segunda-feira, 9 de março de 2015

Portugal. O BOBO DA REPÚBLICA



Fernando Silva

A República de Portugal está doente, mal encarada, perdendo acentuadamente a dignidade pelo ridículo e subserviência que o bobo vem demonstrando. Quem mais que qualquer outro devia inverter a situação é quem a arrastou para a calamidade. Competiria ao Presidente da República dignificar a República, preenchê-la sempre mais e em vez disso faz o seu contrário. Esvazia-a de dignidade.

Portugal e os portugueses em vez de serem felizes, alegres e sorridentes andam em quase permanente vale de lágrimas. O bobo da corte, da monarquia, poderia dar um jeito de levar risos e causar semblantes felizes e até causar vidas prósperas e dignas mas Portugal é uma República e o bobo da República faz o contrário de um bobo da corte. Ninguém manda aos portugueses elegerem um bobo da República para Presidente. Agora têm aí o resultado. Devastação a quase todos os níveis. A República mirra acompanhada de uma múmia que corrói a dignidade de uma nação a caminho do milénio. E quem é esse bobo da República que tanto já referi? Gente. O bobo é Cavaco Silva. Sim. Esse, a quem Sousa Tavares referiu de palhaço.

Reparem. A definição de bobo para quem vai à Wikipédia diz com lucidez o seguinte: “Bobo da corte, bufão, bufo ou simplesmente bobo é o nome pelo qual era chamado o "funcionário" da monarquia encarregado de entreter o rei e rainha e fazê-los rirem. Muitas vezes eram as únicas pessoas que podiam criticar o rei sem correr riscos,uma vez que sua função era fazê-lo rir, assim como os palhaços fazem nos dias atuais.”

Um palhaço, pois então… Só que o que ocupa o cargo causa efeito contrário. Não faz rir mas sim chorar. E se fizer alguém rir é pelo excessivo ridículo a que leva suas atuações. Melhor rir que chorar, mesmo em tristeza absoluta.

Cavaco, o funcionário da República, arrancou de sopetão Portugal de Abril, das liberdades, dos direitos, das garantias constitucionais e está enterrando-o no marasmo penante dos constantes e exacerbados deveres ditatoriais. Tudo em parceria com o primeiro-ministro, deputados de uma maioria ressabiada e outros aliados da banca e do grande empresariado. Não tem graça. O que grassa é o desemprego, a fome, a miséria. Tudo resultado de terem eleito um bobo da República que se fez coadjuvar por trapalhões a que chamam governo mas que na realidade se governam e vendem o país. Mas para o bobo tudo está bem. Ele o diz. O governo o diz. Dizem que Portugal está melhor. Dizem isso sem graça. Ninguém ri. Ninguém fica feliz. Sabem agora que aquele bobo em Belém funciona ao contrário dos bobos da corte ou dos palhaços. É o bobo da República.

Sobre o bobo refere ainda a Wikipédia “bufão” e “bufo”. Sim. Portugal diz que aquele bobo foi PIDE. A PIDE era a polícia política do fascista e ditador Salazar. Os PIDES eram bufos. Bufavam, denunciavam os anti-salazaristas, os democratas, aqueles que fossem contrários ao regime ditatorial e colonial. Está com a certeza. Cavaco bobo da República, bufão, bufo… Gente. Mas tão sem graça. Tão prejudicial à democracia, ao país, aos que já levam anos de deceção e sonham com a renúncia de Cavaco ao cargo ou ao tempo que acelere e faça com que os cinco anos de mandato acabem logo ali ao virar da esquina de um qualquer temporizador amigo da democracia e dos portugueses massacrados por aquele bobo da República tão empedernido, tão convencido de suas sabedorias que nem repara na mediocridade que tem por recheio. 

Foi José Saramago que considerou Cavaco Silva génio da banalidade. Na atualidade podemos e devemos discordar. Génio da imbecilidade será muito mais apropriado a um bobo da República ao seu estilo. Dignidade, precisa-se na República Portuguesa. Gente, portugueses, façam tudo para a reconquistar. Já sabem que no Palácio de Belém o bobo fará o contrário. São os portugueses que têm de compensar todas as perdas com o seu esforço, para não perderem tudo e ficarem ao menos com algumas das coisas boas e dignas desse país a caminhar para o milénio. Dêem um grande basta ao bobo. Quase ia escrevendo bosta.

JUSTIFICAR A SUBSERVIÊNCIA



Folha 8 (ao)

Os “danos” que provocaria a Timor-Leste um veto de Portugal à adesão da Guiné Equatorial à CPLP é uma das justificações apresentadas pelo Presidente da República portuguesa, Cavaco Silva, para o voto favorável português.

No prefácio do “Roteiros IX”, publicação que reúne as suas principais intervenções do último ano, Cavaco Silva retoma o tema da adesão da Guiné Equatorial, explicando seis meses depois com mais detalhes as razões que levaram Portugal a não ter vetado o pedido na X Cimeira da CPLP, que decorreu em Julho em Díli.

Lembrando a “forte hostilidade” que o assunto suscitava em Portugal, com muitos a reclamarem que Portugal vetasse a adesão, Cavaco Silva refere que “Portugal apresentou-se em Díli, como se impõe em política externa, com uma posição concertada entre o Presidente da República e o Governo”.

“Sendo a adesão fortemente apoiada pelos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, pertencentes ao mesmo espaço regional que a Guiné Equatorial, a que se juntava o Brasil e Timor-Leste, um veto de Portugal poderia, no limite, pôr em causa a própria sobrevivência da CPLP”, sublinha, considerando que se Portugal se isolasse face à vontade conjugada de todos os outros Estados-membros, “numa comunidade em que o multilateralismo deve prevalecer sobre o unilateralismo, Portugal veria ainda a sua posição dificultada pelo facto de ser o antigo poder colonial europeu”.

Por outro lado, continua, Portugal não podia deixar de ter presente que a cimeira de Díli marcava o início da presidência timorense da CPLP, a primeira vez que Timor-Leste era chamado a desempenhar uma tarefa de tal dimensão internacional.

“Tendo existido um grande empenho das autoridades timorenses na adesão da Guiné Equatorial, um veto português significaria o fracasso da cimeira, com elevados danos reputacionais para Timor- Leste”, frisa, recordando que a cimeira era também vista como um teste à capacidade de Timor-Leste para satisfazer as exigências da participação na ASEAN, a que era candidato.

