AYAC – APN - Lusa
Muxúnguè,
Moçambique, 15 abr (Lusa) - As escolas reabriram hoje e o comércio já funciona
em pleno em Muxúnguè, Sofala, centro de Moçambique, palco de violentos
confrontos entre a polícia anti-motim e elementos da Renamo, disse à Lusa um
residente local.
"As escolas
abriram hoje e as crianças foram estudar. Algumas crianças ainda não voltaram
desde que fugiram com os pais, mas muitos professores estão na EPC 1º de
Maio", disse à Lusa Tomé Sigauque um morador, que garantiu que "o
medo das pessoas já está a passar".
Muxúnguè tornou-se
numa "vila fantasma", após um ataque, no início do mês, de
ex-guerrilheiros do partido da oposição Resistência Nacional de Moçambique
(Renamo) ao comando da polícia, em retaliação a invasão e ocupação da sua sede,
no qual morreram quatro agentes e um atacante.
No dia 06 de abril,
na mesma zona, um autocarro de passageiros e um camião de carga foram atacados
por homens armados, de que resultaram dois mortos.
"Estávamos a
dormir quando a guerra começou. Não pensei em mais nada, acordei, levei minha
mulher e dois filhos, minha mãe e meus irmãos e fugimos para o mato, onde nos
mantivemos até ao dia 8 de Abril, sem comer e nem beber", contou Mateus
Mugadui, um comerciante da região e residente no 4º bairro, um dia depois de
regressar à vila.
O governo não
revelou estatísticas sobre o abandono da população, mas, em média, duas em cada
cinco casas em Muxúnguè estavam desabitadas na semana passada.
Hoje, a castanha e
ananás, cartões-de-visita da região, voltaram a ser comercializados na
principal estrada que liga o sul, centro e norte.
"A polícia e
militares continuam a ser reforçados e têm estado a patrulhar a vila
toda", disse Tomé Sigauque.
O hospital de
Muxúnguè recebeu o reforço da diretora provincial e distrital de saúde e do
médico-chefe distrital, para atenderem serviços de emergência, devido à falta
de quadros do setor, precipitadas pelos confrontos de 4 de Abril.
Em declarações à
Lusa, Arnaldo Machowe, administrador de Chibabava, assegurou que o calendário
escolar na zona afetada não vai alterar-se, mas um programa especial vai ser
introduzido para os alunos recuperarem as aulas perdidas.
"Será feito um
programa especial, porque nem todas as escolas fecharam. Assim que retomarem as
aulas, as direções das escolas farão uma planificação de atividades para
recuperação do tempo perdido. Na altura dos ataques os alunos estavam a fazer
provas finais do trimestre, então não houve perdas de aulas, mas as provas serão
compensadas", disse à Lusa Arnaldo Machowe.
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