Ana
Alexandra Gonçalves*
Maria
Luís é uma mulher que em três anos se tornou popular, não pelas suas qualidades
ou especialidades, mas porque esteve no sítio certo à hora certa, conhecendo,
naturalmente, as pessoas certas. Maria Luís transformou-se numa facilitadora,
mas contrariamente a outros facilitadores não sentiu a necessidade de respeitar
o famigerado período de nojo.
Maria
Luís também vive no tempo certo, o tempo em que os princípios são facilmente
trocados por uma espécie de pragmatismo que se traduz numa inexorável vacuidade.
Maria Luís é produto do homem-massa tão bem descrito por Ortega y Gasset. O
homem-massa, desprovido de princípios, sem recurso a qualquer esforço
intelectual, vivendo num mundo em que só os seus têm importância, aprecia
homens e mulheres como Maria Luís que, tal como ele, nada têm para oferecer
para além de uma vacuidade apresentável; homem-massa que não aprecia a
discussão de ideias e que, amiúde, reconhece que as medidas políticas têm que
ser impostas com violência, até porque o que tem de ser tem muita força.
Maria
Luís acredita que a lei tudo justifica, sem nojo, sem princípios, sem vergonha.
A
Maria Luís bastou parecer, sem nunca ser coisa alguma, munida da habitual
retórica oca e postura severa, nunca conseguiu ir para além do parecer. Agrada
a quem precisa de facilidades; agradou a quem necessitou dessas facilidades,
apenas dirigidas à casta do costume e, seguramente, ainda agrada aos amantes do
simplismo. Maria Luís, simplesmente Maria Luís.
Antes
de concluir, peço ao leitor que se dedique ao seguinte exercício: imaginar
Maria Luís vestida de fraque. Nada mais apropriado para quem passará a
trabalhar para uma empresa de compra e cobrança de dívidas. Do Banif e não só.
*Ana
Alexandra Gonçalves – Triunfo da Razão
1 comentário:
Eu não conseguiria melhor caracterização...
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