Por isso, sustenta Cavaco Silva, “o insucesso da cimeira seria um golpe nos esforços de Timor-Leste para reforçar a sua credibilidade internacional”.

“Neste quadro, uma questão não podia deixar de ser colocada: como reagiria Timor-Leste em relação a Portugal, encarado como o responsável pelo fracasso da Cimeira? Qual o efeito que isso teria sobre a difusão da língua portuguesa em Timor?”, questiona o Presidente da República, manifestando-se surpreendido com o que facto de que muitos dos que defenderam activamente o veto de Portugal à adesão da Guiné Equatorial tivessem “ignorado os danos para Timor-Leste de uma tal decisão”.

“A estratégia de Portugal para a Cimeira de Díli não podia ser a de isolamento em relação a todos os outros Estados-membros. A contestação organizada por alguns sectores da sociedade portuguesa contra a adesão da Guiné-Equatorial devia ser relativizada, porque contrária aos superiores interesses do País e pelos danos que provocaria a Timor-Leste, país a que nos ligam profundos laços de amizade e que temos o dever de apoiar nos seus esforços de promoção do desenvolvimento económico e social”, acrescenta.

No prefácio dos “Roteiros IX”, divulgado esta noite no ‘site’ da Presidência da República, o chefe de Estado recorda ainda outras deslocações ao estrangeiro, como as visitas oficiais à China, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos e a sua participação na Cimeira Ibero-americana, no México.

TIMOR DESMENTE CAVACO E CULPA ANGOLA E BRASIL



Folha 8 (ao)


O ex-Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, considera uma “falsidade” atribuir a Timor-Leste um papel de relevo no “lobby” para a adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Escrevendo na rede social Facebook no dia em que foi tornado público um texto do Presidente português, Cavaco Silva, que justificou a entrada da Guiné Equatorial com os “danos” diplomáticos que provocaria a Timor-Leste – que acolheu a cimeira onde a adesão foi ratificada –, Ramos-Horta recorda que Angola e o Brasil sempre lideraram o lóbi favorável a Malabo na CPLP.

“O lóbi forte pela admissão da Guiné Equatorial na CPLP foi sempre desencadeado por Angola e Brasil, apoiado por todos os outros países africanos da CPLP, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tome e Príncipe”, escreve Ramos-Horta.

“A reunião ministerial da CPLP que precedeu a Cimeira de Díli já tinha acordado, consensualmente, na adesão da GE. Perante a postura firme de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Angola, Portugal anuiu. Timor-Leste simplesmente secundou esta posição”, escreve ainda.

No prefácio do Roteiros IX, publicação que reúne as suas principais intervenções do último ano, o Presidente da República portuguesa justifica a aceitação, por parte de Portugal, da entrada da Guiné Equatorial com o facto de não colocar em causa a coesão da CPLP e de não prejudicar Timor-Leste.

Cavaco Silva considera que se Portugal se isolasse face à vontade conjugada de todos os outros Estados-membros, “numa comunidade em que o multilateralismo deve prevalecer sobre o unilateralismo, Portugal veria ainda a sua posição dificultada pelo facto de ser o antigo poder colonial europeu”.

Ramos Horta critica as tentativas de “atribuir a Timor-Leste a responsabilidade pela admissão da Guiné Equatorial na CPLP”, o que considera ser um “falsidade que tem sido propagada nos media portugueses desde a Cimeira de Díli de Julho de 2014″.

“De lembrar que na Cimeira de Luanda de 2010 registou-se um forte embaraço diplomático quando o Presidente da GE, estando presente e confiante que o seu país iria ser admitido, foi humilhado pelo veto de Portugal”, escreve Ramos-Horta. “Poderia Portugal continuar a opor-se a admissão da GE e isolar-se perante os outros sete países membros da CPLP?”, questiona.

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EM DEFESA DA CRIANÇA ANGOLANA – III



Martinho Júnior, Luanda (textos anteriores

9 – Uma abordagem sobre a qualidade do ensino e da educação-formação em Angola, só poderá ser feita com rigor se antecipadamente houver a preocupação de se avaliar a sociedade angolana no seu conjunto, nas suas particularidades mais sensíveis e nos relacionamentos entre os seus grupos sócio-políticos, tendo em conta os fenómenos que se foram desencadeando de 1985 até à presente data, ou seja nos últimos 30 anos…

Efectivamente o estado angolano, que durante muitos anos foi, é e poderá ser a principal mola impulsionadora de políticas que visem resgatar o povo angolano do subdesenvolvimento histórico e crónico a que foi votado, passou sem remissão duma orientação socialista que era enunciada como marxista-leninista, para uma “economia de mercado” que sofre os impactos do modelo de capitalismo neo liberal que a hegemonia unipolar instrumentaliza nas suas fórmulas de globalização e se reflectem hoje em África, mais que nunca!

Para tal, essa hegemonia unipolar aplicou um choque acentuado por via da “guerra dos diamantes de sangue” que prevaleceu entre 1992 e 2002, através de instrumentos que preparou desde o colonialismo, de forma a justificar as alterações profundas do carácter de relacionamentos estado-sociedade e por dentro da sociedade, “obrigando” por fim à alavancagem social de grupos que tendem a assumir o papel duma oligarquia, sintomaticamente avessa a compromissos de raiz que advêm das lutas travadas pelo movimento de libertação contra o colonialismo, o “apartheid” e algumas das suas sequelas!

O resultado é alguns grupos dessa oligarquia, em formatação particularmente desde 2002, cujas entidades na maior parte dos casos não verteram suor nas frentes de combate de então, chegarem ao ponto de se procurarem estabilizar num poder-síntese, cujos contornos sociais se estão a instalar cada vez mais em plataformas de “apartheid social”, autênticas “ilhas” que são mais visíveis na capital do país e podem ser observadas até na geografia humana de Luanda.

A essas “ilhas” subsiste o fenómeno de ser muito mais exequível e possível os relacionamentos com o exterior, do que os relacionamentos com as outras classes sociais angolanas, que passaram a ser alvo de exploração desse “sorvedouro” e a serem tratadas como tal!

Para os de dentro, instalados em condomínios murados, com sensores, arames farpados e guarnições próprias de segurança, os beneficiários tornam-se condes e barões insensíveis ao resto da sociedade e dispostos a nutrir cada vez mais seus próprios umbigos, a qualquer preço!

