sexta-feira, 3 de maio de 2013

EMPRESA ESTATAL DE COMUNICAÇÕES DA GUINÉ-BISSAU PODE FECHAR, alerta sindicato




FP – APN - Lusa

Bissau, 03 mai (Lusa) - A empresa da Guiné Telecom/Guiné Tel, do Estado da Guiné-Bissau, tornou-se inviável e pode fechar em breve se o governo não tomar medidas, alertou hoje o sindicato da empresa.

Em conferência de imprensa, o presidente do sindicato, David Mingo, afirmou que os funcionários estão preocupados com a "situação difícil da empresa" e sem entender por que razão "o governo lhes virou as costas".

O responsável lembrou que o governo anterior ao golpe de Estado de 12 de abril tinha negociado um fundo (mais de 10 milhões de euros) com o Banco Oeste Africano de Desenvolvimento (BOAD) para fazer o saneamento e valorização da empresa para depois a privatizar.

De acordo com David Mingo, foram pagas as dívidas da empresa mas o restante dinheiro para investimento nunca chegou a ser disponibilizado e está num banco, à ordem do governo e do BOAD. Hoje, disse, "a empresa está num estado de desprezo" e nem dinheiro tem para comprar combustível ou equipamentos.

O sindicato, disse, tem alertado o governo desde janeiro mas apenas tem recebido promessas de que o problema será solucionado "em breve". Segundo o sindicalista, o governo nomeou um presidente do conselho de administração que recebe mais do que recebia o anterior, e em vez de um vogal nomeou dois, também com salários mais elevados.

"Estamos à beira de fechar as portas, não temos condições para funcionar", disse David Mingo, que não sabe o que o governo, "o maior devedor da empresa", quer fazer.

Dicoliof Sanhá, porta-voz do sindicato, disse também na conferência de imprensa que a empresa não tem capacidade para suportar gastos em gestores que ganham mais de mil euros por mês e que é preciso que "o governo ponha mão rapidamente na empresa", sob pena de ela fechar já no fim do mês.

"O governo não quer resolver o problema de uma empresa que é cem por cento dele", acusou.

A Guiné Telecom (rede telefónica fixa) e Guiné Tel (rede móvel) são empresas detidas exclusivamente pelo Estado guineense. Foram criadas mediante acordo entre o Estado guineense e a Portugal Telecom, que saiu da Guiné-Bissau em 2009. Desde 2004 que a empresa tem dificuldades técnicas e financeiras.

A 22 de julho de 2011 o então primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, anunciou que o governo estava a trabalhar no saneamento e revalorização do património da Guiné Telecom para seguidamente privatizar a empresa.

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