submarino-furacão, a contrariar a opinião da ministra da Justiça sobre a óbvia vantagem de fazer o transporte do tráfico de drogas para a economia legal das taxas e dos impostos, desmantelando o tráfico ou enfraquecendo-o, parando de tratar consumidores ou cultivadores como criminosos, sustendo a fraude fiscal e o branqueamento de capitais.

Se há assunto de que o PSD não quer ouvir falar, desde que votou contra a lei da descriminalização do consumo em 2001 (actualmente em vigor), é debater seriamente uma questão que continua a ser um grande problema. E, neste caso, uma oportunidade para o ajuste das contas, olhando para e tratando da saúde pública, separando os consumos de risco, evitando a tão propalada (embora discutível) "espiral do consumo", criando regras para o cultivo, venda e compra de drogas leves, monitorizando consumos com respeito pela liberdade individual, subtraindo do espectro dos narcotraficantes aqueles que têm o direito de tratar ou acompanhar paliativamente as suas doenças (como a esclerose múltipla, Alzheimer, cancro, glaucoma, migrânea, epilepsia, entre outras doenças normalmente crónicas), com metodologias alternativas e cientificamente adoptadas noutros países (e até em Portugal, com a boa vontade, compreensão e auxílio de parte da classe médica e dos técnicos de saúde) como a França, República Checa, Holanda, Uruguai, Roménia ou os 23 estados norte-americanos que já autorizam o uso medicinal da canábis.

Como no caso dos doentes com hepatite C sem medicamentos, os portugueses terão memória clínica em relação a este Governo. A perturbação do esquecimento, um dos potenciais efeitos secundários do consumo desajustado de substâncias psicotrópicas, não pode continuar a fazer padecer todo um povo. Olhando para o Parlamento, à velocidade que se perdem petições incómodas, apetece suspirar por operações stop nas escadarias de acesso à Assembleia da República (AR). As 10 mil pessoas que requereram, através de uma petição, a reabertura da comissão parlamentar de inquérito ao caso dos submarinos estão alucinadas com a vertigem e a falta de memória da AR, que espreita por debaixo do tapete à procura do documento entregue há apenas 15 dias. Após o arquivamento pelo Ministério Público (MP), em Junho de 2014, por prescrição dos factos ocorridos, um ano depois de fortes críticas ao MP por deficiente acção na descoberta da verdade, depois da justiça alemã ter condenado o ex-consul português na Alemanha e gestores do consórcio alemão (GSC) que vendeu os submarinos a Paulo Portas por pagamento de luvas na aquisição dos mesmos, depois de todos os papéis inconvenientes terem desaparecido das gavetas e arquivos analógicos e digitais, como não esperar que uma simples petição inconveniente não desapareça também? Veremos se desaparece também o requerimento para a abertura da instrução pela eurodeputada Ana Gomes, assistente no processo, quiçá perdido pelos meandros do Citius.

Submersos mas nem tanto. Há algo que nenhum subterfúgio faz esquecer: 712 milhões de euros por dois submarinos. Há quem assegure terem sido mil milhões de euros. "Tridente" e "Arpão", inesquecíveis nomes dos bichinhos. Sem esquecer a adjudicação por ajuste directo, em Maio de 2014, da manutenção do "Tridente" à empresa alemã ThyssenKrupp Marine Systems. Pela simpática quantia de 4,4 milhões de euros, Paulo Portas entregou a missão subaquática de reparar o submarino à mesmíssima empresa que integrava um consórcio alemão que havia recebido, antes e também por ajuste directo, cerca de 881 mil euros pela manutenção extremosa das embarcações. Nem a mais forte das drogas pesadas legais nos afasta da realidade para sempre. Despenalizar, descriminalizar. Quando a prescrição apaga, a memória torna-se mais forte que as leis. A pena pode morrer solteira, não a culpa.

*Músico e advogado

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