O carácter desses grupos oligárquicos está a assemelhar-se cada vez mais até nos termos dos seus comportamentos e atitudes, aos grupos oligárquicos da América Latina, agenciados e assimilados pelo império em seu “pátio traseiro”, que têm produzido tão nefastas políticas sobretudo desde o 11 de Setembro de 1973, quando foi derrubado pela força o Presidente democraticamente eleito do Chile, Salvador Allende!

10 – A harmonia indispensável para, com a implementação da lógica com sentido de vida se ter capacidade para exercitar paz, justiça, democracia participativa e equilíbrio social, mobilizando tanto quanto o possível as mais amplas massas populares, está a começar a esvair-se com essa perniciosa situação, cujos trilhos assentam quantas vezes em parcerias público-privadas que sorvem as energias do estado para benefícios desses grupos oligárquicos, que agora como um polvo tendem a monopolizar as capacidades financeiras em proveito próprio, sem qualquer tipo de prudência, ou de controlo, ou de simples critérios de prestação de contas!

Essas oligarquias estão a ser formatadas a partir de dentro do aparelho de estado, abrindo miríades de “oportunidades” na sua envolvência, no seu entorno e absorvendo os pagamentos devidos à sua “funcionalidade” privada nessas “oportunidades” tornadas empresas que, desse modo, sem concursos públicos, sem prestação de contas e sem fiscalização, tendem a tornar-se em impunes e irresponsáveis polvos mercenários e anti-patrióticos!

A assimilação aos processos de globalização, por via desse sorvedouro, que estão a ser interiorizados a partir particularmente do “modelo português” do estado derivado do golpe do 25 de novembro que levou ao cúmulo da “troika” formada pelo PS-PSD-CDS, trouxe para Angola os mesmos ingredientes filosófico-doutrinários-ideológicos da crise, os mesmíssimos comportamentos e atitudes, as mesmas religiões… e até o mesmo padrão manipulável de bancos!...

Trouxe por isso o mesmo tipo de vícios da sociedade portuguesa que conduzem à “absolvição permanente” dos poderosos prevaricadores e os encargos permanentes sobre o resto da sociedade, incluindo sobre uma classe média que, para se estabilizar minimamente, tende a acatar passivamente as mesmas “regras do jogo” da formatação oligárquica!

Os grupos oligárquicos sofrem pois um duplo, ou triplo processo de assimilação, moldados por caracteres exógenos que se impõem para dentro da sociedade, com maior ou menor evidência, mas se impõem, muito para além dos vínculos!
  
11 – Uma sociedade nesses termos, estabelece-se em todos os circuitos de vida do país e muito sensivelmente na saúde, na educação, na juventude e até nos desportos…

As estratificações sociais reflectem-se desde os processos de encaminhamento das crianças para as escolas (de acordo com a sua origem de classe), até ao tipo de conteúdos escolares, à ausência de homogeneidade pedagógica, à “gangrena” que se instala à medida que os polvos se assumem com toda a sua arrogância e decrepitude capitalista, mercenária e anti-patriótica!

A “economia de mercado” nesses termos provoca um encadeado de implicações que são manipulações de tentaculares procedimentos que derivam da actuação desse padrão de grupos oligárquicos “standardizados”, que ao beneficiarem de “mãos livres”, são capazes até de lançar determinismos na gestação de multidões amorfas, indiferentes aos prejuízos que recaem sobre a qualidade do ensino e da formação humana de seus próprios filhos!

As intenções justas do estado, de servir o povo angolano, podem assim estar comprometidas e subvertidas nos termos duma qualidade que é alvo de manipulações e enredos que o ultrapassam, por que muitos dos seus funcionários se habituaram ao seu “sorvedouro” e a tão decrépitas quão corrosivas práticas no seu entorno até ao estágio do “apartheid social”!

A ausência de qualidade pode constatar-se em muitos dos conteúdos escolares e particularmente nos que se referem à história de Angola, no que toca por exemplo à saga do movimento de libertação e à sua justa luta contra o colonialismo, o “apartheid” e contra as suas sequelas!

O movimento de libertação em África foi uma vasta e multifacetada epopeia, tem profundas raízes históricas, foi legítimo, em nada tem a ver, muito pelo contrário, com processos de assimilação, não foi neutro, distanciou-se de etno-nacionalismos, assumiu o carácter anti imperialista e não tem que ser “lavado” por distorções segundo os óculos de projectos oligárquicos que têm interesse e conveniência próprios, que são capazes de recorrer a conceitos religiosos e se estão a tornar “teúdos e manteúdos” até ao “apartheid social”!

Termo algum, ou figura histórica alguma, pode por exemplo “lavar” as épocas da escravatura e do colonialismo, nas suas mais heterogéneas implicações, abordagens antropológicas, históricas, psicológicas e sociológicas!

Quando o movimento de libertação ganhou corpo de MPLA em Angola, foi com todas as sensibilidades humanas postas na identidade total para com o povo angolano e em benefício de todo o povo angolano (nunca de algum grupo em especial), “de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste” e é evidente que essa gesta não podia assumir qualquer espécie de “neutralidade”, a“neutralidade” que só favorece o carácter de assimilação deste modelo inquinado de globalização que cada vez mais se nos apresenta e se vai vincando num estado cada vez mais amorfo, cujos caboucos foram os antigos combatentes e veteranos da pátria, os ainda vivos e os mortos, que com tanto vigor, apesar de enfrentar tantos obstáculos, riscos e sacrifícios, erigiram!

Ensinar e formar gerações e gerações de jovens nos termos correntes de acordo com os conteúdos que actualmente se nos apresentam, é quantas vezes iludir os critérios de construção objectiva, rigorosa e exigente do próprio futuro, o que contraria aliás os termos com que se ergueu o próprio estado angolano num recente passado forjado no âmbito do movimento de libertação!

Por conseguinte e dessa maneira a qualidade torna-se abaixo de zero, quando a subversão da própria história se assume com tanta ligeireza, diversionismo e, sem sombras para mais qualquer dúvida, tripla assimilação!

Foto: uma escola primária angolana

REGIME MOÇAMBICANO NEGA LIBERDADE DEMOCRÁTICA AOS CIDADÃOS. ENTÃO NYUSI?




