FP – APN - Lusa
Bissau, 03 mai
(Lusa) - A empresa da Guiné Telecom/Guiné Tel, do Estado da Guiné-Bissau,
tornou-se inviável e pode fechar em breve se o governo não tomar medidas,
alertou hoje o sindicato da empresa.
Em conferência de
imprensa, o presidente do sindicato, David Mingo, afirmou que os funcionários
estão preocupados com a "situação difícil da empresa" e sem entender
por que razão "o governo lhes virou as costas".
O responsável
lembrou que o governo anterior ao golpe de Estado de 12 de abril tinha
negociado um fundo (mais de 10 milhões de euros) com o Banco Oeste Africano de
Desenvolvimento (BOAD) para fazer o saneamento e valorização da empresa para
depois a privatizar.
De acordo com David
Mingo, foram pagas as dívidas da empresa mas o restante dinheiro para
investimento nunca chegou a ser disponibilizado e está num banco, à ordem do
governo e do BOAD. Hoje, disse, "a empresa está num estado de
desprezo" e nem dinheiro tem para comprar combustível ou equipamentos.
O sindicato, disse,
tem alertado o governo desde janeiro mas apenas tem recebido promessas de que o
problema será solucionado "em breve". Segundo o sindicalista, o
governo nomeou um presidente do conselho de administração que recebe mais do
que recebia o anterior, e em vez de um vogal nomeou dois, também com salários
mais elevados.
"Estamos à
beira de fechar as portas, não temos condições para funcionar", disse
David Mingo, que não sabe o que o governo, "o maior devedor da
empresa", quer fazer.
Dicoliof Sanhá,
porta-voz do sindicato, disse também na conferência de imprensa que a empresa
não tem capacidade para suportar gastos em gestores que ganham mais de mil
euros por mês e que é preciso que "o governo ponha mão rapidamente na
empresa", sob pena de ela fechar já no fim do mês.
"O governo não
quer resolver o problema de uma empresa que é cem por cento dele", acusou.
A Guiné Telecom
(rede telefónica fixa) e Guiné Tel (rede móvel) são empresas detidas exclusivamente
pelo Estado guineense. Foram criadas mediante acordo entre o Estado guineense e
a Portugal Telecom, que saiu da Guiné-Bissau em 2009. Desde 2004 que a empresa
tem dificuldades técnicas e financeiras.
A 22 de julho de
2011 o então primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, anunciou
que o governo estava a trabalhar no saneamento e revalorização do património da
Guiné Telecom para seguidamente privatizar a empresa.
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