Polícia volta a provar subserviência ao regime na marcha de repúdio ao assassinato de Gilles Cistac

Emildo Sambo – Verdade (mz)

Consumou-se o que já era esperado. A marcha pacífi ca de repúdio ao assassinato do constitucionalista Gilles Cistac não foi absolutamente livre, direito que a Constituição reserva aos cidadãos. A Unidade de Intervenção Rápida (UIR), uma força de elite e anti-motim conhecida pela sua subserviência ao partido no poder, opressiva e abusiva, formou uma “muralha” na perpendicular entre a Rua Samuel D. Nkumbula e a Avenida Kenneth Kaunda e impediu, no sábado (07), a continuação da caminhada por pretensa falta de autorização para o efeito, depois da Faculdade de Direito, da qual o malogrado era docente.

A liberdade da sociedade civil, dos políticos, dos estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e de cidadãos anónimos, que naquele dia se fizeram pacificamente à rua para dizer “basta aos assassinatos sumários” cujos autores continuam no segredo dos deuses, foi coarctada supostamente por ausência de um procedimento burocrático endereçado ao município de Maputo com o conhecimento da Polícia.

A UIR, outrora Força de Intervenção Rápida (FIR), e que surge no âmbito da revisão da lei que cria a Polícia da República de Moçambique (PRM), aprovada pelo Parlamento, em 2013, apenas com votos da Frelimo, estava fortemente armada, espalhou as suas viaturas pela Avenida Kenneth Kaunda e ficou em prontidão combativa. Alguns cidadãos disseram que uma Polícia que se pretende que esteja ao serviço da sociedade, quando age desta forma, dá sinais claros de adulação total a quem lhe remunera com os impostos provenientes do sacrifício do povo.

Todavia, a Constituição da República, artigo 51, estabelece que “todos os cidadãos têm direito à liberdade de reunião e manifestação nos termos da lei” e demais dispositivos determinam que “não carece de qualquer autorização” quando não perturba a ordem e tranquilidade públicas, ao contrário do que as autoridades têm alegado para justificar a sua prepotência na altura de atirar o gás lacrimogéneo, as balas de borracha e, na pior das hipóteses, verdadeiras contra cidadãos indefesos e desarmados quando protestam contra as várias arbitrariedades.

O Professor Gilles Cistac sucumbiu no leio do Hospital Central de Maputo (HCM), a 03 de Março corrente, e não se pôde despedir da sua filha. Porém, esta, apesar de inconsolável, reuniu forças, agarrou num cartaz com a imagem do seu pai, cuja mensagem era “não me calo”, e juntou-se a centenas de cidadãos para exigir a justiça. Do local onde o académico foi selvaticamente metralhado por gente ainda a monte, os marchantes percorreram as avenidas Mártires da Machava – onde houve uma paragem para homenagear Carlos Cardoso, também cobardemente morto à queima- -roupa – Mao Tse Tung e Kim Il Sung.

Para além de dísticos com os dizeres: “eu sou Cistac, os tiros não matam a liberdade, o que valem as ideias sem homens para pô-las em prática, queremos viver sem medo, exigimos justiça, em Moçambique não existe liberdade, queremos liberdade”, questionavam quem será a próxima vítima dos assassinos, que segundo a opinião pública agem por encomenda. E gritava-se vigorosamente: “nenhum cidadão deve ser julgado à margem da lei, viva a liberdade de expressão e academia, calou-se uma voz, levantaram-se milhares, o povo unido jamais será vencido”.

Defronte da Faculdade de Direito, a sociedade civil separou- se dos discípulos de Cistac. Enquanto estes procuravam entre eles descrever o seu mestre e delinear formas de imortalizar a sua obra, Alice Mabota, presidente da Liga dos Direitos Humanos (LDH), e a multidão que a seguia eram travados pela UIR, à qual os manifestantes dirigiram palavras ofensivas e de revolta por terem sido impedidos de prosseguir a marcha para além daquelas instalações. Ao contrário do que tem sido hábito, felizmente não houve disparos nem violência física.

Alice Mabota instou o grupo por ela “arrastado” para que que não se aborrecesse devido ao que classificou de “atitude arrogante do presidente do município [David Simango]”, que mandou impedir a continuação da marcha. “Ele segue aquilo que lhe manda fazer. Porém, “a liberdade vai triunfar, tal como o colonialismo hibernou 500 anos e foi derrotado. A morte de Cistac, além do seu carácter bárbaro, é uma expressão de nudez moral dos seus mandantes e executores (...)”.

Segundo a activista dos direitos humanos, bastante conhecida pela sua frontalidade, o povo está agastado com o facto de haver gente que morre sem que os culpados sejam identificados, o que abre espaço para que se pense que se trata de assassinatos ligados a políticos. “Os tiros não matam a liberdade, o povo sente-se ultrajado e esta atitude é o retrocesso da ciência. (...) Aqueles que se acobardam não estão a lutar e não seguem os ideias de Gilles Cistac”.

Salomão Muchanga, presidente do Parlamento Juvenil, disse que o conjunto de ideias liberais e os direitos garantidos aos cidadãos, à luz da Constituição, “sofreu um duro golpe” e “vivemos um momento muito difícil. A liberdade é o cérebro das sociedades que se pretendem democráticas (...)”.

De acordo com ele, a marcha foi um “repúdio firme à humilhação e à expurgação da liberdade. Gilles Cistac foi vítima da armadilha do caos num ciclo vicioso de estupidez voluntária e consciente, cuja peregrinação pode estar a iniciar a marcha”.

Actos radicais e decadentes, tais como o assassinato de Cistac, “podem sofrer, nos próximos tempos, um revés histórico. (...) Estamos disponíveis a consentir sacrifícios, privações e sofrimento para defender a liberdade e a segurança. A marcha é um esforço sincero para que o Estado não cesse a sua personalidade moral. As eliminações sumárias são contraditórias à paz. Temos uma herança desprezível, contrária aos valores da moçambicanidade. Se a Justiça não for feita nos próximos tempos, as próximas marchas não terminarão aqui (...)”.

Salomão Muchanga apelou à Polícia e à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que “a sua inércia habitual seja transformada, urgentemente, em justiça célere ao serviço dos moçambicanos”.

*Título PG

PALOP À PROCURA DE TURISTAS NA ALEMANHA




Terminou neste domingo (08.03) a Feira Internacional de Turismo de Berlim. Cabo Verde e Moçambique tentam recuperar as quedas do último ano, Angola quer expandir e São Tomé e Príncipe tem nova estratégia para o setor.

No stand de Cabo Verde na Feira Internacional de Turismo de Berlim (ITB), os expositores trabalharam duro para consolidar a imagem positiva do país. O turismo representa mais de 20 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago, que viu, em 2014, o número de visitantes diminuir em 2,3 por cento.

Nuno Martins, administrador-executivo da Cabo Verde Investimentos, tem uma explicação: "Toda a problemática do ébola afetou, e de que maneira, toda aquela região africana. Inclusive países que estão milhares de milhas afastados de onde o ébola teve maior impacto foram afetados".

Ainda em 2014, uma das principais atrações da ilha do Fogo foi também responsável pela quebra no turismo local. A erupção do vulcão, adormecido há quase duas décadas, provocou destruições, desalojou centenas de famílias e tirou o roteiro dos planos de muitos viajantes.

"Quem tem conhecimento não total da informação, como é óbvio, não visita a ilha. As empresas que vendem o pacote tiveram uma quebra em termos de procura porque a ilha estava numa situação de contingência", afirma o administrador-executivo da Cabo Verde Investimentos.

Agora, Cabo Verde intensifica esforços para que 2015 seja um ano melhor para o setor.

Angola

A vocação angolana continua a ser o turismo de negócios, segundo a diretora-técnica do Instituto de Fomento Turístico (INFOTUR), Laureth da Silva. Luanda seria o destino de 60 por cento dos visitantes.

Daí que o Executivo tenha investido em infraestruturas na capital e no entorno. Exemplos seriam "o calçadão na Baía de Luanda, os lodges em Cabo Ledo, Ilha do Mussulo e pequenas infraestruturas hoteleiras nestes locais".

Com a participação na ITB e em outros eventos turísticos a nível mundial, pretende-se expandir a vocação angolana.

Moçambique precisa melhorar a imagem

Moçambique recebeu 100 mil turistas a menos em 2014, em comparação com o ano anterior. O diretor-geral do Instituto Nacional do Turismo de Moçambique (INOTUR), Hiuane Abacar, reconhece que a instabilidade política teve impactos no setor.

"Não há dúvidas que a questão de instabilidade em Muxúnguè, que é localizada, prejudicou os números no seu todo. Acreditamos que, se não tivéssemos tido aquela situação, os números seriam mais elevados", admite.

Abacar está confiante quanto a 2015 e a presença do país na ITB, tem objetivos estratégicos.

"Levar o máximo possível de turistas alemães a Moçambique; divulgar o máximo possível a imagem positiva e prestigiosa de Moçambique; dizer à Alemanha, à Europa e ao mundo, aqui na ITB, que Moçambique ainda mantém oportunidades de investimento", enumera Hiuane Abacar.

São Tomé e Príncipe destaca investimentos de nacionais

Apesar de ocupar um espaço pequeno na ITB, São Tomé e Príncipe comemora os resultados no setor turístico. Foram seis mil visitantes a mais em 2014, em comparação com o ano anterior.

Além dos tradicionais roteiros de sol e mar, a diretora-geral de Turismo e Hotelaria do país, Mírian Daio, revela que seu país aposta agora numa nova estratégia.

"Há um enfoque em pequenos investimentos, até mesmo de nacionais, em unidades hoteleiras de pequena dimensão, mas com traços muito mais nacionais e virados para o ecoturismo, com destaque para a biodiversidade e a preservação", diz Mírian Daio.

Segundo ela, as atrações em destaque seriam "a observação de pássaros, tartarugas e golfinhos, que têm sido bem aceites".

Cristiane Vieira Teixeira (Berlim) – Deutsche Welle

CAVACO EVOCA TIMOR-LESTE PARA SE DESCULPAR. RAMOS-HORTA DESMENTE O PR




Cavaco Silva anda em maré de azar para além de ele próprio ser o azar de Portugal. No seu ultimo livro com o número 9 de "Roteiros" - uma coisinha que escreve (manda escrever) em que ele espera guardar mais uns cêntimos por a sua reforma quase não dar para as despesas - desculpa-se com Timor-Leste para aceitar a ditadura sanguinária de Teodore Obiang, da Guiné Equatorial,  na CPLP.

É muito provável que o assunto ainda agora esteja a aquecer em banho-maria e que futuramente dê mais que falar. Certo é que Ramos-Horta já veio desmentir Cavaco. Mais outro a dar-lhe roda de aldrabão.

O que Cavaco não quer fazer constar no seu roteiro de número falso (9, mas se o livro estiver ao contrário já é 6) é que tem uma especial admiração por ditadores e que mais um, menos um, na CPLP, pouca diferença faz. Tem riquezas, tem petróleo? Ah, então é bom!

Voltaremos ao tema em Página Global com melhor documentação e disponibilidade.

Redação PG

Violência. Estado timorense deve atuar de "forma firme" e rapidamente depois de ataque




Díli, 09 mar (Lusa) - O presidente do Parlamento Nacional timorense considerou hoje que o Estado deve atuar "de forma firme" contra os responsáveis pelo ataque de domingo, que feriu quatro agentes policiais na localidade de Baguia.

"O caso de Baguia é um case grave, um crime. Quem organizou estas ações cometeu um crime. O Estado não vai tolerar e o Estado tem que agir e vai agir", afirmou Vicente da Silva Guterres.

"Tem que se resolver isto de harmonia com a lei e com a constituição, mas de forma firme e o Estado tem que se afirmar", disse.

Vicente da Silva Guterres falava aos jornalistas depois de um encontro com o presidente da República, Taur Matan Ruak, a que se juntou depois o primeiro-ministro Rui Maria Araújo.

Questionado pela Lusa sobre se considera ter sido alvo do ataque, Vicente da Silva Guterres insistiu que espera que isso não tenha ocorrido e que se tratou de um "crime".

"Neste caso concreto contra uma esquadra da polícia, contra agentes da autoridade. Não é a primeira vez. O Estado não deve tolerar isto, tem que resolver a situação o mais rapidamente possível", afirmou.

Rui Araújo, por seu lado, disse apenas aos jornalistas, depois da reunião, que foi uma situação "grave", que as autoridades timorenses estão preocupadas e que os órgãos de soberania estão a atuar.

"O Estado está muito preocupado com a situação. É uma situação grave. O senhor Mauk Moruk foi apresentado à justiça e depois aconteceu isto. No seu devido temo vão ser anunciadas as medidas", disse.

"A operação de defesa continua", disse, sem revelar mais detalhes sobre as medidas em curso.

ASP // DM

Violência. Governo timorense endurece medidas para lidar com grupo responsável por ataque




Díli, 09 mar (Lusa) - O ataque de domingo contra a esquadra da localidade timorense de Baguia, que feriu quatro agentes policiais, foi um crime "contra o Estado e a ordem constitucional" que não vai ser tolerado, disse hoje o ministro do Interior.

"Não vamos permitir isto. A decisão está tomada. Não aceitamos que se continue a praticar estes crimes contra o Estado, contra as autoridades do Estado, contra a ordem constitucional e não há mais negociações", disse aos jornalistas Longuinho Monteiro.

"O Estado condena estas ações e vai colocar no terreno os meios para responder. Não aceitamos qualquer justificação para este tipo de crime", considerou.

O ministro falava aos jornalistas depois de participar com o ministro da Defesa, Cirilo Cristóvão, num encontro de mais de uma hora com o Presidente da República, Taur Matan Ruak, na sequência do ataque levado a cabo no domingo na localidade a 40 quilómetros sudeste de Baucau, a segunda cidade timorense.

Recorde-se que quatro agentes policiais, entre eles três elementos do Corpo de Segurança Pessoal do presidente do Parlamento Nacional, Vicente da Silva Guterres, foram feridos no ataque que ocorreu na madrugada de domingo.

Operações desencadeadas na zona de imediato por efetivos policiais de Díli e Baucau levaram já à captura de três pessoas, segundo disse à Lusa fonte da policia timorense (PNTL).

Além dos responsáveis do Interior e da Segurança o chefe de Estado timorense recebe ainda hoje o presidente do Parlamento - são ambos naturais da zona de Baguia - e, posteriormente, o chefe de Governo, Rui Araújo.

"O senhor presidente convocou-me e ao ministro da Defesa para um briefing sobre a situação em Baguia e os incidentes de ontem. E para ouvir a nossa opinião sobre as medidas que vamos implementar em resposta", explicou Longuinhos Monteiro.

"O Presidente da República está preocupado com a situação e pede à comunidade para apoiar as forças de segurança que se vão manter firmes em defesa do interesse do Estado, contra práticas deste tipo", afirmou.

Monteiro garantiu que, mais uma vez, foram "crimes perpetrados pelo grupo de Mauk Moruk", um ex-guerrilheiro timorense, que é "responsável repetente deste tipo de ações".

Questionado sobre se considera que o ataque visou diretamente o presidente do Parlamento Longuinhos Monteiro disse que "não", que se tratou de um "crime contra o Estado" mas que "não tem nada a ver com a pessoa do presidente do parlamento".

Já no domingo Vicente da Silva Guterres tinha dito à agência Lusa que o "ataque coordenado" não o visava diretamente, apesar de ter ferido três dos seus seguranças.

Recorde-se que em janeiro dois agentes da Polícia Nacional foram feitos reféns depois de confrontos no subdistrito de Laga, a 20 quilómetros noroeste de Baguia, durante os quais foram feridos dois outros agentes.

Em dezembro o Tribunal de Díli tinha ordenado a libertação de Mauk Moruk e a de outro antigo comandante timorense, José Santos Lemos (Labarik), detidos preventivamente em março, por alegada tentativa de instabilidade.

Os homens foram detidos pela polícia timorense em cumprimento de uma resolução do parlamento aprovada também em março que condenava o que classificou como tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado protagonizadas pelo Conselho de Revolução Maubere e pelo Conselho Popular da Defesa da República de Timor-Leste (CPD-RDTL).

Todos os envolvidos naquele processo, cerca de 20 pessoas, continuam sob termo de identidade e residência até ser concluída a investigação do Ministério Público.

ASP // FV

Violência. Três capturados em operações policiais na região de ataque em Timor-Leste




Díli, 08 mar (Lusa) - Três pessoas foram presas no decurso de operações policiais iniciadas na região de Baguia, a 40 quilómetros sudeste da segunda cidade timorense, Baucau, depois do ataque da madrugada de hoje que feriu quatro agentes policiais, um com gravidade.

Fonte da Policia Nacional de Timor-Leste (PNTL) confirmou à Lusa que os três homens foram detidos durante a manhã de hoje na zona do ataque, que feriu três agentes da Corpo de Segurança Pessoal (CSP) destacados com o presidente do Parlamento Nacional e um agente da esquadra de Baguia.

"Estavam desarmados e foram detidos ao início da manhã", disse a fonte, explicando que a situação agora na zona é de "calma" apesar das operações em curso.

"Não se trata de uma operação militar mas sim de uma operação policial de perseguição dos elementos do grupo", disse a fonte da PNTL, explicando que estão envolvidos nas operações três pelotões das unidades especiais da polícia, dois de Baucau e um Díli e efetivos das unidades de reserva de Baucau.

O comandante das F-FDTL, as forças armadas timorenses, Lere Anan Timor, confirmou à Lusa que ainda não houve qualquer envolvimento de militares na operação e o ministro do Interior, Longuinhos Monteiro, disse à Lusa que o assunto está a ser acompanhado "de forma coordenada".

Vicente da Silva Guterres, presidente do Parlamento Nacional timorense disse hoje à agência Lusa que o "ataque coordenado" não o visava diretamente, apesar de ter ferido três dos seus seguranças.

O balanço final é de quatro feridos, três dos quais foram transportados para o Hospital de Baucau (os sargento Secar Gouveia e Augusto Soares e o agente chefe Antero da Costa) e um quarto, em estado mais grave, foi aerotransportado para o Hospital Guido Valadares em Díli.

Fonte desta unidade hospitalar confirmou à Lusa que este efetivo, o sargento Matias Pinto, está "estável, sob observação, sem que corra risco de vida".

Vicente da Silva Guterres contou à Lusa que cerca das 02:00 locais (17:00 de sábado em Lisboa), depois de cortarem a luz, um grupo "com muita gente" atacou a zona da esquadra da polícia e os arredores da casa onde se encontrava para um funeral de um familiar.

"Eu estou bem e a minha família também. Espero que não tenha sido um ataque a mim. Julgo que não foi", disse.

"Penso que é algo que vem na sequência dos problemas que se têm arrastado aqui nesta zona. Espero que o Estado tome medidas para resolver a situação", afirmou.

Fonte policial sénior ouvida pela Lusa rejeitou sugestões de que o ataque visasse diretamente Vicente da Silva Guterres, considerando que se tratou de uma ação diretamente contra a polícia.

A mesma fonte disse que além do ataque à esquadra, foram ainda queimadas, pelo menos, três casas, insistindo que as informações confirmam que se tratou de uma ação do grupo do ex-comandante da resistência timorense, Paulino Gama ou Mauk Moruk.

"Posso dizer que foram elementos desse grupo do Mauk Moruk. Queimaram ainda a casa de um liurai (chefe tradicional), destruíram a de um agente da Polícia Nacional e danificaram veículos", explicou.

Fonte policial disse que as informações disponíveis sugerem que a ação da madrugada terá sido coordenada por um elemento conhecido pelo nome de código "Lemorai".

Agio Pereira, ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros disse á Lusa que o Governo timorense está a tomar todas as medidas para controlar a situação na região de Baguia e dar segurança à população.

"O Governo está a envidar todos os esforços para controlar a situação, dar segurança à população e investigar a fundo a responsabilidade pelos atos criminais cometidos", disse à Lusa.

ASP//GC

Risco de violência mantém-se em Timor-Leste mas país está melhor - Consultora




Lisboa, 08 mar (Lusa) - Os riscos de violência política continuam a existir em Timor-Leste, mas o país está a trabalhar para ultrapassar a destruição causada pela "ocupação brutal" pela Indonésia durante um quarto de século, diz a consultora Aon.

Na análise por país que acompanha o relatório de Risco Político 2015, divulgado esta semana, a consultora especializada em gestão de risco, os consultores dizem que Timor-Leste, "apesar de ser um país fraco em áreas críticas como a supervisão regulatória e legal, tem instituições muito mais fortes que na altura da primeira e prematura tentativa de retirada das Nações Unidas, em 2005".

As receitas petrolíferas e a gestão efetiva do Governo facilitaram a criação de alguns projetos importantes de infraestruturas, e a vontade de aderir à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, no original em inglês) "é um passo importante para melhorar a base económica", principalmente porque os países vizinhos como a Indonésia, Singapura e Filipinas estão a planear acelerar os projetos de investimentos no país".

A análise da Aon Risk Solutions é feita anualmente a 163 países, com a edição deste ano a registar uma degradação do risco político de fazer negócios em 12 países e uma melhoria noutros sete.

Os países que viram o Risco piorar foram Angola, República Centro-Africana, Burkina Faso, Gana, Guiné- Conacri, Haiti, Líbia, Moçambique, Omã, Paquistão, Serra Leoa e Uganda.

Os que melhoraram foram a República Dominicana, Equador, Geórgia, Laos, Panamá, Suazilândia e o Zimbabué.

A análise da Aon inclui uma colaboração especial da consultora Roubini Global Economics, recolhendo também a opinião de mais de 20 seguradoras na área do risco político, compilados pelo banco Loyds.

Cada país é avaliado em nove áreas: Transferência de Divisas, Regulamentos e Leis, Interferência POlítica, Violência Política, Incumprimento Soberano e Perturbações na Cadeia de Distribuição, a que se juntam os Riscos de Negócio, Vulnerabilidade do Setor Bancário e Riscos a Estímulos Orçamentais.

Com base na avaliação nestas nove áreas, é então definido a que categoria pertence o risco que os investidores assumem por investir nesse país, indo do Baixo até ao Muito Alto, passando pelo Médio Baixo, Médio, Médio Alto e Alto.

MBA // PJA

TIMOR-LESTE 2015 E O PAU DE DOIS BICOS COM QUE JOGA RAMOS-HORTA




Ramos-Horta pronunciou-se há dias, em palestra no Museu Oriente, em Lisboa, sobre o novo primeiro-ministro de Timor-Leste e sobre os governos de Xanana Gusmão. Sem lugar a dúvidas mostrou completa confiança em Rui Araújo, o novo PM, da Fretlin. Sem dizer o que lhe vai na alma sobre Xanana Gusmão e seus governos deixou para esses palavras de encher-chouriços e, intencional mas timidamente, algumas reticências. Ramos-Horta ainda teme falar a verdade sobre os processos ministrados na governação de Xanana e seu grupo. Da corrupção nem suspiros. 

Compreende-se que Horta proceda assim. Não esqueçamos que esteve às portas da morte, gravemente baleado que foi junto à sua casa em Díli e onde também foi assassinado o major Alfredo Reinado (então em litígio que estava com Xanana Gusmão) e seu homem de confiança Leopoldino Exposto. Todos eles surpreendidos em emboscada que até hoje está por explicar. Assim como estão por descobrir os mentores e executores do plano. Mas isso já lá vai. Ramos-Horta era então Presidente da República. Agora importa aqui abordar Ramos-Horta na atualidade sobre Timor-Leste, o novo governo e correspondentes perspetivas. Sobre o tema, deixamos o espaço para o cidadão timorense Lito da Cunha.

Redação PG

RAMOS-HORTA, XANANA E O NOVO GOVERNO COM RUI ARAÚJO

Lito da Cunha

Todos nós sabemos que Horta é um político astuto e que joga sempre com um pau de dois bicos quanto à questão de Timor-Leste, relativamente à liderança do país para ficar bem visto por todos. Ele sabe muito bem que Xanana e o seu grupo o traíram em todos os aspetos na sua governação. Que beneficiou familiares e amigos na distribuição de contratos a torto a direito. A solução é procederem a uma investigação profunda junto das entidades timorenses competentes e fora de Timor, para apreender aos corruptos todos os “real states” adquiridos e contas bancárias duvidosas.

Horta, sarcasticamente, trata-os com todo o rigor e aparente respeito para não demonstrar a vergonha causada por esses vândalos. Ele sabe que Xanana anda a gastar o dinheiro do povo e da nação, que usa e abusa de critérios pessoais à margem da lei para assim controlar um vasto conjunto de pessoas, através da atribuição de contratos realizados sem qualquer transparência de processos e à conta do gasto de dinheiro público. Em prol do enriquecimento de várias pessoas sem que disso resulte qualquer benefício para o povo timorense.

Nada de bom Xanana fez na sua governação. Tem sido um desastre. Só vimos corrupção, uma roubalheira louca, nepotismo e má governação. O povo em geral já não está satisfeito com este Xanana corrupto que teve de optar pela sua resignação forçada.

Xanana, devido à corrupção institucionalizada e por ele protegida, chegou ao descaramento de não permitir que a justiça fizesse justiça, expulsando juízes estrangeiros e profissionais judiciários, por saber que estava sobre a mira de investigações e que iria ser desmascarado, incriminado e punido.

Xanana sabe que está acabado mas ainda aparece a fazer os branqueamentos convenientes na mídia em favor dos poucos veteranos e empresários oportunistas que, como sempre, continuam pendurados nos seus fundilhos para mendigar projetos de sobrevivência. Por isso é que Xanana ficou com a pasta de ministro do Planeamento e Investimento Estratégico. Para ainda distribuir projetos aos seus familiares e amigos, caso contrário perderá tudo.

Grandes problemas que o PM Rui Araújo irá enfrentar para combater a corrupção e reajustar o sistema do governo. Esperemos que faça um bom trabalho durante estes próximos meses. Até às novas eleições. Qualquer que seja o resultado deste seu trabalho refletir-se-á, para ele, nas próximas eleições.

Crescimento exponencial de Macau trouxe recursos mas também problemas - debate




Macau, China, 09 mar (Lusa) - O crescimento exponencial de Macau desde a transferência de administração trouxe "qualidade de vida" à população, mas também muitos novos problemas, apontou hoje o economista Albano Martins, durante um debate sobre o desenvolvimento de Macau nos últimos 15 anos.

A economia e a justiça dominaram o debate promovido pelo Fórum Luso-Asiático na Livraria Portuguesa, que contou também com o jurista Pedro Coimbra, o jornalista Marco Carvalho e o presidente do fórum, Arnaldo Gonçalves.

O produto interno bruto de Macau é hoje dez vezes superior ao de 1999, mas se esse "exponencial" crescimento económico trouxe "qualidade de vida", também gerou problemas "que nos podem fazer perder os ganhos conseguidos até agora", disse o economista Albano Martins.

"A dimensão da economia de Macau hoje é tal que criou problemas. Temos capitais abundantes, mas não temos terras e mão-de-obra", apontou.

Há problemas que a cidade enfrentou durante a administração portuguesa que já não se verificam, como a ausência de saldos orçamentais ou taxas elevadas de desemprego. No entanto, a dependência que Macau tem hoje da China cria uma vulnerabilidade ao exterior que pode ser perigosa, como se verifica agora, durante a campanha anticorrupção da China que afetou fortemente o setor do jogo, lembrou o economista.

Para Albano Martins, nos próximos 20 anos Macau não tem condições de fugir ao enorme peso que o jogo tem na economia e não há, neste momento em que se começa a discutir a renovação das licenças de jogo, "capacidade para introduzir novas operadoras ou aumentar os impostos sobre o jogo que são brutais".

Segundo o economista, a Ilha da Montanha, zona adjacente a Macau onde já foi construído o 'campus' da Universidade de Macau e onde foram cedidos terrenos para empresas locais operarem, não servirá como salvação em termos de diversificação.

"O empresário local quer investir no curto prazo. Sou muito pessimista em relação à Ilha da Montanha porque são os mesmos empresários [a investir lá] que só pensam no lucro imediato", afirmou.

Traçando o panorama desde 1999 até agora, Albano Martins levantou também a questão da demografia e da mão-de-obra, num território extremamente populado, mas onde faltam trabalhadores.

Segundo a sua estimativa, a cidade vai precisar de mais 50 a 70 mil trabalhadores para alimentar os casinos que vão abrir nos próximos anos. Os espaços de jogo pagam, no entanto, salários demasiado elevados para as pequenas e médias empresas e o economista defende que devia ser mais fácil importar trabalhadores do exterior a salários mais reduzidos.

Ainda nesta retrospetiva, foi lançado um olhar sobre os poderes legislativo e executivo, com o jurista Pedro Coimbra a criticar os deputados por fazerem uma leitura "literal e comodista" da Lei Básica, justificando assim a quase inexistente iniciativa legislativa do hemiciclo.

O jurista admitiu que a lei fundamental de Macau define a iniciativa legislativa principalmente como uma responsabilidade do poder executivo, remetendo para a Assembleia a capacidade de intervier "em questões de direitos fundamentais". Nesse sentido, a "passividade" dos deputados "não é tanto uma demissão, mas algo de certa forma imposto pela Lei Básica".

"Os deputados pensam 'Não vamos ultrapassar o órgão que a Lei Básica diz que tem esse papel', até por uma questão de respeito à figura do chefe do Executivo", concluiu.

ISG // EL

Associação Novo Macau critica vedação de relvado usado para protestos junto à Assembleia




Macau, China, 09 mar (Lusa) - A Associação Novo Macau pediu ao Governo que desbloqueie o acesso ao relvado junto à Assembleia Legislativa, onde foi organizado o maior protesto dos últimos 15 anos e que está vedado desde a visita do Presidente chinês, em dezembro.

Há mais de dois meses que o relvado junto à Assembleia Legislativa de Macau está inacessível ao uso público. Em dezembro, a poucos dias da visita de Xi Jinping à Região Administrativa Especial, foram erguidos tapumes em torno do relvado que, no ano passado, concentrou milhares de pessoas que se opunham a uma polémica proposta de lei que previa avultadas compensações para dirigentes políticos após aposentação.

Na altura, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) explicou que a zona estava ser alvo de trabalhos de jardinagem e que seria aberta ao público mais tarde. Atualmente, grande parte dos tapumes já foi retirada, mas foram colocadas cercas de bambu em torno de todo o relvado, indicando que este já não pode ser atravessado.

"Parece que as autoridades selaram o relvado para impedir que fosse ocupado por manifestações durante a visita de Xi Jinping. Depois da visita, o Governo quis prolongar a limitação da zona. A Associação Novo Macau acredita que o IACM tem o plano de eliminar os espaços disponíveis para protestos em massa", disse Jason Chao, membro da direção da associação.

Para o ativista não se trata apenas de limitar a liberdade de reunião e de expressão, mas também de impedir os cidadãos de usarem o relvado para atividades de lazer. "As pessoas passeiam aqui os seus cães, vêm aqui ver o fogo-de-artifício, correr, fazer várias atividades. Mas subitamente o espaço desapareceu", apontou.

A associação pede ao IACM que "seja claro sobre o projeto, remova a cerca e restabeleça o acesso do público ao relvado".

Contactado pela agência Lusa, o IACM explicou que o relvado vai estar inacessível durante vários meses - até junho continuam os trabalhos de jardinagem e depois é necessário esperar ainda algum tempo para assegurar o crescimento das plantas. Ainda não foi decidido se depois dessa fase o espaço estará aberto ao público para atividades de lazer ou se poderá acolher manifestações: "Ainda temos de pensar nisso. Talvez sim, talvez não, não temos a certeza".

ISG //

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